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edição de 3 de julho de 2017

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editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

a crise que nos abraça<br />

crise política brasileira, que afetou e prossegue afetando sobremodo<br />

a economia do país, já dura três anos, com períodos <strong>de</strong> altas e<br />

A<br />

baixas cada vez mais para as primeiras.<br />

Quando a situação parecia ter-se amainado mais recentemente, apresentando<br />

como consequência uma ligeira melhora da economia, tivemos<br />

o <strong>de</strong>sastroso (e muito pouco compreensível em um primeiro momento)<br />

ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> Joesley Batista gravando o presi<strong>de</strong>nte Temer.<br />

Tornado público, o ví<strong>de</strong>o pirata trouxe <strong>de</strong> volta a crise em todo o seu<br />

esplendor. Temer <strong>de</strong>veria enfrentar o gravíssimo problema com maior<br />

<strong>de</strong>terminação, como Lula sempre fez nos seus momentos recentes<br />

mais difíceis, mas preferiu tergiversar. Pensando, talvez, que ganharia<br />

tempo – e o tempo transcorrido lhe seria oportuno – aguardando a perícia<br />

no material, afundou-se mais ainda diante <strong>de</strong> um Brasil atônito,<br />

que não po<strong>de</strong>ria esperar jamais por aquele encontro <strong>de</strong>strambelhado<br />

com o rei do gado.<br />

Vejo Temer anos atrás em uma das reuniões preparatórias do 4º Congresso<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong>, na casa <strong>de</strong> um dos organizadores do<br />

evento. Ele ocupava a presidência da Câmara Fe<strong>de</strong>ral e mostrava todo<br />

o seu saber jurídico aos interlocutores, além <strong>de</strong> uma boa dose <strong>de</strong> conhecimento<br />

sobre o mercado para o qual o 4º Congresso estava sendo<br />

preparado.<br />

Impossível imaginar aquele cavalheiro <strong>de</strong> fino trato e extensa cultura<br />

sobre muitos temas distantes da sua ativida<strong>de</strong> parlamentar, <strong>de</strong>stinado<br />

a se envolver anos <strong>de</strong>pois com gente da pior espécie, fazendo-nos agora<br />

crer que estava naquela noite em turma errada.<br />

O que mais choca no episódio gravado e que tornou a arrebentar com<br />

o país é a <strong>de</strong>stacada <strong>de</strong>senvoltura com que economizou palavras, <strong>de</strong>monstrando<br />

claramente, para qualquer mediano enten<strong>de</strong>dor, que temia<br />

(sem trocadilho) pelo pior.<br />

Vem daí a sua gran<strong>de</strong> contradição: sem <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> lado seu comportamento<br />

infrator, não po<strong>de</strong>ria ter-se permitido o risco <strong>de</strong>liberadamente<br />

assumido e, repetimos, <strong>de</strong> leitura fácil pelas suas (poucas) palavras monossilábicas,<br />

do encontro fatal.<br />

Toda a cena em muito se parece com o comportamento chulo com que<br />

o carregador dos R$ 500 mil saiu da pizzaria Camelo, na Rua Pamplona<br />

(SP), parecendo um Jerry Lewis qualquer em um dos seus melhores<br />

papéis.<br />

A propósito, que bandidagem mais amadora é essa <strong>de</strong> marcar esse tipo<br />

<strong>de</strong> encontro <strong>de</strong> passagem (da maleta), em um lugar público e geralmente<br />

apinhado <strong>de</strong> apreciadores <strong>de</strong> uma boa pizza <strong>de</strong> todos os sabores?<br />

Reprovados nesse tipo <strong>de</strong> exame – que não <strong>de</strong>ve ter sido vestibular –<br />

para a universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crimes, esses personagens, que jamais <strong>de</strong>veriam<br />

ter <strong>de</strong>sempenhado esses papéis, tornaram-se presas fáceis <strong>de</strong> um método<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>linquência superior, praticado por experts que fariam Don Corleone<br />

e sua gang corarem <strong>de</strong> vergonha pelo primarismo das suas ações.<br />

FraSeS<br />

Estamos agora novamente encalacrados em uma crise, cujo <strong>de</strong>sfecho<br />

ninguém sabe qual será.<br />

Getúlio resolveu logo a que Carlos Lacerda provocou em 1954, enchendo-se<br />

daquele tipo <strong>de</strong> vergonha briosa, capaz <strong>de</strong> fazer com que um ser<br />

humano abra mão do seu bem mais precioso, que é a vida.<br />

Um tiro no peito e uma carta <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida que passou a fazer parte<br />

importante da nossa História puseram fim a uma crise também interminável<br />

e que po<strong>de</strong>ria arrebentar com o país daquela época.<br />

Vargas preferiu arrebentar seu peito em holocausto, certo <strong>de</strong> que não<br />

estava provocando a sua morte, mas apenas antecipando-a.<br />

Pena que poucos gran<strong>de</strong>s erráticos se <strong>de</strong>em conta disso.<br />

***<br />

A <strong>edição</strong> anterior <strong>de</strong>ste impresso do PROPMARK, cobrindo o Cannes<br />

Lions, provocou muitos cumprimentos à direção do jornal. Segundo<br />

boa parte dos nossos leitores, foi uma das melhores sobre essa pauta,<br />

<strong>de</strong>ntre todas já produzidas nestes 52 anos <strong>de</strong> circulação do PROPMARK.<br />

Bom que assim tenha sido. Sabemos que tão somente cumprimos com<br />

o nosso <strong>de</strong>ver, mas quando o <strong>de</strong>sfecho chega a empolgar leitores, não<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser digno <strong>de</strong> registro. Principalmente levando-se em conta ter<br />

sido a primeira sob o comando da jornalista Kelly Dores, recentemente<br />

alçada à condição <strong>de</strong> editora-chefe <strong>de</strong>ste periódico.<br />

E este ano foi diferente: houve pela primeira vez <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que participo<br />

do Cannes Lions (meu primeiro foi em 1971) uma ameaça que bloqueou<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> reação por parte dos jornalistas, pelo menos dos brasileiros,<br />

acostumados com a ligeireza da sua imprensa.<br />

Ela se traduziu no possível e imediato cancelamento das cre<strong>de</strong>nciais<br />

dos jornalistas “<strong>de</strong>sobedientes”, o que provocaria um dano maior aos<br />

nossos leitores.<br />

Foi a partir daí que mais se revelou o espírito jornalístico <strong>de</strong> Kelly Dores,<br />

pautando a equipe para outros pontos importantes do festival e<br />

lembrando para o editorialista uma das muitas frases famosas <strong>de</strong> Carlito<br />

Maia: “Se me fecham as saídas, fujo pelas entradas”.<br />

Nota digna <strong>de</strong> elogios nesse episódio foi a postura <strong>de</strong> Nizan Guanaes,<br />

que discordou publicamente da atitu<strong>de</strong> da direção do Cannes Lions,<br />

prometendo interferir para que em 2018 todos realizem com liberda<strong>de</strong><br />

e responsabilida<strong>de</strong> profissional seus jobs.<br />

***<br />

Este Editorial é em homenagem a Gilberto Leifert, que <strong>de</strong>ixou a Re<strong>de</strong><br />

Globo na última semana, após 30 anos <strong>de</strong> bons serviços prestados à<br />

empregadora e ao mercado da comunicação.<br />

A este último prosseguirá prestando sua 434739_DM9DDB_DM9DDB_50x70<br />

valiosa colaboração, na presidência<br />

do Conar.<br />

“É preciso reconhecer que conteúdo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lação<br />

que não foi provado, não serve para nada”.<br />

(Estadão, Editorial, 29/6)<br />

“Nenhuma campanha <strong>de</strong> convencimento da<br />

opinião pública substitui provas, num tribunal<br />

honesto”.<br />

(I<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m)<br />

“em crises que forçam as pessoas a escolher entre<br />

caminhos alternativos, a maioria escolherá o<br />

pior”.<br />

(Luiz Carlos Ferraz Bottini, dando o crédito a uma<br />

das Leis <strong>de</strong> Murphy)<br />

“o presi<strong>de</strong>nte encolheu”.<br />

(Capa <strong>de</strong> Veja, <strong>edição</strong> <strong>de</strong> 28/6, com ilustração bem-<br />

-humorada <strong>de</strong> Temer vestindo roupas maiores, inclusive<br />

a faixa presi<strong>de</strong>ncial)<br />

“ou instituímos <strong>de</strong> vez a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos e<br />

<strong>de</strong>veres e acabamos com a ‘privilegiatura’ ou ela<br />

acaba <strong>de</strong> acabar conosco.”<br />

(Fernão Lara Mesquita, Estadão, 30/6)<br />

“Se temer for afastado, per<strong>de</strong>ndo suas prerrogativas<br />

constitucionais, po<strong>de</strong>rá fazer <strong>de</strong>lação<br />

premiada?”<br />

(Entreouvido no Metrô/SP)<br />

DM9 SOBE<br />

10 POSIÇÕES<br />

NO RANKING<br />

DE AGÊNCIAS.<br />

CONFORME PROPMARK PUBLICA HOJE.<br />

VOLTANDO AO SEU LUGAR.<br />

jornal propmark 30/06/<strong>2017</strong> - 3 - <strong>de</strong> 15:43 <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 3<br />

AFD DM9 TIJOLINHO 6X7 360145-003.indd 1<br />

6/30/17 3:52 PM

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