Sensação Resistir não é remediar Medicina tradicional ou alternativa? A escolha por diferentes tratamentos significa mais que a busca pela cura do corpo. G Texto: Samuel Perpéuo Foto: Alessandra Alves Arte: Charles Santos
O abuso de remédios tarja preta, além de causar dependência pode desencadear outras doenças. Primeiro começa com um antidepressivo, que causa problemas na pressão. Da pressão o medicamento acelera o coração. Do coração o diabetes, e quando se percebe, a pessoa está consumido mais de 20 tipos de medicamentos, diariamente. Em comprimidos e capsulas, parece existir uma solução na dose exata para cada problema da vida. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil está entre os três maiores consumidores de remédio controlado do mundo, junto com os Estados Unidos e Argentina. O uso de medicamentos tarja preta disparou nas últimas décadas. Karen Rafaela Santos, psicóloga do CAPS em Mariana, revela que um dos grandes desafios do profissional, atualmente, é diagnosticar e diferenciar o sofrimento da depressão. As pessoas não encaram mais adversidades humanas como tristeza, medo e sofrimento. “Nosso desafio é entender que as pessoas podem sofrer. Hoje em dia a gente vive em uma sociedade em que as pessoas não podem mais sofrer, não podem mais chorar, não podem mais entristecer. Quando se entristecem e choram é depressão, precisam de remédio. O que esse remédio vai calar? Algumas coisas precisam aparecer”, afirma Karen. A procura de uma saída rápida para um problema que deveria ser encarado e não mascarado com medicações, vem aumentando cada vez mais o abuso de remédios, o que Karen chama de “Medicação da Vida”. que o sintomas que eles tratam. Tomar um chá de boldo, por exemplo, cura bem mais sua ressaca do que um Engov. Quando você toma uma remédio pra queimação no estômago, o remédio pode afetar seu fígado e assim por diante”. Outra medicina alternativa de grande adesão é a homeopatia. A homeopatia surgiu há pouco mais de 200 anos com os estudos do médico alemão Samuel Hahnemann. Considera doença como o desequilíbrio da energia vital. Diferente da alopatia, que é conhecida como medicina tradicional e busca tratar os sintomas das doenças, a homeopatia não busca combater ou anular sintomas, mas sim compreender o seu significado e importância de medicar o paciente no sentido total da sua recuperação, fazer com que a força vital volte ao seu equilíbrio. Em Mariana, a farmacêutica homeopata Gishia de Fátima Horta Moreira trabalha com essa medicina há mais de cinco anos. “Cansados dos tratamentos tradicionais, alguns pacientes procuram outra forma para tratar a sua doença”, comentou. Ela acredita que apesar da medicina tradicional ainda ser a primeira opção da maioria, a procura pela homeopatia tem aumentado. Segundo a farmacêutica, uma boa parte das pessoas que vão ao médico alopata se queixam de não ser bem atendidas. Com isso, cria-se um mal estar para o paciente e ele procura outras alter- nativas de tratamento. “No meu ponto de vista, a medicina tradicional é mecanizada e as medicinas alternativas e a homeopatia são humanizadas”, afirma. De qualquer forma, procurar um profissional antes de iniciar qualquer tratamento é sempre a melhor opção. Existem outras alternativas? Por outro lado, as terapias não convencionais estão se tornando cada vez mais populares entre um grupo de pessoas. Deles destaca-se duas populares que são a fitoterapia e a homeopatia. A fitoterapia acredita na “cura através das plantas”. Surgiu na medicina chinesa e é um conhecimento que muitas pessoas usam mesmo que desconheçam seu poder curativo, mas que foram passados de geração em geração. Um dos adeptos dessa medicina, o estudante de Pedagogia Edson Vinício de Oliveira Soares, só utiliza a medicina tradicional em casos graves onde não resta outro recurso. “Eu nasci na roça e tomava chá quase todos os dias. Os efeitos colaterais dos remédios tradicionais são bem piores CURINGA | EDIÇÃO <strong>15</strong> 13