Revista Apólice #229
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Ano 23<br />
Número 229<br />
Fevereiro 2018<br />
1
2
editorial<br />
Ano 23 - nº 229<br />
Fevereiro 2018<br />
Esta revista é uma<br />
publicação independente<br />
da Correcta Editora Ltda<br />
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Os artigos assinados são de responsabilidade<br />
exclusiva de seus autores, não<br />
representando, necessariamente, a<br />
opinião desta revista.<br />
Ano curto para tudo<br />
que precisa ser feito<br />
2018 será um ano picotado por 12 feriados, sendo 10 deles com<br />
possibilidade de emenda, um campeonato Mundial de futebol e<br />
eleições. Até por conta disso, parece que as empresas vislumbraram<br />
a necessidade de tomar decisões mais cedo.<br />
Se o cenário político não dá sinais de estabilidade, com ameaças<br />
de candidaturas que seriam pouco factíveis há algum tempo, o<br />
cenário econômico teima em tentar se reerguer. Apesar de reformas<br />
necessárias, que são adiadas repetidas vezes, o que funciona<br />
mesmo é o mundo corporativo.<br />
Os empresários brasileiros buscam novas formas de tornar seus<br />
negócios viáveis e sustentáveis. Melhorar a relação com o consumidor<br />
é outro ponto crucial nestes novos tempos. No mercado de<br />
seguros não poderia ser diferente. Os executivos buscam parceiros<br />
que sejam capazes de tornar a relação do consumidor com o<br />
setor de seguros ainda mais ágil e agradável. Por isso, a busca por<br />
novas tecnologias capazes de incrementar processos de back-<br />
-office é incessante. Seja na área de emissão, regulação de sinistros<br />
ou subscrição, o que se espera, hoje, é que o serviço seja digital e<br />
transparente.<br />
Na área de saúde, também há muitos novos prestadores de<br />
serviços tentando seu lugar ao sol, com serviços capazes de mitigar<br />
os riscos desta carteira. Seja através do cuidado com o doente<br />
crônico ou do alinhamento de informações sobre o paciente, as<br />
operadoras buscam formas de diminuir os custos que são possíveis.<br />
Um deles pode estar ligado à forma de comercialização. Vendas<br />
mal feitas acabam tornando-se processos judiciais no futuro.<br />
Esta é mais uma luta do setor.<br />
Boa leitura!<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />
Diretora de Redação<br />
Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />
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sumário<br />
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painel<br />
gente<br />
especial serviços<br />
riscos e coberturas<br />
É preciso enxergar além do que acontece a nossa frente para<br />
entender o mundo dos riscos globais. Para encará-lo, as seguradoras<br />
buscam apoio em empresas que possam fornecer as<br />
melhores soluções<br />
relacionamento<br />
Os prestadores de serviços são a imagem e a extensão das seguradoras.<br />
O que, de fato, o mercado espera desses profissionais?<br />
Entidades e companhias do setor respondem<br />
22<br />
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saúde suplementar<br />
tendências<br />
Mercado de saúde suplementar tenta se equilibrar entre demandas<br />
dos clientes, alto custo de operação e a necessidade<br />
de abrir as portas às novas tecnologias<br />
consumidor<br />
A quantidade de erros na hora das vendas de produtos de<br />
saúde gera insatisfação de usuários e sinaliza que está na hora<br />
do mercado rever a capacitação dos profissionais<br />
evento<br />
Operadora revela os resultados positivos do último ano e anuncia<br />
sua nova campanha de incentivo<br />
campanha<br />
AIG cria programa exclusivo para as assessorias de seguros,<br />
empresas que são responsáveis por 5% de sua produção<br />
fenasaúde<br />
Workshop debate o legado da política de reajuste de preços<br />
na saúde suplementar e as alternativas para a regulação dos<br />
reajustes diante da alta dos custos do setor<br />
comunicação<br />
4
5
painel<br />
• nentrave<br />
Lei de Seguro precisa de<br />
ajustes<br />
• ¢ mudanças<br />
Comercialização por meios<br />
remotos<br />
As novas regras para a comercialização de seguros por<br />
meios remotos nas operações relacionadas a planos de seguro<br />
e de previdência complementar aberta entraram em vigor no<br />
dia 26 de janeiro. Entre as principais mudanças está a utilização<br />
dos meios remotos para celebração de contratos coletivos de<br />
seguro e previdência e para certas atividades de pós-venda. De<br />
acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a<br />
norma foi editada para permitir que as operações ocorram de<br />
forma mais completa e adequada, considerando o avanço do<br />
uso de tecnologias digitais que vem transformado os serviços<br />
financeiros em todo o mundo. Além disso, ela coloca o setor<br />
alinhado a outros setores supervisionados, como bancos e<br />
mercado de capitais, no que diz respeito ao uso de tecnologias<br />
digitais.<br />
Em análise no Senado, a proposta de criação de uma<br />
Lei de Contrato de Seguro foi concebida para garantir<br />
mais proteção ao consumidor. Na prática, segundo um<br />
estudo produzido pela Comissão de Direito Securitário<br />
da OAB-SP, a proposta comete equívocos por não fazer<br />
diferenciação entre segurados de seguros massificados<br />
e segurados de grandes empresas. Se for aprovada sem<br />
alterações, o estudo avalia que a proposta poderá gerar<br />
impactos negativos para a atividade seguradora, como<br />
aumento da judicialização, majoração do prêmio de<br />
seguro, insegurança jurídica e a saída de seguradoras e<br />
resseguradoras estrangeiras do país. “A OAB-SP não é<br />
contrária a esta lei, mas deseja contribuir para aprimorá-<br />
-la”, disse Débora Schalch, presidente da Comissão,<br />
durante a apresentação do estudo, em São Paulo.<br />
• nhomenagem<br />
Despedida a Sérgio Petzhold<br />
O mercado de seguros se despediu de Sérgio Petzhold, ex-presidente<br />
do Sincor-RS, que faleceu em 2 de janeiro. Petzhold foi goleiro do Internacional<br />
e Floriano (hoje Novo Hamburgo) e, em 1968, deixou a carreira. Já<br />
bacharel em ciências contábeis, passou a trabalhar como corretor de seguros.<br />
Ele era acadêmico da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP)<br />
e cidadão emérito da cidade de Porto Alegre, título obtido em 2006. Com<br />
mais de 50 anos de atuação no setor, foi presidente do Sincor-RS de 1974<br />
a 1976. Voltou a ser eleito em 1983 e exerceu o cargo até 2006. Era um dos<br />
fundadores da Fenacor e da Cooperativa de Crédito Mútuo dos Corretores<br />
de Seguros de Porto Alegre.<br />
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7
painel<br />
• nsegurança<br />
Brasil perde dinheiro com crimes<br />
cibernéticos<br />
O Brasil é o segundo país que mais perdeu financeiramente<br />
com ataques cibernéticos em 2017, atrás apenas da China, e<br />
também o país em que mais crianças sofrem com bullying,<br />
na mesma posição que a Índia. É o que apontou o Norton<br />
Cyber Security Insights Report 2017, divulgado pela Norton<br />
by Symantec.<br />
No ano passado, cerca de 62 milhões de brasileiros (61% da<br />
população adulta conectada do país) foram vítimas de cibercrime.<br />
As perdas totalizaram US$ 22 bilhões. De um modo geral,<br />
as vítimas tendem a usar a mesma senha em várias contas ou<br />
compartilhá-la com outras pessoas. Os millenials são os mais<br />
afetados, sendo que 26% deles não possuem nenhum método<br />
de proteção em pelo menos um dispositivo e eles são mais<br />
propensos a compartilhar a senha.<br />
•produto n<br />
<strong>Apólice</strong><br />
residencial para<br />
a terceira idade<br />
O Grupo BB e Mapfre<br />
lançou o Mapfre Residencial<br />
+ Sênior, um seguro criado<br />
para atender as necessidades<br />
da terceira idade, agregando benefícios e serviços customizados.<br />
As assistências focam em saúde e bem-estar e disponibilizam<br />
orientação por telefone para medicamentos, descontos<br />
em farmácias, indicação de médicos, enfermeiros, técnicos de<br />
enfermagem e fisioterapeutas, locação de muletas, cadeiras de<br />
rodas, cama hospitalar, cilindro de oxigênio e transporte para<br />
tratamento fisioterápico, além de serviços voltados para a residência<br />
como chaveiro, eletricista, vidraceiro, desentupimento,<br />
conserto de aparelhos linha branca e instalação de olho mágico.<br />
• negócios<br />
Empresa de soluções para<br />
corretores<br />
A Virtual Softwares para Seguros e a Sistemas Seguros<br />
ligaram suas operações e, a partir de agora, são responsáveis<br />
pelo processamento anual de quatro milhões de<br />
apólices de seguros e por uma carteira de mais de dois<br />
mil clientes.<br />
“A fusão com a Virtual fortalece a estratégia para<br />
ganharmos ainda mais mercado”, salienta Fernando Rodrigues,<br />
CEO da Sistemas Seguros.<br />
Para Maurício dos Santos, CEO da Virtual Softwares<br />
para Seguros, a união também possibilitará que as duas<br />
operações “invistam ainda mais em pessoal, estrutura,<br />
novos produtos e soluções, para viabilizar a consolidação<br />
de uma posição de destaque entre as principais Insurtechs<br />
do Brasil.”<br />
• negócios 2<br />
Aquisição de ativos e<br />
operações<br />
A Icatu Seguros e o BNP Paribas Cardif assinaram o<br />
contrato no qual a seguradora vai adquirir a totalidade<br />
dos ativos e as operações de Cardif Capitalização no<br />
Brasil. A partir da aprovação da operação pelos órgãos<br />
reguladores, a Icatu assumirá as carteiras e a comercialização<br />
de capitalização da Cardif e passa a ser provedora<br />
exclusiva desses produtos para o BNP Paribas Cardif Brasil.<br />
A efetivação da operação ainda está sujeita à aprovação<br />
do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)<br />
e da Susep.<br />
No segmento de Capitalização, a Cardif atua principalmente<br />
na modalidade de incentivos e tem faturamento<br />
anual de R$ 85 milhões (2016). O acordo preserva as<br />
condições contratadas pelos atuais parceiros e clientes,<br />
que continuarão a contar com os serviços.<br />
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• nautomóvel<br />
Aplicativo dá desconto em<br />
seguro<br />
A SulAmérica<br />
apresentou o aplicativo<br />
Auto.Vc, que<br />
utiliza um sistema<br />
de telemetria no celular<br />
do motorista,<br />
seja ele cliente ou<br />
não da companhia.<br />
Por meio do app, o<br />
usuário recebe uma<br />
avaliação do seu modo de dirigir, obtém dicas personalizadas<br />
e pode ser recompensado se adotar boas práticas<br />
de direção. Quanto mais segura for a direção do carro, mais<br />
pontos ele acumula e mais alta é sua posição no ranking.<br />
Com isso, pode ser recompensado com até R$ 400 de<br />
desconto no seguro, R$ 800 na franquia ou 30 diárias extras<br />
no carro reserva.<br />
A novidade estará disponível em breve para todo o<br />
País. O lançamento encontra-se em fase inicial, com cinco<br />
mil usuários de seis cidades brasileiras, e ocorre após um<br />
piloto com colaboradores da seguradora.<br />
• ntecnologia<br />
Colaboradora digital no RH<br />
A Tokio Marine investiu em Inteligência Artificial na<br />
realização de atendimentos no Departamento de Recursos<br />
Humanos. Desenvolvida através de um software baseado no<br />
supercomputador Watson, a colaboradora digital Marina é<br />
capaz de aprender, identificar expressões e interpretar contextos,<br />
sendo inicialmente responsável por realizar cerca de<br />
dois mil atendimentos mensais referentes a assuntos do dia a<br />
dia dos colaboradores da companhia, como férias, benefícios<br />
e avaliação de desempenho.<br />
Em sua fase inicial, Marina estará disponível para atendimentos<br />
via chat, dentro do Portal de Recursos Humanos<br />
da seguradora.<br />
Numa segunda<br />
etapa, a previsão<br />
é que ela passe a<br />
atender também<br />
dúvidas de corretores<br />
e clientes<br />
através de canais<br />
como telefone,<br />
vídeo e chats de<br />
redes sociais.<br />
• npesquisa<br />
Queda nas fatalidades de<br />
trânsito<br />
O Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, programa<br />
do Governo de São Paulo, divulgou o número de<br />
óbitos causados por acidentes de trânsito em 2017. Segundo<br />
o Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito do Estado<br />
de São Paulo (Infosiga SP), 5.645 ocorrências fatais<br />
foram registradas nos 645 municípios do estado. O número<br />
representa uma redução de -1,4% na comparação com 2016<br />
e 82 mortes evitadas.<br />
Desde o início dos registros do Infosiga SP, que contemplam<br />
dados a partir de 2015, a redução é de -6,9%. Na<br />
comparação dos dados de 2017 com a projeção de óbitos<br />
para este ano, a redução é de 25,4%. A projeção para 2018,<br />
feita a partir dos números registrados desde 2010, era de<br />
7.571 óbitos. A meta do programa é reduzir pela metade o<br />
número de óbitos na comparação com a projeção para 2020<br />
(7.761 fatalidades).<br />
• ncomemoração<br />
20 anos no mercado<br />
A Prudential do Brasil completou 20 anos de atuação<br />
com um modelo de negócios focado em atender às necessidades<br />
dos clientes por meio do seguro de vida personalizado.<br />
“O futuro continuará sendo de crescimento sustentável do<br />
negócio, mantendo o foco na qualidade dos nossos produtos<br />
e na satisfação dos clientes através da inovação tecnológica,<br />
apoio constante aos<br />
corretores de seguros<br />
e às corretoras das empresas<br />
parceiras. Temos<br />
desafios a superar, mas<br />
com o time de colaboradores<br />
que a Prudential<br />
tem, estou muito<br />
otimista com nosso<br />
futuro e os próximos<br />
20 anos”, ressalta Marcelo<br />
Mancini Peixoto,<br />
presidente & CEO da<br />
empresa.<br />
9
painel<br />
• ¢ campanha<br />
Companhia levará corretores ao<br />
Vale do Silício<br />
A Previsul apresentou sua nova campanha de incentivo<br />
de vendas para os corretores de seguros de São Paulo.<br />
Em 2018, a premiação levará os profissionais com o maior<br />
número de vendas à cidade de São Francisco e ao Vale do<br />
Silício – principal polo tecnológico dos EUA. Entre os meses<br />
de janeiro a março, a seguradora passará por 20 cidades em<br />
13 estados para o lançamento da campanha, intitulada “Sou<br />
+ Previsul 2018 – É você corretor, no centro da inovação”.<br />
• ncapitalização<br />
R$ 1 bilhão em sorteios<br />
Entre janeiro e novembro de 2017, as empresas que<br />
comercializam títulos de capitalização distribuíram R$ 1<br />
bilhão em sorteios, o equivalente ao pagamento de R$ 4,4<br />
milhões por dia útil, a clientes sorteados de todo o país. É o<br />
que afirma a Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).<br />
No período, o segmento teve uma receita de R$ 18,6 bilhões,<br />
montante inferior ao registrado entre janeiro e novembro de<br />
2016, quando a receita global foi de R$ 18,9 bilhões.<br />
A modalidade Tradicional registrou a maior representatividade,<br />
com faturamento de R$ 15,6 bilhões. Já a modalidade<br />
de Incentivo arrecadou R$ 1,9 bilhão. A modalidade Popular,<br />
de baixo valor, arrecadou R$ 990,9 milhões.<br />
• nprojeto<br />
Publicação de bens obrigatória<br />
Uma proposta em análise na Câmara dos Deputados obriga<br />
seguradoras, empresas de previdência privada e de títulos<br />
de capitalização a publicar trimestralmente a relação de bens<br />
garantidores dos seguros, títulos e planos que emitem. Essas<br />
empresas já são<br />
obrigadas por lei<br />
a possuir bens que<br />
sirvam como garantia<br />
para os papéis<br />
que emitem. Apesar<br />
da preocupação<br />
do legislador em<br />
manter esse pilar,<br />
o autor do projeto,<br />
Heuler Cruvinel<br />
(PSD-GO), afirma<br />
que isso nem sempre é cumprido, principalmente quando<br />
ocorrem quebras das empresas do setor.<br />
Qualquer segurado, portador de título de capitalização<br />
ou participante ou beneficiário de plano de previdência privada<br />
poderá solicitar cópia da relação de bens garantidores.<br />
Fonte: Agência Câmara Notícias<br />
• ncorporate<br />
Insurtech atuará no setor<br />
empresarial<br />
A Thinkseg entrará para o segmento corporativo a partir<br />
de março. O CEO da companhia, Andre Gregori, é quem<br />
dirigirá o nicho de produtos para as empresas, começando<br />
pelo seguro garantia. A nova área ainda contará com a participação<br />
do sócio Carlos Eduardo Sarkovas e outros profissionais<br />
recém-incorporados ao time.<br />
A entrada de Gregori no seguro garantia coincide com<br />
o encerramento do período de “non compete”, cláusula de<br />
não competição, cumprida por ele após deixar a instituição<br />
na qual trabalhava antes de<br />
fundar a Thinkseg. “O seguro<br />
garantia deve apresentar<br />
um crescimento ainda<br />
mais significativo a partir<br />
de agora, uma vez que os<br />
investimentos em infraestrutura<br />
estão começando<br />
a ser retomados e novos<br />
projetos estarão na pauta<br />
de quem quer que venha a<br />
ser o novo presidente”, diz<br />
Gregori.<br />
10
• nevento<br />
Lançado o Brasesul 2018<br />
Foi lançado oficialmente<br />
o Encontro Sul Brasileiro<br />
dos Corretores de<br />
Seguros (Brasesul) 2018,<br />
que acontecerá em Florianópolis<br />
(SC) nos dias 19 e<br />
20 de julho.<br />
Com o tema “Caminhos,<br />
Alternativas e Soluções”,<br />
as palestras e painéis<br />
serão voltados aos avanços<br />
tecnológicos e às novas<br />
opções de atuação no mercado.<br />
Haverá ainda a Feira<br />
de Negócios, que receberá os corretores de seguros.<br />
Promovido pela união dos Sincors no Estado do Paraná,<br />
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Brasesul visa unir todos<br />
os corretores de seguros dos Estados do Sul, proporcionando,<br />
além da integração da categoria, a troca de informações e<br />
conhecimentos, atualização profissional e o fortalecimento da<br />
relação com o mercado segurador.<br />
• nresultado<br />
Otimismo do setor continua<br />
em alta<br />
O otimismo do setor de seguros continuou crescendo no<br />
primeiro mês de 2018. No caso das seguradoras, o Índice de<br />
Confiança e Expectativas das Seguradoras (ICES) é o maior<br />
valor desde 2015, atingindo agora mais que 125 pontos. É<br />
o que aponta o Índice de Confiança do Setor de Seguros<br />
(ICSS), calculado a partir de pesquisa realizada pela Federação<br />
Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor).<br />
Essa avaliação favorável está espalhada entre todos os<br />
tipos de empresas analisadas – seguradoras, resseguradoras<br />
e grandes corretoras.<br />
11
GENTE<br />
Mudanças na presidência<br />
O presidente do Grupo<br />
Bradesco Seguros, Octavio<br />
de Lazari Junior, foi escolhido<br />
pelo Conselho de<br />
Administração do banco para<br />
substituir Luiz Carlos Trabuco<br />
na presidência da companhia.<br />
Lazari continuará como presidente<br />
da seguradora, acumulando<br />
os cargos.<br />
A nova composição do<br />
comando do Bradesco será efetivada em 12 de março, após<br />
eleição do novo Conselho de Administração da Organização<br />
pela Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas.<br />
O novo Conselho irá referendar a indicação de Octavio de<br />
Lazari Junior.<br />
Trabuco, que continuará na presidência do Conselho<br />
e cumprirá o seu atual mandato como CEO até a primeira<br />
reunião do Conselho, passará a se dedicar de forma exclusiva<br />
ao cargo de presidente do Conselho de Administração.<br />
Espanhol comanda<br />
seguradora<br />
Miguel Pérez Jaime deixou<br />
a presidência da Allianz Seguros.<br />
Com isso, o cargo passou a<br />
ser ocupado por Eduard Folch,<br />
espanhol de Barcelona especialista<br />
em varejo de automóvel.<br />
Jaime estava à frente da companhia<br />
desde 2013, quando substituiu<br />
o argentino Edward Lange, então CEO da seguradora.<br />
Diretor executivo de<br />
Underwriting<br />
A Allianz Worldwide Partners Brasil apresentou<br />
Alan Leal como diretor de Underwriting para o Brasil.<br />
O executivo vai liderar a área de Underwriting e Portfólio<br />
Management, desenvolvendo<br />
os aspectos de riscos, técnicos,<br />
mercadológicos, operacionais e<br />
econômicos da operação, além<br />
de aprovar cotações e acompanhar<br />
sinistralidade das carteiras<br />
junto à equipe. Será responsável<br />
ainda por desenvolver novas<br />
metodologias de precificação,<br />
automatização e inovações.<br />
Eleição com chapa única<br />
A eleição para a nova diretoria<br />
do Sincor-SP na gestão 2018/2022<br />
será com chapa única, liderada pelo<br />
atual presidente da entidade, Alexandre<br />
Camillo. Intitulada “Sincor-SP<br />
por Todos e Com Todos”, a chapa<br />
mantém Camillo na presidência e os<br />
atuais diretores executivos para gerir<br />
o Sindicato por mais quatro anos. A<br />
Assembleia Geral para aclamação<br />
acontecerá no dia 26 de março.<br />
Superintendente de Grandes<br />
Riscos<br />
A Sompo Seguros contratou<br />
Edson Toguchi como novo superintendente<br />
de Grandes Riscos,<br />
para contribuir com as perspectivas<br />
da companhia de expandir<br />
a atuação e desenvolver soluções<br />
estratégicas para a área.<br />
O executivo, que tem mais de<br />
25 anos de experiência em grandes<br />
companhias de seguros, iniciou<br />
carreira na Yasuda Seguros, uma das empresas que deu origem<br />
à Sompo no Brasil. Atuou no desenvolvimento e lançamento<br />
de novos produtos de seguros e liderou projetos de reposicionamento<br />
para atingir objetivos estratégicos comerciais para as<br />
linhas de produto sob sua responsabilidade.<br />
Líder e CCO para a linha de<br />
Viagem<br />
Dois novos executivos passaram a<br />
integrar o time da Chubb. O primeiro é<br />
Juan Ignacio de Lorenzo, que se junta<br />
como head of Travel Insurance para<br />
América Latina. Ele será responsável<br />
por todos os processos da carteira,<br />
incluindo o desenvolvimento de negócios,<br />
definição e execução da estratégia,<br />
relacionamento com parceiros chave,<br />
além dosaspectos relacionados aos<br />
resultados da região.<br />
A segunda nomeação é de Diego Navarro, que assume o<br />
cargo de Chief Commercial Officer, Travel Insurance para a<br />
região. Neste papel, ele será responsável pelo gerenciamento<br />
comercial do portfólio, com foco na entrega, execução, relacionamento<br />
com parceiros de negócios e maximização das receitas.<br />
12
VP de Desenvolvimento de<br />
Negócios e Estratégia<br />
A Aon contratou Hélio Novaes<br />
para ocupar a vice-presidência de<br />
Desenvolvimento de Negócios e<br />
Estratégia da companhia. Reconhecido<br />
no mercado segurador por<br />
sua experiência e know-how no<br />
setor, o executivo já atuou nas áreas<br />
de Gestão de Riscos, Afinidades e<br />
Benefícios. “Meu trabalho dentro<br />
da companhia é desenvolver novas<br />
estratégias de crescimento com<br />
clientes e colaboradores e novos projetos de parcerias com<br />
empresas líderes de diversos segmentos. Além disso, vamos<br />
identificar as melhores oportunidades de inovação dentro do<br />
setor de seguros”, comenta Novaes.<br />
Diretoria de filiais<br />
Paulo Mantovani foi nomeado diretor para as filiais<br />
Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre (região Sul) e Rio<br />
de Janeiro na Marsh Brasil. Ele já estava à frente da filial<br />
Rio desde 2016. Com a nova<br />
estrutura organizacional,<br />
Juliano Trein e Claudio<br />
Denucci, superintendentes<br />
das filiais da região Sul e<br />
Belo Horizonte, respectivamente,<br />
passam a se reportar<br />
diretamente ao executivo.<br />
Em sua nova missão,<br />
Mantovani contará com o<br />
apoio de Marcelo Elias, Marcelo Borges, Paula Lopes, Raul<br />
Nechar e André Takahashi, diretores de negócios da companhia,<br />
para o fortalecimento da marca e dos produtos em todas<br />
as regiões foco do país.<br />
Diretor presidente<br />
Marcos Aurélio Couto é o<br />
novo presidente & CEO da BR<br />
Insurance. Ele substitui Luiz Roberto<br />
Mesquita de Salles Oliveira,<br />
que assumirá o cargo de COO de<br />
Benefícios.<br />
O executivo soma mais de<br />
30 anos na indústria de seguros e<br />
já passou por companhias como<br />
Mitsui Sumitomo, Ace Seguradora<br />
e Grupo Tempo Assist. Couto<br />
também foi diretor do Sindseg, da FenaSaúde e atualmente<br />
é diretor da Academia Nacional de Seguros e Previdência<br />
(ANSP).<br />
Movimentação de executivos<br />
A JLT Brasil movimentou<br />
seus executivos com o objetivo<br />
de potencializar a sinergia das<br />
empresas de seguros, resseguros<br />
e benefícios e alcançar a meta de<br />
crescimento de 20% do grupo<br />
na América Latina até 2019. A<br />
maioria das mudanças aconteceu<br />
na holding onde Alvaro Eyler,<br />
CEO da JLT Seguros, assume o<br />
cargo de Deputy CEO. Adriano<br />
Oka passa a ocupar o posto de Chief Strategy Officer.<br />
Luciana Olivo vai para a vice-presidência de Sinistros.<br />
Santiago Arellano passou a integrar o time da JLT Resseguros<br />
no início de 2018 como diretor técnico e de colocações<br />
de resseguros. Já Rosaura Torres chega para atuar como<br />
diretora comercial da nova filial Ribeirão Preto.<br />
Tripla mudança<br />
A MDS Brasil anunciou<br />
três mudanças. A primeira foi<br />
a escolha de Pedro Carvalho<br />
para assumir a recém-criada<br />
Superintendência de Resseguros.<br />
Thomaz Tescaro, que<br />
ocupou o cargo de Gerente de<br />
Affinity na corretora entre 2012<br />
e 2015, volta à companhia como<br />
diretor de Varejo. Maria Lígia<br />
Fuschini assume a superintendência de Gestão de Saúde,<br />
área recém-criada que visa normatizar o trabalho nas regionais<br />
da empresa e rever critérios e ações.<br />
Diretora comercial<br />
A April Brasil promoveu<br />
Claudia Brito como diretora<br />
comercial. Colaboradora da<br />
multinacional francesa desde<br />
2014, a executiva deixa<br />
o cargo de gerente nacional<br />
para liderar as ações comerciais<br />
do grupo no mercado<br />
brasileiro.<br />
“Estou pronta para lidar<br />
com os novos desafios da<br />
função e contribuir cada vez<br />
mais com o sucesso do grupo<br />
no Brasil, sempre contando com o apoio de nossa excelente<br />
equipe comercial”, garante.<br />
13
serviços | riscos e coberturas<br />
O mundo muda e os<br />
riscos, também<br />
É preciso enxergar além do que<br />
acontece a nossa frente para<br />
entender o mundo dos riscos<br />
globais. E para encará-lo as<br />
seguradoras buscam apoio em<br />
empresas que possam fornecer as<br />
melhores soluções<br />
Kelly Lubiato<br />
14
O<br />
mundo é dinâmico e nosso<br />
mercado tem que correr para<br />
acompanhar as suas necessidades.<br />
Há uma cadeia de<br />
prestadores de serviços que trabalham<br />
para que, na ponta, o consumidor tenha<br />
segurança quanto à sua proteção.<br />
2017 foi um ano movimentado em<br />
termos de grandes riscos, com eventos<br />
como os furacões no Caribe, nos Estados<br />
Unidos e Porto Rico, incêndios na<br />
Califórnia (mais severos e com prejuízos<br />
para o mercado como um todo) e o terremoto<br />
no México. Como consequência, os<br />
contratos de resseguro sofreram reajustes<br />
entre 20% e 25%.<br />
Por outro lado, há uma série de demandas<br />
do mercado que fazem com que<br />
as seguradoras sejam obrigadas a buscar<br />
soluções fora de sua base para poder<br />
manter um bom nível de rentabilidade<br />
e ainda atrair novos consumidores para<br />
a sua base.<br />
De acordo com Hugo Assis, responsável<br />
pela prática de seguros da<br />
consultoria Accenture, se compararmos<br />
o Brasil aos demais países da América, os<br />
principais desafios para o ano de 2018 são<br />
semelhantes, mas com distância de acordo<br />
com o estágio de maturidade de cada<br />
mercado. Ele classifica três pontos como<br />
recorrentes: 1) A transformação digital:<br />
precisa incorporar processos disruptivos<br />
para trazer resultados, entretanto, sem a<br />
necessidade de mudanças complexas. “É<br />
preciso evoluir, aprendendo e corrigindo<br />
de forma ágil até atingir a transformação<br />
necessária”, esclarece Assis; 2) Eficiência:<br />
o avanço da inteligência artificial<br />
combinado a novas gerações de chatbots,<br />
robotização, entre outras soluções,<br />
demonstram que a eficiência nas seguradoras<br />
ainda pode evoluir muito. “Neste<br />
caso, experimentamos bons resultados<br />
em projetos de BPO (Business Process<br />
Outsourcing)”; e 3) Gestão de<br />
Dados: o mundo digital é orientado<br />
a dados e a criação de capacidade<br />
analítica nas seguradoras para<br />
gestão de informações com<br />
os mais diversos objetivos<br />
é um tema constante, que<br />
demanda novas capacidades<br />
técnicas que não se<br />
encontram naturalmente<br />
nas empresas.<br />
As seguradoras enfrentam<br />
um nível de demanda grande e<br />
elas não podem negligenciar estas<br />
questões. “Modelos digitais inova-<br />
15
iscos e coberturas<br />
dores não são possíveis sem gerenciamento<br />
de dados e altos níveis de eficiência.<br />
Digital significa fazer as coisas mais<br />
rápidas, melhor e mais barato e isso exige<br />
uma grande dose de inovação. Em nossos<br />
estudos, descobrimos que as seguradoras<br />
que sabem inovar são atentas e têm uma<br />
forte disciplina que garante que suas<br />
iniciativas estejam alinhadas com sua<br />
estratégia”, explica Juan Mazzini, sênior<br />
analyst de Financial Services da Celent.<br />
Ele acredita que as seguradoras<br />
têm muito o que aprender com as empresas<br />
que inovam, principalmente com<br />
as insurtechs. Não que toda insurtech<br />
seja inovadora! Muitas startups devem<br />
passar por um processo de maturação<br />
da sua proposta de valor para se tornar<br />
relevante. “As seguradoras investem<br />
mais recursos para ficar atentas ao que<br />
acontece no mundo Insurtech, tanto na<br />
experimentação, quanto na associação,<br />
incluindo a participação na aceleração<br />
do crescimento deste tipo de empresas,<br />
ou mesmo investindo diretamente”,<br />
avalia Mazzini. Segundo ele, a sugestão<br />
que a sua empresa dá às seguradoras é<br />
que, no mínimo, elas invistam para estar<br />
informadas e atentas ao que acontece em<br />
startups, para que, a partir daí, cada um<br />
possa investir dentro das suas possibilidades<br />
e estratégia.<br />
Assis, da Accenture, explica que as<br />
experiências dos consumidores em outras<br />
indústrias, fora do mundo dos seguros,<br />
estão direcionando suas expectativas.<br />
❙❙Juan Mazzini, da Celent<br />
16<br />
❙❙Hugo Assis, da Accenture<br />
Hoje, o consumidor consegue fazer compras<br />
com um clique, transações bancárias<br />
a partir de reconhecimento facial etc.<br />
Somada a estas expectativas existe uma<br />
crescente demanda por controle e transparência<br />
do modelo de riscos. “Essa nova<br />
tendência de comportamento, somada ao<br />
valor de avaliações de clientes, indicações,<br />
dentre outros, está começando a ser<br />
capturado e vai influenciar na dinâmica<br />
do negócio como conhecemos hoje”,<br />
avalia o executivo.<br />
Isso acontece porque devido ao movimento<br />
de empoderamento do cliente,<br />
os produtos de seguros precisarão ser<br />
mais customizados e flexíveis e deverão<br />
levar em consideração os hábitos dos<br />
clientes. “Para que aconteça, as seguradoras<br />
precisarão rever seus conceitos de<br />
criação de produtos, flexibilizando seus<br />
sistemas core, mergulhando na jornada<br />
do consumidor para entender suas necessidades,<br />
atuando em modelo ágil de<br />
desenvolvimento e criando acesso aos<br />
novos produtos em plataformas digitais.<br />
Hoje o que mercado oferece são produtos<br />
‘commodities’”, acrescenta Assis.<br />
A atuação das seguradoras depende<br />
de uma série de serviços, prestados<br />
por terceiros ou não, que garantem a<br />
satisfação do cliente. Muitas vezes, o<br />
atendimento direto ao consumidor não é<br />
feito pela seguradora, mas ele leva a sua<br />
assinatura. “Por conta desta sinergia entre<br />
os departamentos, áreas como sinistros<br />
e atendimento a clientes/corretores são<br />
grandes oportunidade de melhoria com<br />
a aplicação de tecnologias e tendências”,<br />
avalia Assis.<br />
O mundo das Insurtechs<br />
Um estudo publicado pela Celent<br />
aponta que 2018 será o ano da “verdade”<br />
para as insurtechs. Existem empresas<br />
que venderam bilhões de apólices, outras<br />
que completaram IPO´s de até US$ 1,5<br />
bilhões, e ainda aquelas que aproveitaram<br />
as vantagens do mundo digital. Elas<br />
propõem novos modelos de seguros com<br />
base em experiências de clientes que não<br />
eram atendidos em seguradoras tradicionais,<br />
mas que ainda não são lucrativos.<br />
“Quanto mais isso pode durar? Nas conversas<br />
com atores da indústria de seguros,<br />
observamos que estamos num ponto de<br />
virada, onde os resultados ainda não são<br />
percebidos”, aponta Mazzini.<br />
As seguradoras estão investindo em<br />
várias frentes, algumas visíveis para o<br />
cliente e outras, não, mas não sem importância.<br />
Mazzini avalia que no que é<br />
visível para o cliente, “vemos um grande<br />
interesse no uso de agentes virtuais suportados<br />
pelo uso da inteligência artificial<br />
e linguagem natural, a modernização de<br />
canais digitais, incluindo ferramentas<br />
que gerenciam canais de comunicação e<br />
um aprofundamento na análise de dados<br />
que tenha impacto na melhor experiência<br />
do cliente. Em áreas não visíveis para o<br />
cliente, as seguradoras continuam modernizando<br />
seus sistemas e centrais e<br />
❙❙Gustavo Zobaran, da camara-e.net
ferramentas para evitar fraudes, visando<br />
principalmente gerar eficiência e cuidar<br />
da linha de custos sem renunciar ao<br />
serviço”.<br />
Segundo levantamento da Câmara<br />
Brasileira de Comércio Eletrônico,<br />
existem cerca de 40 insurtechs cadastradas<br />
no mapa do ecossistema do<br />
segmento no Brasil. “Nossa tarefa é<br />
encaixá-las em categorias, de modo<br />
que possamos entender como elas<br />
trabalham”, explica Gustavo Zobaran,<br />
coordenador do Comitê de Insurtechs da<br />
camara-e.net. Agora, ela começa a<br />
realizar uma análise qualitativa destas<br />
empresas, para entender como elas<br />
operam, que tipo de tecnologia utilizam<br />
em seus serviços, que dores resolvem,<br />
quantos colaboradores têm e como atuam<br />
no mercado de seguros. O estudo<br />
também deve levantar se estas empresas<br />
apresentam serviços/produtos para o<br />
consumidor ou se são provedoras de<br />
serviços e tecnologia para seguradoras.<br />
Antes de colocar a mão no bolso,<br />
o investidor quer saber se o negócio<br />
realmente tem condições de evoluir,<br />
principalmente considerando-se que o<br />
setor de seguros no Brasil é altamente<br />
regulado.<br />
Assis, da Accenture, acrescenta que<br />
a maioria absoluta dos investimentos<br />
está concentrada em soluções de venda<br />
e distribuição de produtos de seguro, o<br />
que demonstra uma oportunidade para<br />
que as seguradoras possam transformar<br />
e evoluir suas plataformas para melhor<br />
atender seus canais de distribuição.<br />
“Tendências não faltam nessa linha,<br />
como o “gamification”, que ganha notoriedade<br />
por ajudar a melhorar o nível de<br />
informação dos produtos e a interatividade<br />
junto aos clientes”, completa.<br />
Quais são os riscos para 2018?<br />
Durante o Fórum Econômico Mundial,<br />
que aconteceu em Davos, na Suíça,<br />
foi divulgado o Relatório de Riscos Globais,<br />
a partir de entrevistas realizadas<br />
com executivos de empresas do mundo<br />
inteiro. Este relatório compartilha as<br />
perspectivas de especialistas globais e<br />
tomadores de decisão sobre os riscos<br />
mais significantes que o mundo enfrenta.<br />
O que ficou claro é que o grande desafio<br />
das sociedades modernas é acompanhar<br />
o ritmo acelerado das mudanças.<br />
17
iscos e coberturas<br />
John Drzik, da Marsh Global Risk<br />
❙❙and Digital<br />
Ele destaca inúmeras áreas em que<br />
se empurram sistemas à beira do abismo,<br />
desde taxas de perda de biodiversidade<br />
de nível de extinção até preocupações<br />
crescentes sobre a possibilidade de novas<br />
guerras.<br />
Os riscos cibernéticos ainda aparecem<br />
na liderança, pois eles podem<br />
afetar diversas cadeias econômicas.<br />
Logo depois vêm os riscos geopolíticos,<br />
as mudanças climáticas e a cooperação<br />
público privada.<br />
John Drzik, presidente da Marsh<br />
Global Risk and Digital, disse na apresentação<br />
que quando se pensa sobre a<br />
escala comparativa [de perdas], o cyber<br />
está acima da escala de catástrofes naturais,<br />
mas a infra-estrutura comparativa<br />
contra ele é muito menor em escala. “Eu<br />
penso sobre as agências governamentais,<br />
bem como as organizações de voluntários,<br />
que se concentram na resposta a<br />
desastres naturais, em comparação com<br />
as agências cibernéticas nacionais. Estas<br />
têm muito menos recursos. Elas têm alguma<br />
capacidade, mas não o suficiente<br />
para lidar com o risco significativamente<br />
crescente”, avaliou.<br />
A preocupação justifica-se pelo fato<br />
de que junto com a motivação, a capacidade<br />
de atacar também está aumentando.<br />
Drzik salientou que se preocupa com a<br />
proliferação de dispositivos interligados.<br />
“O uso de inteligência artificial e outras<br />
18<br />
tecnologias emergentes também está levando<br />
a uma maior exposição cibernética<br />
para as empresas”.<br />
“Gostamos de olhar para depois de<br />
amanhã”, ratifica Renato Rodrigues, CEO<br />
da XL Catlin no Brasil. Ele destaca que a<br />
empresa realiza estudos constantes para<br />
saber de onde vêm os novos riscos. Como<br />
uma forte tendência para os próximos<br />
anos, já a partir de 2018, são os riscos<br />
ligados às moedas criptográficas e o<br />
blockchain, pois estas questões podem<br />
impactar o mercado de seguros à medida<br />
que os contratos passam a ser diretos<br />
entre as seguradoras. O blockchain permite<br />
o pagamento direto, atravessando<br />
as fronteiras geográficas, com impacto<br />
na taxação e na velocidade. “Estes contratos<br />
são regulados de forma colegiada”,<br />
explica Rodrigues.<br />
Da mesma forma, o Bitcoin (ou<br />
qualquer outra ciber-moeda similar)<br />
ainda não está devidamente regulado,<br />
mas todos estudam a melhor forma de<br />
cobrir este risco. “É preciso criar uma<br />
solução para cobrir os contratos de blockchain<br />
sem intermediação de agentes<br />
financeiros. São operações incipientes,<br />
mas que já começam a ser utilizadas por<br />
multinacionais”, explica Rodrigues. Ele<br />
acrescenta que se estuda a possibilidade<br />
de dar cobertura ao risco sistêmico, que<br />
mistura ciber com risco financeiro puro.<br />
A questão da internet das coisas<br />
também preocupa, principalmente a definição<br />
de, em caso de dano, de quem é a<br />
responsabilidade, ou seja, de qual parte<br />
da cadeia. O Relatório de Riscos Globais<br />
2018 aponta que havia 8,4 bilhões de<br />
dispositivos conectados à web, para uma<br />
população de 7,6 bilhões de pessoas. A<br />
projeção é de que eles atinjam a marca<br />
de 20,4 bilhões até 2020. A pergunta é:<br />
“até que ponto o tipo de transação feita<br />
automaticamente pode acarretar em<br />
algum tipo de responsabilidade, caso<br />
haja um defeito, um erro ou um ataque<br />
cibernético?”<br />
O CEO da XL Catlin explica que<br />
ainda existem os riscos que não estão<br />
previstos nas apólices. Como exemplo,<br />
ele cita a crise hídrica no Estado de São<br />
Paulo em 2016, que levou algumas empresas<br />
até a suspenderem as operações,<br />
gerando perda de produtividade. “Estu-<br />
Renato Rodrigues,<br />
❙❙da XL Catlin<br />
damos uma cobertura de lucros cessantes<br />
para empresas que sejam obrigadas a<br />
dispensar seus funcionários por falta de<br />
água em suas dependências. Começamos<br />
a colocar uma cláusula de crise hídrica<br />
que pudesse obstruir os negócios. Ela é<br />
decorrente de causa externa, mas passa a<br />
ser incorporada como um risco”.<br />
Outro exemplo de risco que ainda<br />
não está previsto nas apólices, mas que<br />
já tem um grupo de trabalho voltado<br />
para ele, é a questão dos opiáceos nos<br />
Estados Unidos e Canadá. São drogas<br />
viciantes vendidas como analgésicos,<br />
com receita médica, como a oxicodona,<br />
codeína e morfina. Elas passaram a ocupar<br />
o lugar de outras drogas entre jovens e<br />
adolescentes e provocam um crescimento<br />
exponencial de mortes e de overdoses.<br />
Nos últimos meses alguns estados<br />
e municípios americanos processaram<br />
grandes empresas farmacêuticas, distribuidores<br />
e médicos devido às supostas<br />
contribuições para a disseminação da<br />
epidemia. Estes casos podem provocar<br />
mudanças nos processos contenciosos em<br />
que a indenização (neste caso) é exigida,<br />
não só por indivíduos (alegando lesões<br />
corporais específicas), mas também pelos<br />
governos estaduais e locais, que alegam<br />
danos ao público (isto é, “contencioso<br />
relativo a incômodos à população”).<br />
Resta-nos esperar para ver que decisões<br />
os tribunais tomarão.
19
especial serviços | relacionamento<br />
Trabalho alinhado<br />
Os prestadores de serviços são a imagem<br />
e a extensão das seguradoras. O que, de<br />
fato, o mercado espera desses profissionais?<br />
Entidades e companhias do setor<br />
respondem<br />
Lívia Sousa<br />
20
❙❙Mauro César Batista, do Sindseg SP<br />
❙❙Augusto Matos, do Sindseg MG/GO/MT/DF<br />
As empresas remam para o<br />
caminho do crescimento ao<br />
mesmo tempo em que vivem<br />
a era do aprofundamento<br />
tecnológico e das exigências dos consumidores,<br />
que buscam imediatismo e<br />
nenhum tipo de conflito. Provocadas<br />
pela necessidade de melhoria em seus<br />
processos, elas terão um desafio ainda<br />
maior este ano. Isso porque a economia<br />
dá sinais de que manterá os níveis de crescimento<br />
na maioria dos setores, acirrando<br />
a competitividade entre as companhias.<br />
Todas, obrigatoriamente, deverão primar<br />
pela excelência em seus serviços.<br />
Recorrer aos prestadores é uma maneira<br />
de se preparar para essa travessia.<br />
No mundo globalizado, as organizações<br />
têm dispensado grandes esforços no aprimoramento<br />
da atividade fim, terceirizando<br />
ações complementares às suas rotinas.<br />
Prestadores com qualificação apurada<br />
são muito bem vindos. “O que se espera,<br />
acima de tudo, é que sejam competitivos<br />
e busquem excelência e eficácia naquilo<br />
que se propõem”, lembra o presidente do<br />
Sindicato das Seguradoras, Previdência<br />
e Capitalização do Estado de São Paulo<br />
(Sindseg SP), Mauro César Batista.<br />
No setor de seguros não é diferente.<br />
O dinamismo das relações de consumo<br />
e a digitalização das vendas no e-commerce<br />
não permitem descanso em relação<br />
às melhorias de processo, agilidade e<br />
entrega. “Esses pontos merecem atenção<br />
e ainda sofrerão muitas alterações ao<br />
longo de 2018, principalmente no que diz<br />
respeito ao e-commerce. O brasileiro está<br />
se conscientizando da necessidade do seguro,<br />
de proteger-se e mitigar riscos; mas,<br />
ao mesmo tempo, quer sempre agilidade<br />
e uma relação sem atritos”, enfatiza Augusto<br />
Matos, presidente do Sindseg MG/<br />
GO/MT/DF.<br />
Há muitos prestadores espalhados<br />
pelo país, mas será que o mercado segurador<br />
está realmente satisfeito com o<br />
serviço prestado? A <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong> conversou<br />
com representantes de entidades<br />
e das seguradoras para saber o que eles<br />
esperam de seus prestadores, no que esses<br />
profissionais avançaram e o que ainda<br />
precisam aperfeiçoar.<br />
Regulação de sinistro<br />
A regulação do sinistro é a hora da<br />
verdade de qualquer seguradora. É o momento<br />
em que se trabalha para atender a<br />
expectativa do segurado, que ao pagar o<br />
prêmio transferiu o risco com confiança<br />
para a companhia. Nesta área, o maior<br />
desafio está na estruturação do processo<br />
digital, seja no desenvolvimento do aplicativo,<br />
na aplicação ou usabilidade junto<br />
aos segurados, para encontrar a ferramenta<br />
ideal para o público certo, sem abrir<br />
mão do atendimento humanizado com o<br />
qual o cliente está acostumado.<br />
“Procuramos prestadores que superem<br />
a experiência e a expectativa dos<br />
nossos segurados. Eles são a imagem e<br />
extensão da companhia e devem ter o<br />
mesmo comportamento e proporcionar a<br />
mesma experiência que os clientes esperam<br />
de nós”, pontua Roberto Hernández<br />
Martínez, Chief Claims Officer da Zurich.<br />
A seguradora conta com uma rede<br />
de prestadores composta por empresas<br />
21
elacionamento<br />
escolhidas após um processo de seleção<br />
e concorrência. “Realizamos um trabalho<br />
conjunto para assegurar que elas mantenham<br />
o nível de serviço e atendimento<br />
aos clientes”, assegura.<br />
Já a Porto Seguro realiza a maioria<br />
das suas regulações de sinistros através<br />
dos próprios funcionários. Para as vistorias<br />
feitas por prestadores de serviços,<br />
busca parceiros que atuem dentro dos padrões<br />
de qualidade da empresa. O diretor<br />
de Sinistros Auto, Ramos Elementares,<br />
Transportes e Fiança, Lauriberto Tavares,<br />
declara que é preciso mais agilidade sem<br />
perder a qualidade do serviço. Para o<br />
futuro, ele acredita na regulação digital<br />
tanto para o seguro de automóvel como<br />
para outros ramos. “A evolução dos aplicativos<br />
remotos irão proporcionar cada<br />
vez mais agilidade e comodidade aos<br />
segurados”, prevê.<br />
Tanto a Porto quanto a Zurich se<br />
movimentam para otimizar o processo de<br />
regulação de sinistros, que toma tempo,<br />
e por vezes, também é burocrático. Recentemente,<br />
a primeira companhia lançou<br />
para sinistros de automóveis e residências<br />
uma solução que envia ao segurado,<br />
através de SMS, um link para download<br />
do aplicativo em seu smartphone. A<br />
ferramenta acessa a câmera do aparelho<br />
e permite que o próprio cliente capture<br />
imagens do veículo, a partir de instruções<br />
dadas por um inspetor da seguradora por<br />
meio de viva voz ou chat. O orçamento<br />
para o reparo do carro também é feito<br />
no ato da vistoria. Além disso, já está em<br />
piloto a regulação através do guincheiro,<br />
também com aplicativo digital.<br />
❙❙Lauriberto Tavares, da Porto Seguro<br />
22<br />
❙❙Roberto Hernández Martínez, da Zurich<br />
A seguradora suíça, por sua vez, se<br />
vale de três recursos para melhorar o resultado<br />
operacional na regulação de sinistros:<br />
otimização de operações por meio<br />
de digitalização e automação, utilização<br />
da informação de sinistros com o objetivo<br />
de melhorar a experiência do cliente e ser<br />
mais eficiente, e regulação dos sinistros<br />
por meio da excelência técnica. A companhia<br />
acredita que a digitalização e a<br />
automação vão revolucionar a maneira<br />
de interagir com segurados, corretores e<br />
parceiros, e já trabalha para antecipar isso<br />
ao mercado na área de sinistros.<br />
“Tradicionalmente, os sinistros são<br />
conhecidos por serem uma área de back<br />
office. Mas temos consciência de sua<br />
importância estratégica e de como ela<br />
pode contribuir com outros segmentos<br />
da companhia. Pode ser uma alavanca<br />
para a equipe de vendas com uma clara<br />
e transparente proposição de valor até a<br />
utilização das métricas de sinistros para<br />
atingir os objetivos e planos de negócio”,<br />
diz. “Sabemos que não é uma jornada<br />
simples, mas temos esse compromisso.”<br />
Agilidade na emissão da<br />
apólice<br />
Este é um ponto de grande mensuração<br />
pelos corretores e segurados na<br />
avaliação de uma seguradora diante da<br />
tendência imediatista do consumidor. As<br />
companhias devem investir cada vez mais<br />
nessa “entrega”, cientes que a rapidez é<br />
muito valorizada na venda.<br />
“O segurado compra uma ‘promessa’<br />
de pagamento em face de um sinistro,<br />
onde vai ‘enxergar’ e materializar a compra<br />
em três pontos principais – emissão<br />
do documento por parte da seguradora,<br />
atendimento de uma assistência 24 horas<br />
e atendimento de sinistro, sendo o primeiro<br />
a emissão da apólice e a agilidade<br />
com que ela ocorrerá”, enfatiza Augusto<br />
Matos, do Sindseg MG/GO/MT/DF.<br />
Atenta ao papel que a tecnologia<br />
desempenha no dia a dia das pessoas, a<br />
AIG oferece aos corretores a funcionalidade<br />
de emissão online das apólices,<br />
diretamente do Portal do Corretor, com<br />
o intuito de que o profissional ganhe mais<br />
autonomia em relação ao atendimento e<br />
responda a seus clientes com mais rapidez<br />
e eficiência. Nessa tarefa, conta com<br />
parceiros que visam construir um relacionamento<br />
de longo prazo e invistam em<br />
pessoas e processos de forma contínua.<br />
“Um desafio comum a vários segmentos<br />
é a importância da capacitação<br />
da mão de obra e do engajamento. É um<br />
esforço conjunto da AIG e de nossos<br />
parceiros para manter os profissionais<br />
empenhados e engajados, prontos para<br />
um atendimento de excelência e que possam,<br />
inclusive, acrescentar com ideias e<br />
melhorias”, declara o COO, Luis Ricardo<br />
Almeida.<br />
Além da qualidade, agilidade e<br />
comprometimento dos prestadores, as<br />
seguradoras também valorizam sistemas<br />
mais integrados que simplifiquem a utilização<br />
do cliente final em todos os seus<br />
serviços e a flexibilidade de adaptação<br />
ao modelo de negócio. É por essa razão<br />
que os colaboradores da Axa contam com<br />
autonomia para tratar o assunto diretamente<br />
com corretores e parceiros. “Eles<br />
❙❙Luis Ricardo Almeida, da AIG
❙❙Bruno Salmon, da AXA<br />
têm expertise em ramos específicos, mas<br />
conhecem todos os processos de emissão<br />
da seguradora”, revela Bruno Salmon,<br />
secretário geral e diretor de Operações.<br />
Dessa maneira, é possível promover<br />
maior dinamismo no processo: quando<br />
há maior demanda por determinada linha<br />
de negócio, os emissores são remanejados<br />
para manter o nível de serviço.<br />
Mas será que toda essa autonomia<br />
realmente funciona? O executivo garante<br />
que sim. Em 2017, por exemplo, foi desenvolvido<br />
um projeto específico para a<br />
área de emissões, com foco em métricas,<br />
qualidade e alta performance, permitindo<br />
que a emissão fosse realizada em menor<br />
tempo. “Em dezembro, 95% das apólices<br />
foram emitidas em menos de dez dias”,<br />
afirma Salmon. Do ponto de vista interno,<br />
houve aumento da produtividade, com<br />
emissões eficientes e equipes comerciais<br />
focadas em relacionamento e negócios.<br />
❙❙Masaaki Itakura, da Tokio Marine<br />
Pagamento de comissão<br />
Aqui, a questão é como alinhar o<br />
pagamento para o corretor com margens<br />
para cada forma de distribuição (digital,<br />
consultiva ou relacional), buscando remunerar<br />
adequadamente o profissional<br />
para o desempenho de suas funções. E,<br />
mais uma vez, agilidade e qualidade da<br />
operação aparecem como os principais<br />
desafios.<br />
“O objetivo é creditar a comissão<br />
o mais rápido possível e sem erros para<br />
obtermos a satisfação dos nossos corretores<br />
e assessorias, ao mesmo tempo em<br />
que mantemos a precisão na operação,<br />
evitando falhas e atrasos”, pontua o<br />
diretor-executivo de Estratégia Corporativa<br />
da Tokio Marine, Masaaki Itakura.<br />
Para a companhia, que trabalha com um<br />
extrato de comissão digital, outra preocupação<br />
é manter sempre atualizados<br />
os dados bancários dos corretores. De<br />
forma proativa, é feita uma checagem<br />
para verificar se todos os pagamentos<br />
foram confirmados. Em caso de qualquer<br />
inconsistência, a seguradora entra<br />
em contato o mais rápido possível para<br />
resolver o problema.<br />
Os dados dos extratos financeiros<br />
são enviados por um link, que direciona<br />
para o acesso direto ao Portal, garantindo<br />
a segurança das informações. Apenas<br />
usuários específicos, definidos pelas<br />
próprias corretoras, têm acesso a essas<br />
informações.<br />
Política de subscrição<br />
É preciso adequar as normas e as políticas<br />
do mercado à realidade brasileira<br />
do risco, um desafio e tanto pelas diferenças<br />
regionais de risco ou mesmo de<br />
23
elacionamento<br />
Critérios de avaliação<br />
Em 2016, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg),<br />
por meio de sua Comissão de Sustentabilidade e Inovação, realizou<br />
uma pesquisa entre as empresas associadas – que representam<br />
cerca de 80% do market-share do mercado segurador – para saber<br />
o nível de preocupação com as questões ambiental, social e de<br />
governança que elas têm na hora da contratação de fornecedores.<br />
No levantamento, 63% das seguradoras afirmaram que as<br />
boas práticas sociais e trabalhistas adotadas pelos prestadores<br />
de serviços são os maiores critérios que avaliam em seus fornecedores<br />
de serviços. Ainda aparecem nessa lista os riscos sociais<br />
e trabalhistas (53%), as práticas de respeito aos Direitos Humanos<br />
(também com 53%) e as boas práticas ambientais (40%). “Há anos,<br />
sequer contávamos que elas dessem importância para as práticas<br />
ambientais de um prestador”, lembra o presidente da Confederação,<br />
Marcio Coriolano.<br />
Segundo o documento, 37% das seguradoras entrevistadas<br />
analisam os históricos de casos de trabalho infantil, 33% consideram<br />
os riscos ambientais e outros 33% avaliam o histórico de casos de<br />
trabalhos análogos à escravidão. Apenas 30% das empresas não<br />
consideram os aspectos ambiental, social e de governança. “O<br />
que as seguradoras buscam para si, também buscam em seus<br />
fornecedores. O preço pode até ser mais caro, mas o prestador<br />
tem que obedecer a todas essas práticas”, ressalta.<br />
Para ele, o grande desafio e a grande necessidade é ter bons<br />
critérios para se contratar esse tipo de serviço. “É fundamental que<br />
o prestador tenha boa estrutura e esteja com os processos formalizados.<br />
Ao contratá-los, as seguradoras ajudam a levar essas boas<br />
práticas para um ambiente muito maior. E, embora a solução para<br />
um determinado tipo de serviço seja a terceirização, a seguradora<br />
precisa estar atenta que, na verdade, o cliente enxerga o prestador<br />
como a sua marca.”<br />
atividades. Essa<br />
adequação está<br />
cada vez mais<br />
minuciosa, onde<br />
as seguradoras<br />
aprovam com a<br />
Superintendência<br />
de Seguros<br />
Privados (Susep)<br />
produtos mais<br />
elaborados para<br />
cada segurado<br />
– como, por<br />
exemplo, os seguros<br />
empresariais<br />
(petshops,<br />
academias de<br />
ginástica, hotéis<br />
e clínicas), que<br />
❙❙Salvatore Lombardi Jr, da Argo<br />
possuem coberturas específicas e variação de taxa em<br />
relação ao CEP de risco, considerando a diferença de<br />
risco regional.<br />
Na Argo Seguros, os critérios de precificação são<br />
elaborados com base na experiência do mercado e da<br />
própria companhia para cada segmento em que atua.<br />
Esses critérios são monitorados pelos atuários em<br />
conjunto com o Head da Linha, com a participação<br />
dos subscritores. A aprovação final é dada pelo Chief<br />
Underwriter Office local e Global do Grupo baseado<br />
em Londres. Salvatore Lombardi Jr, diretor de Transportes<br />
e de Relacionamento com o Mercado, garante<br />
que esta não é uma tarefa simples.<br />
“Subscrever num mercado com ausência do estado<br />
e leis que não funcionam, especialmente quanto<br />
à receptação de mercadorias, é muito complicado”,<br />
diz o executivo.<br />
Propostas apresentadas no Senado visam dar mais<br />
rigor aos crimes de receptação. Hoje, a pena para quem<br />
conscientemente compra, recebe ou transporta mercadorias<br />
roubadas vai de um a quatro anos de prisão. Se<br />
a receptação se der com fim comercial ou industrial, é<br />
classificada como qualificada e a reclusão pode chegar<br />
a oito anos. Um dos projetos prevê que a pena para a<br />
receptação seja de dois a seis anos e, para a receptação<br />
qualificada, de cinco a dez. “Esperamos alterações nas<br />
leis no que tange à receptação de mercadorias. Mais<br />
atuação do estado no combate aos roubos e, no nosso<br />
caso, manteremos a nossa disciplina de subscrição”,<br />
afirma Salvatore.<br />
A empresa, que acompanha e monitora os prestadores<br />
de serviços constantemente, acredita que eles<br />
precisam aperfeiçoar a qualidade da informação e a<br />
agilidade nas respostas, visto que informações rápidas<br />
e precisas podem melhorar sensivelmente a subscrição<br />
dos riscos.<br />
24
evento | campanha<br />
Premiação ampliada<br />
Operadora revela os<br />
resultados positivos do<br />
último ano e anuncia<br />
sua nova campanha de<br />
incentivo<br />
A<br />
Ameplan lançou sua nova<br />
campanha de incentivo para<br />
2018 ampliando os premiados<br />
e estabelecendo novas metas<br />
para a operadora. Esse ano, a companhia<br />
levará seus contemplados a Arraial<br />
D’Ajuda, na Bahia.<br />
Durante o evento de lançamento,<br />
realizado em São Paulo, os parceiros<br />
puderam conhecer os detalhes e ouvir o<br />
agradecimento de Laureci Zeviani, diretor<br />
comercial, que ressaltou a importância<br />
dos corretores para o crescimento que a<br />
Ameplan atingiu nos últimos anos. Em<br />
2017, mesmo sendo um ano adverso, a<br />
operadora anunciou um avanço financeiro<br />
de 25% e crescimento de 10% no<br />
número de beneficiários, dando fôlego<br />
para desenhar as<br />
metas do ano que<br />
se inicia.<br />
Perspectivas<br />
O otimismo<br />
continua imper<br />
a n d o d e n t r o<br />
da companhia.<br />
Marcelo Belber,<br />
gerente comercial,<br />
diz que sua<br />
área precisa ser<br />
sempre otimista,<br />
embora exista a<br />
consciência de<br />
que 2018 pode<br />
ser ainda mais<br />
desafiador do<br />
que 2017. “As<br />
metas são muito<br />
mais altas do<br />
que foram no ano<br />
passado, o que é<br />
normal; ninguém dá uma meta que você<br />
não acredite que será atingida. Com o que<br />
a Ameplan colocou para o departamento<br />
comercial, nós vamos analisar o mercado,<br />
investir mais, ter mais parcerias e atingir<br />
essas metas, elas são muito maiores,<br />
mas não são inatingíveis”, acredita o<br />
executivo.<br />
O leque está aberto. Não há um<br />
segmento que vá receber mais atenção;<br />
Pessoa Física, Jurídica, PME e adesões,<br />
todos deverão ser contemplados com investimentos<br />
e muito trabalho da Ameplan<br />
e de suas parceiras: Affix, Dentalpar, Hebron,<br />
Corpore e Divicom. Porém, há uma<br />
novidade que deverá agitar a carteira PJ: o<br />
representante que tiver o melhor resultado<br />
com negociação de Contrato Corporativo<br />
(PJ) terá o seu merecido reconhecimento<br />
na campanha. Com o evento, que contou<br />
com mais investimentos do que o realizado<br />
no último ano, a operadora quer<br />
mostrar justamente que acredita em seu<br />
potencial de expansão.<br />
A nova campanha<br />
Para motivar os parceiros, a Bahia<br />
é a aposta deste ano. Ao todo serão 35<br />
viagens oferecidas: 15 serão para os<br />
parceiros – 3 de cada empresa – e as<br />
outras 20 serão por conta da operadora.<br />
Os dois primeiros colocados de cada<br />
administradora; os dois primeiros da<br />
Dentalpar que venderem os produtos<br />
Ameplan; os três primeiros colocados<br />
da própria operadora em PME, os dois<br />
primeiros em PF e também o corretor<br />
pendência zero – aquele que for mais<br />
ágil e não deixar problemas com documentação<br />
ou qualquer outro fator para<br />
trás na hora de fechar o seguro – serão<br />
contemplados.<br />
As plataformas de vendas participam<br />
e o dono da campeã irá à viagem e poderá<br />
levar um funcionário. Os repasses<br />
também foram incluídos após demandas:<br />
o empresário responsável por esses<br />
repasses e também um administrativo,<br />
o supervisor e o gerente estarão em Arraial<br />
D’ajuda. Além, claro, da equipe da<br />
operadora que, conforme lembra Belber,<br />
adotou o slogan para suas campanhas:<br />
“Viajar é bom, mas viajar com a Ameplan<br />
é melhor”.<br />
25
saúde suplementar | tendências<br />
Preparo para<br />
a reinvenção<br />
Mercado de saúde suplementar<br />
tenta se equilibrar entre<br />
demandas dos clientes, alto custo<br />
de operação e a necessidade<br />
de abrir as portas às novas<br />
tecnologias<br />
Amanda Cruz<br />
26
As mudanças no Rol da Agência<br />
Nacional de Saúde Suplementar<br />
– que determina as coberturas<br />
mínimas que todos os<br />
beneficiários têm direito e é reformulada<br />
a cada dois anos -, estão cada vez mais<br />
robustas, visando atender as necessidades<br />
e demandas dos beneficiários da saúde<br />
suplementar. Foram incluídos neste ano,<br />
além da inédita cobertura para esclerose<br />
múltipla, outros exames, terapias e cirurgias,<br />
totalizando 18 procedimentos.<br />
Para José Anselmo Neto, diretor da<br />
Vichiwork – consultoria em benefícios<br />
e treinamentos empresariais, essas iniciativas<br />
parecem ser benéficas para os<br />
pacientes, mesmo que na outra ponta<br />
exista a preocupação com o impacto<br />
que essa decisão causará. “Certamente,<br />
o maior impacto virá dos tratamentos<br />
orais para câncer. Ao todo, são oito<br />
novos aprovados, o que representou um<br />
grande avanço no tratamento de muitos<br />
pacientes”, reforça.<br />
Solange Beatriz Palheiro Mendes,<br />
presidente da Fenasaúde, afirma que a revisão<br />
é desejada pelos consumidores, mas<br />
as incorporações, geralmente, têm custos<br />
que podem ser muito altos. “Portanto, há<br />
um problema de escolha: incorporar tudo<br />
de forma imediata, e aceitar os custos, ou<br />
considerar a capacidade de pagamento<br />
dos beneficiários e empresas que contratam<br />
planos de saúde”, pondera.<br />
Esse é um momento em que o setor<br />
precisa se reinventar, diminuir os custos,<br />
mudar antigas concepções de atendimento<br />
e parar de perder beneficiários.<br />
De acordo com dados divulgados pelo<br />
Instituto de Estudos da Saúde Suplementar<br />
(IESS), em novembro de 2017 houve<br />
uma queda de 1,1% no total de pessoas<br />
atendidas pelo sistema suplementar, o<br />
que pode não parecer uma baixa muito<br />
grande, mas é significativo se for levado<br />
em consideração que esse setor, que sempre<br />
foi extremamente promissor, ainda<br />
não atinge uma parcela tão grande da<br />
população, mesmo sendo um benefício<br />
tão desejado.<br />
A pergunta agora é: como seguir o<br />
órgão máximo, oferecer tudo o que é preciso,<br />
pensar em diferenciais de mercado<br />
e ainda lidar com os desafios que aparecem?<br />
Com quem a saúde suplementar<br />
27
tendências<br />
pode contar para enfrentar esse momento<br />
e voltar a crescer?<br />
É comum que a primeira crítica seja<br />
feita à autarquia no momento de atualização,<br />
pois vem da crença de operadoras e<br />
entidades de que o aumento do Rol possa<br />
ser um fator limitante para sua atuação.<br />
A autarquia se defende afirmando que a<br />
atualização é realizada apenas após extensa<br />
discussão no Comitê Permanente de<br />
Regulação da Atenção à Saúde (Cosaúde).<br />
A presidente da Fenasaúde não<br />
acompanha o coro de uma parte do setor,<br />
que minimiza as decisões da autarquia.<br />
Ela acredita que é preciso ver que as<br />
inclusões têm, sim, impacto financeiro<br />
importante e usa o estudo “Estimativa<br />
de Custo e Impacto de Tecnologias na<br />
Despesa Assistencial”, feito pela entidade,<br />
que analisou 16 das 26 novas tecnologias<br />
(medicamentos, terapias e exames)<br />
propostas para a incorporação, antes da<br />
definição da nova lista para 2018. A partir<br />
dos dados disponibilizados de custo e<br />
prevalência, o resultado mostrou que o<br />
custo adicional poderia ser de R$ 5,4 bilhões,<br />
o equivalente a aproximadamente<br />
4% do total das despesas assistenciais<br />
em 2016. Vale frisar que não se tratou de<br />
uma Análise de Custo-Efetividade ou de<br />
Análise de Impacto Orçamentário, que<br />
são análises mais complexas.<br />
Às críticas que são feitas, a ANS<br />
rebate reforçando a ideia de mutualismo.<br />
Segundo a entidade, essas são as<br />
diretrizes escolhidas porque a autarquia<br />
entende que é o melhor caminho para a<br />
saúde suplementar e seus beneficiários, de<br />
acordo não apenas com as questões inerentes<br />
às doenças cobertas, mas também<br />
com a aplicabilidade econômica dessas<br />
iniciativas. “Como se sabe, o sistema<br />
mutualista que caracteriza a relação de<br />
consumo nos planos de saúde se baseia<br />
no princípio de que todos os beneficiários<br />
partilham os custos e riscos em situação<br />
de igualdade. Ou seja, cada beneficiário<br />
utiliza o plano de forma distinta, de<br />
acordo com sua situação de saúde, mas<br />
os custos são divididos de maneira igualitária<br />
por todos”, explica a autarquia em<br />
comunicado à <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong>.<br />
Para Neto, da Vichiwork, as dificuldades<br />
de acesso por conta de custo acabam<br />
se tornando um pano de fundo. “Não<br />
28<br />
❙❙José Anselmo Neto, da Vichiwork<br />
podemos pensar que o fato de aumentar<br />
as coberturas, que estão associadas à<br />
maior qualidade de vida dos pacientes e<br />
até mesmo em vidas salvas, pode ser um<br />
entrave para o acesso aos novos beneficiários”,<br />
opina. Para ele, o desperdício e<br />
a fraude é que precisam ser eliminados<br />
para que os custos possam ser reduzidos,<br />
já que hoje essas práticas representam<br />
20% de toda a despesa médica.<br />
Fabio Abreu, fundador da Health<br />
Centrix Soluções em Saúde, também não<br />
vê o Rol como agente encarecedor dos<br />
planos, reforçando o fato de que há anos<br />
a ANS coloca novas obrigatoriedades no<br />
mercado e que nem por isso deixou de<br />
crescer. “A redução recente do tamanho<br />
do mercado é relacionado à crise econômica,<br />
da qual o País está ensaiando agora<br />
sua saída”, opina. Ele completa dizendo<br />
duvidar de quem alega que o mercado<br />
❙❙Solange Beatriz P. Mendes, da Fenasaúde<br />
cresceria mais se tivesse menos obrigações<br />
com o órgão regulador. “A única<br />
intervenção da ANS que afeta o crescimento<br />
do mercado não é relacionada<br />
com as obrigações das operadoras e sim<br />
à regulação de preços, principalmente<br />
para pessoas físicas”, pontua.<br />
Questão de custos<br />
Os mecanismos regulatórios, claro,<br />
fazem parte dessa luta, especialmente no<br />
que diz respeito às normas e regras que<br />
visam intensificar boas práticas. “Monitorar<br />
a saúde dos beneficiários de planos<br />
de saúde e desenvolver programas de<br />
promoção à saúde e prevenção de doenças<br />
são estratégias importantes para melhorar<br />
o cuidado e diminuir os gastos do setor”,<br />
ressalta a autarquia.<br />
Mesmo com todos os esforços, no<br />
final do dia as contas precisam fechar.<br />
Neto acredita que é preciso encarar<br />
esses fatos como uma contribuição para<br />
que haja melhor gestão desse benefício.<br />
“Nossa experiência mostra que, além de<br />
um acompanhamento muito próximo da<br />
utilização e atenção aos pontos-chave da<br />
saúde da população, avançar no entendimento<br />
dos efeitos entre saúde assistencial<br />
e saúde ocupacional reduz drasticamente<br />
a incidência de tratamentos de alto custo<br />
e melhora os resultados das empresas”,<br />
explica.<br />
Quando o assunto é o aumento da<br />
sinistralidade, seja pelo crescimento<br />
de utilização ou custos, as operadoras<br />
parecem não ter uma solução padrão de<br />
mercado para isso e é justamente nesse<br />
momento que as prestadoras de serviço<br />
podem ser cruciais para oferecer essas<br />
respostas ou, ao menos, poder pensar<br />
nelas em conjunto. Ter colaboradores<br />
que veem a operação de fora pode levar<br />
ao difícil passo que o mercado precisa<br />
tomar: mudar sua forma de operar, pensar<br />
em ser disruptivo, menos burocrático,<br />
trazendo para um diálogo mais próximo<br />
as redes credenciadas e se permitindo<br />
abrir mão de tanto conservadorismo que<br />
trava o setor. Os dados devem ser a peça<br />
fundamental para que isso se transforme<br />
em realidade. “A tecnologia será o grande<br />
motor de transformação e redução de<br />
custos. O incremento no custo de novas<br />
tecnologias para o cuidado da saúde -
medicamentos, equipamentos e novos<br />
OPMEs - não é significativo, pois elas<br />
são oferecidas para todos simultaneamente<br />
em função de nosso modelo regulado<br />
de absorção; por vezes, essas novas tecnologias<br />
trazem redução de custo quando<br />
analisadas pela ótica da farmaeconomia”,<br />
aposta Fabio Abreu.<br />
O mercado já começou a se mexer.<br />
Tatiana Farah, fundadora da Saúde Concierge,<br />
apresentou recentemente ao setor<br />
uma plataforma acompanhada de um<br />
aplicativo que monitorará os pacientes visando,<br />
principalmente, diminuir os custos<br />
e evitar desperdícios na saúde suplementar.<br />
“Queremos fazer a redução do custo por<br />
meio de uma análise qualificada de dados<br />
e também promovendo ações preventivas”,<br />
comenta. É a tecnologia, finalmente, estabelecendo<br />
de forma mais clara como pode<br />
ajudar o mercado a se reinventar.<br />
A sustentabilidade desse sistema<br />
tem pautado a preocupação de todos<br />
que atuam no setor e Solange Beatriz<br />
enfatiza duas principais razões para<br />
isso: a acelerada evolução dos custos da<br />
saúde e a solidariedade intergeracional,<br />
quando os mais jovens subsidiam os<br />
mais longevos – isso porque, há 15 anos,<br />
para cada beneficiário com 60 anos ou<br />
mais, existiam outros três com idades<br />
entre zero e 19 anos; hoje, essa relação<br />
caiu para dois. “Toda a cadeia produtiva<br />
sabe que é preciso mudar os modelos de<br />
acesso e de financiamento, mas falta um<br />
maior entendimento. É uma discussão<br />
urgente porque os custos estão ficando<br />
impagáveis. E se mais pessoas deixarem a<br />
Saúde Suplementar, os custos para os que<br />
ficarem serão ainda mais altos”, alerta.<br />
Tecnologia e obstáculos<br />
Os debates são importantes para que<br />
se saiba o que fazer no presente, mas a<br />
verdade é que o que precisa ser debatido<br />
na saúde suplementar brasileira é justamente<br />
o modelo seguido, comparando-o<br />
com outras possibilidades. É preciso<br />
buscar o que há de mais efetivo sendo<br />
feito nos mercados ao redor do mundo e<br />
transformar essas informações em soluções<br />
locais, que levarão o setor brasileiro<br />
a uma forma única e efetiva de atendimento.<br />
“Existe um longo debate sobre o<br />
nosso modelo de saúde suplementar e a<br />
❙❙Fabio Abreu, da HealthCentrix<br />
regulação do setor que envolve inúmeras<br />
variáveis e suas consequências. Esse ainda<br />
é um tema sobre o qual estamos compreendendo<br />
os principais obstáculos, para<br />
que possamos agir nos pontos corretos, de<br />
modo que a saúde suplementar seja mais<br />
acessível e com custos equilibrados.”,<br />
pondera Neto.<br />
Para alinhar custos com benefícios,<br />
prestadoras de serviços que têm a<br />
tecnologia como aliada propõem novas<br />
maneiras de aperfeiçoar as operações,<br />
modernizar o setor e criar condições<br />
mais favoráveis para medidas disruptivas.<br />
“O maior obstáculo para a saúde<br />
suplementar é o mind set dos players<br />
envolvidos. O setor é conservador na<br />
forma como lida com inovações e ainda<br />
está muito focado no modelo perde-<br />
-ganha, que tem caracterizado a relação<br />
entre seus players, levando a modelos<br />
❙❙Tatiana Farah, da Saúde Concierge<br />
altamente complexos, como operadoras<br />
verticalizadas e com atuação geográfica<br />
ampla”, coloca Abreu. Para ele, a regulamentação<br />
da ANS tem que ser vista como<br />
parte do negócio e, como tal, tem que ser<br />
gerenciada pelos players, assim como a<br />
judicialização.<br />
Segundo o Conselho Nacional de<br />
Justiça (CNJ), somente em 2016, foram<br />
103.896 processos na Saúde Suplementar.<br />
O gasto aproximado com demandas<br />
judiciais ligadas à saúde pública e privada<br />
foi de R$ 8,2 bilhões em 2015. Entre<br />
os itens mais demandados, na Justiça,<br />
estão coberturas não previstas em lei<br />
(geralmente de contratos antigos), rede<br />
de atendimento (quando o médico não<br />
atende por determinado plano, e mesmo<br />
assim o beneficiário quer ser atendido<br />
por ele), carência (uso do plano antes do<br />
prazo mínimo), procedimentos que não<br />
são oferecidos pelo plano e reajuste de<br />
mensalidades. “Esta [a judicialização]<br />
não deveria existir na intensidade que<br />
temos, mas os componentes culturais e<br />
a linha jurídica brasileira estão aí como<br />
parte do cenário estratégico com o qual<br />
o gestor tem de lidar”, considera Abreu.<br />
É verdade que se fala hoje da tecnologia<br />
como se ela fosse um colete salva-<br />
-vidas para a saúde do setor e, de fato, ela<br />
deverá ser. Controles de gestão podem<br />
ser muito mais facilmente acionados<br />
por meio dela, como consultas online,<br />
a distância, para casos simples podem<br />
fazer a diferença no tempo do médico e<br />
do paciente, especialmente em um País<br />
continental como o Brasil, onde há também<br />
grande concentração de médicos em<br />
algumas áreas em detrimento a outras,<br />
mas a prática ainda não é autorizada pelo<br />
CFM (Conselho Federal de Medicina)<br />
Brasil. Mas Fábio Abreu está otimista<br />
na mudança realizada com a HealthCentrix<br />
iniciando agora seus serviços. “As<br />
tecnologias para tratar os dados hoje<br />
disponíveis no sistema de saúde privado<br />
poderiam melhorar em muito a gestão do<br />
sistema e trazer redução significativa dos<br />
custos com maior qualidade. Tenho visto<br />
soluções incríveis utilizando machine<br />
learning e inteligência artificial que terão<br />
impacto enorme na forma como operadoras<br />
autorizam procedimentos, fazem<br />
glosas nos sistemas de contas médicas,<br />
29
tendências<br />
avaliam seus prestadores e fazem gestão<br />
de saúde populacional de suas carteiras.<br />
Em cinco anos, o modelo será muito<br />
diferente do que temos agora”, promete.<br />
Tatiana também destaca que a possibilidade<br />
de monitoramento com participação<br />
efetiva do usuário – já que na<br />
plataforma ele mesmo sobe alguns dados<br />
que alimentam seu histórico – em tempo<br />
real permitirá dar uma visão clara e oferecer<br />
um trabalho customizado ao cliente,<br />
o que ela chama de um “RG Clínico” ,<br />
portátil e que permite que o beneficiário<br />
seja atendido em qualquer lugar e por<br />
qualquer médico, sendo possível apresentar<br />
seu histórico em tempo real.<br />
Mitigar os custos com mais investimentos<br />
em tecnologia? Por um lado, o<br />
ritmo acelerado de desenvolvimento de<br />
novas tecnologias representa, ao mesmo<br />
tempo, a tendência e o maior desafio para<br />
a Saúde Suplementar nos próximos anos.<br />
Esse é um caminho sem volta na área da<br />
saúde e muito bem-vindo. Entretanto, a<br />
indústria impõe um ritmo avançado de<br />
incorporação de tecnologias, o que cria<br />
desafios econômicos para o setor de saúde.<br />
“Um dos principais é equilibrar os custos<br />
assistenciais, historicamente, mais elevados<br />
– potencializados pela adoção de novas<br />
tecnologias, procedimentos – do que<br />
as receitas das empresas. Em dez anos, o<br />
resultado operacional do setor fechou em<br />
vermelho em seis, sendo o último analisado<br />
o de 2016”, lamenta Solange Beatriz.<br />
Neto acredita que é preciso encarar<br />
o risco inicial para que o futuro possa<br />
ser mais promissor para o setor. “Como<br />
em toda área, a tecnologia nasce cara e<br />
vai se tornando barata com o passar do<br />
tempo, enquanto aprimora outros pontos<br />
coligados a ela. Ao final do processo, ela<br />
torna mais acessíveis procedimentos que<br />
antes eram caros”, explica.<br />
Como presidente da Fenasaúde,<br />
Solange se mostra entusiasta das novas<br />
tecnologias, mas de maneira mais analítica,<br />
defendendo que a incorporação<br />
de novos procedimentos e tecnologias<br />
devam considerar fatores como a relação<br />
custo/eficácia clínica comprovada, além<br />
da realização de estudos preliminares de<br />
impacto, como é feito no setor público.<br />
Abreu conta que o caminho é trabalhar<br />
fortemente a questão dos dados,<br />
30<br />
analisando-os para alimentar a inteligência<br />
artificial cognitiva; aprendendo,<br />
a máquina será capaz de criar novas<br />
regras, analisar histórico do paciente em<br />
tempo real e saber como ele deverá ser<br />
encaminhado. “Esse é um exemplo de<br />
impactos que já acontecem lá fora e vêm<br />
para o Brasil em pouco tempo”.<br />
Sobre o sigilo dos dados, questão<br />
latente no mercado que se preocupa cada<br />
vez mais com segurança digital, Abreu<br />
acredita que a tecnologia pode ser usada<br />
tanto para o bem quanto para o mal e as<br />
empresas que quiserem se estabelecer<br />
farão de tudo para acertar.<br />
A crescente intimidade da população<br />
com a tecnologia afasta cada vez mais a<br />
desconfiança com as novidades digitais.<br />
De acordo com a Federação Brasileira<br />
“Monitorar a saúde dos<br />
beneficiários de planos<br />
de saúde e desenvolver<br />
programas de promoção<br />
à saúde e prevenção de<br />
doenças são estratégias<br />
importantes para<br />
melhorar o cuidado e<br />
diminuir os gastos do<br />
setor”<br />
dos Bancos (Febrabran), em 2014 apenas<br />
10% das pessoas que têm conta em bancos<br />
faziam suas transações via móbile,<br />
por medo de ter seus dados bancários<br />
e até mesmo seu dinheiro roubado. Em<br />
2016, esse número já era de 34% - levando<br />
a modalidade ao topo entre os meios utilizados<br />
para transações bancárias. Não é à<br />
toa que o setor financeiro está já bastante<br />
avançado, com suas fintechs trabalhando<br />
para aumentar ainda mais essa confiança<br />
– e o mercado de seguros, por sua vez,<br />
oferta ao público suas insurtechs, que<br />
seguem a mesma linha de pensamento.<br />
A empresa garante que conta ainda com<br />
outros protocolos para que os dados não<br />
caiam na mão de ninguém: acessos têm<br />
tempo limitado, chaves criptografadas,<br />
entre outros. Se um paciente estiver em<br />
outra cidade ou país, com seu celular<br />
é possível disponibilizar uma chave de<br />
validade de 10 minutos para que o médico<br />
que o atende naquele instante tenha<br />
conhecimento de seu histórico clinico.<br />
Expectativas<br />
A esperança na retomada de crescimento<br />
de beneficiários está diretamente<br />
ligada ao otimismo de que 2018 será melhor,<br />
com diminuição do desemprego e,<br />
consequentemente, mais pessoas cobertas<br />
por planos de saúde. Será preciso esperar<br />
para ver se isso, de fato de concretizará e<br />
as prestadoras de serviço de saúde serão<br />
a base para que o mercado volte a operar<br />
com mais agilidade, otimizado e podendo<br />
atender da maneira diferenciada que deveria<br />
ser o padrão da saúde suplementar.<br />
Portanto, não haverá empecilhos que<br />
parem esse setor. Judicialização, custos,<br />
aumento de Rol, tecnologia, todas essas<br />
questões são parte do esqueleto de um<br />
sistema complexo, caberá às pessoas<br />
estarem alinhadas a ele. “É como perguntar<br />
se a Uber terá seu crescimento<br />
diminuído por conta da regulamentação<br />
ou da pressão dos taxistas. Isso realmente<br />
importa? Não. Eles sabem que é parte do<br />
negócio deles lidar com isso e sabem que<br />
esses pontos fazem parte da equação de<br />
crescimento de seu negócio. Essa deve<br />
ser a postura dos gestores dos planos de<br />
saúde - é parte do seu dia-a-dia: reuniões<br />
na ANS, acordos com o Governo etc.<br />
Essa postura pragmática é o perfil que<br />
vejo nos principais players do setor”,<br />
compara Abreu.<br />
Como em qualquer relação comercial,<br />
as parceiras entre operadoras e prestadores<br />
de serviço existem e estão sempre<br />
sendo aperfeiçoadas em busca dos melhores<br />
resultados para todos: beneficiários<br />
de planos, operadoras e profissionais de<br />
saúde. “Um exemplo disso é a busca pelo<br />
aprimoramento do modelo de atenção à<br />
saúde, com ênfase aos cuidados primários,<br />
e novas formas de remuneração dos<br />
hospitais”, conta Solange.<br />
Tatiana comemora que os esforços<br />
já começaram a dar frutos. Ela diz que<br />
a Saúde Concierge já consegue perceber<br />
que a redução de custos com ferramentas<br />
de gerenciamento é uma realidade<br />
e um alento às empresas que precisam<br />
mudar seu modo de olhar e operar no<br />
mercado.
seguradora | campanha<br />
Crescer Juntos é motivação para<br />
incentivar a produção dos corretores<br />
AIG criou um programa exclusivo para as<br />
assessorias de seguros, empresas que são<br />
responsáveis por 5% de sua produção<br />
Kelly Lubiato<br />
O<br />
programa Crescer Juntos,<br />
formulado pela AIG<br />
Brasil, reconheceu as<br />
assessorias com maior<br />
produção durante todo ano de 2017,<br />
realizada através do Portal do Corretor<br />
disponibilizado pela seguradora. As<br />
30 assessorias que produzem para a<br />
companhia, espalhadas por todo o<br />
Brasil, respondem por três mil corretores<br />
de seguros. Juntos, eles foram<br />
responsáveis por 5% da produção da<br />
seguradora em 2017.<br />
O maior canal de distribuição da<br />
AIG é através dos corretores de seguros,<br />
que estão categorizados como<br />
grandes e middle market, onde estão<br />
incluídas as assessorias. “Este canal<br />
cresceu muito na companhia, com<br />
expectativa de dobrar de tamanho<br />
em 2018, atingindo a marca de 10%<br />
do faturamento da seguradora”, disse<br />
Fabio Cabral, diretor Comercial da<br />
AIG Brasil.<br />
Por isso, a seguradora decidiu trabalhar<br />
de forma mais estratégica com<br />
o canal, reconhecendo através do Prêmio<br />
Crescer Juntos as assessorias que<br />
tiveram melhor performance em 2017.<br />
Cabral explica que um dos focos<br />
da seguradora para este ano serão os<br />
seguros de responsabilidade civil,<br />
porque eles estão preenchendo a lacuna<br />
deixada pelos produtos para pessoas<br />
físicas, que tiveram uma queda significativa<br />
(seguro de automóvel e vida) de<br />
vendas. “Eu visito muito vários pontos<br />
do Brasil e escuto dos corretores que o<br />
seu faturamento está caindo como consequência<br />
da crise”, lamentou Cabral.<br />
“O seguro de responsabilidade<br />
tem um viés de varejo forte”, lembrou<br />
o executivo, acrescentando que o corretor<br />
de pequeno e médio porte, que<br />
está acostumado a vender seguros de<br />
pessoa física, está vendo com bons<br />
olhos os seguros de RC Profissional<br />
para todas as áreas e profissões. “É<br />
um seguro simples, não muito caro,<br />
que parece com os seguros de varejo”,<br />
completou Cabral.<br />
Os campeões de 2017 foram:<br />
〉〉<br />
1º lugar: Uda/Repgen, de Salvador/<br />
BA<br />
〉〉<br />
2º lugar: Selletiva, de São Paulo/SP<br />
〉〉<br />
3º lugar: Victory, de Londrina/PR<br />
〉〉<br />
4º lugar: Ala, de Blumenau/SC<br />
〉〉<br />
5º lugar: Laço Forte, de Brasília/DF<br />
Compra da Validus<br />
No mês de janeiro, a AIG International<br />
Group também anunciou a<br />
compra da Validus Holdings por US$<br />
5,56 bilhões, envolvendo os negócios<br />
de resseguros.<br />
“Esta aquisição é um avanço<br />
significativo na execução da nossa<br />
estratégia para prosseguir um crescimento<br />
rentável”, afirmou o presidente<br />
e CEO da AIG, Brian Duperreault, no<br />
anúncio da aquisição, acrescentando<br />
que a Validus é “um excelente ajuste<br />
cultural e que conhece muito bem a<br />
equipe da adquirida”.<br />
Estrategicamente, o acordo proporciona<br />
à AIG uma forte operação<br />
de subscrição de resseguro; uma presença<br />
imediata na Lloyd’s; experiência<br />
de linha de especialidade aditiva; e um<br />
conjunto de habilidades em torno do<br />
capital de terceiros com o AlphaCat,<br />
que introduz novas possibilidades<br />
para a AIG como um criador de riscos”,<br />
disse Duperreault.<br />
1º lugar: Uda/Repgen, de Salvador/BA<br />
2º lugar: Selletiva, de São Paulo/SP<br />
3º lugar: Victory, de Londrina/PR<br />
4º lugar: Ala, de Blumenau/SC<br />
5º lugar: Laço Forte, de Brasília/DF<br />
31
saúde suplementar | consumidor<br />
Capacitação e cultura<br />
para minar prejuízos<br />
A quantidade de erros<br />
na hora das vendas<br />
de produtos de saúde<br />
gera insatisfação de<br />
usuários e sinaliza que<br />
está na hora do mercado<br />
rever a capacitação dos<br />
profissionais<br />
Amanda Cruz<br />
32
Sair das filas do SUS e ter um<br />
atendimento mais digno, ágil e<br />
com qualidade.<br />
Este é um dos maiores desejos<br />
de grande parte da população brasileira<br />
e, por isso mesmo, um dos setores<br />
mais protegidos pela Agência Nacional<br />
de Saúde Suplementar.<br />
É um mercado que passa por dificuldades<br />
e que vem perdendo beneficiários,<br />
muito embora este movimento esteja<br />
diretamente ligado ao momento difícil e<br />
de aumento de desemprego na economia<br />
brasileira. Os custos e a queda na qualidade<br />
de atendimento nesse momento podem<br />
afastar aqueles que já se sentiram lesados<br />
de alguma forma, que passam a acreditar<br />
que arcar com um plano de saúde pode<br />
não ser tão vantajoso.<br />
Em uma análise no site Reclame<br />
Aqui, principal canal online voltado<br />
para que consumidores exponham suas<br />
insatisfações com atendimentos e serviços<br />
prestados, é possível perceber alguns<br />
problemas recorrentes na saúde suplementar.<br />
Até o fechamento desta matéria,<br />
foram computadas 2.538 reclamações por<br />
cobranças indevidas em troca ou cancelamento<br />
de planos; 1.694 por dificuldades<br />
de agendamento de consultas; 1.557 por<br />
conta de demora para autorização de<br />
consultas, exames e cirurgias, além de<br />
1.019 acionamentos de pessoas insatisfeitas<br />
com a rede de credenciamento e<br />
atendimento.<br />
Esse canal de reclamações online<br />
pode ser um bom termômetro para<br />
entender os motivos que levam aos<br />
descontentamentos que, resolvidos, são<br />
encaminhados para o Poder Judiciário,<br />
problema que o mercado tenta combater.<br />
Para se ter ideia, a empresa que mais recebe<br />
reclamações no site tem nota 4,28 (de<br />
10) e, mesmo quando responde aos usuários,<br />
esses não se sentem satisfeitos. Prova<br />
disso é que com um índice de 71,9% de<br />
respostas às reclamações e 66,1% dos<br />
problemas resolvidos, apenas 45,1% dos<br />
usuários afirmam que voltariam a fazer<br />
negócio com a empresa.<br />
Mas, de quem é a culpa? Do consumidor,<br />
das empresas ou do intermediário<br />
que oferece o produto? A origem dessas<br />
reivindicações não recai apenas em um<br />
membro dessa cadeia de atendimento.<br />
❙❙José Silvio Toni, do Sindiplanos<br />
Tudo é mais complexo porque a falta de<br />
intimidade dos clientes com o mercado<br />
de saúde, e o que ele é capaz de oferecer,<br />
cria um abismo entre o que é acordado<br />
e o que é entendido; quando um sinistro<br />
da saúde acontece e o cliente percebe que<br />
não terá direito ao que imaginava que<br />
estaria coberto – o que muitas vezes acontece<br />
em um momento delicado – todas as<br />
partes envolvidas se sentem lesadas. “O<br />
cliente precisa compreender que o plano<br />
de saúde só tem a cobertura para o que<br />
pode acontecer, não para a doença que já<br />
explodiu, que é imediata. O plano precisa<br />
do caráter preventivo para funcionar bem.<br />
É preciso seguir a lógica da distribuição<br />
do risco entre os que contribuem. O plano<br />
não foi feito para atender as necessidades<br />
da população como um todo”, defende<br />
José Silvio Toni, presidente do recém<br />
criado Sindiplanos - Sindicato das Empresas<br />
de Comercialização e Distribuição<br />
de Planos de Saúde e Odontológicos do<br />
Estado de São Paulo.<br />
Por outro lado, seguradoras e operadoras<br />
de saúde ainda pecam em dar<br />
transparência às complexas regras que<br />
existem e os corretores, por sua vez,<br />
acabam cometendo erros que custarão<br />
caro às outras duas pontas dessa equação.<br />
A venda consultiva é exaustivamente<br />
apontada como a única maneira correta<br />
de atuação dos corretores, independentemente<br />
da carteira em que atuam. Ao mesmo<br />
tempo, o corretor de seguros e planos<br />
de saúde depende muito das ferramentas<br />
disponibilizadas pelas operadoras e do<br />
entendimento pleno daquilo que vende. É<br />
necessário que o profissional possa tirar<br />
33
consumidor<br />
❙❙Laureci Zeviani, da Ameplan<br />
dúvidas, ter um contato estreito com as<br />
companhias e assim poder ser claro com<br />
as pessoas que, leigas, podem ficar sem<br />
coberturas caso a apólice não seja muito<br />
bem planejada. Algo está se perdendo<br />
entre uma ponta e outra dessa comunicação<br />
e, ao invés de procurar culpados,<br />
o mercado tem se empenhado para que<br />
cada player faça sua parte e mude essa<br />
realidade, mantendo os diferenciais que<br />
levam a saúde suplementar a ser tão importante<br />
na vida da população.<br />
Judicialização<br />
Laureci Zeviani, diretor comercial<br />
da Ameplan Saúde, embora não ache que<br />
as dificuldades sejam tão expressivas,<br />
reconhece que esses problemas, na visão<br />
da operadora, acontecem principalmente<br />
nas áreas de varejo e têm como motivo<br />
a “falta de clareza para o cliente sobre a<br />
funcionalidade do produto vendido”.<br />
Os escritórios de advocacia especializados<br />
nessas demandas conhecem bem<br />
essa realidade, como é o caso advogado<br />
Rafael Robba, do Vilhena Silva. Por lá, as<br />
maiores reclamações estão relacionadas<br />
com negativas de tratamento, exclusões<br />
de cobertura ou reajustes. “Quando<br />
se fala em contratação, o reajuste é a<br />
maior deficiência dos consumidores,<br />
que muitas vezes desconhecem estas<br />
cláusulas, por vezes mal explicadas para<br />
os consumidores”, comenta. Há também<br />
a falha no entendimento do tipo de plano<br />
contratado - se por adesão, individual ou<br />
coletivo – e não saber que isso afeta toda<br />
a relação entre expectativa e realidade dos<br />
❙❙Rafael Robba, do Vilhena Silva<br />
beneficiários, levando-os à frustração. “A<br />
gente tem uma quantidade muito grande<br />
de ações nas quais o consumidor também<br />
discute coberturas. Dificilmente um consumidor<br />
sabe dizer como o reembolso<br />
do plano dele é calculado, por exemplo”,<br />
conta Robba.<br />
A palavra temida no mercado de saúde<br />
suplementar está cada vez mais difícil<br />
de ser ignorada. A falta de informação<br />
não é motivo para o cliente deixar de<br />
exigir algo que precise e que seja crucial<br />
para sua saúde, porque não leu corretamente<br />
a apólice ou porque o intermediário<br />
falhou em deixar as questões claras.<br />
Ainda que ele queira resolver a situação,<br />
o mercado, de acordo com Robba, nem<br />
sempre é tão acessível assim. “Quando o<br />
problema acontece, dificilmente as soluções<br />
são colocadas para o consumidor.<br />
Muitas vezes ele busca sua solução junto<br />
a seu corretor, a operadora e até a ANS,<br />
mas dificilmente a encontra, por isso<br />
acaba buscando o judiciário”, diz.<br />
Uma das muitas reclamações das<br />
operadoras e também de entidades da<br />
saúde suplementar é que a justiça acaba<br />
pendendo muito a favor do consumidor.<br />
Mas por que isso acontece?<br />
Robba explica que a defesa do consumidor<br />
é uma lei federal e, por ela, está<br />
determinado que o judiciário, de fato,<br />
já tenha o consumidor como hipossuficiente.<br />
“O consumidor tem uma série<br />
de proteções justamente para que esse<br />
tipo de prática de mercado - de omitir<br />
informações ou não levar informações<br />
adequadas no momento pré-contratual -<br />
não prejudique o consumidor na execução<br />
de contrato”, defende o advogado. Todas<br />
as falhas de informação que eventualmente<br />
acontecerem antes da contratação<br />
vão ser depois corrigidas pelo judiciário<br />
com base no código de defesa do consumidor.<br />
“Não é que o judiciário esteja<br />
extrapolando, é a lei”, completa.<br />
Os casos de fraude também fazem<br />
parte dessas preocupações. O mutualismo<br />
abre também essas brechas e, mesmo<br />
quando algo está errado, isso não quer dizer<br />
que a operadora não terá que atender<br />
o beneficiário. O escritório Vilhena Silva<br />
já recebeu um caso assim: um contrato<br />
social fraudado para que uma pessoa<br />
que não fazia parte do corpo da empresa<br />
tivesse direito ao plano. Claramente uma<br />
fraude, porém que partiu da empresa e<br />
do corretor. A decisão final do juiz foi<br />
manter o beneficiário no plano, porque<br />
a má-fé não partiu dele, portanto ele não<br />
poderia ser lesado por conta da ação de<br />
seus intermediários.<br />
Ou seja, nem só o consumidor é prejudicado<br />
com vendas mal-feitas. Todo o<br />
mercado sofre esse impacto e arca com<br />
as despesas envolvidas, o que só agrava<br />
a questão de acessibilidade da população<br />
à saúde suplementar.<br />
Para o presidente do Sindiplanos,<br />
o seguro saúde se diferencia de outros<br />
tipos de seguros, como o automóvel,<br />
Resultado de 4000 decisões judiciais de segunda instância envolvendo<br />
planos de saúde na Comarca da cidade de São Paulo do TJSP, 2013 e 2014<br />
Resultado das Decisões Judiciais Total %<br />
Favorável ao usuário 3.575 88,07<br />
Desfavorável ao usuário 300 7,39<br />
Parcialmente favorável ao usuário 174 4,29<br />
Envolvem prestadores, não usuários 10 0,25<br />
Fonte: TJSP, Scheffer, M. Observatório da Judicialização da Saúde Suplementar (DMP/FMUSP)<br />
34
por exemplo, que tem um limite de<br />
cobertura mais delimitado. “O carro é<br />
o valor do carro e limites de terceiros,<br />
por exemplo, mas o plano de saúde pode<br />
cobrir diferentes necessidades com valores<br />
incalculáveis. Essa realidade cria<br />
uma amplitude de possibilidades, que<br />
tem um preço a ser pago”, explica Toni.<br />
O papel do intermediário<br />
Para Zeviani, a primeira coisa a<br />
ser ressaltada é a necessidade de treinamento.<br />
Na operadora quatro gestoras<br />
de vendas estão presentes em corretoras<br />
e plataformas, justamente para atualizá-<br />
-las e repassar as informações necessárias<br />
aos corretores, o que Zeviani<br />
compara com “um mantra” que deve<br />
ser repetido até que seja compreendido.<br />
A operadora também estabeleceu<br />
um tratamento especial no momento em<br />
que as reclamações são recebidas, assim<br />
é possível detectar onde aconteceu o<br />
problema e se é algo relacionado à venda<br />
e que possa ser trabalhado e melhorado<br />
com o corretor. Para o incentivo ser completo,<br />
a companhia incluiu a motivação<br />
em sua campanha de vendas: o corretor<br />
mais qualificado ganha prêmios por seu<br />
desempenho. “É perceptível a redução<br />
de problemas ocasionados por desvio<br />
relacionado ao profissional de vendas.<br />
Nos últimos quatro anos, tempo que já<br />
dura este trabalho focado, saímos de<br />
um sinal vermelho para um amarelo<br />
suave. Permitimo-nos ser cada vez mais<br />
criteriosos exatamente porque temos<br />
cumprido este papel de parceiros e até de<br />
orientadores desses parceiros”, comenta.<br />
Ninguém é dono do cliente. A troca<br />
entre corretores e companhias deve ser<br />
em prol do beneficiário e não uma disputa<br />
para saber quem se dá melhor com<br />
ele. Zeviani reforça que hoje a equipe da<br />
operadora está mais disposta a aprender<br />
do que ensinar corretores, mas que é<br />
preciso estar atento. “Ainda podemos<br />
perceber que às vezes falta um entendimento<br />
correto entre a necessidade do<br />
cliente e o produto que se oferece”, enfatiza.<br />
Laureci Zeviani ainda completa:<br />
“tudo nasce nas mãos do corretor. Sua<br />
boa atuação produz bons clientes para<br />
toda a cadeia, inclusive para ele mesmo.<br />
Considerando que um bom cliente, bem<br />
assistido, produz propaganda positiva<br />
para outras seis pessoas, ao passo que<br />
um cliente insatisfeito replica sua impressão<br />
negativa para uma infinidade de<br />
pessoas. O bom corretor sabe que antes<br />
de vender um produto, ele está vendendo<br />
primeiro a sua imagem”, destaca.<br />
Então, por quem é o corretor? O<br />
profissional da corretagem deveria<br />
ser, antes de tudo, um representante<br />
dos interesses do beneficiário. Quando<br />
alguns deixam de exercer esse papel o<br />
cliente se confunde. Tanto que quando<br />
a venda é mal feita o beneficiário não<br />
costuma procurar os culpados separando<br />
corretor de operadora. Para ele<br />
– como é possível perceber nas reclamações<br />
online – o corretor é um braço<br />
da companhia de saúde e, portanto, a<br />
falha e a deficiência no atendimento<br />
vêm dos dois. “Eu vejo essa prática<br />
como prejudicial porque acredito que<br />
desvirtua a função do corretor. Ele precisa<br />
levar informação ao beneficiário e<br />
com isso impedir que, lá na frente, ele<br />
desconheça seus limites e parta para<br />
ações judiciais”, alega Robba.<br />
A venda de qualquer seguro é complexa.<br />
A maioria dos corretores trabalha<br />
exercendo o seu melhor, mas quando<br />
se trata de saúde há uma desvantagem<br />
em relação a outras carteiras: a falta de<br />
instrução. Há cursos já disponíveis para<br />
esse nicho, mas eles ainda não abrangem<br />
o Brasil todo e não têm grande adesão.<br />
“Até para pessoas com muita instrução<br />
esse assunto é complexo. O grupo de<br />
pessoas que vendem planos é formado<br />
por indivíduos mais simples e que precisam<br />
aprender na prática, no dia a dia”,<br />
reflete Zeviani.<br />
Os sites de reclamação, disponíveis<br />
a todos são cada vez mais um<br />
fator levado em consideração antes de<br />
o consumidor bater o martelo no que<br />
diz respeito à contratação dos cuidados<br />
com a saúde. O que falta agora é que,<br />
separadamente, cada player do setor<br />
faça um mea culpa e descobrir se está<br />
falhando em algum momento e que<br />
sejam curiosos, busquem informações<br />
e conheçam o seu papel, não só de<br />
direitos e necessidade de vendas, como<br />
suas responsabilidades éticas e sociais,<br />
envolvidas nessa relação.<br />
Apoio para quem<br />
comercializa saúde<br />
Ao contrário do que acontece com os<br />
corretores de outras modalidades de seguro,<br />
credenciados e regulamentados pela<br />
Susep e apoiados pelos Sincor’s, àqueles<br />
que comercializam saúde falta mais regulação<br />
para o mercado e suas funções. Mas<br />
isso já começou a mudar.<br />
No dia 17 de janeiro deste ano, um<br />
sindicato voltado para essa categoria<br />
foi finalmente aprovado, tornando-se o<br />
representante das empresas mediadoras<br />
de planos de saúde. José Silvio Toni, já estabelecido<br />
como presidente da entidade,<br />
atua no mercado há 26 anos e comemora<br />
a vitória, dizendo assumir com alegria a<br />
nova responsabilidade de capitanear essa<br />
empreitada. “Agora caminharemos de<br />
maneira muito mais alinhada aos corretores.<br />
Nós [profissionais que comercializam<br />
planos de saúde] só não estamos no Sincor<br />
por questões legais, não por falta de vontade;<br />
apenas porque o Sincor representa<br />
corretores de seguros, que pertencem<br />
ao sistema financeiro e não ao de saúde”,<br />
elucida. Alexandre Camillo, presidente<br />
do Sincor-SP, é um dos padrinhos desse<br />
novo sindicato, justamente por conta da<br />
similaridade de atuação, da vontade do<br />
presidente do novo sindicato de equiparar<br />
os passos na saúde com o que foi feito no<br />
setor de seguros. Além disso, diversas companhias<br />
de seguros já foram comunicadas<br />
sobre o novo órgão e Toni afirma que a<br />
ideia foi muito bem recebida.<br />
Para começar, o Sindiplanos busca<br />
uma cadeira na ANS, para participar das<br />
questões que são discutidas na autarquia.<br />
Além disso, a formação de profissionais<br />
mais capacitados será uma importante<br />
bandeira porque, para Toni, além de esse<br />
ser um caminho para melhorar o atendimento<br />
e a rentabilidade no mercado –<br />
evitando que as vendas mal feitas gerem<br />
ainda mais danos, essa também é uma<br />
oportunidade de mostrar à sociedade que<br />
os planos de saúde são importantes para<br />
quem os utiliza, mas também podem ser<br />
uma oportunidade de trabalho e ganhos,<br />
de ajuda social, dando uma profissão<br />
promissora, em expansão, que sustenta<br />
famílias e protege a população.<br />
35
evento | fenasaúde<br />
O que esperar da saúde<br />
suplementar?<br />
Workshop debate o legado da política<br />
de reajuste de preços e as alternativas<br />
para a regulação dos reajustes diante<br />
da alta dos custos do setor<br />
Livia Sousa<br />
A<br />
saúde suplementar vive o<br />
dilema da elevação de custo<br />
e o que se espera para 2018<br />
é um reajuste agudo. Assim,<br />
o desafio do mercado será ainda maior,<br />
tanto na administração do reajuste como<br />
nos esclarecimentos à sociedade. Para<br />
discutir o legado da política de reajuste de<br />
preços e as alternativas para a regulação<br />
dos reajustes diante do crescimento dos<br />
custos, a Federação Nacional de Saúde<br />
Suplementar (FenaSaúde) realizou o 2º<br />
Workshop de Análise do Impacto Regulatório,<br />
no Rio de Janeiro.<br />
“É importante que a sociedade<br />
perceba que a saúde é cara. A medicina<br />
se desenvolve e alcança patamares que<br />
lamentavelmente a renda da população<br />
e dos estados não acompanha. Também<br />
temos um marco regulatório enrijecido<br />
e amplo em termos de direitos e garantias,<br />
uma equação difícil de lidar”, disse<br />
Solange Beatriz Mendes, presidente da<br />
entidade.<br />
Assim como a saúde, a regulação envolve<br />
custos. No Brasil, especificamente,<br />
há um excesso de regulações que muitas<br />
vezes não são avaliadas. “O aumento dos<br />
preços pressiona o limite dos planos. É<br />
interesse da operadora manter esse preço<br />
o mais baixo possível. Queremos que as<br />
fontes de custos sejam trabalhadas para<br />
que não se repita o ocorrido entre 2008 e<br />
2016, quando o subreajuste foi na ordem<br />
de 69%”, alegou o superintendente de<br />
Regulação da FenaSaúde, Sandro Leal<br />
Alves, completando que o controle dos<br />
preços passou a ser minimamente ordenado<br />
por questões de falhas de mercado e<br />
36<br />
problemas na concorrência.<br />
“Precisamos avançar na<br />
regulação baseada em evidências,<br />
na transparência,<br />
no mercado de materiais e<br />
medicamentos e na melhor<br />
concorrência no mercado de<br />
insumos.”<br />
Mais do que nunca se<br />
faz necessário o esforço da sociedade,<br />
do legislativo e do regulador em tentar<br />
aperfeiçoar e mitigar esses pontos, que<br />
ao invés de trazerem garantias ao beneficiário<br />
podem gerar insegurança e a impossibilidade<br />
de maior acesso ao produto.<br />
“Diria que o setor vive um momento<br />
em que está ‘estrangulado’”, afirmou<br />
Solange Beatriz. Isso não significa que<br />
não haja expectativas de um desempenho<br />
positivo ainda este ano, considerando a<br />
recuperação da economia. Entretanto,<br />
as medidas a serem tomadas devem ser<br />
criteriosas e cautelosas. Qualquer desvio<br />
numa operação que está no seu limite<br />
pode trazer danos irreparáveis.<br />
Mas como estão essas discussões?<br />
No ano passado, a Agência Nacional de<br />
Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu<br />
um normativo para disciplinar a Análise<br />
de Impacto Regulatório. Identificação de<br />
custos, monitoramento e pós-implementação,<br />
formulação de opções regulatórias<br />
e análise de cenários e comparações de<br />
opções regulatórias “são a parte mais<br />
robusta do documento”, declarou o secretário-geral<br />
da Agência, Suriêtte Santos.<br />
“A partir da regulamentação, pretendemos<br />
investir no fortalecimento<br />
desses pontos para que tenhamos um<br />
“É importante que a<br />
sociedade perceba que a<br />
saúde é cara”<br />
Solange Beatriz, da FenaSaúde<br />
embasamento maior na tomada de decisão”,<br />
pontuou. Ainda em elaboração,<br />
o documento pretende estabelecer três<br />
níveis de impacto regulatório: elementar;<br />
comparação entre alternativas qualitativa<br />
ou por critério; e comparação qualitativa<br />
entre alternativas de custo-benefício ou<br />
custo-efetividade (este último opcional).<br />
Fundamentos e efeitos<br />
Quando se fala da questão de concorrência<br />
no setor de saúde suplementar,<br />
especificamente de planos, também é<br />
necessário analisar a questão da estrutura<br />
de concorrência em outros mercados. É o<br />
que pontuou Mônica Viegas, professora<br />
associada do Departamento de Ciências<br />
Econômicas da Universidade Federal de<br />
Minas Gerais (UFMG). “Vários mercados<br />
interagem”, disse. De maneira geral,<br />
o resultado da teoria econômica para<br />
bens e serviços é de que a concorrência<br />
melhora o bem estar na questão específica<br />
de preço. No caso da saúde, diversas fa-
lhas colocam isso em xeque. O resultado,<br />
segundo ela, muitas vezes é ambíguo.<br />
“O setor de saúde afeta o bem estar<br />
de diversas maneiras e a estrutura de<br />
mercado vai afetar o bem estar em vários<br />
momentos dessa decisão. Temos o efeito<br />
preço (em termos de prêmio do seguro<br />
e dos serviços hospitalares e farmacêuticos),<br />
o efeito na qualidade (a estrutura<br />
de mercado e a resolução e a organização<br />
desse mercado afeta a qualidade) e o efeito<br />
na decisão de tratamento (os incentivos<br />
impactam na decisão de tratamento que<br />
os provedores vão tomar para os consumidores)”,<br />
explicou.<br />
Já Ana Carolina Maia, professora<br />
doutora na Faculdade de Economia,<br />
Administração e Contabilidade da Universidade<br />
de São Paulo (FEA/USP), foi<br />
categórica ao afirmar que o reajuste único<br />
para todos os contratos, sem especificidade<br />
do plano, região ou faixa etária, é<br />
um equívoco. “Há uma deterioração das<br />
carteiras, o que inviabiliza a formação<br />
de novos grupos, fazendo que as taxas<br />
de cancelamento no Brasil cheguem a<br />
28% de segurados de menor risco. Este<br />
percentual representa os mais jovens,<br />
que normalmente deixam os planos em<br />
momentos de dificuldades financeiras.”<br />
Enquanto a superintendente Regulatório<br />
de Saúde da SulAmérica, Mônica<br />
Nigri, reforçou que os custos são impactados<br />
também com o envelhecimento da<br />
população, a judicialização e a incorporação<br />
de tecnologia, o especialista em<br />
Regulação da ANS, João Boaventura<br />
Carlos Ragazzo, da FGV, não acredita em uma solução de curto prazo para<br />
❙❙a redução de custos<br />
Branco de Matos, lembrou que o reajuste<br />
é apenas uma parte das dificuldades dos<br />
planos individuais, e que esta questão não<br />
pode estar desconectada ao cenário geral<br />
da saúde no Brasil.<br />
Carlos Ragazzo, professor na Fundação<br />
Getúlio Vargas (FGV), não acredita<br />
em uma solução de curto prazo para o<br />
crescimento dos planos de saúde individual<br />
e redução de custos. Já o representante<br />
do Ministério da Fazenda, João<br />
Manoel Pinho Neto, chefe da assessoria<br />
Especial de Reformas Microeconômicas<br />
da entidade, afirmou que o setor precisa<br />
avaliar o desempenho da regulamentação<br />
de preços. “Se diminuiu a atratividade do<br />
mercado, devem ser analisadas as falhas<br />
e fazer uma comparação com outros<br />
mercados. É importante a intervenção<br />
Armando Castelar, da UFRJ e da FGV-Rio, sugeriu uma melhor análise da<br />
❙❙utilização do price cap<br />
nos preços, mas é necessário olhar o<br />
desempenho.”<br />
Alternativas e propostas<br />
O modelo de reajuste atual desagrada<br />
porque não cobre os custos das operadoras<br />
e afasta os segurados, concluiu Edgard<br />
Pereira, professor do Departamento<br />
de Economia, do Instituto de Economia,<br />
da Universidade de Campinas (Unicamp).<br />
“É preciso efetivar uma política de ganhos<br />
em escala e utilizar o price cap (preço-teto)<br />
para que se dê maior abrangência<br />
aos planos de saúde individuais”, afirmou.<br />
Entretanto, o price cap transfere parte da<br />
produtividade para o beneficiário porque<br />
este compõe a maior parte do custo não<br />
gerenciável. “Os reajustes dos planos estão<br />
acima da inflação e dos rendimentos.<br />
O que acontecerá é que as pessoas sairão<br />
dos planos. As causas dos custos elevados<br />
estão nos custos não gerenciáveis”, alegou<br />
o professor da Universidade Federal do<br />
Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação<br />
Getúlio Vargas (FGV-Rio), Armando<br />
Castelar Pinheiro, sugerindo uma melhor<br />
análise dos impactos da proposta.<br />
Os custos gerenciáveis chegam a<br />
aproximadamente 15% do total. Segundo<br />
José Cechin, diretor-executivo da<br />
FenaSaúde, há necessidade de exigir dos<br />
operadores um gerenciamento de seus<br />
custos, mas grande parte está no que não<br />
é gerenciável. “Precisamos aperfeiçoar o<br />
modelo de reajuste, mas também temos<br />
que avaliar os fatores que impulsionam a<br />
elevação dos custos”, finalizou.<br />
37
comunicação e expressão<br />
por J. B. Oliveira*<br />
Recordar é viver<br />
Há 28 anos, a edição de março de 1990 da Tribuna da Magistratura,<br />
órgão oficial da Associação Paulista de Magistrados – então presidida<br />
pelo desembargador Francis Davis – publicava, em sua página 14, o artigo<br />
abaixo, que redigi nos albores do governo Collor de Mello.<br />
O turismo descollorido<br />
O choque causado pelo plano econômico<br />
do governo Collor de Mello,<br />
lembrou-me de imediato – pasmem-se –<br />
uma expressão do Evangelho. Acha-se ela<br />
inserida no sermão profético, registrado<br />
por São Mateus no capítulo 24 de seu<br />
livro, a partir do versículo 38. Ali, diz<br />
Jesus: “Porquanto, assim como, nos dias<br />
anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam,<br />
casavam e até davam-se em casamento,<br />
até ao dia em que Noé entrou na arca, e<br />
não o perceberam, até que veio o dilúvio<br />
e os levou a todos...’<br />
Pois é, aí está a metáfora.<br />
No Brasil, nos dias anteriores ao plano,<br />
todos comiam e bebiam, compravam<br />
e vendiam, depositavam e sacavam, aplicavam<br />
e resgatavam, especulavam e lucravam,<br />
dolarizavam e cruzadavam sem<br />
maiores preocupações, mesmo quando<br />
se anunciava um novo plano econômico<br />
a partir da posse do novo governo.<br />
Gatos escaldados – embora em água<br />
morna – os brasileiros preparavam-se<br />
para “tirar de letra” mais uma investida<br />
do poder central. Afinal, já haviam enfrentado<br />
os planos Cruzado, Bresser e<br />
Verão e, a não ser por alguns arranhões,<br />
tinham saídos ilesos. Que viesse o tal<br />
plano. Não seria muito diferente dos outros:<br />
no alcance, no efeito e na duração.<br />
Cabe aqui uma piadinha sociológico-<br />
-restrospectiva.<br />
É a que retrata a conversa de dois<br />
caboclos – na época do governo Goulart<br />
– sobre a situação política.<br />
– É, compadre, parece que agora o<br />
“tar” de consumismo vem “memo” pro<br />
Brasil, né?!<br />
– “Dêxa vim” compadre. “Dêxa vim”<br />
que “nóis avacaia” ele!<br />
Não falada, embora, esta era a disposição<br />
intima de todos.<br />
Aí como Noé entrou na arca, Collor<br />
de Mello entrou no governo. Então “veio<br />
o dilúvio e os levou a todos”. E foi todos<br />
mesmo.<br />
Collor havia dito, reiteradas vezes,<br />
que afligiria pesadamente as “elites”, o<br />
que deixava muita gente de fora, supondo<br />
que o “facão” iria voltar-se somente<br />
contra as grandes fortunas, as contas<br />
elevadas, as notórias especulações etc.,<br />
poupando os poupadores de caderneta...<br />
Ledo engano. A partir de CIN-<br />
QUENTA MIL todos foram atingidos!<br />
Daí aparecer, primeiro em Brasília e<br />
já agora por todo o país, a frase tragicômica:<br />
“no tempo do Sarney eu era elite<br />
e não sabia”.<br />
Mexendo com toda a economia,<br />
vez que enxugou – de pronto – 80%<br />
do meio circulante nacional, o plano é<br />
extremamente drástico para o setor de<br />
turismo. Viagens internacionais hoje, nem<br />
pensar. Embora tenha o dólar desabado<br />
espetacularmente, não há cruzeiros para<br />
comprá-lo.<br />
As viagens domésticas, por seu turno,<br />
encolheram-se a ponto de, praticamente,<br />
desaparecer. Afinal, sobre os preços já<br />
elevados incidiu, junto à posse do novo<br />
governo, um aumento de tarifas superior<br />
a 50%! Vôos cancelados, aviões semi-<br />
-vazios, aeroportos às moscas redundam<br />
– na outra ponta – em agências paralisadas<br />
e vazias.<br />
Entretanto – embora momentaneamente<br />
descolloridas – as Agências estão<br />
confiantes e esperançosas.<br />
O drástico plano Brasil Novo foi o<br />
remédio amargo para cortar de vez um<br />
mal insidioso e letal que minava o corpo<br />
debilitado de nossa economia. E o fazia<br />
sutilmente, como certas moléstias, que só<br />
se manifestam em fase terminal, quando<br />
já nada se pode fazer.<br />
Nossa deteriorada e desprestigiada<br />
moeda era uma batata quente que<br />
ninguém queria ter nas mãos. Todos<br />
procuravam trocá-la, literalmente, por<br />
qualquer coisa: dólar, ouro, títulos, veículos,<br />
imóveis, eletrodomésticos, gaiola sem<br />
fundo, óculos sem lente... Para os Agentes<br />
era insustentável e vexatória a situação.<br />
Os negócios, se não fossem concluídos<br />
no ato, em dinheiro vivo, e repassados<br />
imediatamente às Operadoras ou Transportadoras,<br />
não gozavam de qualquer<br />
firmeza ou garantia de manutenção de<br />
preço, frente à instabilidade do cruzado.<br />
Hoje tudo está mudando. A partir do<br />
respeito que passou a merecer o cruzeiro.<br />
Sabemos todos que temos uma árdua<br />
tarefa pela frente, que é a reconstrução<br />
da nossa economia. Não desconhecemos<br />
a necessidade de dar, cada um, sua cota<br />
de sacrifício.<br />
Mas estamos convencidos de que<br />
vale a pena: O Brasil precisa e merece<br />
isto.<br />
Afinal, como ensinava um tranquilo<br />
mineiro a seu filho, “no fim dá tudo certo”.<br />
E, ante a expressão algo incrédula do<br />
jovem, acrescentava: “se ainda não deu<br />
certo, é porque ainda não é o fim”.<br />
* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />
É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />
www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />
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