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#Giro100 (Especial)

Revista digital Desporto&Esport (www.desportoeesport.com)Faça o Download desta revista em: https://www.magzter.com/PT/Desporto&Esport;/Desporto-&-Esport/Sports/201599 ou se preferir o Paypall https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport

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#alimentação • #altitude • #perfilSprinteres • #treinoProfissional<br />

Desporto&Esport<br />

magazine nr12 • 2017<br />

Giro d`Italia<br />

Tudo o que há para saber sobre Volta à Itália em bicicleta2017<br />

www.desportoeesport.com<br />

Vincenzo<br />

Nibali<br />

O Homem a “Abater”<br />

A biografia, o perfil<br />

e os números do<br />

“lo Squalo dello<br />

Stretto”, o líder nr1<br />

ao giro2017<br />

O percurso<br />

As etapas<br />

Bruno<br />

Dias<br />

anteve<br />

o Giro:<br />

Saiba que<br />

etapas<br />

não<br />

pode<br />

perder<br />

por<br />

nada!<br />

#Scarponi<br />

1979-2017<br />

Exigências<br />

físicas de uma<br />

grande<br />

volta em<br />

cilismo<br />

Ricardo Dantas de Lucas<br />

Jorge<br />

Silvério<br />

a preparação mental no Giro<br />

Quintana<br />

Kruijswijk<br />

Tom<br />

Dumoulin<br />

Geraint<br />

Thomas<br />

Adam<br />

Yates<br />

Thibaut<br />

Pinot<br />

Rui<br />

Costa<br />

André<br />

Greipel<br />

Giacomo<br />

Nizzolo<br />

Fernando<br />

Gaviria<br />

Caleb Ewan<br />

Elia Viviani


2 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 3


Índice<br />

A revista para quem ama desporto<br />

Os velocistas: Nem tudo é montanha!<br />

Que ciclista vai vencer a camisola por<br />

pontos<br />

30<br />

Os principais canditados à rosa<br />

2 1<br />

do<br />

<strong>#Giro100</strong><br />

Para lá do que os<br />

nossos olhos<br />

observam<br />

50 Consequências de pedalar<br />

até ao limite: a influência<br />

da fadiga na performance<br />

53 #Nutrição no Giro: o<br />

que come um ciclista? As<br />

novas modas? As receitas<br />

culinárias?<br />

42 Treino <strong>#Giro100</strong>: Porque<br />

os ciclistas treinam em altitude<br />

32 O perfil dos sprintes no<br />

Ciclismo profissional<br />

Psicologia no Ciclismo: A<br />

preparação Mental do Giro<br />

Jorge Silvério explica-nos as exigências<br />

mentais de uma grande volta<br />

pág. 38<br />

O percurso e o<br />

Perfil do Giro<br />

d´Italia 2017<br />

08<br />

Conheça todas as etapas do<br />

<strong>#Giro100</strong><br />

pág. 12<br />

As exigências físicas do<br />

Giro:<br />

Aspetos fisiológicos e nutricionais nas<br />

grandes voltas pág. 46<br />

#scarponi<br />

O nosso adeus ao Campeão<br />

pág. 58


www.facebook.com/DesportoeEsport/<br />

www.twitter.com/DesportoeEsport<br />

Ciclismo, Futebol, andebol, Ténis, Futsal, Corrida<br />

#Giro2017<br />

Os melhores artigos e os melhores textos<br />

são escritos em<br />

www.desportoeesport.com


Nibali, duas vezes vencedor da<br />

prova, a última delas na edição<br />

passada. É naturalmente o grande<br />

favoritoà vitória final do<br />

<strong>#Giro100</strong>


#Giro2017<br />

O melhor percurso de uma grande volta em 2017<br />

O percurso e o<br />

Perfil do Giro d´Italia<br />

de 2017<br />

Bruno Dias<br />

“Nortenho de gema, 33 anos, Bruno adora ciclismo e tudo o que se relaciona com bicicletas.<br />

O mês de maio e julho são sagrados e tem um carinho pelas clássicas da primavera e pela<br />

Volta a Portugal. Ao longo dos anos aprendeu a apreciar a Vuelta. Desde 2014 que tem um<br />

espaço onde escreve sobre a sua paixão, o ciclismo - Etapa Rainha”<br />

etaparainha@gmail.com<br />

http://www.etaparainha.com<br />

8 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


No próximo dia 5 de maio,<br />

começará na Sardenha a 100ª<br />

edição do Giro d’Itália, uma<br />

das maiores e mais amadas<br />

provas de ciclismo do mundo.<br />

No total os corredores<br />

farão 3572 quilómetros,<br />

divididos por 21 etapas que<br />

percorrerão as 16 das 20<br />

regiões de Itália, até chegarem<br />

no dia 28 de maio a Milão, em<br />

frente ao Duomo. Na nossa<br />

opinião das três grandes voltas<br />

(Giro, Tour e Vuelta) é<br />

aquela que apresenta o percurso<br />

mais equilibrado. Com<br />

oportunidades para todos<br />

os tipos de corredores, com<br />

etapas ideais para os sprinters,<br />

puncheurs, trepadores,<br />

roladores, contrarrelogistas e<br />

para jogos tácticos.<br />

Há cinco etapas para<br />

os sprinters, perto de 70<br />

quilómetros de luta individual<br />

contra o cronómetro, cinco<br />

chegadas em alto, três etapas<br />

de alta montanha sem o final<br />

ser em alto e as restantes são<br />

dias em que uma fuga pode<br />

chegar ou a corrida pode ser<br />

atacada de longe pelas equipas<br />

dos favoritos, à procura de<br />

cortes no pelotão, de forma a<br />

apanhar alguns rivais desprevenidos.<br />

O percurso<br />

As três primeiras etapas serão<br />

na Sardenha e na teoria serão<br />

dias onde não se ganha nada mas<br />

pode-se perder tudo. O pelotão<br />

como em qualquer grande volta,<br />

estará nervoso e daí potencia<br />

o surgimento de quedas e cortes,<br />

que podem eliminar alguns<br />

favoritos logo nos primeiros dias.<br />

Depois da Sardenha e de um<br />

dia de descanso, a prova visita<br />

outra ilha, a Sicília, com duas<br />

etapas no menu. Entre elas está<br />

o primeiro final em alto, no<br />

emblemático Monte Etna, que<br />

já deverá separar aqueles que<br />

disputarão a vitória na geral<br />

dos restantes. Enquanto que a<br />

outra termina na terra natal de<br />

Vincenzo Nibali, Messina.<br />

Por tradição a prova visita<br />

primeiro o sul do país para depois<br />

se dirigir para o norte, onde<br />

encontrarão as grandes dificuldade,<br />

este ano não será diferente.<br />

Na sexta etapa, os ciclistas<br />

entram em território continental<br />

italiano, pela ponta da bota e nos<br />

três primeiros dias, os sprinters<br />

e os homens que apostarão nas<br />

fugas, principalmente das equipas<br />

mais modestas, terão as suas<br />

oportunidades.<br />

Ao 9º dia de competição, teremos<br />

a segunda chegada em alto,<br />

neste caso ao Blockhaus. Apesar<br />

da etapa se resumir à subida<br />

final, a mesma é tão dura, que<br />

fará diferenças. A transição para<br />

o norte de Itália, é marcada com<br />

um dia de descanso, o segundo da<br />

prova.<br />

As paisagens da Umbria vão<br />

servir de pano de fundo, para uma<br />

das etapas mais importantes, o<br />

contrarrelógio individual de 39<br />

A 18ª etapa é<br />

aquela que tem<br />

o perfil mais<br />

intimidante, com<br />

cinco ascensões.<br />

Na ementa do dia,<br />

destaque para o<br />

Passo Pordoi e o<br />

final em Ortisei.<br />

Nas duas etapas<br />

seguintes, o final<br />

em Piancavallo e a<br />

inclusão do Monte<br />

Grappa (apesar<br />

de ainda longe<br />

da meta) no dia<br />

a seguir, podem<br />

fazer estragos,<br />

até porque<br />

são as últimas<br />

oportunidades de<br />

alguns fazerem a<br />

diferença<br />

quilómetros. A selecção de quem<br />

irá disputar a geral individual,<br />

por esta altura, já deverá estar<br />

feita. Quem estiver já distante dos<br />

primeiros lugares, muito dificilmente<br />

conseguirá recuperar de<br />

forma a disputar a vitória.<br />

Os dias mais difíceis ainda<br />

estão para vir, as 11ª, 12ª e 13ª<br />

etapas não se inserem nessa categoria.<br />

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 9


10 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com<br />

“No pior, a capital Roma,<br />

podia ter sido contemplada<br />

com uma chegada e<br />

nada melhor do que em<br />

frente ao Coliseu.”


Os percurso do Giro2017<br />

A primeira desta sequência<br />

é uma das mais bem desenhadas<br />

desta edição. Percorrerá as<br />

paisagens da bela Toscânia, tem<br />

alguma montanha, mas nenhuma<br />

ascensão deverá fazer diferenças<br />

assinaláveis, no entanto,<br />

este perfil de etapa é ideal para<br />

assistirmos a um dia de ciclismo<br />

atacante. As descidas como é<br />

tradicional no Giro, também são<br />

importantes e nesse dia os candidatos<br />

à classificação geral e as<br />

respetivas equipas, terão de ter<br />

cuidado.<br />

As duas outras etapas, têm<br />

um grau de dificuldade relativamente<br />

baixo, ideais para os<br />

velocistas brilharem. A chegada<br />

a Tortona, na 13ª etapa, marca a<br />

chegada definitiva ao norte do<br />

país transalpino.<br />

No dia seguinte, os corredores<br />

terão uma etapa completamente<br />

plana até sensivelmente aos<br />

últimos 30 quilómetros, onde<br />

o terreno começa a inclinar um<br />

pouco, até ao verdadeiro início<br />

da subida para o Santuário de<br />

Oropa, onde se situa a linha de<br />

chegada. Não é um dia, onde se<br />

esperam muitas diferenças entre<br />

os favoritos, mas caso algum<br />

tenha uma quebra, pode deitar<br />

tudo a perder.<br />

Para finalizar a segunda<br />

semana, os corredores chegam<br />

a Bérgamo, numa etapa que<br />

pode aquecer nos últimos 50<br />

quilómetros, com a perspetiva<br />

de haverem ataques de longe de<br />

forma a aproveitar o terreno acidentado<br />

até à meta.<br />

Dos percursos das três<br />

grandes voltas, na nossa opinião<br />

é o melhor. O da Volta à França<br />

é o pior.<br />

Este percurso favorece<br />

os ciclistas completos,<br />

que se defendem bem no<br />

contrarrelógio, sobem bem<br />

e que têm uma equipa muito<br />

homogénea, capaz de defender<br />

o líder em qualquer terren<br />

O terceiro e último dia de<br />

descanso da prova marca a<br />

entrada na decisiva terceira<br />

semana. Serão cinco etapas em<br />

linha, onde não há praticamente<br />

um metro plano e no último dia,<br />

para culminar, um contrarrelógio<br />

individual com final em<br />

Milão.<br />

A semana começa bem,<br />

na 16ª etapa, os corredores<br />

passarão por três subidas<br />

emblemáticas, que fazem parte<br />

da história da prova. Passo del<br />

Mortirolo, Passo dello Stelvio<br />

e o Umbrail Pass (basicamente<br />

é subir o Stelvio pelo outro<br />

lado). Esta etapa não termina<br />

em alto, no entanto, é uma das<br />

mais duras e importantes desta<br />

edição. Neste dia, as descidas<br />

serão tão importantes quanto<br />

as descidas. Os últimos 20<br />

quilómetros são a descer desde<br />

o Umbrail Pass até Bormio.<br />

No dia a seguir os corredores<br />

encontrarão um terreno<br />

um pouco mais simpático, num<br />

perfil de etapa pouco convencional,<br />

que prepara para o que<br />

vem a seguir, que serão três<br />

dias infernais, que adicionados<br />

ao cansaço acumulado, farão a<br />

seleção final.<br />

A 18ª etapa é aquela que tem<br />

o perfil mais intimidante, com<br />

cinco ascensões. Na ementa<br />

do dia, destaque para o Passo<br />

Pordoi e o final em Ortisei. Nas<br />

duas etapas seguintes, o final<br />

em Piancavallo e a inclusão<br />

do Monte Grappa (apesar de<br />

ainda longe da meta) no dia a<br />

seguir, podem fazer estragos, até<br />

porque são as últimas oportunidades<br />

de alguns fazerem a diferença.<br />

Na 19ª etapa, as subidas<br />

estão demasiado espaçadas.<br />

Aorganização decidiu naturalmente<br />

escolher Milão como<br />

local para o final da 100ª<br />

edição.<br />

A cidade foi o local onde iniciou<br />

e terminou a 1ª edição, em<br />

1909, ou seja, esta escolha está<br />

carregada de simbolismo.<br />

Ao contrário do que acontece<br />

muitas vezes nas grandes voltas,<br />

a última etapa neste Giro não<br />

será apenas um dia de consagração.<br />

A RCS (entidade organizadora)<br />

decidiu fechar a edição<br />

deste ano, com um contrarrelógio<br />

individual de 29,3 quilómetros,<br />

num percurso praticamente<br />

plano. Os corredores sairão do<br />

autódromo de Monza e chegarão<br />

à meta, na bela Piazza Duomo,<br />

em Milão. O ideal seria, que o<br />

vencedor ainda não estivesse<br />

decidido, deixando a decisão<br />

para o último dia.<br />

O que<br />

falta neste<br />

GIRO?<br />

O Zoncolan, Gavia, Fedaia,<br />

Tre Cime di Lavaredo, Colle de<br />

Finestre, Madonna di Campiglio<br />

e o Passo Giau. Pelo menos<br />

duas ou três destas ascensões<br />

deveriam fazer parte da 100ª<br />

edição.<br />

Uma etapa que contemplasse<br />

o Muro di Sormano.<br />

A capital Roma, podia ter<br />

sido contemplada com uma chegada<br />

e nada melhor do que em<br />

frente ao Coliseu.<br />

Uma etapa na Toscânia, com<br />

sectores de sterrato.<br />

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12 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com<br />

O percurso e as etapas<br />

chave (a amarelo)<br />

R. Pires, D. Sampaio e R. Reis


Etapa 1 Alghero - Olbia (5 Maio)<br />

Etapa 2 Olbia - Tortolì (6 Maio)<br />

Os ciclistas estão na estrada. Finalmente. E pela primeira<br />

vez, Alghero é palco do Giro. Os atletas vão percorrer toda<br />

a costa norte da ilha. A rota é relativamente ondulada e<br />

acidentada, em toda a sua extensão. Com um vasto conjunto<br />

de pequenas rampas, que ainda que curtas são ingremes,<br />

incluindo 3 subidas categorizadas em Multeddu, Trinità<br />

d’Agultu e San Pantaleo. Esta última, a menos de 20 km<br />

do final, totaliza cerca de 5 km numa inclinação de 8% nas<br />

zonas mais agrestes da montanha.<br />

Os últimos 2km têm um pequeno trecho em pedra pavimentada,<br />

e depois de uma última curva, a 600 metros do final,<br />

espera-se uma chegada com o pelotão compacto, com uma<br />

linha de meta com 8m de largura em estrada de asfalto. Perfeita<br />

para o sprint.<br />

Giro sempre rima com montanha, como aliás nenhuma<br />

outra grande volta, e logo no segundo dia da 100 edição, ela<br />

aparece para os ciclistas. Ainda não estamos nas subidas que<br />

assustam só de olhar, mas já estamos na média montanha, na<br />

Sardina. A etapa começa ondulada, no distrito de Nuoro, com<br />

três longas subidas: Bitti e Orune (subida não categorizada),<br />

Nuoro (escalada mais íngreme e categorizada) e Passo di<br />

Genna Silana (“escalada do gato”). Passado Genna Silana<br />

vem uma longa e rápida descida (mais de 20 km, bastante<br />

acidentada em alguns pontos) em estradas largas e bem<br />

pavimentadas. Os últimos 10 km são em estrada plana com a<br />

chegada a acontecer em Tortolì (palco principal pela primeira<br />

vez).<br />

O final é numa linha reta de 1,800 m de comprimento com<br />

7,5-m de largura em asfalto.<br />

Etapa 3 Tortolì - Cagliari (7Maio)<br />

Etapa 4 Cagliari - Etna (9 Maio)<br />

Etapa plana nos quase 150km da sua extensão,<br />

com apenas algumas ondulações suaves na sua<br />

rota. Os primeiros 90 quilômetros são corridos<br />

em uma estrada de fluxo rápido, passando<br />

por uma série de túneis bem iluminados. Na<br />

passagem dos 125km há um sprint intermedio<br />

para os sprinters que potencialmente vai animar<br />

a etapa. Os últimos 10 km são completamente<br />

planos. As estradas são largas e com uma série<br />

de rotundas, mas sem curvas complicadas.<br />

A linha reta é de 800 m de comprimento em<br />

estrada de asfalto, com 8m de largura.<br />

O primeiro final em alto. E são logo 17km de subida final. Mas vamos por partes. A rota segue as ondulações<br />

suaves por 55 km, e abordando depois uma subida longa e constante até Portella Femmina<br />

Morta. Depois da subida, segue-se… uma muito longa descida até à zona de alimentação e ao sprint<br />

intermediário em Bronte. A rota passa pelo Monte Etna e atravessa uma série de aldeias, em direção<br />

à subida final que começa em Nicolosi. A parte final da rota percorre áreas urbanas, em estradas<br />

estreitas e muitas vezes pavimentadas de pedra. A subida final, em excelentes condições de piso, tem<br />

um gradiente médio de aproximadamente 6%, com picos máximos de 14% de inclinação. A estrada<br />

serpenteia pela montanha quase que por 20 km. Esta é a primeira etapa que os favoritos vão dizer ao<br />

que vieram.<br />

Os últimos 200m, são em subida e com 3% de inclinação, são ótimos para vermos os trepadores a<br />

sprintar. Nesta etapa começa o GIRO2017 para a classificação geral: Não pode perder!<br />

Etapa 5 Pedara - Messina (10Maio)<br />

Etapa 6 R.Calabria - Luigiane (11Maio)<br />

Etapa 7 Catrovillar - AlbeloBello (12Maio)<br />

Voltamos às etapas para os mais velozes e para<br />

as fugas. Os primeiros 40 km são bastante complexos,<br />

dado que o percurso passa por várias<br />

áreas urbanas, com rotundas, divisórias de trânsito,<br />

áreas para pedestres. De seguida algumas<br />

subidas e descidas rápidas, seguindo-se uma<br />

estrada mais plana e rápida para os ciclistas.<br />

O circuito final de 6,3 km divide-se em<br />

avenidas largas e retas alternadas com curvas<br />

de 90 graus. O final é uma recta de 1.500 m de<br />

comprimento, em 7,5 m de largura, em terreno<br />

plano e chão de asfalto.<br />

O percurso é plano, com algumas pequenas<br />

subidas e ondulações de terreno na primeira<br />

parte da etapa. Os principais pontos de interesse<br />

são uma curta subida íngreme depois de Marina<br />

di Fuscaldo, seguida por uma descida técnica<br />

que leva aos últimos 15 km, onde está o sumo<br />

o verdadeiro sumo, a subida final de 2 km, com<br />

um gradiente médio de 5,3%. O quilómetro<br />

final tem um gradiente de 5 a 10% de subida,<br />

dificultando a vitória dos velocistas, e talvez dê<br />

novamente chamada aos principais favoritos à<br />

classificação final.<br />

140 km planos, com a exceção de uma ligeira<br />

subida e descida a meio da prova. Os últimos<br />

40 km são ondulantes, com uma ligeira inclinação,<br />

e passam por diversas áreas urbanas, o<br />

que pode acrescentar uma dificuldade técnica<br />

extra aos ciclistas. Para além da montanha final<br />

que vai desde os 5 a 1,5 km finais, seguida de<br />

uma curta descida até aos 700 m antes do final.<br />

A linha de chegada fica numa linha de asfalto<br />

de 100 m de comprimento e 7,5 m de largura.<br />

Esta é uma daquelas etapas escritas no papel<br />

para as fugas. Será assim? Logo veremos.<br />

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 13


Etapa 8 Molfetta - Peschici (13Maio)<br />

Etapa 9 Montero Di Bisaccia - Blockhauss (14 Maio)<br />

Molfetta é uma nova estreia no giro. Uma etapa<br />

com os primeiros 90 km planos e os seguintes<br />

ondulantes, com muitas curvas e muitas mudanças<br />

de direção, com um forte subida em Coppa<br />

Santa Tecla.<br />

O final da etapa é bastante complexo, com uma<br />

descida rápida de 2km, seguidos de um curto<br />

trecho plano, até faltarem 1.500 m, terminando<br />

com uma subida de 12% de inclinação média.<br />

Uma tirada para abrir o apetite para a espetacular<br />

etapa nr.9.<br />

Etapa 10 Foligno - Montefalco (16Maio)<br />

Início sem precedentes em Montenero di Bisaccia. A etapa é na maioria da sua extensão ligeiramente<br />

ondulada com várias subidas e descidas, sempre curtas em distância. Com vista para o mar na primeira<br />

metade, a etapa vai seguindo para o interior e aumentando em dificuldade com passagens pelas montanhas<br />

de Manoppello e Lettomanoppello, onde as estradas se tornam mais estreitas, e a superfície está algo<br />

desgastado em diversos pontos.<br />

O final, no entanto, é onde está o chamariz, com uma escalada final de 13km. Os gradientes estão na média<br />

de mais de 9% para quase 10 km, com picos de 14%. A linha da meta, tem 200 m de comprimento,<br />

em uma estrada asfaltada de 6 m de largura com uma inclinação ascendente de aproximadamente 8%.<br />

Uma das etapas imperdíveis do Giro 2017.<br />

O centro da velha cidade de Foligno volta pela<br />

sétima vez a fazer parte do giro. A primeira<br />

parte da etapa é plana, mas chegado ao 1/3 da<br />

prova inicia-se uma escalada até o cimo da<br />

Madonna delle Grazie com uma percentagem<br />

de inclinação de 4-5%. Segue-se depois um<br />

percurso atribulado e ondulado, com sublinhado<br />

em Montefalco com subidas bem complicadas.<br />

No último quilómetro, a rota desce e passa por<br />

uma forte rampa, e depois sobe novamente,<br />

em uma rampa curta e íngreme, que conduz à<br />

estrada de asfalto em plano com 6 metros de<br />

largura.<br />

#Giro2017<br />

O percurso e as etapas<br />

Etapa 11 Firenze - Romangna (17Maio)<br />

4 escaladas numa só etapa: Passo della Consuma,<br />

Passo della Calla, Passo del Carnaio e<br />

Monte Fumaiolo.<br />

Que dia! Um dos dias imperdíveis. Principalmente<br />

a última subida, que pode ver acima.<br />

Com picos de 12% de inclinação. Os quilômetros<br />

finais são dominados por rotundas.<br />

A última curva encontra-se a 5.900 m da linha<br />

de chegada, seguida de uma longa reta final, apenas<br />

curvando-se ligeiramente, numa estrada de<br />

asfalto de 6 metros de largura. Como a descida<br />

final destas será Nibali o primeiro?<br />

14 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


Etapa 12 Forli - Reggio Emilia (18Maio)<br />

Etapa 13 Reggio Emilia - Tortona (19Maio)<br />

Etapa 14 Castellania - Orapa (20Maio)<br />

Se há localidade que à muito anda nestas andanças<br />

é Forli, que é palco do Giro pela décima<br />

nona vez.<br />

A maioria do percurso é plano, embora existem<br />

duas escaladas descomplicadas na primeira<br />

parte, Colla di Casaglia e Valico Appenninico.<br />

Após a zona de alimentação no Lago di Bilancino,<br />

a rota toma a auto-estrada (e passa por uma<br />

série de túneis bem iluminados, que pode dar<br />

espetáculo visual ao espetador).<br />

Depois de deixar a auto-estrada e passar pelo<br />

sprint intermedio em Sasso Marconi, a rota<br />

segue plana até ao final.<br />

A reta final tem 350 m de comprimento, numa<br />

estrada asfaltada de 7m de largura.<br />

Os mais rápidos e as fugas voltam a ter protagonismo<br />

neste #giro100.<br />

Estamos a pouco mais de metade do Giro e possivelmente<br />

na última etapa para os velocistas,<br />

a partir deste momento vão ter a palavra os<br />

trepadores, previsivelmente.<br />

A etapa é completamente plana, e passa por<br />

todo o Po Valley.<br />

Depois de sair de Reggio Emilia, a rota passa<br />

pela primeira vez em Cavriago, e depois (passado<br />

Montecchio Emilia) segue em linha<br />

reta até Statale Padana Inferiore até ao final,<br />

passando por várias cidades que foram apresentadas<br />

pelo do Giro ao longo dos anos. Os<br />

últimos quilómetros são também planos, com<br />

apenas algumas rotundas ao longo da rota.<br />

Existe uma última curva aproximadamente a<br />

500 m antes do final. A linha reta é de 450 m<br />

de comprimento, em 7,5 metros de largura de<br />

estrada de asfalto.<br />

Estamos nas etapas para os velocistas<br />

A partir daqui é só para os homens de montanha.<br />

Uma etapa plana quase na sua totalidade,<br />

mas… tem um especial de 11km no final com<br />

gradientes de mais de 7% e picos acima de<br />

13%. Esta subida que já esteve no giro mais de<br />

uma mão cheia de vezes, e promete espetacularidade,<br />

até porque os candidatos chegam frescos<br />

a esta subida e com vontade de mostrar serviço.<br />

O último quilometro tem uma média de 9% de<br />

subida e a reta final é de 130 metros de largura,<br />

em 6,5 m de largura em estava pavimentada.<br />

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16 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


#Giro2017<br />

O percurso e as etapas<br />

Etapa 15 Valdengo - Vergano (21Maio)<br />

Etapa 16 Rovetta - Bormio (23 Maio)<br />

Tal como em 2014, o percurso começa em<br />

Valdengo, e durante os 150 km seguintes, os<br />

ciclistas encontram terreno plano, por meio de<br />

diversas áreas urbanas, até chegarem a Zogno,<br />

onde surgem duas duras montanhas: Miragolo<br />

San Salvatore e Selvino. Depois segue-se uma<br />

descida de 9km, que nos leva a curtas subidas<br />

mas duras com percentagens de 10% a 12%, o<br />

que pode levar a alguns ataques, que mesmo<br />

não nos favoritos, pelo menos no top10. Os últimos<br />

1.800 m são planos com estrada de asfalto<br />

na linha da meta.<br />

Esta é a etapa rainha dos alpes. A etapa começa em Rovetta, tal como aconteceu em 2008, e logo<br />

no início, começa com uma ligeira subida constante, que atravessa o Val Camonica. Em seguida, o<br />

pelotão limpa o Mortirolo Pass (ao longo do lado sul, como em 1990), com gradientes de 16% nos<br />

últimos quilômetros. A etapa continua pelo vale do rio Adda, indo para a primeira passagem em Bormio<br />

que marca o início de um “circuito” de 100 km. Depois seguem-se duas super subidas, a primeira<br />

desta ascensão dá-se no lado suíça, fazendo desta 16 etapa, uma das poucas que passa em dois países.<br />

A segunda subida, que pode ver em detalhe acima, totaliza 13,5 km, com um gradiente constante de<br />

9%, com picos de 12%.<br />

Os últimos 20 km são essencialmente uma descida constante, excelente também para atacar, para os<br />

ciclistas mais técnicos. Pouco depois do último quilometro, a rota dá uma volta em U e dirige-se para<br />

uma linha de chegada de 100 m de comprimento e 7,0 m de largura.<br />

Será esta a etapa que Quintana vai querer vencer?<br />

Etapa 17 Tirano - Canazei (24Maio) Etapa 18 Moena - Ortisei (25Maio) Etapa 19 Candido - Piancavallo (26aio)<br />

A etapa não tem super picos de inclinação,<br />

mas como podemos ver pelo grafismo acima,<br />

anda sempre para cima e para baixo o que pode<br />

desgastar e muito os ciclistas. Esta é uma etapa<br />

de fugas (vamos ver o nosso Rui aqui, esperemos<br />

que sim). O final é mais duro.<br />

O percurso sobe ligeiramente nos últimos 5 km,<br />

em uma estrada larga e bem pavimentada, com<br />

apenas uma descida muito curta 1.000 m antes<br />

da chegada, com alguns pontos acima de 10%.<br />

A linha de chegada é uma reta de 450m com<br />

6,5m de largura.<br />

Super, super etapa, com cinco super subidas.<br />

Esta é a etapa das etapas. As cinco subidas<br />

(Passo Pordoi, Passo Valparola, Passo Gardena,<br />

Passo Pinei e Pontives (subida final))andam<br />

sempre entre uma média de 7% e 15%, e<br />

prometem ser um dor de cabeça para todos os<br />

ciclistas, mas também uma oportunidade para<br />

os trepadores e primeiros classificados para<br />

somarem pontos para a geral. Nibali, Quintana<br />

e companhia têm de estar ao seu melhor no<br />

dia de hoje. Quem passar mal nesta etapa pode<br />

“dizer ao Giro”.<br />

Uma etapa de alta montanha, com um percurso<br />

na sua maioria plana, mas com uma super<br />

subida no final. Os últimos 15 km são inteiramente<br />

em subida.<br />

Os primeiros 10 desses 15 quilómetros são em<br />

declives muito íngremes - em torno de 9% e<br />

com picos com 14%. Depois dá-se uma descida<br />

para voltar a subir, agora, com um menor índice<br />

de inclinação, “apenas” 8%, nos pontos mais<br />

duros.<br />

A reta final é numa pequena subida de 1,5%.<br />

Etapa 20 Pordenone - Asiago (27Maio)<br />

Etapa 21 Monza - Millano (28 Maio)<br />

Última oportunidade na montanha. A última<br />

escalada do Giro100 é em Foza com uma percentagem<br />

média de 7%.<br />

Não é a mais dura das subidas, mas os ciclistas<br />

já levam mais de 3000km nas pernas, o que nos<br />

faz prever espetáculo na certa.<br />

Os últimos 15 km são ondulados e rápidos, e o<br />

final acontece numa ligeira subida.<br />

Há uma última curva a 450 m antes da linha de<br />

chegada, numa estrada de asfalto, com 7 m de<br />

largura.<br />

E pronto, cá estamos, no último dia da prova. Na última etapa do centenário Giro. Este é o momento<br />

de todas as decisões para a classificação geral, e é finalmente espaço para os especialistas do contrarrelógio<br />

mostrarem o seu valor. Sim, porque este ano, ao contrário do que muitas vezes acontece, a<br />

última etapa do <strong>#Giro100</strong> não é de consagração mas plena de competição e emoção. E que fantástico<br />

percurso é este que nos ficou guardado para o último dia. Mais de 29km em solitário.<br />

O percurso começa no Autodromo Nazionale Monza, como aconteceu em 1949 e 1985, e depois de<br />

completar uma volta completa a etapa segue para a estrada passando pelo Parque Monza, Villa Reale<br />

e San Giovanni, isto na primeira fase do contrarrelógio.<br />

Depois seguimos para Piazza Duomo e entramos no centro de Milão que recebe pela 77 vez um<br />

final de etapa. Neste final de etapa, a rota passa por estradas largas e avenidas e termina numa reta de<br />

150m com 6m de largura.<br />

Que fantástico Giro é este!!!<br />

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#Giro2017 #Tour2017 #Vuelta2017<br />

O melhor ciclismo<br />

em Revista<br />

A Desporto&Esport é um Revista digital que tem como seu principal propósito pensar<br />

e fazer pensar o desporto em todas as suas vertentes. Dando especial destaque<br />

a questões que derivem da estratégia e da gestão, como o negócio, o marketing<br />

ou a organização. Procuramos conhecer o desporto por dentro. Como funciona.<br />

Quais são as peças que o fazem mexer. Como se gere um clube, uma competição<br />

ou um desporto. De que forma são organizados os campeonatos. Quais são as<br />

responsabilidades de cada agente nestes processos. Isto sem nunca esquecer de<br />

projetar o futuro e entender como se vão desenvolver os caminhos para ai chegar.<br />

www.desportoeesport.com/category/modalidades/ciclismo<br />

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#Giro2017<br />

Quem são os favoritos à classificação final?<br />

Nibali<br />

QUintana<br />

Kruijswijk<br />

Adam Yates<br />

Geraint<br />

Thomas<br />

Thibaut Pinot<br />

Tom Dumoulin<br />

e Rui Costa<br />

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Os favoritos ao Giro2017<br />

Vincent Nibali<br />

Em toda a história do Ciclismo<br />

mundial existiram até hoje 149 homens<br />

que venceram pelo menos uma das três<br />

grandes voltas (62 homens diferentes<br />

venceram o Giro d’Italia, 60 ganharam o<br />

Tour de França, e 57 ganharam a Vuelta)<br />

- se quisermos alargar os o critérios e<br />

ser condescendentes, podemos subir este<br />

número para 150 ao incluir o americano<br />

Lance Armstrong, e ficamos assim com<br />

um número bem redondo.<br />

Existe, no entanto, um pequeno<br />

grupo de elite ainda mais importante,<br />

os que já venceram as três provas, e<br />

que tem apenas seis honrosos nomes, e<br />

Nibali faz parte dele, desde 2014. Nesse<br />

ano, o italiano atacou na segunda etapa,<br />

e manteve sempre a camisola amarela<br />

até paris, venceu sem contestação.<br />

(Por curiosidade os restantes ciclistas<br />

nesta lista são Jacques Anquetil, Felice<br />

Gimondi, o grande Eddy Merckx,<br />

Bernard Hinault e o espanhol Alberto<br />

Teremos inevitavelmente de esperar<br />

alguns anos até vermos Froome de rosa.<br />

A história da sua desclassificação<br />

é simples: Nibali envolveu-se num acidente,<br />

o pelotão afastou-se e ele apoiouse<br />

literalmente no carro de equipa para<br />

romper com menos esforço a distancia.<br />

Como o diretor da volta afirmou, foi<br />

uma atitude lamentável. Mas todos<br />

temos os nossos erros. E este revés veio<br />

em sequência de um já desapontante 4<br />

lugar no Tour. Foi uma época terrível.<br />

Nibali ligou ao seu pai e pediu ajuda<br />

nos treinos, porque segundo as suas<br />

próprias palavras, estava a “voar baixo”,<br />

e muito abaixo do seu potencial. Esta<br />

parceria voltou a mostrar-se fundamental<br />

para o italiano que fechou o ano com a<br />

vitória no Giro da Lombardia e deu mais<br />

cor a um ano negro e a esperança de um<br />

2016 com mais vitórias. “ Só me fez<br />

bem para ir para casa depois da Vuelta”,<br />

diz ele, “Depois do que aconteceu na<br />

O “Squalo dello Stretto”<br />

“Nos momentos após a vitória Tour, algo mudou,<br />

e isso afetou-me” - V. Nibali<br />

Contador). Nesta particular competição,<br />

Quintana e Froome parecem ser os<br />

dois únicos ciclistas da atualidade que<br />

podem chegar a este grupo de elite. O<br />

colombiano, que volta ao giro este ano,<br />

parece ser o que está mais perto deste<br />

feito, depois da vitória em Espanha no<br />

ano passado, depois de em 2015 já ter<br />

vencido o Giro. Froome, possivelmente<br />

o melhor ciclista de três semanas da<br />

atualidade, prioriza sempre o tour em<br />

detrimento de todas as outras voltas, e o<br />

facto de não ser italiano, afasta-o ainda<br />

mais da grande prova italiana.<br />

Até porque hoje, pelo profissionalismo<br />

e exigência física do Tour e do<br />

Giro, parece impossível vencer as duas<br />

no mesmo ano. O último a fazê-lo foi<br />

Marcos Pantani há já quase vinte anos.<br />

Vuelta, eu só fui para casa. Não havia<br />

mais nada a fazer. O que aconteceu pode<br />

ter sido culpa minha, em parte, mas também<br />

me deixou com muita raiva (pela<br />

forma como fui tratado)”.<br />

A pressão é sempre a grande inimiga<br />

depois de um grande ano. Chris Froome,<br />

Bradley Wiggins e Cadel Evans - também<br />

lutaram com estatutos de estrelas<br />

mundiais do desporto, e tiveram maus<br />

anos a seguir à vitória no Tour. Mas<br />

havia um pensamento dominante que<br />

com o “tubarão” seria diferente.<br />

Mas o stress em excesso é sempre<br />

debilitante. “Nos momentos após a<br />

vitória Tour, algo mudou, e isso afetoume.<br />

Eu já era reconhecido, mas depois<br />

do Tour, todos sabiam o meu nome”,<br />

disse Nibali.<br />

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Para além disso, o italiano<br />

teve ainda de uma forte pressão<br />

da imprensa: “Obviamente, havia<br />

uma pesada atmosfera no ano<br />

passado por conta dos resultados<br />

e a moral caiu um pouco por<br />

causa disso. Mas um dos factores<br />

que me incomodaram mais<br />

foi a mídia. Desde o início da<br />

temporada, fui massacrado”. E o<br />

italiano continua: “Eu senti uma<br />

pressão excessiva em torno de<br />

mim, e senti como se tudo o que<br />

tinha conquistado fosse anulado.<br />

Eu sempre fui muito aberto, mas<br />

por causa do que aconteceu em<br />

2015, quando a imprensa me<br />

perseguiu foi muito difícil para<br />

mim, então escolhi fechar-me e<br />

desligar-me um pouco do mediatismo,<br />

como mecanismo de<br />

defesa”.<br />

Uma das grandes mudanças<br />

para 2016, e para aliviar o isolamento<br />

de Nibali, foi contruir uma<br />

equipa com mais companheiros<br />

italianos e o regresso do italiano<br />

à grande volta do seu país. Tudo<br />

parecia estar de feição: o percurso<br />

tinha subidas duras e muitas<br />

descidas, dando a Nibali muitas<br />

opções de atacar e fazer variar<br />

o “seu jogo” e os contrarelógios<br />

também era ao estilo do italiano,<br />

e não o fariam perder tempo, e<br />

até talvez pudesse ganhar algum<br />

aos seus mais diretos competidores.<br />

Mas aos poucos, durante as<br />

primeiras duas semanas, tudo foi<br />

ruindo. Nibali não estava no seu<br />

melhor, e o ano de 2016 começa<br />

a mostrar-se muito igual ao de<br />

2015. As suas pernas fraquejavam<br />

nos momentos decisivos.<br />

Na montanha, o seu habitante<br />

natural, ia ficando progressivamente<br />

para trás e até problemas<br />

mecânicos surgiram na cronoescala.<br />

Resultado: 4:43 minutos<br />

para o líder, um surpreendente<br />

Steven Kruijswijk, com apenas<br />

duas etapas decisivas no cardápio.<br />

Já poucos apostavam no<br />

“tubarão” para a vitória. Mas, os<br />

dias que se seguiram mostraram<br />

que também no ciclismo há<br />

milagres. Milagres de mais de 4<br />

minutos.<br />

Primiro foi Valverde a fraquejar.<br />

E o pódio ficou mais perto.<br />

Depois foi Kruijswijk a cair.<br />

Já poucos apostavam no “tubarão”<br />

para a vitória. Mas, os dias que se<br />

seguiram mostraram que também no<br />

ciclismo há milagres. Milagres de<br />

mais de 4 minutos.<br />

Faltava ele dar o seu melhor. E as<br />

suas pernas responderam, estrondosamente.<br />

Ele atacou e atacou<br />

forte nas duas últimas etapas, não<br />

dando qualquer hipótese a Johan<br />

Esteban Chaves. Ganhou assim o<br />

segundo Giro e a quarta grande<br />

volta. O resto da sua temporada<br />

foi agreste. O tour foi uma preparação<br />

para o ouro olímpico no<br />

Brasil que esteve a um pequeno<br />

passo de se tornar realidade, não<br />

fossem aquelas perigosíssimas<br />

descidas, que o atiram ao chão e<br />

o deixaram com ossos partidos.<br />

2017 tem como grande objetivo<br />

acrescentar o terceiro giro no<br />

curriculum. A confiança foi recuperada.<br />

Fisicamente está perfeito. Só<br />

tem que mostrar novamente, que<br />

pode competir e vencer os melhores.<br />

Nibali é o homem a abater.<br />

24 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


Isto<br />

só<br />

está<br />

no<br />

blog<br />

Aceda aos conteúdos em:<br />

desportoeesport.com<br />

Ciclismo<br />

Como funcionam as bicicletas a<br />

motor?<br />

http://www.desportoeesport.com/ciclismo-como-funcionam-as-bicicletas-a-motor/<br />

A grande polémica estourou há um ano: é possível<br />

bicicletas a motor? A resposta parece ser afirmativa e a<br />

ciência apoia essa possibilidade. Entenda os mecanismos<br />

pode detrás dos “motores nas biclicletas”…<br />

Cristiano Ronaldo<br />

Os segredos de CR7 revelados<br />

www.desportoeesport.com/ronaldo-os-segredos-do-treino-do-melhor-do-mundo/<br />

Cristiano Ronaldo é um Mix perfeito de diversas disciplinas<br />

físicas e de diversas modalidades calibradas ao milímetro para o<br />

futebol. Tão rápido quanto um velocistas de 100 metros ou forte<br />

como um levantador de pesos, para CR7 tudo parece simples e<br />

fácil. as nada está mais longe da realidade: o seu sucesso é fruto<br />

de uma forte ética e filosofia de treino praticada 365 dias por ano,<br />

com uma compreensão e consciência exata da importância do<br />

trabalho e do seu papel decisivo para o êxito. O treino da mente é<br />

igualmente importante, aliás, assume um papel tão fundamental<br />

quanto o físico para o sucesso.<br />

Fernando Santos<br />

Porque o selecionador português<br />

acertou com CR7 onde Mourinho<br />

e Benitez falharam?<br />

http://www.desportoeesport.com/lideranca-porque-fernando-santos-acertou-com-cr7-onde-mourinho-e-benitez-falharam/<br />

Usar o corpo, e a sua linguagem corporal, com inteligência<br />

pode ser a diferença entre<br />

o sucesso ou o fracasso na liderança com<br />

jogadores como Ronaldo. Liderar é<br />

muito mais que usar as palavras…<br />

ensine o seu corpo e aprenda a ser líder como Fernando<br />

Santos.<br />

Andebol/Handebol<br />

Os atributos dos jogadores de<br />

andebol que o levam ao êxito<br />

http://www.desportoeesport.com/os-atributos-morfologicos-do-jogador-de-andebol-para-o-sucesso/<br />

O debate é longo e complexo: quais os atributos morfológicos<br />

para o êxito de um atleta no andebol. Como<br />

podemos saber se aquele atleta tem o que é preciso<br />

para se tornar em um profissional, Para saber os<br />

mais recentes conclusões sobre o tema, leia o artigo do<br />

Professor Luís da Cunha Massuça,<br />

101+2 Perguntas e<br />

respostas<br />

sobre Fitness e Musculação<br />

http://www.desportoeesport.com/1012-perguntas-respostas-corrida-fitness-musculacao-saude/<br />

Pep Guardiola<br />

As táticas de<br />

Barcelona a Munich<br />

www.desportoeesport.com/pep-guardiola-taticas-de-barcelona-munique/<br />

Pep Guardiola é técnico principal há menos de uma década mas o fascínio<br />

que exerce faz com que muitos não o apontem somente como o melhor<br />

treinador do mundo hoje, mas como o principal candidato ainda no ativo a<br />

melhor treinador de futebol de sempre. O seu sucesso não é, nem pode ser<br />

por mero acaso. As suas vitórias não se originam na sorte. Pep ganha mais,<br />

porque é melhor. Muito Melhor! Mas, primeiro, é preciso desmistificar a<br />

figura, para que possamos compreender o homem e as suas ideias...<br />

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Nairo Quintana:<br />

O colombiano é o grande rival a Nibali.<br />

“Eu vivo para o desafio”<br />

Pode Quintana fazer o que<br />

Pantani fez há quase vinte anos,<br />

em 1998, e mais ninguém conseguiu<br />

desde essa altura: vencer<br />

Giro e Tour no mesmo ano? Essa<br />

é a grande questão para o pequeno<br />

colombiano de 27 anos que<br />

traz na bagagem já duas grandes<br />

vitórias em voltas de 3 semanas:<br />

Giro2013 e Vuelta2016, sendo<br />

que nesta última ele superou<br />

o super ciclista Chris Froome,<br />

criando uma grande espectativa<br />

para o Tour de France deste presente<br />

ano, que apesar de tudo,<br />

continua a ser o principal objetivo<br />

de Quintana.<br />

Quintana começou a pensar<br />

nesta “dobradinha” depois de<br />

ter feito a Volta a França e ter<br />

conseguido recuperar tão bem<br />

que ganhou na Vuelta em 2016.<br />

Certo que no Tour não esteve no<br />

seu melhor, mas o colombiano<br />

acredita quer possível estar bem<br />

nas duas competições.<br />

Voltando ao início, Quintana<br />

não se incomoda nada com as<br />

comparações ao lendário ciclista<br />

italiano, “Suponho que sou<br />

semelhante ao Pantani disse<br />

o colombiano em uma longa<br />

entrevista concedida ao jornal<br />

desportivo italiano Gazzetta<br />

dello Sport . “Eu tinha apenas<br />

oito anos e não tinha começado a<br />

andar de bicicleta em 1998, mas<br />

consigo lembrar-me de Marco. O<br />

ciclismo sempre foi amplamente<br />

seguido na Colômbia e sua conquista<br />

épica continua no nosso<br />

imaginário“.<br />

A decisão de Quintana não<br />

é sé emocional, ou por causa<br />

do percurso do <strong>#Giro100</strong> que o<br />

colombiano adorou, mas é uma<br />

decisão lógica e baseada em<br />

números. A equipa da Movistar<br />

afirma que os dados fisiológicos<br />

que têm sobre os desempenhos<br />

de Quintana reforça a estratégia<br />

de assumir um risco e direcionar<br />

o Giro-Tour para 2017. “Depois<br />

de vencermos o Giro, sentimonos<br />

moralmente obrigados a<br />

subir nas nossas bicicletas na<br />

100ª edição: senti que não podia<br />

perder...” é um momento único,<br />

e “mais do que ir desesperado<br />

para ganhar o Giro, vou com a<br />

emoção de poder participar da<br />

100ª edição como um vencedor<br />

da corrida”, disse na mesma<br />

entrevista mencionada. Nairo<br />

sabe que Nibali é o seu grande<br />

rival, “Ele está em casa, acho<br />

que ele é o maior rival que<br />

tenho neste Giro”.Quintana vai<br />

conseguir fazer o “imposivel”?<br />

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Os<br />

Outros<br />

Nomes<br />

para a<br />

Geral<br />

do<br />

GIRO<br />

2017<br />

Steven<br />

Kruijswijk<br />

No ano passado, parecia<br />

impossível alguém tirar a<br />

“Maglia Rosa” a este holandês<br />

de 29 anos, até que uma<br />

queda durante a descida de<br />

Colle dell’Agnello o atirou<br />

para fora do pódio, para o<br />

quarto lugar. O ciclismo tem<br />

destas injustiças, mas muito<br />

pelo que podia ter sido no<br />

ano passado, Kruijswijk<br />

prometeu já voltar, com o<br />

objetivo de vencer este ano.<br />

“Depois do Giro do ano passado,<br />

não posso esconder a<br />

minha ambição: todos vão<br />

entender que eu aponto para<br />

um lugar no pódio final. Vou<br />

tentar alcançar o máximo<br />

possível”.<br />

Geraint<br />

Thomas<br />

Chegou a vez de Geraint<br />

Thomas mostrar-se como<br />

líder da Sky. Como ciclista<br />

de uma semana, Geraint<br />

Thomas (30 anos) é já um<br />

especialista. A Volta aos<br />

Alpes junta-se a um currículo<br />

que conta com duas Voltas ao<br />

Algarve, um Paris-Nice, dois<br />

Bayern-Rundfahrt e em 2015<br />

ficou em segundo na Volta à<br />

Suíça. Tem agora a oportunidade<br />

de liderar uma grande<br />

prova, depois de anos a ser<br />

gregário de Chris Froome.<br />

Lidera a equipa conjuntamente<br />

com Mikel Landa; a<br />

sua participação é uma das<br />

incógnitas do <strong>#Giro100</strong>, apesar<br />

da sua qualidade.<br />

Rui Costa<br />

Ok, o Rui não é um<br />

dos favoritos, mas é nosso,<br />

e os nossos olhos estarão<br />

sempre nele. E o percurso<br />

da prova desta ano, é ideal<br />

para Rui “caçar etapas”. “O<br />

percurso deste ano do Giro<br />

tem algumas etapas que se<br />

podem adaptar às minhas<br />

características. Sempre gostei<br />

de ‘caçar’ etapas e seria<br />

muito bom conseguir alguma<br />

no Giro. Uma vitória seria<br />

muito bom, para mim valeria<br />

o dobro, visto ser a minha<br />

estreia”, afirmou o Rui em<br />

entrevista ao website oficial<br />

do Giro. A seu favor, a falta<br />

de pressão, ser um ciclista<br />

completo e super inteligente.<br />

Força Rui!!<br />

Adam<br />

Yates<br />

Principal favorito à camisola<br />

branca no Giro d’Italia,<br />

na última época em que pode<br />

levar para casa esta camisola.<br />

Tal como o seu irmão<br />

gémio, Adam é um ciclista<br />

completo e cheio de potencial,<br />

como a sua participação<br />

no #tour2016 o mostra. “A<br />

100ª edição dá ao Giro um<br />

grande prestígio e isso está<br />

presente quando se olha para<br />

a qualidade dos ciclistas presentes”,<br />

afirmou Yates que<br />

tem a seu grande desfavor o<br />

contrarrelógio final.<br />

Thibaut<br />

Pinot<br />

Juntamente com Romain<br />

Bardet, Pinot é uma das<br />

grandes esperanças francesas<br />

ao Tour de France, mas este<br />

ano, o vencedor da camisola<br />

branca em 2014 da prova<br />

francesa, decidiu apostar<br />

no Giro, porque o percurso<br />

da prova é o que mais lhe<br />

convém. A tatuagem em seu<br />

bíceps direito (em italiano)<br />

diz tudo sobre sua intenção:<br />

“solo vittoria é bella” (“apenas<br />

a vitória é linda”). Vamos<br />

ver se é um amuleto. Contra<br />

si, a sua inconsistência.<br />

Tom<br />

Dumoulin<br />

2016 foi um grande ano<br />

para Tom. Liderou 6 dias o<br />

Giro d’Italia, venceu duas<br />

grandes etapas do Tour de<br />

France enquanto se preparava<br />

para a corrida de prova<br />

de tempo olímpica (onde<br />

terminou em 2º lugar). Mas<br />

este ano, todo o foco está na<br />

prova italiana. “Vai ser uma<br />

corrida emocionante este ano<br />

com a edição do centésimo<br />

aniversário”. Este ano ele<br />

quer mais: emagreceu e está<br />

mais forte na montanha. Ele<br />

quer ser uma ameaça no Giro<br />

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#Revista ed.9<br />

O efeito do cerebro<br />

na performance do Ciclista<br />

28 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


Hipnose, Ciclismo<br />

e<br />

Performance<br />

Cérebro vs Músculo<br />

As pesquisas afirmam que a dor e a fadiga só existem<br />

no cérebro<br />

O cérebro tem a habilidade de “aprender” a tolerar o calor, a falta de oxigénio<br />

nos músculos, e superar a dor e apresentar melhores performances, quando não<br />

existiram razões biológicas para tal acontecer<br />

Ciclismo em Revista<br />

Greg Lemond<br />

O “truque mental” para<br />

superar a dor do vencedor<br />

do Tour de 1989<br />

Aceda a este especial Clicando aqui!<br />

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Os velocistas<br />

Nem tudo é Montanha<br />

André Greipel<br />

“O Gorila” é um dos<br />

ciclistas mais vitoriosos<br />

no ativo. Ele conta com<br />

139 vitórias em etapas no<br />

seu curriculum. 6 delas<br />

no Giro, e 3 na edição de<br />

2016. Apesar dos seus 34<br />

anos, Greipel ainda não<br />

está no declínio como o<br />

seu 7 lugar no Paris-Roubaix<br />

bem o demonstram.<br />

Ainda que a primeira parte<br />

da temporada tenha difícil<br />

para este veterano ciclista,<br />

com demasiada competição<br />

(como Abu Dhabi<br />

Tour, Paris-Nice, a Volta<br />

Ciclista a Catalunya e várias<br />

clássicas da primavera),<br />

o próprio já admitiu que<br />

parou propositadamente<br />

de competir para o Giro,<br />

que é o sua principal meta<br />

para este ano de 2017.<br />

Afinal, quem não quer ser<br />

protagonista da 100 edição<br />

do Giro.<br />

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Giacomo Nizzolo<br />

Depois de cinco participações,<br />

Nizzolo<br />

ainda tem de vencer<br />

uma etapa na Giro, mas<br />

nos últimos dois últimos<br />

anos ele venceu a classificação<br />

final por pontos. Não<br />

tem sido o mais rápido,<br />

mas anda sempre com os<br />

melhores, um situação que<br />

ele quer “driblar”, e chegar<br />

finalmente em primeiro,<br />

na grande volta do seu<br />

país. Infelizmente para o<br />

italiano de 28 anos ele só<br />

recentemente se recuperou<br />

de uma séria tendinite que<br />

prejudicou seriamente a<br />

primeira parte de sua temporada<br />

de 2017. As suas<br />

expetativas por este motivo<br />

são mais baixas que nos<br />

anos anteriores. Mas ele<br />

tem um amuleto extra:<br />

a camisola de campeão<br />

italiano!<br />

Fernando Gaviria<br />

Este colombiano de 22<br />

anos é um dos mais jovens<br />

promissores velocistas<br />

do pelotão mundial, como tão bem<br />

demonstrou na sexta etapa do Tirreno-<br />

Adriatico, onde ele bateu o Super<br />

campeão mundial Peter Sagan. Gaviria<br />

tem preparado na sua terra natal a sua<br />

primeira grande prova de três semanas,<br />

e logo na edição número 100 do Giro.<br />

Gavira em entrevista ao website oficial<br />

do giro disse: “ Para mim é uma honra<br />

estar no início do Giro em uma ocasião<br />

tão especial . Esta é a primeira corrida<br />

de três semanas da minha carreira, o<br />

fato de que tanto o número da edição<br />

100 fará com que este momento ainda<br />

seja mais especial. O meu objetivo<br />

principal é ganhar experiência em uma<br />

corrida tão exigente. Cada dia será<br />

uma nova experiência especialmente<br />

na segunda e terceira semana da prova.


Quem<br />

Vai vencer a camisola<br />

dos Pontos?<br />

Nem todo o espetáculo<br />

se irá passa em cima<br />

das montanhas na<br />

centésima edição<br />

do Giro. Muito da<br />

espetacularidade da<br />

grande volta Italiana<br />

passa pelos sprinters,<br />

nas etapas planas, em<br />

chegadas compactas,<br />

à velocidade máxima<br />

que se atinge em cima<br />

de uma bicicleta de<br />

estrada. Mais, quase<br />

que apostamos que<br />

o primeiro “camisola<br />

rosa” será um velocista<br />

na chegada a Olbia.<br />

Este é um premio que<br />

nenhum ciclista quer<br />

desperdiçar.<br />

Não se fica apenas<br />

pela primeira etapa<br />

que há espaço para os<br />

velocistas brilharem<br />

e disputarem entre<br />

si o primeiro lugar<br />

no pódio. A chegada<br />

a Tortolì, logo na<br />

segunda etapa,<br />

bem Cagliari logo a<br />

seguir são grandes<br />

oportunidades para os<br />

homens mais rápidos<br />

do pelotão do giro.<br />

Bem como a 7 etapa<br />

que liga Castrovillari<br />

a Alberobello, ou o<br />

percurso da 12 tirada<br />

entre Forli e Reggio<br />

Emilia e a etapa<br />

número 13 será de<br />

muita sorte para quem<br />

chegar em primeiro em<br />

Tortona.<br />

Caleb Ewan<br />

Um jovem talento que entrou no pequeno circuito de grandes velocistas quando superou Mark<br />

Cavendish, Marcel Kittel e André Greipel no Abu Dhabi Tour em fevereiro. Que grande começo<br />

de ano. Na sua segunda participação, este jovem australiano de 22 anos vai tentar fazer que no ano<br />

transato, quando fez segundo na 12 etapa, atrás de<br />

Greipel - o homem que está acima!<br />

Elia Viviani<br />

Este super atleta ainda não subiu ao primeiro lugar do pódio este ano, mas já ficou em segundo<br />

por 7 vezes desde o início desta temporada. Na sua história do Giro ela já conta com uma vitória,<br />

em 2015, a segunda etapa. Viviani já afirmou que o fato de que este ano estarmos nos famoso Giro<br />

edição número 100 faz “com que o sonho ainda mais especial” e dará a todos motivação extra para<br />

fazer bem. Também em entrevista ao website oficial do Giro, Viviani disse “este ano, a primeira<br />

etapa parece adequado para os velocistas, ganhar seria um sonho”.<br />

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O<br />

Perfil<br />

dos<br />

Sprínteres<br />

no ciclismo<br />

Diogo Sampaio<br />

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O ciclismo é bem mais<br />

que montanha; e o seu segundo<br />

maior atrativo, são<br />

as chegadas em linha, em<br />

pelotão compacto, onde apenas<br />

os homens mais rápidos<br />

de todo o pelotão podem cortar<br />

a meta em primeiro lugar.<br />

Assim, se os trepadores são<br />

fundamentais para o desfecho<br />

final de uma grande<br />

prova, os sprínteres são<br />

essenciais para a espetacularidade<br />

do ciclismo.<br />

E, se o perfil fisiológico<br />

e biológico dos trepadores<br />

é amplamente debatido e<br />

deste modo conhecido pelo<br />

grande público, o mesmo<br />

não se passa com o perfil dos<br />

sprínteres; e a própria literatura<br />

e trabalhos científicos<br />

acompanham esta tendência<br />

de menor conhecimento.<br />

Felizmente o maior profissionalismo<br />

no desporto atual<br />

com forte incidência da ciência<br />

nos trabalhos diários de<br />

captação de novos talentos e<br />

no treino para competição,<br />

permitiu que nos últimos<br />

anos se reganhasse um conjunto<br />

de novos saberes e uma<br />

maior compreensão da fisiologia<br />

nos camisolas verdes do<br />

ciclismo.<br />

Percebendo-se assim,<br />

quais as características<br />

necessárias dos sprínteres<br />

e qual a fisiologia de uma<br />

atleta que consegue em cerca<br />

de 10 a 15 segundos alcançar<br />

velocidades acima de 70<br />

km/h.<br />

O que une, afinal, André<br />

Greipel, Giacomo Nizzolo,<br />

Fernando Gaviria, Elia<br />

Viviani e Caleb Ewan? O que<br />

faz deles rápidos?


Potência (watts) por Velocidade (Km/h)<br />

Um dos pontos<br />

mais interessantes<br />

dos mais recentes<br />

estudos, aponta<br />

que os sprínteres<br />

possuem fisiologicamente<br />

mais<br />

semelhanças com<br />

os sprínteres do<br />

atletismo, como<br />

os corredores dos<br />

100 metros, do que<br />

semelhanças com os<br />

melhores trepadores,<br />

como Quintana ou<br />

Froome.<br />

Em comparação:<br />

o peso médio dos<br />

melhores trepadores<br />

(como Quintana,<br />

Froome ou Nibali) é<br />

de 64,4 ± 4,1 kg; os<br />

melhores sprínteres<br />

do pelotão pesam<br />

71,7 ± 1,1 kg – mais<br />

de 7 kg de diferença.<br />

Por outro lado, os<br />

sprínteres partilham<br />

muitas semelhanças<br />

com os ciclistas<br />

do BMX, onde o<br />

esforço por prova é<br />

mais curto mas mais<br />

duro e com maior<br />

desgaste energético<br />

em um menor<br />

período de tempo; à<br />

semelhança do que<br />

acontece com os<br />

sprínteres que têm<br />

que atingir grandes<br />

velocidades muito<br />

rapidamente, com<br />

fortes perdas energéticas,<br />

como nos<br />

mostra o gráfico<br />

acima. A potência<br />

máxima nos sprints<br />

foi 1443W, e em a<br />

média é de 1.248<br />

W. Isso corresponde<br />

a entre 17 e 18 W /<br />

kg.<br />

Para efeitos de<br />

comparação, Nibali<br />

quando venceu o<br />

Tour em 2014, fez<br />

um esforço energético,<br />

na última<br />

etapa de montanha,<br />

que venceu a solo,<br />

durante cerca de 30<br />

a 40 min, na ordem<br />

de 5,9-6,2 W / kg.<br />

Marcel Kittel,<br />

vendedor de duas<br />

etapas ao sprint na<br />

volta à frança de<br />

2014, produz os<br />

números de potência<br />

energética mais<br />

elevado; com 82 kg<br />

e com 18W/kg ele<br />

tem uma potência<br />

energética máxima<br />

de 1476W.<br />

De destacar, que<br />

estes valores são<br />

produzidos após<br />

etapas de 150 a 200<br />

km. Não representado<br />

com exatidão<br />

o pico de potência<br />

de cada atleta; sem<br />

fadiga e em condições<br />

ideais teríamos<br />

valor 10 a 15%<br />

superiores.<br />

“O peso médio dos melhores<br />

trepadores (como Quintana,<br />

Froome ou Nibali) é de 64,4 ± 4,1<br />

kg; os melhores sprínteres do<br />

pelotão pesam 71,7 ± 1,1 kg – mais<br />

de 7 kg de diferença.”<br />

Por muito importante que a<br />

potência seja no desempenho,<br />

o vendedor não é sempre o<br />

homem que produz a mais alta<br />

potência energética, - a correlação<br />

entre vitória e potência<br />

energética não é de modo algum<br />

direta. Existem vitórias em<br />

que o pico de potência máximo<br />

não ultrapassaram os 1100W<br />

e segundos e terceiros lugares<br />

que ultrapassaram os 1600W,<br />

em muitos casos, com picos<br />

superiores aos vencedores na<br />

ordem dos 300 a 400W. Porque<br />

isto acontece? A realidade, é<br />

que o ciclismo, como na maioria<br />

das modalidades desportivas,<br />

a força energética não é<br />

suficiente para a vitória, e existem<br />

outros fatores fundamentais<br />

para o êxito, como a técnica do<br />

atleta, a tática adotada e no caso<br />

dos sprínteres a aerodinâmica.<br />

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As diferentes<br />

aerodinâmicas de<br />

cada ciclista permitem<br />

diferentes velocidades<br />

para uma mesma potência.<br />

Para comparação, pense-se na<br />

Formula 1, e como em muitos<br />

casos pequenas diferenças nos<br />

carros (aerodinâmicas) retiram<br />

no fim de cada volta centésimos<br />

de segundo – pequenas<br />

diferenças, mas que todas<br />

somadas são a distância entre<br />

a vitória e o segundo lugar.<br />

No ciclismo é o mesmo, onde<br />

o ciclista, a bicicleta e o equipamento<br />

são um todo uno que<br />

influencia todo o movimento<br />

e como tal a velocidade para<br />

lá da potência energética<br />

emitida pelo corpo e mecânica<br />

do atleta.<br />

Um dos ciclistas que mais<br />

e melhor usa o aerodinamismo<br />

em cima de uma bicicleta<br />

é M. Cavendish – apesar de<br />

não estar presente no Giro é o<br />

melhor exemplo para demonstração.<br />

A posição de M.<br />

Cavendish no sprint é ombros<br />

baixos e cabeça para baixo,<br />

como podemos observar nas<br />

imagens acima; sendo esta<br />

posição a ideal para o sprint.<br />

Em aerodinâmica, há um<br />

elemento que considera todos<br />

esses fatores, resumindoos<br />

em um único número. É<br />

chamado de CdA (coeficiente<br />

de arrasto área) e, de forma<br />

simples, quanto menor o<br />

número melhor e mais eficiente<br />

será o ciclista.<br />

Por exemplo, uma redução<br />

na CdA (~ 10%) pode resultar<br />

em mais de três metros de<br />

vantagem num sprint de 14<br />

segundo.<br />

“No ciclismo, a força energética não é<br />

suficiente para a vitória, e existem outros<br />

fatores fundamentais para o êxito,<br />

como a técnica do atleta, a tática adotada<br />

(equipa e atleta) e no caso dos sprínteres<br />

a aerodinâmica”<br />

As variáveis táticas, como é compreensível,<br />

são determinantes para<br />

o sucesso, e são também ao mesmo<br />

tempo as mais difíceis de mensurar.<br />

Existem, no entanto, já dados bem<br />

interessantes,<br />

Para o sucesso de um sprinter,<br />

verificou-se, que este deve estar na<br />

6ª (± 2) posição no pelotão à entrada<br />

do último quilometro ou no início do<br />

último minuto da etapa. Quando o<br />

sprinter entra no último quilómetro<br />

na 9ª posição (± 5) em sprints em que<br />

ele acabou no top 10 (mas não top 5).<br />

Nos últimos 500 metros para a linha<br />

final, o sprinter deve estar na 3 (± 1)<br />

posição – essa é por norma, a posição<br />

dos vencedores. Por exemplo, quando<br />

o atleta está na 8 (± 5), ele não vence.<br />

Nenhuma vitória é conseguida, dentro<br />

das melhores competições mundiais,<br />

quando o atleta está na nona posição,<br />

ou abaixo, nos últimos 500 metros.<br />

Em termos de acompanhamento de<br />

equipa, o ideal é dois companheiros de<br />

equipa fazerem a aproximação à meta,<br />

até sensivelmente aos últimos 30 segundos<br />

da meta e em alguns casos, até<br />

aos últimos 15 segundos da meta, já<br />

em aceleração forte; abrindo despois<br />

caminho para o sprint final, que deve<br />

durar preferencialmente entre os 15 e<br />

os vinte segundos.<br />

Por fim, os dados utilizados neste<br />

artigo derivam de vários estudos de<br />

Paolo Menaspa, professor e investigador<br />

desportivo, principalmente na área<br />

do ciclismo.<br />

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São 21 etapas na corrida, cobrindo<br />

uma distância total de 3.572,2 km<br />

(2.220 mi), 105,1 km mais longo do<br />

que o Giro de 2016<br />

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#Giro2017<br />

Psicologia no Ciclismo<br />

O Giro de Itália e a preparação psicológica<br />

A<br />

gora que está prestes a<br />

começar a 100ª edição<br />

do mítico Giro de Itália<br />

em ciclismo é importante<br />

percebermos, do ponto<br />

de vista psicológico quais<br />

Jorge podem ser os aspectos<br />

determinantes para uma<br />

Silvério<br />

prova destas características<br />

Coordenador da Psicologia<br />

Desportiva da Clínica do e com esta magnitude.<br />

Dragão FIFA Medical Centre Assim, a motivação, o<br />

of Excellence. controlo da dor, a autoconfiança,<br />

o controlo da<br />

Psicólogo da Selecção<br />

Nacional de Futsal. ansiedade, a atenção e a<br />

Consultor de vários atletas<br />

concentração emergem<br />

e equipas nacionais e<br />

estrangeiras como factores cruciais<br />

silverioj@gmail.com para quem se propõe concluir<br />

uma prova com esta<br />

exigência.<br />

Treinamos fisicamente para<br />

aumentar a resistência, mas pensamos<br />

que a “resistência mental”<br />

ou a tenacidade mental, como a<br />

denomino, vem por acaso. É preciso<br />

tempo consistência e persistência<br />

para treinarmos o nosso “músculo”<br />

mental.<br />

Tentaremos aqui deixar, de<br />

forma breve, algumas pistas a<br />

ter em atenção do ponto de vista<br />

psicológico para aumentar a tenacidade<br />

tendo em atenção um aspecto<br />

fulcral que procuro que os atletas<br />

com quem trabalho respeitem e que<br />

é que o treino tem que ser similar à<br />

prova.<br />

No que diz respeito à motivação<br />

uma das mais poderosas ferramentas<br />

para a trabalhar é a formulação<br />

de objectivos respeitando um conjunto<br />

de regras para aumentar a sua<br />

eficácia: devem ser ligeiramente<br />

acima das capacidades do atleta<br />

para serem desafiantes, mas não<br />

inatingíveis; devem ser formulados<br />

em termos de comportamentos bem<br />

especificados e não vagos; devem<br />

ser objectivos intermédios com<br />

ligação a objectivos finais: curto,<br />

médio e longo prazo; o atleta deve<br />

ter feedback ou conhecimento dos<br />

resultados; devem ser formulados<br />

objectivos de rendimento e não de<br />

resultado; devem ser formulados<br />

objectivos de forma positiva e não<br />

negativa; os objectivos devem ser<br />

flexíveis; deve existir um plano de<br />

acção para atingir os objectivos.<br />

Em relação ao controlo da dor,<br />

é preciso destrinçar o tipo de dor:<br />

se é aquela que é pro-vocada pelo<br />

facto de estarmos a desenvolver<br />

actividade física ou se é uma dor de<br />

uma lesão que se pode agravar com<br />

a continuação da prática.<br />

De entre as técnicas mais importantes para<br />

intervir sobre os pensamentos temos: o<br />

controlo e modificação de pensamentos; o<br />

relaxamento e a respiração diafragmática.<br />

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#PsicologiaCiclismo<br />

Como sabemos, a ansiedade em excesso conduz<br />

a perdas de concentração, a erros de percepção,<br />

a problemas de coordenação e a sentimentos<br />

de cansaço. Se eu nunca tiver aprendido a lidar<br />

com determinada situação e não a tiver ensaiado<br />

ou tenho a chamada sorte de principiante ou,<br />

então, o mais provável é que as coisas corram<br />

mal e não adianta esperar por um milagre.<br />

Quantos atletas já não procuraram a minha ajuda<br />

profissional pois fazem treinos excepcionais,<br />

mas em competição falham. No entanto, se não<br />

sentirem qualquer tipo de responsabilidade as<br />

coisas mudam e são capazes de desempenhos<br />

fantá-sticos. Este facto não tem que ser uma<br />

fatalidade sem remédio. Basta atentar em determinados<br />

indicadores de activação fisiológica<br />

(frequências respiratória e cardíaca, suda-ção,<br />

etc.). Estes sintomas que fisiologicamente estão<br />

bem identificados podem revestir inúmeras<br />

formas comportamentais, algumas até contraditórias,<br />

consoante o atleta (assim, antes de uma<br />

prova temos atletas que procuram o convívio<br />

com os outros falando sem parar, temos os que<br />

se isolam e não falam com ninguém, temos os<br />

que preferem ouvir música, lêr o jornal, etc.). É,<br />

assim, importante o conhecimento aprofundado<br />

e individua-lizado de cada atleta, bem como uma<br />

monitorização constante do que se passa em cada<br />

momento.<br />

Os indicadores fisiológicos atrás referidos<br />

são elicitados, sobretudo, pelos pensamentos<br />

de medo de falhar e da avaliação pelos outros,<br />

que surgem quando enfrentamos situações de<br />

desafio percepcionadas como ameaças. Esses<br />

indicadores são, no fundo, semelhantes àqueles<br />

que sentimos no nosso dia-a-dia quando enfrentamos<br />

uma nova situação, quando temos exames<br />

ou testes para fazer, etc. Podemos, grosso modo,<br />

Treinamos fisicamente para aumentar a resistência, mas<br />

pensamos que a “resistência mental” ou a tenacidade<br />

mental, como a denomino, vem por acaso. É preciso<br />

tempo consistência e persistência para treinarmos o<br />

nosso “músculo” mental.<br />

dividir a ansiedade em positiva e negativa: é<br />

importante um certo grau de ansiedade para conseguirmos<br />

dar res-posta às situações com que<br />

nos confrontamos no nosso dia-a-dia, contudo se<br />

essa ansie-dade ultrapassar um determinado nível<br />

em vez de ter um efeito positivo, os seus efeitos<br />

são negativos prejudicando o nosso desempenho.<br />

Simplificando, podemos assumir que há um<br />

nível individual de ansiedade óptimo que não<br />

é estático variando de acordo com o momento<br />

de forma, a competição, etc. e que idealmente o<br />

atleta deve conseguir identifi-car, recorrendo se<br />

necessário à ajuda do psicólogo.<br />

Para diminuir a ansiedade podemos intervir<br />

sobre os pensamentos e sobre os sintomas fisiológicos.<br />

De entre as técnicas mais importantes à<br />

nossa disposição para o fazer temos: o controlo e<br />

modificação de pensamentos; o relaxamento e a<br />

respiração diafragmática.<br />

Há assim que trabalhar e regular o nível de<br />

ansiedade de cada atleta para cada prova específica.<br />

Mas isto não se aprende de um momento<br />

para o outro e necessita de trabalho continuado!<br />

A acrescer a tudo isto há ainda que considerar<br />

como os ciclistas lidam com o que acontece<br />

em cada etapa procurando manter o espírito de<br />

sacrifício, coordenando os objectivos individuais<br />

com os da equipa, “isolando” os possíveis erros<br />

cometidos e respeitando as indicações nutricionais<br />

e em relação aos períodos de descanso.<br />

Como refere John Milton, na sua obra,<br />

Paraíso Perdido “The mind is its own place, and<br />

in itself can make a Heav’n of Hell, a Hell of<br />

Heav’n.<br />

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“a ansiedade em excesso<br />

conduz a perdas de concentração,<br />

a erros de<br />

percepção, a problemas<br />

de coordenação e a sentimentos<br />

de cansaço.”<br />

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#Giro2017<br />

treino profissional<br />

Porque os ciclistas treinam em altitude?<br />

Nos últimos anos, tem-se ouvido<br />

insistentemente falar em treino de<br />

altitude como uma das metodologias<br />

mais diferenciadoras. Este<br />

tipo de treino é bastante proveitoso<br />

para atletas que competem em<br />

provas de longa duração, como<br />

é o caso do ciclismo, nomeadamente<br />

no Giro e numa prova de<br />

3 semanas. Assim, não é raro<br />

vermos os principais ciclistas,<br />

especialmente os trepadores, a<br />

treinarem em altitude antes das<br />

provas. Isto acontece, porque os<br />

ciclistas procuram otimizar o seu<br />

organismo na produção de energia<br />

aeróbica, e assim aumentar a<br />

resistência e a performance.<br />

O organismo humano foi evoluindo,<br />

dada necessidade diária<br />

de água potável e espaços de<br />

mais fácil locomoção, para funcionar<br />

em pleno ao nível do mar.<br />

Ao nível do mar, o ar respirado<br />

contém aproximadamente 21%<br />

de oxigénio, a percentagem<br />

certa para que o nosso sistema<br />

respiratório e cardiovascular<br />

funcione na medida exata. Na<br />

mesma simetria que subimos em<br />

altitude, o nível de oxigénio no<br />

ar desce, e é exatamente essa<br />

singularidade que se procura num<br />

treino em altitude. A dificuldade<br />

na captação de oxigénio em altitude<br />

por parte do corpo humano,<br />

propicia uma possibilidade<br />

interessante ao corpo do atleta.<br />

As primeiras alterações visíveis<br />

são o aumento dos batimentos<br />

cardíacos e do ritmo respiratório.<br />

O organismo, privado das concentrações<br />

ideais de oxigénio,<br />

ordena o aumento de produção<br />

de hemoglobina nos glóbulos<br />

vermelhos – a molécula com a<br />

responsabilidade do transporte do<br />

oxigénio. Como consequência,<br />

cada litro de sangue contém mais<br />

oxigénio que anteriormente e a<br />

eficiência do organismo para o<br />

transformar em energia é maximizada.<br />

O défice de oxigénio - hipoxia<br />

estimula a produção de eritopetina<br />

(EPO) na medula óssea,<br />

o que por sua vez desperta a<br />

produção de glóbulos vermelhos<br />

e hemoglobina. Este processo<br />

otimiza a performance do corpo,<br />

nomeadamente na oxigenação<br />

dos músculos, o que traduz um<br />

melhoramento da performance<br />

na ordem dos 3%, de acordo<br />

com os últimos estudos apresentados.<br />

Foi com base nestes<br />

estudos, que conduziu muitos<br />

atletas ao consumo de EPO exógena,<br />

substancia proibida pela<br />

Agencia Mundial Anti Doping. A<br />

“Operación Puerto”, que dizimou<br />

os mais importantes ciclistas da<br />

altura, teve por base a utilização<br />

desta substancia.<br />

Existem pelo<br />

menos três formas<br />

legais de obter os<br />

benefícios do<br />

treino em altitude:<br />

Treinar ao nível do mar e<br />

residir em altitude. Esta é a<br />

forma mais popular, e a que<br />

melhores resultados se obtém e<br />

igualmente a mais testada. Desta<br />

forma consegue-se esforços físicos<br />

fortes e constantes no treino<br />

e angariar ainda os benefícios<br />

do défice de oxigénio de viver<br />

parte do dia em altitude. Este<br />

treino deve durar uma média de 4<br />

semanas. A dificuldade de locais<br />

onde facilmente se possa descer<br />

2,000 ou 3,000 mil metros diariamente<br />

para o treino, faz com que<br />

muitos atletas adquiram câmaras<br />

hipobáricas. que permitem o<br />

mesmo efeito.<br />

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O défice de oxigénio - hipoxia estimula a produção de eritopetina<br />

(EPO) na medula óssea, o que por sua vez desperta a produção<br />

de glóbulos vermelhos e hemoglobina. Este processo otimiza a<br />

performance do corpo, nomeadamente na oxigenação dos músculos,<br />

o que traduz um melhoramento da performance na ordem dos 3%.<br />

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M<br />

orar ao nível do mar e treinar<br />

em altitude. Esta é uma técnica<br />

usada para competições<br />

desenvolvidas em altitude e<br />

totalmente desaconselhadas<br />

para competições ao nível<br />

do mar. O stress e esforço<br />

necessários para o treino<br />

em altitude afetará a performance<br />

ao nível do mar.<br />

O cansaço apareceria muito<br />

rápido. Esta é no entanto a<br />

melhor forma de aclimatização<br />

à altitude.<br />

Quando se pensa em treino e<br />

altitude, pensa-se num treino<br />

feito em qualquer local situado<br />

entre os 1800 e os 6000<br />

metros. Sendo que a altitude<br />

indicada, dados defendidos<br />

pela maioria dos autores,<br />

deve ser de 2200 metros<br />

durante um período medio de<br />

4 semanas.<br />

Treinar e morar em altitude.<br />

Este conceito surgiu<br />

com a necessidade dos atletas<br />

se adaptarem à altitude para<br />

futuras competições também<br />

elas em altitude. E, de certa<br />

forma, este método de treino<br />

apenas funciona para a aclimatização<br />

em altitude e para<br />

competições que decorram<br />

nas mesmas circunstâncias<br />

do treino. Um regime contínuo<br />

de treino e vivência em<br />

altitude, mesmo fortalecendo<br />

a capacidade aeróbica do<br />

atleta, diminui a intensidade<br />

de treino. O que em pouco<br />

tempo diminui a performance.<br />

Esta modalidade de<br />

treino é totalmente desaconselhada<br />

em qualquer caso.<br />

Atualmente, existem já um<br />

serie numero de opções para<br />

atletas que pretendam treinos/estágios<br />

de media altitude,<br />

ou seja, um treino entre<br />

os 1550 e 2500 metros de<br />

altitude. Os mais conhecidos<br />

e mais utilizados por atletas<br />

de topo situam-se na serra<br />

nevada, em Espanha - Ilhas<br />

Canárias, Font Romeu, em<br />

França e Davos, na Suíça.<br />

#Giro2017<br />

treino profissional<br />

Aumente a<br />

Hemoglobina<br />

também usando a<br />

alimentação:<br />

A hemoglobina é uma proteína e está<br />

presente nos glóbulos vermelhos, como já<br />

referido, que tem como função o transporte<br />

de oxigénio no organismo, quando<br />

se encontra abaixo dos valores ideais, há<br />

um prejuízo no transporte de oxigénio<br />

para o corpo o que por sua vez prejudica<br />

a produção de energia e recuperação do<br />

atleta. No entanto, existem várias formas<br />

de aumentar a hemoglobina.<br />

A hemoglobina pode ser aumentada através<br />

do hormona eritropoetina (EPO) - muito<br />

conhecida negativamente pelos casos de doping<br />

no ciclismo há alguns anos, naturalmente<br />

produzido no rim (90%) e fígado (10%), este<br />

estimula a medula óssea a elevar a produção<br />

dos glóbulos vermelhos ou pelo uso medicinal<br />

desta substância. Esta pratica é no entanto, e<br />

como é previsível, contra as normas éticas do<br />

desporto e da agência mundial contra o doping.<br />

Ou por treinos de altitude<br />

Mas uma forma mais saudável de aumentar<br />

a hemoglobina é através da alimentação:<br />

A vitamina B9 (ácido fólico) e vitamina<br />

B12 (cianocobalamina) elevam o aumento<br />

de glóbulos vermelho. Quanto à síntese de<br />

hemoglobina é necessário ferro, aminoácidos e<br />

vitamina B6. Assim temos:<br />

Alimentos ricos em vitamina B12: produtos<br />

de origem animal como leite, carne bovina,<br />

aves, peixes, queijos e ovos.<br />

Alimentos ricos em vitamina B9 (ácido fólico):<br />

vegetais verdes escuros (brócolos e outros<br />

vegetais), feijão, lentilha, fígado, carne magra,<br />

levedura e nozes.<br />

Alimentos ricos em ferro: carne vermelha,<br />

fígado, frutos do mar, ovos, legumes, cereais<br />

fortificados, frutas secas, grãos integrais, vegetais<br />

verdes escuros, nozes, castanha e sementes.<br />

Alimentos ricos em vitamina B6 (piridoxina):<br />

germe de trigo, levedura, fígado, cereais<br />

integrais, legumes, batata, banana e aveia.<br />

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O<br />

Incomparável<br />

Super<br />

Campeão<br />

Mundial de<br />

2016<br />

Pe<br />

Ter<br />

Sagan<br />

Nuno<br />

Sabido<br />

O perfil e a carreira do<br />

campeão do Mundo!<br />

Aceda a este especial Clicando aqui!<br />

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#Giro2017 A fisiologia dos atletas<br />

As exigências físicas do Giro<br />

Aspectos fisiológicos e nutricionais de ciclistas nas<br />

grandes Voltas<br />

Ricardo Dantas de Lucas<br />

Professor e Pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. Doutor em<br />

Educação Física, com ênfase em avaliação fisiológica e treinamento de atletas. Atua<br />

como treinador de atletas de endurance desde 1995.<br />

ricardo.dantas@ufsc.br<br />

Énotório que as grandes voltas<br />

ciclistas, provas por estágios<br />

com duração de até 3 semanas,<br />

representam competições<br />

extremamente exigentes, em<br />

diferentes aspectos funcionais<br />

(ou seja, físico, fisiológico,<br />

psicológico, etc). Embora,<br />

as grandes voltas estejam<br />

comemorando um centenário<br />

de existência, apenas nas<br />

últimas 2 ou 3 décadas que<br />

informações científicas têm<br />

sido publicadas, a respeito das<br />

demandas fisiológicas das três<br />

grandes Voltas ciclistas (Giro,<br />

Tour e Vuelta). Assim, até o<br />

inicio dos anos 90, pouco se<br />

conhecia e divulgava sobre a<br />

intensidade em que estas competições<br />

ocorriam (Lucia et al.<br />

2003). Com o aperfeiçoamento<br />

e popularização dos medidores<br />

de frequência cardíaca<br />

(FC) começou a se demonstrar<br />

as demandas fisiológicas<br />

das etapas, embora seja conhecido<br />

que a FC não represente<br />

fielmente a demanda<br />

energética em provas com<br />

durações prolongadas (>3-4<br />

horas), como é o caso das etapas<br />

do Giro. Ao final dos anos<br />

90 os medidores de potência<br />

ganharam de vez o mercado<br />

e desta vez informações mais<br />

confiáveis sobre o perfil de<br />

intensidade têm sido publicadas<br />

(Vogt et al., 2006).<br />

Como as etapas das<br />

grandes Voltas são classificadas<br />

em 3 categorias (etapas<br />

planas, etapas de montanhas<br />

e etapas contrarrelógio - CR),<br />

sabe-se que demanda física<br />

de cada uma destas etapas é<br />

inteiramente diferente. Por<br />

exemplo, nas etapas “planas”<br />

é comum a maioria dos ciclistas<br />

pedalarem em pelotão e<br />

completarem a etapa com<br />

potência média entre 150W e<br />

250W, o que representa uma<br />

baixa demanda energética<br />

para ciclistas profissionais.<br />

Entretanto nestas etapas, predomina<br />

uma alta demanda<br />

técnica e tática, observada<br />

Do ponto de vista do treinamento,<br />

a preparação destes ciclistas<br />

engloba uma alta quilometragem<br />

semanal (normalmente entre 700 e<br />

1000 km/semana).<br />

pelas mudanças repentinas de<br />

velocidade e potência durante<br />

as fugas e os sprints (Vogt et<br />

al., 2007). Por outro lado, nas<br />

etapas de montanha, onde o<br />

efeito do “vácuo” não se faz<br />

presente durante as subidas,<br />

o aspecto fisiológico ganha<br />

predominância no desempenho,<br />

tendo como grande<br />

discriminante de performance<br />

a manutenção de alta potência<br />

relativa durante períodos prolongados<br />

(30 a 50min), não se<br />

esquecendo que estas etapas<br />

costumam ter durações acima<br />

de 5 horas. Tem sido observado<br />

a manutenção de potências<br />

acima de 6 W/kg durante as<br />

grandes subidas. Trazendo em<br />

números absolutos, isto representa<br />

para um ciclista com<br />

60 kg manter uma potência<br />

em torno de 360W durante as<br />

subidas decisivas. Já nas etapas<br />

de CR a exigência recai<br />

novamente sobre a demanda<br />

fisiológica, em conjunto com<br />

a posição aerodinâmica. O<br />

sucesso nestas etapas depende<br />

dos ciclistas terem capacidade<br />

de gerarem potência em torno<br />

de 400W (no caso dos especialistas)<br />

durante provas que<br />

duram em torno de 1hora, o<br />

que resulta em velocidades<br />

médias de aproximadamente<br />

50km/h.<br />

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Obviamente, a função<br />

do ciclista dentro da equipe<br />

irá determinar o grau<br />

de desempenho em cada<br />

uma destas etapas e consequentemente<br />

a especificidade<br />

de treinamento.<br />

Do ponto de vista do treinamento,<br />

a preparação<br />

destes ciclistas engloba<br />

uma alta quilometragem<br />

semanal (normalmente<br />

entre 700 e 1000 km/<br />

semana), incluindo passagem<br />

por grandes montanhas<br />

nos períodos de<br />

preparação especifica<br />

para as grandes Voltas.<br />

A necessidade deste alto<br />

volume se justifica pela<br />

necessidade de criar adaptações<br />

fisiológicas compatíveis<br />

com a demanda<br />

diária de etapas que<br />

ultrapassam os 200km.<br />

Logicamente, dependendo<br />

da função dentro da<br />

equipe, o treinamento do<br />

ciclista será mais direcionado<br />

para as etapas de<br />

montanha ou contrarrelógio.<br />

Quando se considera<br />

a distância percorrida ao<br />

longo das três semanas<br />

de prova (~ 3500 km<br />

em aproximadamente 95<br />

horas), dentro das demandas<br />

descritas anteriormente,<br />

é obvio que devemos<br />

conceber o impacto<br />

destas competições sobre<br />

a estabilidade orgânica<br />

(homeostase). Têm sido<br />

relatadas reduções em<br />

hormônios como a testosterona<br />

e o cortisol, importantes<br />

para a homeostase,<br />

ao término da terceira<br />

semana de prova (Santalla<br />

et al., 2012).<br />

Outros estudos têm<br />

demonstrado a variação de<br />

peso corporal, bem como<br />

o estado de hidratação ao<br />

longo das etapas do Giro<br />

d’Italia. Pollastri et al.<br />

(2016) acompanharam 9<br />

ciclistas que disputaram o<br />

Giro em 2014.<br />

Estes autores verificaram<br />

que nas ultimas etapas<br />

ocorreu um aumento<br />

na quantidade de fluidos<br />

corporais (retenção hídrica),<br />

indicando algumas<br />

possíveis causas: edema<br />

muscular, diluição aumentada<br />

do sangue ocasionado<br />

pela sucessão de etapas,<br />

ou apenas aumento da<br />

ingestão hídrica durante as<br />

ultimas etapas.<br />

Nas etapas de montanha, onde o efeito do “vácuo” não<br />

se faz presente durante as subidas, o aspecto fisiológico<br />

ganha predominância no desempenho, tendo como grande<br />

discriminante de performance a manutenção de alta potência<br />

relativa durante períodos prolongados (30 a 50min), não se<br />

esquecendo que estas etapas costumam ter durações acima de 5<br />

horas. Tem sido observado a manutenção de potências acima de<br />

6 W/kg durante as grandes subidas.<br />

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Outro dado interessante deste estudo foi a<br />

verificação da massa corporal após cada etapa.<br />

A massa corporal média dos ciclistas estudados<br />

oscilou entre 63 e 65 kg durante todo o Giro,<br />

não apresentando grandes variações. Lombardi<br />

et al. (2012) também acompanharam 9 ciclistas<br />

durante o Giro de 2011 e observaram peso<br />

médio entre 69 kg e 67,5kg (entre o primeiro<br />

e último dia), novamente demonstrando uma<br />

variação pequena sobre a massa corporal.<br />

Para atender a alta demanda energética de<br />

ciclistas que disputam as grandes Voltas, em<br />

média tem sido relatado uma ingestão de carboidratos<br />

em torno de 30g/hora durante as<br />

etapas, e uma ingestão de carboidrato (1,1 g/<br />

kg de peso corporal) e proteína (proporção de 3<br />

para 1) nas primeiras horas após o término das<br />

etapas, para acelerar a reposição do glicogênio<br />

muscular (Lucia et al., 2003) e favorecer a<br />

recuperação para a etapa do dia seguinte.<br />

Diferente do período inicial das grandes Voltas,<br />

quando os ciclistas tinham que ser autossuficientes,<br />

atualmente as equipes ciclistas contam<br />

com profissionais de saúde multidisciplinar<br />

integrando assim os aspectos nutricionais,<br />

fisioterápicos e médicos, proporcionando aos<br />

ciclistas grande segurança em relação à saúde<br />

geral. Assim, podemos concluir que a assimilação<br />

à alta carga de treinamento realizada<br />

pelos ciclistas que disputam as grandes Voltas,<br />

é dependente dos aspectos nutricionais e fisioterápicos<br />

que minimizam o estresse geral,<br />

e favorecem as adaptações fisiológicas para<br />

suportarem as condições impostas pela prova.<br />

Referências<br />

Pollastri, l; lanfranconi, f.; tredici, g.; schenk, k.;<br />

burtscher. M. & gatterer, h. (2016): body fluid status<br />

and physical demand during the giro d’italia, research in<br />

sports medicine.<br />

Lucia, a., earnest, c., & arribas, c. (2003). The tour de<br />

france: a physiological review. Scandinavian journal of<br />

medicine & science in sports, 13(5), 275-283.<br />

Santalla, a., earnest, c. P., marroyo, j. A., & lucia, a.<br />

(2012). The tour de france: an updated physiological<br />

review. International journal of sports physiology and<br />

performance, 7(3), 200-209.<br />

Vogt, s., l. Heinrich, y. O. Schumacher, a. Blum, k.<br />

Roecker, h-h. Dickhuth, and a. Schmid. (2006) power<br />

output during stage racing in professional road cycling.<br />

Med. Sci. Sports exerc., 38 (1), 147–151.<br />

Vogt, s., schumacher, y. O., blum, a., roecker, k., dickhuth,<br />

h. H., schmid, a., & heinrich, l. (2007). Cycling<br />

power output produced during flat and mountain stages<br />

in the giro d’italia: a case study. Journal of sports sciences,<br />

25(12), 1299-1305.<br />

Lombardi, g., lanteri, p., graziani, r., colombini, a.,<br />

banfi, g., & corsetti, r. (2012). Bone and energy metabolism<br />

parameters in professional cyclists during the giro<br />

d’italia 3-weeks stage race. Plos one, 7(7), e42077.<br />

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Consequências de<br />

pedalar até ao<br />

Limite<br />

A influência da fadiga na técnica de pedalada e suas<br />

consequências no desempenho...<br />

Fernando Diefenthaeler<br />

PHD in Human Movement Sciences e professor de Biomecânica com<br />

artigos académicos publicado na área do artigo apresentado<br />

fernando.diefenthaeler@ufsc.br


A técnica de pedalada no<br />

ciclismo tem sido apontada como<br />

uma das grandes responsáveis<br />

pela melhora do desempenho em<br />

competições, sendo associada<br />

muitas vezes com uma maior economia<br />

de movimento.<br />

A economia de movimento no<br />

ciclismo está relacionada como a<br />

razão entre o trabalho produzido<br />

(potência) e a energia consumida,<br />

enquanto a técnica de pedalada<br />

com a magnitude e a orientação<br />

das forças aplicada no pedal.<br />

busca pelo ótimo desempenho é<br />

uma constante no esporte de alto<br />

rendimento e muitos atletas acabam<br />

utilizando meios ilícitos, que<br />

é denominado doping.<br />

A dopagem, além de ser um<br />

fato eticamente condenável, representa<br />

risco para quem a usufrui.<br />

A força resultante é obtida mediante<br />

a combinação das forças<br />

normal (para baixo e para cima)<br />

e tangencial (para frente e para<br />

trás) aplicadas no pedal, e representa<br />

a força total aplicada pelo<br />

ciclista no pedal. Além das forças<br />

normal e tangencial, há também<br />

outras duas forças envolvidas no<br />

movimento da pedalada : (1) a<br />

força efetiva, que é a componente<br />

da força aplicada perpendicularmente<br />

ao pedivela e que produz<br />

torque posi vo, também chamada<br />

de força transmitida, que de fato<br />

gera propulsão da bicicleta; e (2)<br />

a força inefetiva, que é a componente<br />

da força paralela ao pedivela<br />

e que não produz torque.<br />

A análise da aplicação das forças<br />

nos pedais durante a pedalada<br />

tanto em laboratório como no<br />

campo (que hoje é possível em<br />

função de sistemas de pedais<br />

com tecnologia wireless) pode<br />

ser um ótimo parâmetro para a<br />

descrição do processo de fadiga, e<br />

também elucidar quais estratégias<br />

os ciclistas utilizam para manter<br />

a mesma carga quando estão sob<br />

condições de fadiga.<br />

A fadiga muscular pode ser<br />

definida como um conjunto de<br />

alterações decorrentes do trabalho<br />

ou exercício prolongado,<br />

gerando incapacidade funcional<br />

na manutenção de um nível<br />

esperado de força. Desta forma, a<br />

fadiga muscular está associada a<br />

mecanismos e fatores metabólicos<br />

(acúmulo de lactato, depleção<br />

de glicogênio, etc.), que podem<br />

afetar os músculos (fadiga periférica)<br />

e o sistema nervoso central<br />

(fadiga central) durante a realização<br />

de exercício intenso em<br />

atletas.<br />

Para exemplificar o processo<br />

de fadiga durante uma prova de<br />

ciclismo podemos apontar as<br />

mudanças na magnitude e na orientação<br />

das forças aplicadas no<br />

pedal, bem como o seu aproveitamento<br />

(força efetiva). Evidências<br />

a partir de testes laboratoriais<br />

que simulam provas de ciclismo<br />

têm demonstrado que ocorre um<br />

aumento progressivo da força efetiva<br />

com concomitante redução<br />

da força inefetiva ao longo do<br />

teste, indicando uma melhora na<br />

técnica da pedalada.<br />

Dentre os fatores que afetam a<br />

técnica de pedalada encontram-se<br />

os ajustes do complexo ciclistabicicleta<br />

(bike fit), a intensidade<br />

do exercício, a cadência de pedalada,<br />

a modalidade do ciclismo<br />

envolvida (pista, estrada ou<br />

mountain bike) e, principalmente,<br />

a fadiga. As provas de ciclismo<br />

de estrada têm como característica<br />

a manutenção de uma alta<br />

intensidade por um tempo prolongado,<br />

o que resulta na instauração<br />

do processo de fadiga, principalmente<br />

em função das mudanças<br />

na produção de força resultantes<br />

das contrações musculares e na<br />

atividade elétrica dos músculos<br />

dos membros inferiores. Dessa<br />

forma, fica evidente que a fadiga<br />

afeta significativamente a técnica<br />

de pedalada.<br />

Dentre as consequências do processo de fadiga destaca-se a perda<br />

de eficiência muscular, que é representada pelo aumento da ativação<br />

muscular que por sua vez eleva o consumo de energia. Em outras<br />

palavras, mais fibras musculares de um determinado músculo<br />

são ativadas para manter o mesmo trabalho (potência).<br />

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O aumento observado nas forças aplicadas no<br />

pedal e na ativação elétrica de músculos responsáveis<br />

(com especial atenção aos extensores do joelho<br />

– quadríceps) pela produção de potência durante<br />

a fase de propulsão do ciclo de pedalada (0-180°)<br />

sugere uma estratégia adotada pelos ciclistas para<br />

compensar a redução da cadência de pedalada e<br />

manter a potência constante durante o processo de<br />

fadiga. Lembrando que a potência no ciclismo é<br />

calculada a partir do produto da força aplicada nos<br />

pedais pela cadência de pedalada.<br />

Pois para uma determinada potência à medida<br />

que a cadência aumenta a força aplicada reduz,<br />

minimizando assim a sensação de esforço e fadiga,<br />

mesmo que tal escolha implique na redução da economia<br />

de movimento.<br />

No entanto, evidências têm demostrado que<br />

pedalar em cadências elevadas resulta em perda<br />

da técnica de pedalada (redução da força efetiva).<br />

Ambas as táticas supracitadas (aumento da força ou<br />

cadência de pedalada) são definidas como estratégia<br />

neuromuscular e considerada como uma característica<br />

individual. Em resumo, a fadiga é considerada<br />

uma inevitável e negativa consequência decorrente<br />

da atividade física intensa, extensa, e/ou ambas.<br />

Dentre as consequências do processo de fadiga<br />

A economia de movimento no ciclismo está relacionada como<br />

a razão entre o trabalho produzido (potência) e a energia consumida,<br />

enquanto a técnica de pedalada com a magnitude e a<br />

orientação das forças aplicada no pedal.<br />

Dessa forma, indo de encontro ao que foi relato<br />

acima, ciclistas bem treinados geralmente optam<br />

pela tática de impor cadências elevadas (100 a 120<br />

rpm).<br />

destaca-se a perda de eficiência muscular, que é representada<br />

pelo aumento da ativação muscular que<br />

por sua vez eleva o consumo de energia. Em outras<br />

palavras, mais fibras musculares de um determinado<br />

músculo são ativadas para manter o mesmo trabalho<br />

(potência). Sendo assim, fica evidente a necessidade<br />

de entender todos os mecanismos do processo<br />

de fadiga e o que fazer para evitá-los ou reduzi-los<br />

quando se visa o desempenho.<br />

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Nutrição<br />

<strong>#Giro100</strong><br />

Guia Revista D&E<br />

O que come um ciclista<br />

durante o Giro?<br />

Saiba o que os ciclistas comem diariamente. As novas<br />

tendências de alimentação. E as receitas culinárias da<br />

Equipa Sky.<br />

Ricardo Pedro Reis<br />

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O dia-a-dia dos ciclistas no Giro<br />

O que comem a cada hora do dia?<br />

São mais de 3000 quilómetros<br />

em 24 dias de competição,<br />

divididos entre 21 etapas e<br />

3 dias descanso, na modalidade<br />

mais exigente de todo o<br />

desporto profissional. Para os ciclistas<br />

comer é também uma atividade<br />

de elite, e que poucos conseguiriam<br />

aguentar. Por dia, os ciclistas ingeram<br />

cerca de 8000 calorias por dia.<br />

Alguns ciclistas chegam mesmo<br />

a ingerir 9000 calorias por dia. A<br />

quantidade que uma pessoa deve<br />

comer ronda as duas mil calorias por<br />

dia. Ou seja, um ciclista come por<br />

uma família de 4.<br />

A nutricionista Judith Haudum,<br />

da equipa BMC Racing Team, em<br />

entrevista ao Jornal DN, afirmou<br />

que “é preciso prática para conseguir<br />

comer tudo o que é necessário e não<br />

ficar indisposto. A título de exemplo,<br />

o pequeno-almoço de Ramm consistiu<br />

numa omelete, três fatias de<br />

pão, papas de aveia, cem gramas de<br />

massa, um iogurte, meio litro de batido,<br />

um copo de sumo de fruta e um<br />

café para terminar” (é preciso lembrar<br />

que a primeira refeição funciona<br />

também como almoço, já que a essa<br />

hora, o atleta está a competir).<br />

A nutrição para o ciclista funciona<br />

como gasolina para os monolugares<br />

da formula 1. Dá energia e potência<br />

ao ciclista, Mas não só:<br />

•Permite aos ciclistas manter o seu<br />

nível de desempenho durante a corrida<br />

de três semanas;<br />

•Promove a recuperação ativa dos<br />

ciclistas;<br />

•Previne a perda de peso, especialmente<br />

a perda de massa de tecido<br />

magro, logicamente os ciclistas não<br />

querem perder músculo;<br />

•Ajuda a manter a saúde e o bemestar<br />

durante a corrida e após dela;<br />

Um dia típico de<br />

um ciclista numa<br />

prova de 3 semanas<br />

Ao acordar:<br />

Normalmente os ciclistas<br />

começam o dia com um sumo rico<br />

em nutrientes. Para além de leve e<br />

hidratante dá logo pela manhã energia<br />

aos atletas, sem ter de consumir<br />

muitos alimentos.<br />

Pequeno-Almoço<br />

Mingau, ovos, iogurte, pão, geléia<br />

serão todos encontrados na mesa dos<br />

ciclistas pela manhã. Para muitos<br />

há também arroz e massas. Bebidas<br />

probióticas também são usadas para<br />

ajudar a função imunológica.<br />

Do hotel até à corrida:<br />

A distância desde o hotel até ao<br />

lugar da prova é na maioria das vezes<br />

longa, e em alguns casos o percurso<br />

irregular, fazendo com que as viagens<br />

demorem alguns longos minutos,<br />

se não mais. Neste período, que é o<br />

ultimo momento de alimentação antes<br />

da etapa, todos os atletas aproveitam<br />

para se alimentar e reabastecer de<br />

energias. Dentro dos autocarros os<br />

ciclistas comem barras de energia,<br />

flapjacks e garrafas de bebidas energéticas/bebidas<br />

eletrolíticas.<br />

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Durante a prova:<br />

Durante os primeiros 2/3 da prova,<br />

os ciclistas tendem a comer alimentos<br />

sólidos, e vão progressivamente<br />

mudando para alimentos mais líquidos<br />

e de fácil ingestão na medida em que<br />

a prova aumenta de intensidade e se<br />

aproxima do fim. Os atletas recorrerem<br />

ao uso de produtos nutricionais técnicos,<br />

como os géis energéticos, que são<br />

também de rápida absorção pelo corpo.<br />

Os ciclistas bebem também diversos<br />

líquidos, a hidratação durante a prova é<br />

crucial. Água e bebida energéticas com<br />

ele eletrólitos. Como guia, os atletas são<br />

incentivados a consumir 2-3 pedaços<br />

de “ração” alimentar (bebida energética<br />

incluída) por hora e, em seguida, um<br />

extra de 500ml de água por hora, isso<br />

equivale a cerca de 90g de carboidratos/<br />

hora.<br />

Depois da corrida<br />

Assim que os ciclistas voltarem para<br />

o autocarro da equipa, deve iniciar-se a<br />

recuperação do corpo, e ela começa com<br />

a alimentação. Batidos de nutrientes são<br />

comuns, assim como alimentos sólidos<br />

como arroz cozido, batatas fervidas com<br />

atum ou galinha. Obter uma ingestão de<br />

20-25g de proteína é muito importante.<br />

A ingestão de carboidratos está também<br />

cientificamente demonstrado que otimizam<br />

a recuperação dos ciclistas.<br />

A refeição da noite<br />

As refeições tendem a ser variadas<br />

e dependem muito da etapa do dia<br />

seguinte. Cada refeição normalmente<br />

começará com uma salada, o prato<br />

principal consistirá de carne, mais uma<br />

porção de carboidratos (arroz, macarrão<br />

ou batatas) e alguns vegetais. Ciclistas<br />

muitas vezes comem iogurtes de frutas<br />

ou um flan de frutas para sobremesa.<br />

"São mais de 3000 quilómetros em 24 dias<br />

de competição, divididos entre 21 etapas<br />

e 3 dias descanso, na modalidade mais<br />

exigente de todo o desporto profissional.<br />

Para os ciclistas comer é também uma<br />

atividade de elite,"<br />

Sabia<br />

que?<br />

As refeições da noite diferem caso a etapa do<br />

dia seguinte seja plana ou montanhosa. Nos<br />

dias planos e mais curtos a refeição consistirá<br />

em uma variedade de vegetais, saladas,<br />

carboidratos de trigo integral (como Quinoa,<br />

batatas, massas), um bom pedaço de<br />

carne e uma sobremesa leve, como salada<br />

de frutas. As etapas de montanha necessitam de<br />

uma maior porção de carboidratos que geralmente é arroz<br />

branco. O objetivo é consumir alimentos com menos fibra<br />

para que os ciclistas não sintam os alimentos no estômago.<br />

Os ciclistas ingerem também usualmente sobremesas com<br />

altos teores em carboidratos, como panquecas ou um pedaço<br />

de torta de frutas.<br />

Imediatamente antes<br />

de dormir:<br />

Cereal e leite, iogurte e mel ou um batido de proteína são usualmente a escolha dos ciclistas. O sono é a melhor<br />

“janela de oportunidade” para recuperar dada as melhores condições para recuperar o corpo e a sua musculatura.<br />

Assim, uma ingestão de 20-25g de proteína antes de ir para a cama pode ser crucial para otimizar a recuperação,<br />

especialmente após uma etapa dura.<br />

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Algumas<br />

recomendações gerais:<br />

Carboidratos - 60 a 70% da dieta ou 8 a 10g\ kg peso dia: para restabelecer as reservas de glicogênio muscular e<br />

hepático e a manutenção dos níveis de glicose sanguínea durante o exercício. Além disso, a ingestão de carboidratos<br />

pode atenuar as alterações negativas no sistema imune decorrente do treino exaustivo e levado aos limites;<br />

Proteínas - 12 a 15% da dieta ou 1,2 a 1,6g\ kg peso dia: para reparo e crescimento muscular e para a contribuição<br />

no metabolismo energético;<br />

Lipídeos - 20 a 30% da dieta ou 0,6 a 1g\ kg peso dia: fornecimento de energia para os músculos em exercício;<br />

Hidratação - durante treinamento\ prova: 400 – 800 ml de água\ hora, maiores volumes para atletas mais rápidos e<br />

mais pesados e em clima quente;<br />

Dieta Hiperglicídica - nos 3 dias antes da competição para maximizar as reservas de glicogênio muscular, aumentando<br />

a ingestão de carboidratos para 10g\ kg de peso dia. Durante treinos\ competições recomenda-se de 30 a 60g de<br />

carboidratos por hora;<br />

As<br />

novas<br />

MODAS<br />

do<br />

WORLD<br />

TOUR<br />

Substituir<br />

os produtos<br />

lácteos<br />

Os problemas de intolerância<br />

associado ao fato de<br />

que muitos dos nutrientes<br />

do leite – vitaminas A, K2,<br />

ácidos graxos e ômega-3 –<br />

serem encontrados em outras<br />

fontes de gordura (que hoje<br />

são removido do leite para<br />

criar versões desnatadas)<br />

levou a uma mudança no<br />

padrão alimentar dos atletas.<br />

Mark Cavendish é um<br />

dos vários que optaram por<br />

versões baseadas em vegetais,<br />

como o leite de amêndoas<br />

ou de soja. -“O leite<br />

deixava-me com a sensação<br />

de inchaço e com desconforto<br />

intestinal”..<br />

Planta de<br />

Agave<br />

Ciclistas profissionais<br />

voltaram-se para o xarope<br />

feito de néctar de agave para<br />

adoçar bebidas e refeições<br />

como o café. por exemplo.<br />

O Agave é uma planta de<br />

origem mexicana semelhante<br />

a um cacto e que através de<br />

processo de prensamento<br />

e filtração dá origem à um<br />

néctar que substitui o açúcar.<br />

Além de menor índice<br />

glicêmico (reduzindo portanto<br />

os picos de insulina)<br />

ele é muito rico em minerais<br />

fundamentais para os ciclistas:<br />

ferro, zinco e magnésio,<br />

que são importantes para a<br />

regulação das contrações<br />

musculares.<br />

Quinoa<br />

Considerado uma especiaria<br />

culinária de classe<br />

média, a Quinoa tornou-se<br />

comum no café da manhã<br />

dos ciclistas profissionais,<br />

além de muito consumido<br />

no almoço e jantar. -“É um<br />

alimento muito versátil com<br />

quase o dobro de proteína<br />

que outros tipos de grãos”,<br />

explica Georgia Bellas, nutricionista<br />

da Fresh Fitness<br />

Food e conselheiro da<br />

Equipe Nacional de Ciclismo<br />

Britânico. -“Ele funciona<br />

como cereal para o café da<br />

manhã ou como um substituto<br />

para massas.” As proteínas<br />

são fundamentais na<br />

recuperação pós treino para a<br />

recomposição e reconstrução<br />

muscular.<br />

Sabia<br />

que?<br />

A ingestão de líquidos após a prova deve ser equivalente a 150% do peso perdido. Por exemplo,<br />

a perda de 1kg implica na ingestão de 1,5 litro de líquidos.<br />

A bebida preferencial deve conter carboidratos, na proporção de 6 a 8%, e sódio e potássio,<br />

eletrólitos que são perdidos no suor.<br />

Bebidas isotônicas ajudam a recuperar os sais minerais perdidos durante a prova<br />

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Receitas da Team Sky<br />

Omelete<br />

A equipa de Geraint Thomas e Chris<br />

Froome (que não está no giro) como logo<br />

pela manhã uma omelete e/ou mingau (ver<br />

abaixo) para obterem mal acordam os níveis<br />

exigidos de carboidratos e proteínas. Estas<br />

receitas simples irão ajudá-los a comer como<br />

verdadeiros profissionais. Bom apetite!<br />

Ingredientes<br />

1 colher de sopa de azeite<br />

3 ovos<br />

3 colheres de sopa de água<br />

Sal<br />

Pimenta preta<br />

2 fatias de presunto<br />

Método de Preparação<br />

Aqueça uma frigideira em fogo médio,<br />

acrescente o azeite:<br />

Bata os ovos bem batidos em uma tigela e<br />

adicione sal e pimenta;<br />

Despeje os ovos na frigideira e frite levemente<br />

até ficar cozido;<br />

Corte o presunto ou fiambre em tiras e<br />

coloque na omelete;<br />

#factos<br />

Uma omelete fornece um alto nível de proteína<br />

e gorduras necessárias que produzir<br />

constantes blocos de energia de forma constante<br />

para os longos quilómetros de uma<br />

prova. Esta produção constante de energia<br />

ajuda a manter níveis estáveis de glicose no<br />

sangue. Ideal para temperaturas mais baixas;<br />

Mingau de aveia<br />

Ingredientes<br />

60g de farinha de aveia<br />

300-350 ml de água<br />

2 colheres de sopa de passas<br />

2 colheres de sopa de óleo de coco<br />

1 colher de chá de canela<br />

Uma pitada de sal<br />

Método de Preparação<br />

Levar todos os ingredientes para ferver em fogo médio enquanto<br />

se agita; Deixe assim durante 3-4 minutos;<br />

Adicione um pouco de água se ela parecer muito grossa<br />

Cubra a tigela com nozes, maçã e fatias de banana para adicionar<br />

mais sabores<br />

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#Scarpo<br />

1979-20<br />

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ni<br />

17<br />

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Até<br />

sempre<br />

CAMPEÃO<br />

Muito nesta vida não faz sentido. O acidente<br />

que vitimou o campeão italiano é<br />

infelizmente mais um destes casos. Era<br />

um dia normal de treino, bem cedo, eram<br />

oito e cinco da manhã em Filottrano (Ancona),<br />

onde vivia com a mulher e os dois<br />

filhos, quando uma carrinha que deveria<br />

ter cedido passagem o atropelou, num<br />

cruzamento perto de sua casa, onde já tinha<br />

passado milhares de veres sem nenhum<br />

incidente. Scarponi foi declarado morto no<br />

local. A sua mulher assistiu a tudo, de joelhos,<br />

destroçada. Um fim inglório, precoce<br />

e imerecido para um dos melhores ciclistas<br />

italianos das últimas duas décadas, e<br />

vencedor de um Giro de Itália em 2011. O<br />

mundo do ciclismo reagiu em peso à morte<br />

de Scarponi. A mais emocionada é de Luis<br />

Ángel Maté, espanhol que foi colega do<br />

italiano na Androni. “Penso em recordar-te<br />

a cada minuto da minha vida e contar aos<br />

teus filhos a maravilhosa pessoa que eras.<br />

Estarás sempre connosco.”<br />

A Astana decidiu não substituir Scarponi,<br />

que seria o líder, e ataca o Giro com apenas<br />

8 atletas. A organização do Giro também<br />

não o esqueceu, e revelou que durante as<br />

três semanas irão decorrer diversas homenagens,<br />

e uma das mais subidas icónicas<br />

subidas a ser-lhe dedicada: o Mortirolo.<br />

Nada mais Justo!<br />

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