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Revista Curinga Edição 15

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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TexTO: peDrO eWers<br />

FOTO: rAquel esTevãO liMA<br />

ArTe: ChArles sAnTOs<br />

Cerco aos Coronéis<br />

Combater o oligopólio da midia é lutar por uma<br />

comunicação livre e plural.<br />

A Constituição Federal Brasileira determina que<br />

os canais de rádio e tv devem ser divididos em três sistemas<br />

de comunicação diferentes e de forma equilibrada:<br />

o sistema público, estatal e privado. O sistema público<br />

abrigaria os canais sem fins lucrativos, o estatal existiria<br />

para dar transparência e comunicar o que acontece no<br />

governo e parlamento, já o privado seria financiado por<br />

empresas que fazem comunicação a fim de obter lucro.<br />

Em teoria, os canais de rádio e televisão do Brasil são<br />

públicos e concedidos a terceiros. Devem ter a obrigação de<br />

veicular conteúdos culturais e educativos que expressem a<br />

pluralidade regional do país. Entretanto, são os políticos<br />

que detêm a maioria dessas concessões, criando, historicamente,<br />

um oligopólio da comunicação, uma estrutura<br />

de mercado caracterizada pelo alto grau de concentração,<br />

centralizado em um número pequeno de empresas. Segundo<br />

o site Donos da Mídia, que reúne dados públicos e<br />

informações sobre os conjuntos de meios da comunicação<br />

brasileiros, os políticos com participação direta em emissoras<br />

de rádio e TV representam 271 sócios ou diretores, que<br />

atuam em 324 veículos. Para a ex-coordenadora da Executiva<br />

Nacional dos Estudantes de Comunicação (ENE-<br />

COS), Mari Buent, “a diversidade cultural, em todos os<br />

seus aspectos, não encontra espaço nos grandes meios de<br />

comunicação de massa, as definições do setor continuam<br />

sendo tomadas em gabinetes, ouvindo apenas o interesse<br />

do empresariado”.<br />

Para tentar barrar o oligopólio da comunicação, existem<br />

organizações independentes e sem fins lucrativos. Os<br />

jornalistas dessas mídias trabalham de forma colaborativa.<br />

Essas organizações lutam pela democratização da comunicação<br />

e junto a algumas entidades como a Intervozes, Sindicados<br />

de Jornalistas Profissionais (FENAJ) e ENECOS,<br />

fazem linha de frente a campanha “Para expressar a liberdade”,<br />

de 2012, que tem como objetivo retirar a concentração<br />

das concessões públicas da comunicação das mãos de<br />

políticos e transferir o seu controle para a sociedade civil.<br />

Libertar a expressão<br />

Além dos danos políticos à sociedade, a concentração de<br />

poder midiático provoca redução de postos de trabalho e superexploração<br />

da mão-de-obra, gerando concorrência entre<br />

os próprios jornalistas. Nos últimos anos, trava-se no país<br />

uma batalha de suma importância: o oligopólio da mídia<br />

procura convencer a sociedade de que há, na democratização<br />

dos meios, uma ameaça à liberdade de imprensa. Mas<br />

o que acontece é exatamente o contrário: o Brasil e outros<br />

países da América Latina procuram ampliar e arejar os espaços<br />

midiáticos, o que resultaria na pluralização do setor.<br />

A Constituição Federal de 1988, assegura, no Art. 5º,<br />

a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica<br />

e de comunicação, independentemente de censura<br />

ou licença; uma forma de proteger a sociedade de opressão,<br />

sendo um elemento fundamental nos pilares de uma<br />

sociedade democrática. Entretanto, de acordo com a assessoria<br />

da FENAJ, no Brasil a liberdade de expressão “é<br />

algo que estamos muito longe de conquistar, se por ela<br />

entendemos a capacidade e possibilidade de se expressar<br />

livremente (e a respeito de todo e qualquer assunto) ao<br />

alcance de toda a sociedade, de toda a população, de todos<br />

os grupos sociais e étnicos, sem exceção”.<br />

A luta pela democratização dos meios de comunicação<br />

tornou-se uma bandeira central para os movimentos sociais<br />

e os partidos de esquerda que combatem as desigualdades<br />

e injustiças de no Brasil. Enquanto esse processo de<br />

democratização ainda não é consolidado, essas organizações<br />

independentes lutam pelos diversos movimentos sociais<br />

e grupos de minorias, promovendo uma organização<br />

social verdadeiramente democrática, permitindo o debate<br />

jornalístico e a quebra de um domínio tradicional dos<br />

meios de comunicação.<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>15</strong> 37

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