4 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014 entrevista Enrique Egea Pacheco, presidente da Portocredi Sangue catalão, sotaque brasileiro Textos e fotos: Sandro André diretor-presidente da Cooperativa O PortoCredi, de Porto Velho, nasceu em Barcelona, na região da Catalunha, Espanha. Enrique Egea Pacheco chegou ao Brasil ainda criança, aos sete anos, quando a família veio morar em São Paulo. Ainda jovem, buscou sua formação técnica na área de mecânica e ferramentaria e, mais tarde, formou-se em Administração de Empresas. Trabalhando no ramo de veículos, como executivo do grupo Volkswagen, teve a oportunidade de conhecer praticamente todo o Brasil e grande parte da América Latina.
5 Ao desembarcar em Rondônia, há mais vinte anos, para gerenciar as atividades da empresa no segmento de caminhões, decidiu se estabelecer definitivamente em Porto Velho, vindo a se tornar empresário de sucesso. É proprietário da Buriti Caminhões, uma das mais tradicionais empresas desse segmento, e mantém forte atuação em Rondônia. O grupo está presente nas cidades de Porto Velho, onde se localiza a matriz da empresa, e em Vilhena, no cone sul do estado, representando marcas de perfil mundial, como Volkswagen, Man, Scania e Michelin. Na entrevista a seguir, Pacheco fala sobre empreendedorismo, cooperativismo e as perspectivas econômicas para a cidade de Porto Velho, que acaba de completar o seu centenário de fundação. O associativismo tem muita força no estado. As ações coletivas trazem resultados incríveis Enrique Egea Pacheco Você contou que nasceu na Espanha, em Barcelona, e a pergunta é inevitável: você é torcedor do Barça? Na Espanha é diferente do Brasil, onde você mora em Porto Velho e torce para o Flamengo ou Corinthians, que são times de outros estados. Lá, quem é de Barcelona torce para o Barça, que é um dos maiores times do mundo. Mas quem é de outras regiões, onde os clubes são menores, torce pelo clube da sua cidade. Seria um sacrilégio um cidadão como eu, nascido na Catalunha, torcer por exemplo para o Real Madrid... Mas seu sotaque é paulistano, sua vida foi sempre baseada na capital paulista? Exatamente, meus pais vieram de Barcelona para São Paulo quando eu era criança, só não vou te dizer em que época foi isso, vamos pular essa parte (risos). Mas, sobre São Paulo, foi onde me criei, ali comecei a fazer a escola técnica na área de mecânica, de ferramentaria, e foi quando comecei a trabalhar na Volkswagen. Foi também na capital paulista que me formei como administrador de empresas. E como você veio a conhecer o estado de Rondônia? Bom, eu viajei muito durante os anos em que trabalhei na VW, conheci praticamente todo o Brasil e boa parte da América Latina, até que surgiu o convite para gerenciar o segmento de caminhões da empresa no estado. Acabei me tornando sócio e depois fiquei sendo o único dono da empresa, a Buriti Caminhões, aqui em Porto Velho. Podemos dizer que você chegou no lugar certo e na hora certa... Sim, na verdade Porto Velho já passou por muitos ciclos de desenvolvimento econômico, ciclo do ouro, da borracha, do garimpo, e quando eu cheguei se falava muito na construção dessas usinas, mas a gente olhava meio desconfiado, e quando realmente vieram os investimentos foi realmente uma surpresa pra muita gente, inclusive para mim... Nesse caso, como você avalia que será a reação de Porto Velho e de Rondônia quando as usinas estiverem prontas, o que deverá ocorrer dentro de poucos anos... Realmente, não deve demorar muito mais tempo para que as usinas do Madeira fiquem prontas, mas eu acredito que Porto Velho não é mais só a “capital do contracheque”, como sempre se disse. Temos investimentos, não só nas usinas, mas o novo porto que está em construção, novas obras de infraestrutura, até mesmo se fala numa ferrovia vindo de Vilhena, e que poderá ir mais longe, avançando pela cordilheira em direção ao Pacífico. Mas, independente dessas grandes obras, Rondônia é um estado de agronegócio forte, em todo o interior, e a região de Porto Velho não fica atrás.