#Giro2017 treino profissional Porque os ciclistas treinam em altitude? Nos últimos anos, tem-se ouvido insistentemente falar em treino de altitude como uma das metodologias mais diferenciadoras. Este tipo de treino é bastante proveitoso para atletas que competem em provas de longa duração, como é o caso do ciclismo, nomeadamente no Giro e numa prova de 3 semanas. Assim, não é raro vermos os principais ciclistas, especialmente os trepadores, a treinarem em altitude antes das provas. Isto acontece, porque os ciclistas procuram otimizar o seu organismo na produção de energia aeróbica, e assim aumentar a resistência e a performance. O organismo humano foi evoluindo, dada necessidade diária de água potável e espaços de mais fácil locomoção, para funcionar em pleno ao nível do mar. Ao nível do mar, o ar respirado contém aproximadamente 21% de oxigénio, a percentagem certa para que o nosso sistema respiratório e cardiovascular funcione na medida exata. Na mesma simetria que subimos em altitude, o nível de oxigénio no ar desce, e é exatamente essa singularidade que se procura num treino em altitude. A dificuldade na captação de oxigénio em altitude por parte do corpo humano, propicia uma possibilidade interessante ao corpo do atleta. As primeiras alterações visíveis são o aumento dos batimentos cardíacos e do ritmo respiratório. O organismo, privado das concentrações ideais de oxigénio, ordena o aumento de produção de hemoglobina nos glóbulos vermelhos – a molécula com a responsabilidade do transporte do oxigénio. Como consequência, cada litro de sangue contém mais oxigénio que anteriormente e a eficiência do organismo para o transformar em energia é maximizada. O défice de oxigénio - hipoxia estimula a produção de eritopetina (EPO) na medula óssea, o que por sua vez desperta a produção de glóbulos vermelhos e hemoglobina. Este processo otimiza a performance do corpo, nomeadamente na oxigenação dos músculos, o que traduz um melhoramento da performance na ordem dos 3%, de acordo com os últimos estudos apresentados. Foi com base nestes estudos, que conduziu muitos atletas ao consumo de EPO exógena, substancia proibida pela Agencia Mundial Anti Doping. A “Operación Puerto”, que dizimou os mais importantes ciclistas da altura, teve por base a utilização desta substancia. Existem pelo menos três formas legais de obter os benefícios do treino em altitude: Treinar ao nível do mar e residir em altitude. Esta é a forma mais popular, e a que melhores resultados se obtém e igualmente a mais testada. Desta forma consegue-se esforços físicos fortes e constantes no treino e angariar ainda os benefícios do défice de oxigénio de viver parte do dia em altitude. Este treino deve durar uma média de 4 semanas. A dificuldade de locais onde facilmente se possa descer 2,000 ou 3,000 mil metros diariamente para o treino, faz com que muitos atletas adquiram câmaras hipobáricas. que permitem o mesmo efeito. 42 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
O défice de oxigénio - hipoxia estimula a produção de eritopetina (EPO) na medula óssea, o que por sua vez desperta a produção de glóbulos vermelhos e hemoglobina. Este processo otimiza a performance do corpo, nomeadamente na oxigenação dos músculos, o que traduz um melhoramento da performance na ordem dos 3%. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 43