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Revista Curinga Edição 15

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Quando a opressão vira arte<br />

No auge da ditadura militar, o regime censurou<br />

e oprimiu a classe artística. O teatro era um dos meios de expressão<br />

impedidos de ganhar força. Com toda pressão sofrida,<br />

os artistas da época tentavam buscar formas de expor sua<br />

arte. Então, surgiu a ideia do Teatro do Oprimido: a oportunidade<br />

de representar, nos palcos, as vivências do dia a dia.<br />

Um dos atores da época, Augusto Boal foi destaque da luta pelo<br />

teatro através dos textos emblemáticos que produzia; e por isso partiu<br />

para o exílio, em 1969. Quando voltou ao país, criou o Teatro do<br />

Oprimido (TO). Em 1986, surgiu o Centro do Teatro do Oprimido<br />

(CTO), no Rio de Janeiro.<br />

O TO é a forma de expressão das camadas oprimidas da população,<br />

que pressupõe valorizar a resistência dessa classe. A proposta<br />

é que as próprias pessoas levem suas histórias de problemas e situações<br />

que viveram, mas não conseguiram resolver. Assim, através das<br />

encenações do Teatro do Oprimido, elas podem buscar alternativas<br />

pra modificar essa relação e tornam-se protagonistas de suas próprias<br />

vidas. O grande diferencial do TO é a participação da plateia,<br />

entrando em cena para resolver a questão proposta pelos atores.<br />

Na Maré<br />

Em 20<strong>15</strong>, o CTO está com novo projeto no complexo de favelas<br />

da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. A área tem cerca de 130 mil<br />

moradores e uma das piores rendas per capita da cidade, com baixíssimos<br />

indicadores de desenvolvimento humano. Geo Britto, coordenador<br />

político-artistico do CTO acredita que o local tem uma grande<br />

história de resistência, coincidindo com as atenções e interesses do<br />

TO. “São pessoas que saíram de várias regiões do Brasil e lutam para<br />

montar uma casa própria”, conta.<br />

“A ideia do CTO na Maré é potencializar uma rede de parceiros<br />

para construir políticas públicas em prol da juventude, a fim de auxiliar<br />

na superação das dificuldades de se viver numa comunidade”,<br />

explica Geo. Os jovens participantes tem a oportunidade de transmitir<br />

nas peças, situações de opressão como, por exemplo, o preconceito<br />

no mercado de trabalho com moradores de comunidades pobres, o<br />

machismo, a questão de gênero, a violência sexual dentro de casa.<br />

Habitar<br />

TexTO: DAnielle CAMpez<br />

FOTO: peDrO MAgAlhães<br />

ArTe: elis reginA<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>15</strong> 9

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