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Revista Apólice #229

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Ano 23<br />

Número 229<br />

Fevereiro 2018<br />

1


2


editorial<br />

Ano 23 - nº 229<br />

Fevereiro 2018<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente<br />

da Correcta Editora Ltda<br />

e de público dirigido<br />

Diretora de Redação:<br />

Kelly Lubiato - MTB 25933<br />

klubiato@revistaapolice.com.br<br />

Diretor Executivo:<br />

Francisco Pantoja<br />

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Repórteres:<br />

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amanda@revistaapolice.com.br<br />

Lívia Sousa<br />

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Graciane Pereira<br />

graciane@revistaapolice.com.br<br />

Diagramação e Arte:<br />

arte@revistaapolice.com.br<br />

Articulista:<br />

J. B. Oliveira<br />

Tiragem:<br />

15.000 exemplares<br />

Circulação:<br />

Nacional<br />

Periodicidade:<br />

Mensal<br />

CORRECTA EDITORA LTDA<br />

Administração, Redação e<br />

Publicidade:<br />

CNPJ: 00689066/0001-30<br />

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São Paulo/SP<br />

Tel. (11) 5082-1472 / 5082-2158<br />

Os artigos assinados são de responsabilidade<br />

exclusiva de seus autores, não<br />

representando, necessariamente, a<br />

opinião desta revista.<br />

Ano curto para tudo<br />

que precisa ser feito<br />

2018 será um ano picotado por 12 feriados, sendo 10 deles com<br />

possibilidade de emenda, um campeonato Mundial de futebol e<br />

eleições. Até por conta disso, parece que as empresas vislumbraram<br />

a necessidade de tomar decisões mais cedo.<br />

Se o cenário político não dá sinais de estabilidade, com ameaças<br />

de candidaturas que seriam pouco factíveis há algum tempo, o<br />

cenário econômico teima em tentar se reerguer. Apesar de reformas<br />

necessárias, que são adiadas repetidas vezes, o que funciona<br />

mesmo é o mundo corporativo.<br />

Os empresários brasileiros buscam novas formas de tornar seus<br />

negócios viáveis e sustentáveis. Melhorar a relação com o consumidor<br />

é outro ponto crucial nestes novos tempos. No mercado de<br />

seguros não poderia ser diferente. Os executivos buscam parceiros<br />

que sejam capazes de tornar a relação do consumidor com o<br />

setor de seguros ainda mais ágil e agradável. Por isso, a busca por<br />

novas tecnologias capazes de incrementar processos de back-<br />

-office é incessante. Seja na área de emissão, regulação de sinistros<br />

ou subscrição, o que se espera, hoje, é que o serviço seja digital e<br />

transparente.<br />

Na área de saúde, também há muitos novos prestadores de<br />

serviços tentando seu lugar ao sol, com serviços capazes de mitigar<br />

os riscos desta carteira. Seja através do cuidado com o doente<br />

crônico ou do alinhamento de informações sobre o paciente, as<br />

operadoras buscam formas de diminuir os custos que são possíveis.<br />

Um deles pode estar ligado à forma de comercialização. Vendas<br />

mal feitas acabam tornando-se processos judiciais no futuro.<br />

Esta é mais uma luta do setor.<br />

Boa leitura!<br />

Acesse nosso site<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />

Diretora de Redação<br />

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />

3


sumário<br />

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12<br />

14<br />

18<br />

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painel<br />

gente<br />

especial serviços<br />

riscos e coberturas<br />

É preciso enxergar além do que acontece a nossa frente para<br />

entender o mundo dos riscos globais. Para encará-lo, as seguradoras<br />

buscam apoio em empresas que possam fornecer as<br />

melhores soluções<br />

relacionamento<br />

Os prestadores de serviços são a imagem e a extensão das seguradoras.<br />

O que, de fato, o mercado espera desses profissionais?<br />

Entidades e companhias do setor respondem<br />

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|<br />

saúde suplementar<br />

tendências<br />

Mercado de saúde suplementar tenta se equilibrar entre demandas<br />

dos clientes, alto custo de operação e a necessidade<br />

de abrir as portas às novas tecnologias<br />

consumidor<br />

A quantidade de erros na hora das vendas de produtos de<br />

saúde gera insatisfação de usuários e sinaliza que está na hora<br />

do mercado rever a capacitação dos profissionais<br />

evento<br />

Operadora revela os resultados positivos do último ano e anuncia<br />

sua nova campanha de incentivo<br />

campanha<br />

AIG cria programa exclusivo para as assessorias de seguros,<br />

empresas que são responsáveis por 5% de sua produção<br />

fenasaúde<br />

Workshop debate o legado da política de reajuste de preços<br />

na saúde suplementar e as alternativas para a regulação dos<br />

reajustes diante da alta dos custos do setor<br />

comunicação<br />

4


5


painel<br />

• nentrave<br />

Lei de Seguro precisa de<br />

ajustes<br />

• ¢ mudanças<br />

Comercialização por meios<br />

remotos<br />

As novas regras para a comercialização de seguros por<br />

meios remotos nas operações relacionadas a planos de seguro<br />

e de previdência complementar aberta entraram em vigor no<br />

dia 26 de janeiro. Entre as principais mudanças está a utilização<br />

dos meios remotos para celebração de contratos coletivos de<br />

seguro e previdência e para certas atividades de pós-venda. De<br />

acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a<br />

norma foi editada para permitir que as operações ocorram de<br />

forma mais completa e adequada, considerando o avanço do<br />

uso de tecnologias digitais que vem transformado os serviços<br />

financeiros em todo o mundo. Além disso, ela coloca o setor<br />

alinhado a outros setores supervisionados, como bancos e<br />

mercado de capitais, no que diz respeito ao uso de tecnologias<br />

digitais.<br />

Em análise no Senado, a proposta de criação de uma<br />

Lei de Contrato de Seguro foi concebida para garantir<br />

mais proteção ao consumidor. Na prática, segundo um<br />

estudo produzido pela Comissão de Direito Securitário<br />

da OAB-SP, a proposta comete equívocos por não fazer<br />

diferenciação entre segurados de seguros massificados<br />

e segurados de grandes empresas. Se for aprovada sem<br />

alterações, o estudo avalia que a proposta poderá gerar<br />

impactos negativos para a atividade seguradora, como<br />

aumento da judicialização, majoração do prêmio de<br />

seguro, insegurança jurídica e a saída de seguradoras e<br />

resseguradoras estrangeiras do país. “A OAB-SP não é<br />

contrária a esta lei, mas deseja contribuir para aprimorá-<br />

-la”, disse Débora Schalch, presidente da Comissão,<br />

durante a apresentação do estudo, em São Paulo.<br />

• nhomenagem<br />

Despedida a Sérgio Petzhold<br />

O mercado de seguros se despediu de Sérgio Petzhold, ex-presidente<br />

do Sincor-RS, que faleceu em 2 de janeiro. Petzhold foi goleiro do Internacional<br />

e Floriano (hoje Novo Hamburgo) e, em 1968, deixou a carreira. Já<br />

bacharel em ciências contábeis, passou a trabalhar como corretor de seguros.<br />

Ele era acadêmico da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP)<br />

e cidadão emérito da cidade de Porto Alegre, título obtido em 2006. Com<br />

mais de 50 anos de atuação no setor, foi presidente do Sincor-RS de 1974<br />

a 1976. Voltou a ser eleito em 1983 e exerceu o cargo até 2006. Era um dos<br />

fundadores da Fenacor e da Cooperativa de Crédito Mútuo dos Corretores<br />

de Seguros de Porto Alegre.<br />

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7


painel<br />

• nsegurança<br />

Brasil perde dinheiro com crimes<br />

cibernéticos<br />

O Brasil é o segundo país que mais perdeu financeiramente<br />

com ataques cibernéticos em 2017, atrás apenas da China, e<br />

também o país em que mais crianças sofrem com bullying,<br />

na mesma posição que a Índia. É o que apontou o Norton<br />

Cyber Security Insights Report 2017, divulgado pela Norton<br />

by Symantec.<br />

No ano passado, cerca de 62 milhões de brasileiros (61% da<br />

população adulta conectada do país) foram vítimas de cibercrime.<br />

As perdas totalizaram US$ 22 bilhões. De um modo geral,<br />

as vítimas tendem a usar a mesma senha em várias contas ou<br />

compartilhá-la com outras pessoas. Os millenials são os mais<br />

afetados, sendo que 26% deles não possuem nenhum método<br />

de proteção em pelo menos um dispositivo e eles são mais<br />

propensos a compartilhar a senha.<br />

•produto n<br />

<strong>Apólice</strong><br />

residencial para<br />

a terceira idade<br />

O Grupo BB e Mapfre<br />

lançou o Mapfre Residencial<br />

+ Sênior, um seguro criado<br />

para atender as necessidades<br />

da terceira idade, agregando benefícios e serviços customizados.<br />

As assistências focam em saúde e bem-estar e disponibilizam<br />

orientação por telefone para medicamentos, descontos<br />

em farmácias, indicação de médicos, enfermeiros, técnicos de<br />

enfermagem e fisioterapeutas, locação de muletas, cadeiras de<br />

rodas, cama hospitalar, cilindro de oxigênio e transporte para<br />

tratamento fisioterápico, além de serviços voltados para a residência<br />

como chaveiro, eletricista, vidraceiro, desentupimento,<br />

conserto de aparelhos linha branca e instalação de olho mágico.<br />

• negócios<br />

Empresa de soluções para<br />

corretores<br />

A Virtual Softwares para Seguros e a Sistemas Seguros<br />

ligaram suas operações e, a partir de agora, são responsáveis<br />

pelo processamento anual de quatro milhões de<br />

apólices de seguros e por uma carteira de mais de dois<br />

mil clientes.<br />

“A fusão com a Virtual fortalece a estratégia para<br />

ganharmos ainda mais mercado”, salienta Fernando Rodrigues,<br />

CEO da Sistemas Seguros.<br />

Para Maurício dos Santos, CEO da Virtual Softwares<br />

para Seguros, a união também possibilitará que as duas<br />

operações “invistam ainda mais em pessoal, estrutura,<br />

novos produtos e soluções, para viabilizar a consolidação<br />

de uma posição de destaque entre as principais Insurtechs<br />

do Brasil.”<br />

• negócios 2<br />

Aquisição de ativos e<br />

operações<br />

A Icatu Seguros e o BNP Paribas Cardif assinaram o<br />

contrato no qual a seguradora vai adquirir a totalidade<br />

dos ativos e as operações de Cardif Capitalização no<br />

Brasil. A partir da aprovação da operação pelos órgãos<br />

reguladores, a Icatu assumirá as carteiras e a comercialização<br />

de capitalização da Cardif e passa a ser provedora<br />

exclusiva desses produtos para o BNP Paribas Cardif Brasil.<br />

A efetivação da operação ainda está sujeita à aprovação<br />

do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)<br />

e da Susep.<br />

No segmento de Capitalização, a Cardif atua principalmente<br />

na modalidade de incentivos e tem faturamento<br />

anual de R$ 85 milhões (2016). O acordo preserva as<br />

condições contratadas pelos atuais parceiros e clientes,<br />

que continuarão a contar com os serviços.<br />

8


• nautomóvel<br />

Aplicativo dá desconto em<br />

seguro<br />

A SulAmérica<br />

apresentou o aplicativo<br />

Auto.Vc, que<br />

utiliza um sistema<br />

de telemetria no celular<br />

do motorista,<br />

seja ele cliente ou<br />

não da companhia.<br />

Por meio do app, o<br />

usuário recebe uma<br />

avaliação do seu modo de dirigir, obtém dicas personalizadas<br />

e pode ser recompensado se adotar boas práticas<br />

de direção. Quanto mais segura for a direção do carro, mais<br />

pontos ele acumula e mais alta é sua posição no ranking.<br />

Com isso, pode ser recompensado com até R$ 400 de<br />

desconto no seguro, R$ 800 na franquia ou 30 diárias extras<br />

no carro reserva.<br />

A novidade estará disponível em breve para todo o<br />

País. O lançamento encontra-se em fase inicial, com cinco<br />

mil usuários de seis cidades brasileiras, e ocorre após um<br />

piloto com colaboradores da seguradora.<br />

• ntecnologia<br />

Colaboradora digital no RH<br />

A Tokio Marine investiu em Inteligência Artificial na<br />

realização de atendimentos no Departamento de Recursos<br />

Humanos. Desenvolvida através de um software baseado no<br />

supercomputador Watson, a colaboradora digital Marina é<br />

capaz de aprender, identificar expressões e interpretar contextos,<br />

sendo inicialmente responsável por realizar cerca de<br />

dois mil atendimentos mensais referentes a assuntos do dia a<br />

dia dos colaboradores da companhia, como férias, benefícios<br />

e avaliação de desempenho.<br />

Em sua fase inicial, Marina estará disponível para atendimentos<br />

via chat, dentro do Portal de Recursos Humanos<br />

da seguradora.<br />

Numa segunda<br />

etapa, a previsão<br />

é que ela passe a<br />

atender também<br />

dúvidas de corretores<br />

e clientes<br />

através de canais<br />

como telefone,<br />

vídeo e chats de<br />

redes sociais.<br />

• npesquisa<br />

Queda nas fatalidades de<br />

trânsito<br />

O Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, programa<br />

do Governo de São Paulo, divulgou o número de<br />

óbitos causados por acidentes de trânsito em 2017. Segundo<br />

o Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito do Estado<br />

de São Paulo (Infosiga SP), 5.645 ocorrências fatais<br />

foram registradas nos 645 municípios do estado. O número<br />

representa uma redução de -1,4% na comparação com 2016<br />

e 82 mortes evitadas.<br />

Desde o início dos registros do Infosiga SP, que contemplam<br />

dados a partir de 2015, a redução é de -6,9%. Na<br />

comparação dos dados de 2017 com a projeção de óbitos<br />

para este ano, a redução é de 25,4%. A projeção para 2018,<br />

feita a partir dos números registrados desde 2010, era de<br />

7.571 óbitos. A meta do programa é reduzir pela metade o<br />

número de óbitos na comparação com a projeção para 2020<br />

(7.761 fatalidades).<br />

• ncomemoração<br />

20 anos no mercado<br />

A Prudential do Brasil completou 20 anos de atuação<br />

com um modelo de negócios focado em atender às necessidades<br />

dos clientes por meio do seguro de vida personalizado.<br />

“O futuro continuará sendo de crescimento sustentável do<br />

negócio, mantendo o foco na qualidade dos nossos produtos<br />

e na satisfação dos clientes através da inovação tecnológica,<br />

apoio constante aos<br />

corretores de seguros<br />

e às corretoras das empresas<br />

parceiras. Temos<br />

desafios a superar, mas<br />

com o time de colaboradores<br />

que a Prudential<br />

tem, estou muito<br />

otimista com nosso<br />

futuro e os próximos<br />

20 anos”, ressalta Marcelo<br />

Mancini Peixoto,<br />

presidente & CEO da<br />

empresa.<br />

9


painel<br />

• ¢ campanha<br />

Companhia levará corretores ao<br />

Vale do Silício<br />

A Previsul apresentou sua nova campanha de incentivo<br />

de vendas para os corretores de seguros de São Paulo.<br />

Em 2018, a premiação levará os profissionais com o maior<br />

número de vendas à cidade de São Francisco e ao Vale do<br />

Silício – principal polo tecnológico dos EUA. Entre os meses<br />

de janeiro a março, a seguradora passará por 20 cidades em<br />

13 estados para o lançamento da campanha, intitulada “Sou<br />

+ Previsul 2018 – É você corretor, no centro da inovação”.<br />

• ncapitalização<br />

R$ 1 bilhão em sorteios<br />

Entre janeiro e novembro de 2017, as empresas que<br />

comercializam títulos de capitalização distribuíram R$ 1<br />

bilhão em sorteios, o equivalente ao pagamento de R$ 4,4<br />

milhões por dia útil, a clientes sorteados de todo o país. É o<br />

que afirma a Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).<br />

No período, o segmento teve uma receita de R$ 18,6 bilhões,<br />

montante inferior ao registrado entre janeiro e novembro de<br />

2016, quando a receita global foi de R$ 18,9 bilhões.<br />

A modalidade Tradicional registrou a maior representatividade,<br />

com faturamento de R$ 15,6 bilhões. Já a modalidade<br />

de Incentivo arrecadou R$ 1,9 bilhão. A modalidade Popular,<br />

de baixo valor, arrecadou R$ 990,9 milhões.<br />

• nprojeto<br />

Publicação de bens obrigatória<br />

Uma proposta em análise na Câmara dos Deputados obriga<br />

seguradoras, empresas de previdência privada e de títulos<br />

de capitalização a publicar trimestralmente a relação de bens<br />

garantidores dos seguros, títulos e planos que emitem. Essas<br />

empresas já são<br />

obrigadas por lei<br />

a possuir bens que<br />

sirvam como garantia<br />

para os papéis<br />

que emitem. Apesar<br />

da preocupação<br />

do legislador em<br />

manter esse pilar,<br />

o autor do projeto,<br />

Heuler Cruvinel<br />

(PSD-GO), afirma<br />

que isso nem sempre é cumprido, principalmente quando<br />

ocorrem quebras das empresas do setor.<br />

Qualquer segurado, portador de título de capitalização<br />

ou participante ou beneficiário de plano de previdência privada<br />

poderá solicitar cópia da relação de bens garantidores.<br />

Fonte: Agência Câmara Notícias<br />

• ncorporate<br />

Insurtech atuará no setor<br />

empresarial<br />

A Thinkseg entrará para o segmento corporativo a partir<br />

de março. O CEO da companhia, Andre Gregori, é quem<br />

dirigirá o nicho de produtos para as empresas, começando<br />

pelo seguro garantia. A nova área ainda contará com a participação<br />

do sócio Carlos Eduardo Sarkovas e outros profissionais<br />

recém-incorporados ao time.<br />

A entrada de Gregori no seguro garantia coincide com<br />

o encerramento do período de “non compete”, cláusula de<br />

não competição, cumprida por ele após deixar a instituição<br />

na qual trabalhava antes de<br />

fundar a Thinkseg. “O seguro<br />

garantia deve apresentar<br />

um crescimento ainda<br />

mais significativo a partir<br />

de agora, uma vez que os<br />

investimentos em infraestrutura<br />

estão começando<br />

a ser retomados e novos<br />

projetos estarão na pauta<br />

de quem quer que venha a<br />

ser o novo presidente”, diz<br />

Gregori.<br />

10


• nevento<br />

Lançado o Brasesul 2018<br />

Foi lançado oficialmente<br />

o Encontro Sul Brasileiro<br />

dos Corretores de<br />

Seguros (Brasesul) 2018,<br />

que acontecerá em Florianópolis<br />

(SC) nos dias 19 e<br />

20 de julho.<br />

Com o tema “Caminhos,<br />

Alternativas e Soluções”,<br />

as palestras e painéis<br />

serão voltados aos avanços<br />

tecnológicos e às novas<br />

opções de atuação no mercado.<br />

Haverá ainda a Feira<br />

de Negócios, que receberá os corretores de seguros.<br />

Promovido pela união dos Sincors no Estado do Paraná,<br />

Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Brasesul visa unir todos<br />

os corretores de seguros dos Estados do Sul, proporcionando,<br />

além da integração da categoria, a troca de informações e<br />

conhecimentos, atualização profissional e o fortalecimento da<br />

relação com o mercado segurador.<br />

• nresultado<br />

Otimismo do setor continua<br />

em alta<br />

O otimismo do setor de seguros continuou crescendo no<br />

primeiro mês de 2018. No caso das seguradoras, o Índice de<br />

Confiança e Expectativas das Seguradoras (ICES) é o maior<br />

valor desde 2015, atingindo agora mais que 125 pontos. É<br />

o que aponta o Índice de Confiança do Setor de Seguros<br />

(ICSS), calculado a partir de pesquisa realizada pela Federação<br />

Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor).<br />

Essa avaliação favorável está espalhada entre todos os<br />

tipos de empresas analisadas – seguradoras, resseguradoras<br />

e grandes corretoras.<br />

11


GENTE<br />

Mudanças na presidência<br />

O presidente do Grupo<br />

Bradesco Seguros, Octavio<br />

de Lazari Junior, foi escolhido<br />

pelo Conselho de<br />

Administração do banco para<br />

substituir Luiz Carlos Trabuco<br />

na presidência da companhia.<br />

Lazari continuará como presidente<br />

da seguradora, acumulando<br />

os cargos.<br />

A nova composição do<br />

comando do Bradesco será efetivada em 12 de março, após<br />

eleição do novo Conselho de Administração da Organização<br />

pela Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas.<br />

O novo Conselho irá referendar a indicação de Octavio de<br />

Lazari Junior.<br />

Trabuco, que continuará na presidência do Conselho<br />

e cumprirá o seu atual mandato como CEO até a primeira<br />

reunião do Conselho, passará a se dedicar de forma exclusiva<br />

ao cargo de presidente do Conselho de Administração.<br />

Espanhol comanda<br />

seguradora<br />

Miguel Pérez Jaime deixou<br />

a presidência da Allianz Seguros.<br />

Com isso, o cargo passou a<br />

ser ocupado por Eduard Folch,<br />

espanhol de Barcelona especialista<br />

em varejo de automóvel.<br />

Jaime estava à frente da companhia<br />

desde 2013, quando substituiu<br />

o argentino Edward Lange, então CEO da seguradora.<br />

Diretor executivo de<br />

Underwriting<br />

A Allianz Worldwide Partners Brasil apresentou<br />

Alan Leal como diretor de Underwriting para o Brasil.<br />

O executivo vai liderar a área de Underwriting e Portfólio<br />

Management, desenvolvendo<br />

os aspectos de riscos, técnicos,<br />

mercadológicos, operacionais e<br />

econômicos da operação, além<br />

de aprovar cotações e acompanhar<br />

sinistralidade das carteiras<br />

junto à equipe. Será responsável<br />

ainda por desenvolver novas<br />

metodologias de precificação,<br />

automatização e inovações.<br />

Eleição com chapa única<br />

A eleição para a nova diretoria<br />

do Sincor-SP na gestão 2018/2022<br />

será com chapa única, liderada pelo<br />

atual presidente da entidade, Alexandre<br />

Camillo. Intitulada “Sincor-SP<br />

por Todos e Com Todos”, a chapa<br />

mantém Camillo na presidência e os<br />

atuais diretores executivos para gerir<br />

o Sindicato por mais quatro anos. A<br />

Assembleia Geral para aclamação<br />

acontecerá no dia 26 de março.<br />

Superintendente de Grandes<br />

Riscos<br />

A Sompo Seguros contratou<br />

Edson Toguchi como novo superintendente<br />

de Grandes Riscos,<br />

para contribuir com as perspectivas<br />

da companhia de expandir<br />

a atuação e desenvolver soluções<br />

estratégicas para a área.<br />

O executivo, que tem mais de<br />

25 anos de experiência em grandes<br />

companhias de seguros, iniciou<br />

carreira na Yasuda Seguros, uma das empresas que deu origem<br />

à Sompo no Brasil. Atuou no desenvolvimento e lançamento<br />

de novos produtos de seguros e liderou projetos de reposicionamento<br />

para atingir objetivos estratégicos comerciais para as<br />

linhas de produto sob sua responsabilidade.<br />

Líder e CCO para a linha de<br />

Viagem<br />

Dois novos executivos passaram a<br />

integrar o time da Chubb. O primeiro é<br />

Juan Ignacio de Lorenzo, que se junta<br />

como head of Travel Insurance para<br />

América Latina. Ele será responsável<br />

por todos os processos da carteira,<br />

incluindo o desenvolvimento de negócios,<br />

definição e execução da estratégia,<br />

relacionamento com parceiros chave,<br />

além dosaspectos relacionados aos<br />

resultados da região.<br />

A segunda nomeação é de Diego Navarro, que assume o<br />

cargo de Chief Commercial Officer, Travel Insurance para a<br />

região. Neste papel, ele será responsável pelo gerenciamento<br />

comercial do portfólio, com foco na entrega, execução, relacionamento<br />

com parceiros de negócios e maximização das receitas.<br />

12


VP de Desenvolvimento de<br />

Negócios e Estratégia<br />

A Aon contratou Hélio Novaes<br />

para ocupar a vice-presidência de<br />

Desenvolvimento de Negócios e<br />

Estratégia da companhia. Reconhecido<br />

no mercado segurador por<br />

sua experiência e know-how no<br />

setor, o executivo já atuou nas áreas<br />

de Gestão de Riscos, Afinidades e<br />

Benefícios. “Meu trabalho dentro<br />

da companhia é desenvolver novas<br />

estratégias de crescimento com<br />

clientes e colaboradores e novos projetos de parcerias com<br />

empresas líderes de diversos segmentos. Além disso, vamos<br />

identificar as melhores oportunidades de inovação dentro do<br />

setor de seguros”, comenta Novaes.<br />

Diretoria de filiais<br />

Paulo Mantovani foi nomeado diretor para as filiais<br />

Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre (região Sul) e Rio<br />

de Janeiro na Marsh Brasil. Ele já estava à frente da filial<br />

Rio desde 2016. Com a nova<br />

estrutura organizacional,<br />

Juliano Trein e Claudio<br />

Denucci, superintendentes<br />

das filiais da região Sul e<br />

Belo Horizonte, respectivamente,<br />

passam a se reportar<br />

diretamente ao executivo.<br />

Em sua nova missão,<br />

Mantovani contará com o<br />

apoio de Marcelo Elias, Marcelo Borges, Paula Lopes, Raul<br />

Nechar e André Takahashi, diretores de negócios da companhia,<br />

para o fortalecimento da marca e dos produtos em todas<br />

as regiões foco do país.<br />

Diretor presidente<br />

Marcos Aurélio Couto é o<br />

novo presidente & CEO da BR<br />

Insurance. Ele substitui Luiz Roberto<br />

Mesquita de Salles Oliveira,<br />

que assumirá o cargo de COO de<br />

Benefícios.<br />

O executivo soma mais de<br />

30 anos na indústria de seguros e<br />

já passou por companhias como<br />

Mitsui Sumitomo, Ace Seguradora<br />

e Grupo Tempo Assist. Couto<br />

também foi diretor do Sindseg, da FenaSaúde e atualmente<br />

é diretor da Academia Nacional de Seguros e Previdência<br />

(ANSP).<br />

Movimentação de executivos<br />

A JLT Brasil movimentou<br />

seus executivos com o objetivo<br />

de potencializar a sinergia das<br />

empresas de seguros, resseguros<br />

e benefícios e alcançar a meta de<br />

crescimento de 20% do grupo<br />

na América Latina até 2019. A<br />

maioria das mudanças aconteceu<br />

na holding onde Alvaro Eyler,<br />

CEO da JLT Seguros, assume o<br />

cargo de Deputy CEO. Adriano<br />

Oka passa a ocupar o posto de Chief Strategy Officer.<br />

Luciana Olivo vai para a vice-presidência de Sinistros.<br />

Santiago Arellano passou a integrar o time da JLT Resseguros<br />

no início de 2018 como diretor técnico e de colocações<br />

de resseguros. Já Rosaura Torres chega para atuar como<br />

diretora comercial da nova filial Ribeirão Preto.<br />

Tripla mudança<br />

A MDS Brasil anunciou<br />

três mudanças. A primeira foi<br />

a escolha de Pedro Carvalho<br />

para assumir a recém-criada<br />

Superintendência de Resseguros.<br />

Thomaz Tescaro, que<br />

ocupou o cargo de Gerente de<br />

Affinity na corretora entre 2012<br />

e 2015, volta à companhia como<br />

diretor de Varejo. Maria Lígia<br />

Fuschini assume a superintendência de Gestão de Saúde,<br />

área recém-criada que visa normatizar o trabalho nas regionais<br />

da empresa e rever critérios e ações.<br />

Diretora comercial<br />

A April Brasil promoveu<br />

Claudia Brito como diretora<br />

comercial. Colaboradora da<br />

multinacional francesa desde<br />

2014, a executiva deixa<br />

o cargo de gerente nacional<br />

para liderar as ações comerciais<br />

do grupo no mercado<br />

brasileiro.<br />

“Estou pronta para lidar<br />

com os novos desafios da<br />

função e contribuir cada vez<br />

mais com o sucesso do grupo<br />

no Brasil, sempre contando com o apoio de nossa excelente<br />

equipe comercial”, garante.<br />

13


serviços | riscos e coberturas<br />

O mundo muda e os<br />

riscos, também<br />

É preciso enxergar além do que<br />

acontece a nossa frente para<br />

entender o mundo dos riscos<br />

globais. E para encará-lo as<br />

seguradoras buscam apoio em<br />

empresas que possam fornecer as<br />

melhores soluções<br />

Kelly Lubiato<br />

14


O<br />

mundo é dinâmico e nosso<br />

mercado tem que correr para<br />

acompanhar as suas necessidades.<br />

Há uma cadeia de<br />

prestadores de serviços que trabalham<br />

para que, na ponta, o consumidor tenha<br />

segurança quanto à sua proteção.<br />

2017 foi um ano movimentado em<br />

termos de grandes riscos, com eventos<br />

como os furacões no Caribe, nos Estados<br />

Unidos e Porto Rico, incêndios na<br />

Califórnia (mais severos e com prejuízos<br />

para o mercado como um todo) e o terremoto<br />

no México. Como consequência, os<br />

contratos de resseguro sofreram reajustes<br />

entre 20% e 25%.<br />

Por outro lado, há uma série de demandas<br />

do mercado que fazem com que<br />

as seguradoras sejam obrigadas a buscar<br />

soluções fora de sua base para poder<br />

manter um bom nível de rentabilidade<br />

e ainda atrair novos consumidores para<br />

a sua base.<br />

De acordo com Hugo Assis, responsável<br />

pela prática de seguros da<br />

consultoria Accenture, se compararmos<br />

o Brasil aos demais países da América, os<br />

principais desafios para o ano de 2018 são<br />

semelhantes, mas com distância de acordo<br />

com o estágio de maturidade de cada<br />

mercado. Ele classifica três pontos como<br />

recorrentes: 1) A transformação digital:<br />

precisa incorporar processos disruptivos<br />

para trazer resultados, entretanto, sem a<br />

necessidade de mudanças complexas. “É<br />

preciso evoluir, aprendendo e corrigindo<br />

de forma ágil até atingir a transformação<br />

necessária”, esclarece Assis; 2) Eficiência:<br />

o avanço da inteligência artificial<br />

combinado a novas gerações de chatbots,<br />

robotização, entre outras soluções,<br />

demonstram que a eficiência nas seguradoras<br />

ainda pode evoluir muito. “Neste<br />

caso, experimentamos bons resultados<br />

em projetos de BPO (Business Process<br />

Outsourcing)”; e 3) Gestão de<br />

Dados: o mundo digital é orientado<br />

a dados e a criação de capacidade<br />

analítica nas seguradoras para<br />

gestão de informações com<br />

os mais diversos objetivos<br />

é um tema constante, que<br />

demanda novas capacidades<br />

técnicas que não se<br />

encontram naturalmente<br />

nas empresas.<br />

As seguradoras enfrentam<br />

um nível de demanda grande e<br />

elas não podem negligenciar estas<br />

questões. “Modelos digitais inova-<br />

15


iscos e coberturas<br />

dores não são possíveis sem gerenciamento<br />

de dados e altos níveis de eficiência.<br />

Digital significa fazer as coisas mais<br />

rápidas, melhor e mais barato e isso exige<br />

uma grande dose de inovação. Em nossos<br />

estudos, descobrimos que as seguradoras<br />

que sabem inovar são atentas e têm uma<br />

forte disciplina que garante que suas<br />

iniciativas estejam alinhadas com sua<br />

estratégia”, explica Juan Mazzini, sênior<br />

analyst de Financial Services da Celent.<br />

Ele acredita que as seguradoras<br />

têm muito o que aprender com as empresas<br />

que inovam, principalmente com<br />

as insurtechs. Não que toda insurtech<br />

seja inovadora! Muitas startups devem<br />

passar por um processo de maturação<br />

da sua proposta de valor para se tornar<br />

relevante. “As seguradoras investem<br />

mais recursos para ficar atentas ao que<br />

acontece no mundo Insurtech, tanto na<br />

experimentação, quanto na associação,<br />

incluindo a participação na aceleração<br />

do crescimento deste tipo de empresas,<br />

ou mesmo investindo diretamente”,<br />

avalia Mazzini. Segundo ele, a sugestão<br />

que a sua empresa dá às seguradoras é<br />

que, no mínimo, elas invistam para estar<br />

informadas e atentas ao que acontece em<br />

startups, para que, a partir daí, cada um<br />

possa investir dentro das suas possibilidades<br />

e estratégia.<br />

Assis, da Accenture, explica que as<br />

experiências dos consumidores em outras<br />

indústrias, fora do mundo dos seguros,<br />

estão direcionando suas expectativas.<br />

❙❙Juan Mazzini, da Celent<br />

16<br />

❙❙Hugo Assis, da Accenture<br />

Hoje, o consumidor consegue fazer compras<br />

com um clique, transações bancárias<br />

a partir de reconhecimento facial etc.<br />

Somada a estas expectativas existe uma<br />

crescente demanda por controle e transparência<br />

do modelo de riscos. “Essa nova<br />

tendência de comportamento, somada ao<br />

valor de avaliações de clientes, indicações,<br />

dentre outros, está começando a ser<br />

capturado e vai influenciar na dinâmica<br />

do negócio como conhecemos hoje”,<br />

avalia o executivo.<br />

Isso acontece porque devido ao movimento<br />

de empoderamento do cliente,<br />

os produtos de seguros precisarão ser<br />

mais customizados e flexíveis e deverão<br />

levar em consideração os hábitos dos<br />

clientes. “Para que aconteça, as seguradoras<br />

precisarão rever seus conceitos de<br />

criação de produtos, flexibilizando seus<br />

sistemas core, mergulhando na jornada<br />

do consumidor para entender suas necessidades,<br />

atuando em modelo ágil de<br />

desenvolvimento e criando acesso aos<br />

novos produtos em plataformas digitais.<br />

Hoje o que mercado oferece são produtos<br />

‘commodities’”, acrescenta Assis.<br />

A atuação das seguradoras depende<br />

de uma série de serviços, prestados<br />

por terceiros ou não, que garantem a<br />

satisfação do cliente. Muitas vezes, o<br />

atendimento direto ao consumidor não é<br />

feito pela seguradora, mas ele leva a sua<br />

assinatura. “Por conta desta sinergia entre<br />

os departamentos, áreas como sinistros<br />

e atendimento a clientes/corretores são<br />

grandes oportunidade de melhoria com<br />

a aplicação de tecnologias e tendências”,<br />

avalia Assis.<br />

O mundo das Insurtechs<br />

Um estudo publicado pela Celent<br />

aponta que 2018 será o ano da “verdade”<br />

para as insurtechs. Existem empresas<br />

que venderam bilhões de apólices, outras<br />

que completaram IPO´s de até US$ 1,5<br />

bilhões, e ainda aquelas que aproveitaram<br />

as vantagens do mundo digital. Elas<br />

propõem novos modelos de seguros com<br />

base em experiências de clientes que não<br />

eram atendidos em seguradoras tradicionais,<br />

mas que ainda não são lucrativos.<br />

“Quanto mais isso pode durar? Nas conversas<br />

com atores da indústria de seguros,<br />

observamos que estamos num ponto de<br />

virada, onde os resultados ainda não são<br />

percebidos”, aponta Mazzini.<br />

As seguradoras estão investindo em<br />

várias frentes, algumas visíveis para o<br />

cliente e outras, não, mas não sem importância.<br />

Mazzini avalia que no que é<br />

visível para o cliente, “vemos um grande<br />

interesse no uso de agentes virtuais suportados<br />

pelo uso da inteligência artificial<br />

e linguagem natural, a modernização de<br />

canais digitais, incluindo ferramentas<br />

que gerenciam canais de comunicação e<br />

um aprofundamento na análise de dados<br />

que tenha impacto na melhor experiência<br />

do cliente. Em áreas não visíveis para o<br />

cliente, as seguradoras continuam modernizando<br />

seus sistemas e centrais e<br />

❙❙Gustavo Zobaran, da camara-e.net


ferramentas para evitar fraudes, visando<br />

principalmente gerar eficiência e cuidar<br />

da linha de custos sem renunciar ao<br />

serviço”.<br />

Segundo levantamento da Câmara<br />

Brasileira de Comércio Eletrônico,<br />

existem cerca de 40 insurtechs cadastradas<br />

no mapa do ecossistema do<br />

segmento no Brasil. “Nossa tarefa é<br />

encaixá-las em categorias, de modo<br />

que possamos entender como elas<br />

trabalham”, explica Gustavo Zobaran,<br />

coordenador do Comitê de Insurtechs da<br />

camara-e.net. Agora, ela começa a<br />

realizar uma análise qualitativa destas<br />

empresas, para entender como elas<br />

operam, que tipo de tecnologia utilizam<br />

em seus serviços, que dores resolvem,<br />

quantos colaboradores têm e como atuam<br />

no mercado de seguros. O estudo<br />

também deve levantar se estas empresas<br />

apresentam serviços/produtos para o<br />

consumidor ou se são provedoras de<br />

serviços e tecnologia para seguradoras.<br />

Antes de colocar a mão no bolso,<br />

o investidor quer saber se o negócio<br />

realmente tem condições de evoluir,<br />

principalmente considerando-se que o<br />

setor de seguros no Brasil é altamente<br />

regulado.<br />

Assis, da Accenture, acrescenta que<br />

a maioria absoluta dos investimentos<br />

está concentrada em soluções de venda<br />

e distribuição de produtos de seguro, o<br />

que demonstra uma oportunidade para<br />

que as seguradoras possam transformar<br />

e evoluir suas plataformas para melhor<br />

atender seus canais de distribuição.<br />

“Tendências não faltam nessa linha,<br />

como o “gamification”, que ganha notoriedade<br />

por ajudar a melhorar o nível de<br />

informação dos produtos e a interatividade<br />

junto aos clientes”, completa.<br />

Quais são os riscos para 2018?<br />

Durante o Fórum Econômico Mundial,<br />

que aconteceu em Davos, na Suíça,<br />

foi divulgado o Relatório de Riscos Globais,<br />

a partir de entrevistas realizadas<br />

com executivos de empresas do mundo<br />

inteiro. Este relatório compartilha as<br />

perspectivas de especialistas globais e<br />

tomadores de decisão sobre os riscos<br />

mais significantes que o mundo enfrenta.<br />

O que ficou claro é que o grande desafio<br />

das sociedades modernas é acompanhar<br />

o ritmo acelerado das mudanças.<br />

17


iscos e coberturas<br />

John Drzik, da Marsh Global Risk<br />

❙❙and Digital<br />

Ele destaca inúmeras áreas em que<br />

se empurram sistemas à beira do abismo,<br />

desde taxas de perda de biodiversidade<br />

de nível de extinção até preocupações<br />

crescentes sobre a possibilidade de novas<br />

guerras.<br />

Os riscos cibernéticos ainda aparecem<br />

na liderança, pois eles podem<br />

afetar diversas cadeias econômicas.<br />

Logo depois vêm os riscos geopolíticos,<br />

as mudanças climáticas e a cooperação<br />

público privada.<br />

John Drzik, presidente da Marsh<br />

Global Risk and Digital, disse na apresentação<br />

que quando se pensa sobre a<br />

escala comparativa [de perdas], o cyber<br />

está acima da escala de catástrofes naturais,<br />

mas a infra-estrutura comparativa<br />

contra ele é muito menor em escala. “Eu<br />

penso sobre as agências governamentais,<br />

bem como as organizações de voluntários,<br />

que se concentram na resposta a<br />

desastres naturais, em comparação com<br />

as agências cibernéticas nacionais. Estas<br />

têm muito menos recursos. Elas têm alguma<br />

capacidade, mas não o suficiente<br />

para lidar com o risco significativamente<br />

crescente”, avaliou.<br />

A preocupação justifica-se pelo fato<br />

de que junto com a motivação, a capacidade<br />

de atacar também está aumentando.<br />

Drzik salientou que se preocupa com a<br />

proliferação de dispositivos interligados.<br />

“O uso de inteligência artificial e outras<br />

18<br />

tecnologias emergentes também está levando<br />

a uma maior exposição cibernética<br />

para as empresas”.<br />

“Gostamos de olhar para depois de<br />

amanhã”, ratifica Renato Rodrigues, CEO<br />

da XL Catlin no Brasil. Ele destaca que a<br />

empresa realiza estudos constantes para<br />

saber de onde vêm os novos riscos. Como<br />

uma forte tendência para os próximos<br />

anos, já a partir de 2018, são os riscos<br />

ligados às moedas criptográficas e o<br />

blockchain, pois estas questões podem<br />

impactar o mercado de seguros à medida<br />

que os contratos passam a ser diretos<br />

entre as seguradoras. O blockchain permite<br />

o pagamento direto, atravessando<br />

as fronteiras geográficas, com impacto<br />

na taxação e na velocidade. “Estes contratos<br />

são regulados de forma colegiada”,<br />

explica Rodrigues.<br />

Da mesma forma, o Bitcoin (ou<br />

qualquer outra ciber-moeda similar)<br />

ainda não está devidamente regulado,<br />

mas todos estudam a melhor forma de<br />

cobrir este risco. “É preciso criar uma<br />

solução para cobrir os contratos de blockchain<br />

sem intermediação de agentes<br />

financeiros. São operações incipientes,<br />

mas que já começam a ser utilizadas por<br />

multinacionais”, explica Rodrigues. Ele<br />

acrescenta que se estuda a possibilidade<br />

de dar cobertura ao risco sistêmico, que<br />

mistura ciber com risco financeiro puro.<br />

A questão da internet das coisas<br />

também preocupa, principalmente a definição<br />

de, em caso de dano, de quem é a<br />

responsabilidade, ou seja, de qual parte<br />

da cadeia. O Relatório de Riscos Globais<br />

2018 aponta que havia 8,4 bilhões de<br />

dispositivos conectados à web, para uma<br />

população de 7,6 bilhões de pessoas. A<br />

projeção é de que eles atinjam a marca<br />

de 20,4 bilhões até 2020. A pergunta é:<br />

“até que ponto o tipo de transação feita<br />

automaticamente pode acarretar em<br />

algum tipo de responsabilidade, caso<br />

haja um defeito, um erro ou um ataque<br />

cibernético?”<br />

O CEO da XL Catlin explica que<br />

ainda existem os riscos que não estão<br />

previstos nas apólices. Como exemplo,<br />

ele cita a crise hídrica no Estado de São<br />

Paulo em 2016, que levou algumas empresas<br />

até a suspenderem as operações,<br />

gerando perda de produtividade. “Estu-<br />

Renato Rodrigues,<br />

❙❙da XL Catlin<br />

damos uma cobertura de lucros cessantes<br />

para empresas que sejam obrigadas a<br />

dispensar seus funcionários por falta de<br />

água em suas dependências. Começamos<br />

a colocar uma cláusula de crise hídrica<br />

que pudesse obstruir os negócios. Ela é<br />

decorrente de causa externa, mas passa a<br />

ser incorporada como um risco”.<br />

Outro exemplo de risco que ainda<br />

não está previsto nas apólices, mas que<br />

já tem um grupo de trabalho voltado<br />

para ele, é a questão dos opiáceos nos<br />

Estados Unidos e Canadá. São drogas<br />

viciantes vendidas como analgésicos,<br />

com receita médica, como a oxicodona,<br />

codeína e morfina. Elas passaram a ocupar<br />

o lugar de outras drogas entre jovens e<br />

adolescentes e provocam um crescimento<br />

exponencial de mortes e de overdoses.<br />

Nos últimos meses alguns estados<br />

e municípios americanos processaram<br />

grandes empresas farmacêuticas, distribuidores<br />

e médicos devido às supostas<br />

contribuições para a disseminação da<br />

epidemia. Estes casos podem provocar<br />

mudanças nos processos contenciosos em<br />

que a indenização (neste caso) é exigida,<br />

não só por indivíduos (alegando lesões<br />

corporais específicas), mas também pelos<br />

governos estaduais e locais, que alegam<br />

danos ao público (isto é, “contencioso<br />

relativo a incômodos à população”).<br />

Resta-nos esperar para ver que decisões<br />

os tribunais tomarão.


19


especial serviços | relacionamento<br />

Trabalho alinhado<br />

Os prestadores de serviços são a imagem<br />

e a extensão das seguradoras. O que, de<br />

fato, o mercado espera desses profissionais?<br />

Entidades e companhias do setor<br />

respondem<br />

Lívia Sousa<br />

20


❙❙Mauro César Batista, do Sindseg SP<br />

❙❙Augusto Matos, do Sindseg MG/GO/MT/DF<br />

As empresas remam para o<br />

caminho do crescimento ao<br />

mesmo tempo em que vivem<br />

a era do aprofundamento<br />

tecnológico e das exigências dos consumidores,<br />

que buscam imediatismo e<br />

nenhum tipo de conflito. Provocadas<br />

pela necessidade de melhoria em seus<br />

processos, elas terão um desafio ainda<br />

maior este ano. Isso porque a economia<br />

dá sinais de que manterá os níveis de crescimento<br />

na maioria dos setores, acirrando<br />

a competitividade entre as companhias.<br />

Todas, obrigatoriamente, deverão primar<br />

pela excelência em seus serviços.<br />

Recorrer aos prestadores é uma maneira<br />

de se preparar para essa travessia.<br />

No mundo globalizado, as organizações<br />

têm dispensado grandes esforços no aprimoramento<br />

da atividade fim, terceirizando<br />

ações complementares às suas rotinas.<br />

Prestadores com qualificação apurada<br />

são muito bem vindos. “O que se espera,<br />

acima de tudo, é que sejam competitivos<br />

e busquem excelência e eficácia naquilo<br />

que se propõem”, lembra o presidente do<br />

Sindicato das Seguradoras, Previdência<br />

e Capitalização do Estado de São Paulo<br />

(Sindseg SP), Mauro César Batista.<br />

No setor de seguros não é diferente.<br />

O dinamismo das relações de consumo<br />

e a digitalização das vendas no e-commerce<br />

não permitem descanso em relação<br />

às melhorias de processo, agilidade e<br />

entrega. “Esses pontos merecem atenção<br />

e ainda sofrerão muitas alterações ao<br />

longo de 2018, principalmente no que diz<br />

respeito ao e-commerce. O brasileiro está<br />

se conscientizando da necessidade do seguro,<br />

de proteger-se e mitigar riscos; mas,<br />

ao mesmo tempo, quer sempre agilidade<br />

e uma relação sem atritos”, enfatiza Augusto<br />

Matos, presidente do Sindseg MG/<br />

GO/MT/DF.<br />

Há muitos prestadores espalhados<br />

pelo país, mas será que o mercado segurador<br />

está realmente satisfeito com o<br />

serviço prestado? A <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong> conversou<br />

com representantes de entidades<br />

e das seguradoras para saber o que eles<br />

esperam de seus prestadores, no que esses<br />

profissionais avançaram e o que ainda<br />

precisam aperfeiçoar.<br />

Regulação de sinistro<br />

A regulação do sinistro é a hora da<br />

verdade de qualquer seguradora. É o momento<br />

em que se trabalha para atender a<br />

expectativa do segurado, que ao pagar o<br />

prêmio transferiu o risco com confiança<br />

para a companhia. Nesta área, o maior<br />

desafio está na estruturação do processo<br />

digital, seja no desenvolvimento do aplicativo,<br />

na aplicação ou usabilidade junto<br />

aos segurados, para encontrar a ferramenta<br />

ideal para o público certo, sem abrir<br />

mão do atendimento humanizado com o<br />

qual o cliente está acostumado.<br />

“Procuramos prestadores que superem<br />

a experiência e a expectativa dos<br />

nossos segurados. Eles são a imagem e<br />

extensão da companhia e devem ter o<br />

mesmo comportamento e proporcionar a<br />

mesma experiência que os clientes esperam<br />

de nós”, pontua Roberto Hernández<br />

Martínez, Chief Claims Officer da Zurich.<br />

A seguradora conta com uma rede<br />

de prestadores composta por empresas<br />

21


elacionamento<br />

escolhidas após um processo de seleção<br />

e concorrência. “Realizamos um trabalho<br />

conjunto para assegurar que elas mantenham<br />

o nível de serviço e atendimento<br />

aos clientes”, assegura.<br />

Já a Porto Seguro realiza a maioria<br />

das suas regulações de sinistros através<br />

dos próprios funcionários. Para as vistorias<br />

feitas por prestadores de serviços,<br />

busca parceiros que atuem dentro dos padrões<br />

de qualidade da empresa. O diretor<br />

de Sinistros Auto, Ramos Elementares,<br />

Transportes e Fiança, Lauriberto Tavares,<br />

declara que é preciso mais agilidade sem<br />

perder a qualidade do serviço. Para o<br />

futuro, ele acredita na regulação digital<br />

tanto para o seguro de automóvel como<br />

para outros ramos. “A evolução dos aplicativos<br />

remotos irão proporcionar cada<br />

vez mais agilidade e comodidade aos<br />

segurados”, prevê.<br />

Tanto a Porto quanto a Zurich se<br />

movimentam para otimizar o processo de<br />

regulação de sinistros, que toma tempo,<br />

e por vezes, também é burocrático. Recentemente,<br />

a primeira companhia lançou<br />

para sinistros de automóveis e residências<br />

uma solução que envia ao segurado,<br />

através de SMS, um link para download<br />

do aplicativo em seu smartphone. A<br />

ferramenta acessa a câmera do aparelho<br />

e permite que o próprio cliente capture<br />

imagens do veículo, a partir de instruções<br />

dadas por um inspetor da seguradora por<br />

meio de viva voz ou chat. O orçamento<br />

para o reparo do carro também é feito<br />

no ato da vistoria. Além disso, já está em<br />

piloto a regulação através do guincheiro,<br />

também com aplicativo digital.<br />

❙❙Lauriberto Tavares, da Porto Seguro<br />

22<br />

❙❙Roberto Hernández Martínez, da Zurich<br />

A seguradora suíça, por sua vez, se<br />

vale de três recursos para melhorar o resultado<br />

operacional na regulação de sinistros:<br />

otimização de operações por meio<br />

de digitalização e automação, utilização<br />

da informação de sinistros com o objetivo<br />

de melhorar a experiência do cliente e ser<br />

mais eficiente, e regulação dos sinistros<br />

por meio da excelência técnica. A companhia<br />

acredita que a digitalização e a<br />

automação vão revolucionar a maneira<br />

de interagir com segurados, corretores e<br />

parceiros, e já trabalha para antecipar isso<br />

ao mercado na área de sinistros.<br />

“Tradicionalmente, os sinistros são<br />

conhecidos por serem uma área de back<br />

office. Mas temos consciência de sua<br />

importância estratégica e de como ela<br />

pode contribuir com outros segmentos<br />

da companhia. Pode ser uma alavanca<br />

para a equipe de vendas com uma clara<br />

e transparente proposição de valor até a<br />

utilização das métricas de sinistros para<br />

atingir os objetivos e planos de negócio”,<br />

diz. “Sabemos que não é uma jornada<br />

simples, mas temos esse compromisso.”<br />

Agilidade na emissão da<br />

apólice<br />

Este é um ponto de grande mensuração<br />

pelos corretores e segurados na<br />

avaliação de uma seguradora diante da<br />

tendência imediatista do consumidor. As<br />

companhias devem investir cada vez mais<br />

nessa “entrega”, cientes que a rapidez é<br />

muito valorizada na venda.<br />

“O segurado compra uma ‘promessa’<br />

de pagamento em face de um sinistro,<br />

onde vai ‘enxergar’ e materializar a compra<br />

em três pontos principais – emissão<br />

do documento por parte da seguradora,<br />

atendimento de uma assistência 24 horas<br />

e atendimento de sinistro, sendo o primeiro<br />

a emissão da apólice e a agilidade<br />

com que ela ocorrerá”, enfatiza Augusto<br />

Matos, do Sindseg MG/GO/MT/DF.<br />

Atenta ao papel que a tecnologia<br />

desempenha no dia a dia das pessoas, a<br />

AIG oferece aos corretores a funcionalidade<br />

de emissão online das apólices,<br />

diretamente do Portal do Corretor, com<br />

o intuito de que o profissional ganhe mais<br />

autonomia em relação ao atendimento e<br />

responda a seus clientes com mais rapidez<br />

e eficiência. Nessa tarefa, conta com<br />

parceiros que visam construir um relacionamento<br />

de longo prazo e invistam em<br />

pessoas e processos de forma contínua.<br />

“Um desafio comum a vários segmentos<br />

é a importância da capacitação<br />

da mão de obra e do engajamento. É um<br />

esforço conjunto da AIG e de nossos<br />

parceiros para manter os profissionais<br />

empenhados e engajados, prontos para<br />

um atendimento de excelência e que possam,<br />

inclusive, acrescentar com ideias e<br />

melhorias”, declara o COO, Luis Ricardo<br />

Almeida.<br />

Além da qualidade, agilidade e<br />

comprometimento dos prestadores, as<br />

seguradoras também valorizam sistemas<br />

mais integrados que simplifiquem a utilização<br />

do cliente final em todos os seus<br />

serviços e a flexibilidade de adaptação<br />

ao modelo de negócio. É por essa razão<br />

que os colaboradores da Axa contam com<br />

autonomia para tratar o assunto diretamente<br />

com corretores e parceiros. “Eles<br />

❙❙Luis Ricardo Almeida, da AIG


❙❙Bruno Salmon, da AXA<br />

têm expertise em ramos específicos, mas<br />

conhecem todos os processos de emissão<br />

da seguradora”, revela Bruno Salmon,<br />

secretário geral e diretor de Operações.<br />

Dessa maneira, é possível promover<br />

maior dinamismo no processo: quando<br />

há maior demanda por determinada linha<br />

de negócio, os emissores são remanejados<br />

para manter o nível de serviço.<br />

Mas será que toda essa autonomia<br />

realmente funciona? O executivo garante<br />

que sim. Em 2017, por exemplo, foi desenvolvido<br />

um projeto específico para a<br />

área de emissões, com foco em métricas,<br />

qualidade e alta performance, permitindo<br />

que a emissão fosse realizada em menor<br />

tempo. “Em dezembro, 95% das apólices<br />

foram emitidas em menos de dez dias”,<br />

afirma Salmon. Do ponto de vista interno,<br />

houve aumento da produtividade, com<br />

emissões eficientes e equipes comerciais<br />

focadas em relacionamento e negócios.<br />

❙❙Masaaki Itakura, da Tokio Marine<br />

Pagamento de comissão<br />

Aqui, a questão é como alinhar o<br />

pagamento para o corretor com margens<br />

para cada forma de distribuição (digital,<br />

consultiva ou relacional), buscando remunerar<br />

adequadamente o profissional<br />

para o desempenho de suas funções. E,<br />

mais uma vez, agilidade e qualidade da<br />

operação aparecem como os principais<br />

desafios.<br />

“O objetivo é creditar a comissão<br />

o mais rápido possível e sem erros para<br />

obtermos a satisfação dos nossos corretores<br />

e assessorias, ao mesmo tempo em<br />

que mantemos a precisão na operação,<br />

evitando falhas e atrasos”, pontua o<br />

diretor-executivo de Estratégia Corporativa<br />

da Tokio Marine, Masaaki Itakura.<br />

Para a companhia, que trabalha com um<br />

extrato de comissão digital, outra preocupação<br />

é manter sempre atualizados<br />

os dados bancários dos corretores. De<br />

forma proativa, é feita uma checagem<br />

para verificar se todos os pagamentos<br />

foram confirmados. Em caso de qualquer<br />

inconsistência, a seguradora entra<br />

em contato o mais rápido possível para<br />

resolver o problema.<br />

Os dados dos extratos financeiros<br />

são enviados por um link, que direciona<br />

para o acesso direto ao Portal, garantindo<br />

a segurança das informações. Apenas<br />

usuários específicos, definidos pelas<br />

próprias corretoras, têm acesso a essas<br />

informações.<br />

Política de subscrição<br />

É preciso adequar as normas e as políticas<br />

do mercado à realidade brasileira<br />

do risco, um desafio e tanto pelas diferenças<br />

regionais de risco ou mesmo de<br />

23


elacionamento<br />

Critérios de avaliação<br />

Em 2016, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg),<br />

por meio de sua Comissão de Sustentabilidade e Inovação, realizou<br />

uma pesquisa entre as empresas associadas – que representam<br />

cerca de 80% do market-share do mercado segurador – para saber<br />

o nível de preocupação com as questões ambiental, social e de<br />

governança que elas têm na hora da contratação de fornecedores.<br />

No levantamento, 63% das seguradoras afirmaram que as<br />

boas práticas sociais e trabalhistas adotadas pelos prestadores<br />

de serviços são os maiores critérios que avaliam em seus fornecedores<br />

de serviços. Ainda aparecem nessa lista os riscos sociais<br />

e trabalhistas (53%), as práticas de respeito aos Direitos Humanos<br />

(também com 53%) e as boas práticas ambientais (40%). “Há anos,<br />

sequer contávamos que elas dessem importância para as práticas<br />

ambientais de um prestador”, lembra o presidente da Confederação,<br />

Marcio Coriolano.<br />

Segundo o documento, 37% das seguradoras entrevistadas<br />

analisam os históricos de casos de trabalho infantil, 33% consideram<br />

os riscos ambientais e outros 33% avaliam o histórico de casos de<br />

trabalhos análogos à escravidão. Apenas 30% das empresas não<br />

consideram os aspectos ambiental, social e de governança. “O<br />

que as seguradoras buscam para si, também buscam em seus<br />

fornecedores. O preço pode até ser mais caro, mas o prestador<br />

tem que obedecer a todas essas práticas”, ressalta.<br />

Para ele, o grande desafio e a grande necessidade é ter bons<br />

critérios para se contratar esse tipo de serviço. “É fundamental que<br />

o prestador tenha boa estrutura e esteja com os processos formalizados.<br />

Ao contratá-los, as seguradoras ajudam a levar essas boas<br />

práticas para um ambiente muito maior. E, embora a solução para<br />

um determinado tipo de serviço seja a terceirização, a seguradora<br />

precisa estar atenta que, na verdade, o cliente enxerga o prestador<br />

como a sua marca.”<br />

atividades. Essa<br />

adequação está<br />

cada vez mais<br />

minuciosa, onde<br />

as seguradoras<br />

aprovam com a<br />

Superintendência<br />

de Seguros<br />

Privados (Susep)<br />

produtos mais<br />

elaborados para<br />

cada segurado<br />

– como, por<br />

exemplo, os seguros<br />

empresariais<br />

(petshops,<br />

academias de<br />

ginástica, hotéis<br />

e clínicas), que<br />

❙❙Salvatore Lombardi Jr, da Argo<br />

possuem coberturas específicas e variação de taxa em<br />

relação ao CEP de risco, considerando a diferença de<br />

risco regional.<br />

Na Argo Seguros, os critérios de precificação são<br />

elaborados com base na experiência do mercado e da<br />

própria companhia para cada segmento em que atua.<br />

Esses critérios são monitorados pelos atuários em<br />

conjunto com o Head da Linha, com a participação<br />

dos subscritores. A aprovação final é dada pelo Chief<br />

Underwriter Office local e Global do Grupo baseado<br />

em Londres. Salvatore Lombardi Jr, diretor de Transportes<br />

e de Relacionamento com o Mercado, garante<br />

que esta não é uma tarefa simples.<br />

“Subscrever num mercado com ausência do estado<br />

e leis que não funcionam, especialmente quanto<br />

à receptação de mercadorias, é muito complicado”,<br />

diz o executivo.<br />

Propostas apresentadas no Senado visam dar mais<br />

rigor aos crimes de receptação. Hoje, a pena para quem<br />

conscientemente compra, recebe ou transporta mercadorias<br />

roubadas vai de um a quatro anos de prisão. Se<br />

a receptação se der com fim comercial ou industrial, é<br />

classificada como qualificada e a reclusão pode chegar<br />

a oito anos. Um dos projetos prevê que a pena para a<br />

receptação seja de dois a seis anos e, para a receptação<br />

qualificada, de cinco a dez. “Esperamos alterações nas<br />

leis no que tange à receptação de mercadorias. Mais<br />

atuação do estado no combate aos roubos e, no nosso<br />

caso, manteremos a nossa disciplina de subscrição”,<br />

afirma Salvatore.<br />

A empresa, que acompanha e monitora os prestadores<br />

de serviços constantemente, acredita que eles<br />

precisam aperfeiçoar a qualidade da informação e a<br />

agilidade nas respostas, visto que informações rápidas<br />

e precisas podem melhorar sensivelmente a subscrição<br />

dos riscos.<br />

24


evento | campanha<br />

Premiação ampliada<br />

Operadora revela os<br />

resultados positivos do<br />

último ano e anuncia<br />

sua nova campanha de<br />

incentivo<br />

A<br />

Ameplan lançou sua nova<br />

campanha de incentivo para<br />

2018 ampliando os premiados<br />

e estabelecendo novas metas<br />

para a operadora. Esse ano, a companhia<br />

levará seus contemplados a Arraial<br />

D’Ajuda, na Bahia.<br />

Durante o evento de lançamento,<br />

realizado em São Paulo, os parceiros<br />

puderam conhecer os detalhes e ouvir o<br />

agradecimento de Laureci Zeviani, diretor<br />

comercial, que ressaltou a importância<br />

dos corretores para o crescimento que a<br />

Ameplan atingiu nos últimos anos. Em<br />

2017, mesmo sendo um ano adverso, a<br />

operadora anunciou um avanço financeiro<br />

de 25% e crescimento de 10% no<br />

número de beneficiários, dando fôlego<br />

para desenhar as<br />

metas do ano que<br />

se inicia.<br />

Perspectivas<br />

O otimismo<br />

continua imper<br />

a n d o d e n t r o<br />

da companhia.<br />

Marcelo Belber,<br />

gerente comercial,<br />

diz que sua<br />

área precisa ser<br />

sempre otimista,<br />

embora exista a<br />

consciência de<br />

que 2018 pode<br />

ser ainda mais<br />

desafiador do<br />

que 2017. “As<br />

metas são muito<br />

mais altas do<br />

que foram no ano<br />

passado, o que é<br />

normal; ninguém dá uma meta que você<br />

não acredite que será atingida. Com o que<br />

a Ameplan colocou para o departamento<br />

comercial, nós vamos analisar o mercado,<br />

investir mais, ter mais parcerias e atingir<br />

essas metas, elas são muito maiores,<br />

mas não são inatingíveis”, acredita o<br />

executivo.<br />

O leque está aberto. Não há um<br />

segmento que vá receber mais atenção;<br />

Pessoa Física, Jurídica, PME e adesões,<br />

todos deverão ser contemplados com investimentos<br />

e muito trabalho da Ameplan<br />

e de suas parceiras: Affix, Dentalpar, Hebron,<br />

Corpore e Divicom. Porém, há uma<br />

novidade que deverá agitar a carteira PJ: o<br />

representante que tiver o melhor resultado<br />

com negociação de Contrato Corporativo<br />

(PJ) terá o seu merecido reconhecimento<br />

na campanha. Com o evento, que contou<br />

com mais investimentos do que o realizado<br />

no último ano, a operadora quer<br />

mostrar justamente que acredita em seu<br />

potencial de expansão.<br />

A nova campanha<br />

Para motivar os parceiros, a Bahia<br />

é a aposta deste ano. Ao todo serão 35<br />

viagens oferecidas: 15 serão para os<br />

parceiros – 3 de cada empresa – e as<br />

outras 20 serão por conta da operadora.<br />

Os dois primeiros colocados de cada<br />

administradora; os dois primeiros da<br />

Dentalpar que venderem os produtos<br />

Ameplan; os três primeiros colocados<br />

da própria operadora em PME, os dois<br />

primeiros em PF e também o corretor<br />

pendência zero – aquele que for mais<br />

ágil e não deixar problemas com documentação<br />

ou qualquer outro fator para<br />

trás na hora de fechar o seguro – serão<br />

contemplados.<br />

As plataformas de vendas participam<br />

e o dono da campeã irá à viagem e poderá<br />

levar um funcionário. Os repasses<br />

também foram incluídos após demandas:<br />

o empresário responsável por esses<br />

repasses e também um administrativo,<br />

o supervisor e o gerente estarão em Arraial<br />

D’ajuda. Além, claro, da equipe da<br />

operadora que, conforme lembra Belber,<br />

adotou o slogan para suas campanhas:<br />

“Viajar é bom, mas viajar com a Ameplan<br />

é melhor”.<br />

25


saúde suplementar | tendências<br />

Preparo para<br />

a reinvenção<br />

Mercado de saúde suplementar<br />

tenta se equilibrar entre<br />

demandas dos clientes, alto custo<br />

de operação e a necessidade<br />

de abrir as portas às novas<br />

tecnologias<br />

Amanda Cruz<br />

26


As mudanças no Rol da Agência<br />

Nacional de Saúde Suplementar<br />

– que determina as coberturas<br />

mínimas que todos os<br />

beneficiários têm direito e é reformulada<br />

a cada dois anos -, estão cada vez mais<br />

robustas, visando atender as necessidades<br />

e demandas dos beneficiários da saúde<br />

suplementar. Foram incluídos neste ano,<br />

além da inédita cobertura para esclerose<br />

múltipla, outros exames, terapias e cirurgias,<br />

totalizando 18 procedimentos.<br />

Para José Anselmo Neto, diretor da<br />

Vichiwork – consultoria em benefícios<br />

e treinamentos empresariais, essas iniciativas<br />

parecem ser benéficas para os<br />

pacientes, mesmo que na outra ponta<br />

exista a preocupação com o impacto<br />

que essa decisão causará. “Certamente,<br />

o maior impacto virá dos tratamentos<br />

orais para câncer. Ao todo, são oito<br />

novos aprovados, o que representou um<br />

grande avanço no tratamento de muitos<br />

pacientes”, reforça.<br />

Solange Beatriz Palheiro Mendes,<br />

presidente da Fenasaúde, afirma que a revisão<br />

é desejada pelos consumidores, mas<br />

as incorporações, geralmente, têm custos<br />

que podem ser muito altos. “Portanto, há<br />

um problema de escolha: incorporar tudo<br />

de forma imediata, e aceitar os custos, ou<br />

considerar a capacidade de pagamento<br />

dos beneficiários e empresas que contratam<br />

planos de saúde”, pondera.<br />

Esse é um momento em que o setor<br />

precisa se reinventar, diminuir os custos,<br />

mudar antigas concepções de atendimento<br />

e parar de perder beneficiários.<br />

De acordo com dados divulgados pelo<br />

Instituto de Estudos da Saúde Suplementar<br />

(IESS), em novembro de 2017 houve<br />

uma queda de 1,1% no total de pessoas<br />

atendidas pelo sistema suplementar, o<br />

que pode não parecer uma baixa muito<br />

grande, mas é significativo se for levado<br />

em consideração que esse setor, que sempre<br />

foi extremamente promissor, ainda<br />

não atinge uma parcela tão grande da<br />

população, mesmo sendo um benefício<br />

tão desejado.<br />

A pergunta agora é: como seguir o<br />

órgão máximo, oferecer tudo o que é preciso,<br />

pensar em diferenciais de mercado<br />

e ainda lidar com os desafios que aparecem?<br />

Com quem a saúde suplementar<br />

27


tendências<br />

pode contar para enfrentar esse momento<br />

e voltar a crescer?<br />

É comum que a primeira crítica seja<br />

feita à autarquia no momento de atualização,<br />

pois vem da crença de operadoras e<br />

entidades de que o aumento do Rol possa<br />

ser um fator limitante para sua atuação.<br />

A autarquia se defende afirmando que a<br />

atualização é realizada apenas após extensa<br />

discussão no Comitê Permanente de<br />

Regulação da Atenção à Saúde (Cosaúde).<br />

A presidente da Fenasaúde não<br />

acompanha o coro de uma parte do setor,<br />

que minimiza as decisões da autarquia.<br />

Ela acredita que é preciso ver que as<br />

inclusões têm, sim, impacto financeiro<br />

importante e usa o estudo “Estimativa<br />

de Custo e Impacto de Tecnologias na<br />

Despesa Assistencial”, feito pela entidade,<br />

que analisou 16 das 26 novas tecnologias<br />

(medicamentos, terapias e exames)<br />

propostas para a incorporação, antes da<br />

definição da nova lista para 2018. A partir<br />

dos dados disponibilizados de custo e<br />

prevalência, o resultado mostrou que o<br />

custo adicional poderia ser de R$ 5,4 bilhões,<br />

o equivalente a aproximadamente<br />

4% do total das despesas assistenciais<br />

em 2016. Vale frisar que não se tratou de<br />

uma Análise de Custo-Efetividade ou de<br />

Análise de Impacto Orçamentário, que<br />

são análises mais complexas.<br />

Às críticas que são feitas, a ANS<br />

rebate reforçando a ideia de mutualismo.<br />

Segundo a entidade, essas são as<br />

diretrizes escolhidas porque a autarquia<br />

entende que é o melhor caminho para a<br />

saúde suplementar e seus beneficiários, de<br />

acordo não apenas com as questões inerentes<br />

às doenças cobertas, mas também<br />

com a aplicabilidade econômica dessas<br />

iniciativas. “Como se sabe, o sistema<br />

mutualista que caracteriza a relação de<br />

consumo nos planos de saúde se baseia<br />

no princípio de que todos os beneficiários<br />

partilham os custos e riscos em situação<br />

de igualdade. Ou seja, cada beneficiário<br />

utiliza o plano de forma distinta, de<br />

acordo com sua situação de saúde, mas<br />

os custos são divididos de maneira igualitária<br />

por todos”, explica a autarquia em<br />

comunicado à <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong>.<br />

Para Neto, da Vichiwork, as dificuldades<br />

de acesso por conta de custo acabam<br />

se tornando um pano de fundo. “Não<br />

28<br />

❙❙José Anselmo Neto, da Vichiwork<br />

podemos pensar que o fato de aumentar<br />

as coberturas, que estão associadas à<br />

maior qualidade de vida dos pacientes e<br />

até mesmo em vidas salvas, pode ser um<br />

entrave para o acesso aos novos beneficiários”,<br />

opina. Para ele, o desperdício e<br />

a fraude é que precisam ser eliminados<br />

para que os custos possam ser reduzidos,<br />

já que hoje essas práticas representam<br />

20% de toda a despesa médica.<br />

Fabio Abreu, fundador da Health<br />

Centrix Soluções em Saúde, também não<br />

vê o Rol como agente encarecedor dos<br />

planos, reforçando o fato de que há anos<br />

a ANS coloca novas obrigatoriedades no<br />

mercado e que nem por isso deixou de<br />

crescer. “A redução recente do tamanho<br />

do mercado é relacionado à crise econômica,<br />

da qual o País está ensaiando agora<br />

sua saída”, opina. Ele completa dizendo<br />

duvidar de quem alega que o mercado<br />

❙❙Solange Beatriz P. Mendes, da Fenasaúde<br />

cresceria mais se tivesse menos obrigações<br />

com o órgão regulador. “A única<br />

intervenção da ANS que afeta o crescimento<br />

do mercado não é relacionada<br />

com as obrigações das operadoras e sim<br />

à regulação de preços, principalmente<br />

para pessoas físicas”, pontua.<br />

Questão de custos<br />

Os mecanismos regulatórios, claro,<br />

fazem parte dessa luta, especialmente no<br />

que diz respeito às normas e regras que<br />

visam intensificar boas práticas. “Monitorar<br />

a saúde dos beneficiários de planos<br />

de saúde e desenvolver programas de<br />

promoção à saúde e prevenção de doenças<br />

são estratégias importantes para melhorar<br />

o cuidado e diminuir os gastos do setor”,<br />

ressalta a autarquia.<br />

Mesmo com todos os esforços, no<br />

final do dia as contas precisam fechar.<br />

Neto acredita que é preciso encarar<br />

esses fatos como uma contribuição para<br />

que haja melhor gestão desse benefício.<br />

“Nossa experiência mostra que, além de<br />

um acompanhamento muito próximo da<br />

utilização e atenção aos pontos-chave da<br />

saúde da população, avançar no entendimento<br />

dos efeitos entre saúde assistencial<br />

e saúde ocupacional reduz drasticamente<br />

a incidência de tratamentos de alto custo<br />

e melhora os resultados das empresas”,<br />

explica.<br />

Quando o assunto é o aumento da<br />

sinistralidade, seja pelo crescimento<br />

de utilização ou custos, as operadoras<br />

parecem não ter uma solução padrão de<br />

mercado para isso e é justamente nesse<br />

momento que as prestadoras de serviço<br />

podem ser cruciais para oferecer essas<br />

respostas ou, ao menos, poder pensar<br />

nelas em conjunto. Ter colaboradores<br />

que veem a operação de fora pode levar<br />

ao difícil passo que o mercado precisa<br />

tomar: mudar sua forma de operar, pensar<br />

em ser disruptivo, menos burocrático,<br />

trazendo para um diálogo mais próximo<br />

as redes credenciadas e se permitindo<br />

abrir mão de tanto conservadorismo que<br />

trava o setor. Os dados devem ser a peça<br />

fundamental para que isso se transforme<br />

em realidade. “A tecnologia será o grande<br />

motor de transformação e redução de<br />

custos. O incremento no custo de novas<br />

tecnologias para o cuidado da saúde -


medicamentos, equipamentos e novos<br />

OPMEs - não é significativo, pois elas<br />

são oferecidas para todos simultaneamente<br />

em função de nosso modelo regulado<br />

de absorção; por vezes, essas novas tecnologias<br />

trazem redução de custo quando<br />

analisadas pela ótica da farmaeconomia”,<br />

aposta Fabio Abreu.<br />

O mercado já começou a se mexer.<br />

Tatiana Farah, fundadora da Saúde Concierge,<br />

apresentou recentemente ao setor<br />

uma plataforma acompanhada de um<br />

aplicativo que monitorará os pacientes visando,<br />

principalmente, diminuir os custos<br />

e evitar desperdícios na saúde suplementar.<br />

“Queremos fazer a redução do custo por<br />

meio de uma análise qualificada de dados<br />

e também promovendo ações preventivas”,<br />

comenta. É a tecnologia, finalmente, estabelecendo<br />

de forma mais clara como pode<br />

ajudar o mercado a se reinventar.<br />

A sustentabilidade desse sistema<br />

tem pautado a preocupação de todos<br />

que atuam no setor e Solange Beatriz<br />

enfatiza duas principais razões para<br />

isso: a acelerada evolução dos custos da<br />

saúde e a solidariedade intergeracional,<br />

quando os mais jovens subsidiam os<br />

mais longevos – isso porque, há 15 anos,<br />

para cada beneficiário com 60 anos ou<br />

mais, existiam outros três com idades<br />

entre zero e 19 anos; hoje, essa relação<br />

caiu para dois. “Toda a cadeia produtiva<br />

sabe que é preciso mudar os modelos de<br />

acesso e de financiamento, mas falta um<br />

maior entendimento. É uma discussão<br />

urgente porque os custos estão ficando<br />

impagáveis. E se mais pessoas deixarem a<br />

Saúde Suplementar, os custos para os que<br />

ficarem serão ainda mais altos”, alerta.<br />

Tecnologia e obstáculos<br />

Os debates são importantes para que<br />

se saiba o que fazer no presente, mas a<br />

verdade é que o que precisa ser debatido<br />

na saúde suplementar brasileira é justamente<br />

o modelo seguido, comparando-o<br />

com outras possibilidades. É preciso<br />

buscar o que há de mais efetivo sendo<br />

feito nos mercados ao redor do mundo e<br />

transformar essas informações em soluções<br />

locais, que levarão o setor brasileiro<br />

a uma forma única e efetiva de atendimento.<br />

“Existe um longo debate sobre o<br />

nosso modelo de saúde suplementar e a<br />

❙❙Fabio Abreu, da HealthCentrix<br />

regulação do setor que envolve inúmeras<br />

variáveis e suas consequências. Esse ainda<br />

é um tema sobre o qual estamos compreendendo<br />

os principais obstáculos, para<br />

que possamos agir nos pontos corretos, de<br />

modo que a saúde suplementar seja mais<br />

acessível e com custos equilibrados.”,<br />

pondera Neto.<br />

Para alinhar custos com benefícios,<br />

prestadoras de serviços que têm a<br />

tecnologia como aliada propõem novas<br />

maneiras de aperfeiçoar as operações,<br />

modernizar o setor e criar condições<br />

mais favoráveis para medidas disruptivas.<br />

“O maior obstáculo para a saúde<br />

suplementar é o mind set dos players<br />

envolvidos. O setor é conservador na<br />

forma como lida com inovações e ainda<br />

está muito focado no modelo perde-<br />

-ganha, que tem caracterizado a relação<br />

entre seus players, levando a modelos<br />

❙❙Tatiana Farah, da Saúde Concierge<br />

altamente complexos, como operadoras<br />

verticalizadas e com atuação geográfica<br />

ampla”, coloca Abreu. Para ele, a regulamentação<br />

da ANS tem que ser vista como<br />

parte do negócio e, como tal, tem que ser<br />

gerenciada pelos players, assim como a<br />

judicialização.<br />

Segundo o Conselho Nacional de<br />

Justiça (CNJ), somente em 2016, foram<br />

103.896 processos na Saúde Suplementar.<br />

O gasto aproximado com demandas<br />

judiciais ligadas à saúde pública e privada<br />

foi de R$ 8,2 bilhões em 2015. Entre<br />

os itens mais demandados, na Justiça,<br />

estão coberturas não previstas em lei<br />

(geralmente de contratos antigos), rede<br />

de atendimento (quando o médico não<br />

atende por determinado plano, e mesmo<br />

assim o beneficiário quer ser atendido<br />

por ele), carência (uso do plano antes do<br />

prazo mínimo), procedimentos que não<br />

são oferecidos pelo plano e reajuste de<br />

mensalidades. “Esta [a judicialização]<br />

não deveria existir na intensidade que<br />

temos, mas os componentes culturais e<br />

a linha jurídica brasileira estão aí como<br />

parte do cenário estratégico com o qual<br />

o gestor tem de lidar”, considera Abreu.<br />

É verdade que se fala hoje da tecnologia<br />

como se ela fosse um colete salva-<br />

-vidas para a saúde do setor e, de fato, ela<br />

deverá ser. Controles de gestão podem<br />

ser muito mais facilmente acionados<br />

por meio dela, como consultas online,<br />

a distância, para casos simples podem<br />

fazer a diferença no tempo do médico e<br />

do paciente, especialmente em um País<br />

continental como o Brasil, onde há também<br />

grande concentração de médicos em<br />

algumas áreas em detrimento a outras,<br />

mas a prática ainda não é autorizada pelo<br />

CFM (Conselho Federal de Medicina)<br />

Brasil. Mas Fábio Abreu está otimista<br />

na mudança realizada com a HealthCentrix<br />

iniciando agora seus serviços. “As<br />

tecnologias para tratar os dados hoje<br />

disponíveis no sistema de saúde privado<br />

poderiam melhorar em muito a gestão do<br />

sistema e trazer redução significativa dos<br />

custos com maior qualidade. Tenho visto<br />

soluções incríveis utilizando machine<br />

learning e inteligência artificial que terão<br />

impacto enorme na forma como operadoras<br />

autorizam procedimentos, fazem<br />

glosas nos sistemas de contas médicas,<br />

29


tendências<br />

avaliam seus prestadores e fazem gestão<br />

de saúde populacional de suas carteiras.<br />

Em cinco anos, o modelo será muito<br />

diferente do que temos agora”, promete.<br />

Tatiana também destaca que a possibilidade<br />

de monitoramento com participação<br />

efetiva do usuário – já que na<br />

plataforma ele mesmo sobe alguns dados<br />

que alimentam seu histórico – em tempo<br />

real permitirá dar uma visão clara e oferecer<br />

um trabalho customizado ao cliente,<br />

o que ela chama de um “RG Clínico” ,<br />

portátil e que permite que o beneficiário<br />

seja atendido em qualquer lugar e por<br />

qualquer médico, sendo possível apresentar<br />

seu histórico em tempo real.<br />

Mitigar os custos com mais investimentos<br />

em tecnologia? Por um lado, o<br />

ritmo acelerado de desenvolvimento de<br />

novas tecnologias representa, ao mesmo<br />

tempo, a tendência e o maior desafio para<br />

a Saúde Suplementar nos próximos anos.<br />

Esse é um caminho sem volta na área da<br />

saúde e muito bem-vindo. Entretanto, a<br />

indústria impõe um ritmo avançado de<br />

incorporação de tecnologias, o que cria<br />

desafios econômicos para o setor de saúde.<br />

“Um dos principais é equilibrar os custos<br />

assistenciais, historicamente, mais elevados<br />

– potencializados pela adoção de novas<br />

tecnologias, procedimentos – do que<br />

as receitas das empresas. Em dez anos, o<br />

resultado operacional do setor fechou em<br />

vermelho em seis, sendo o último analisado<br />

o de 2016”, lamenta Solange Beatriz.<br />

Neto acredita que é preciso encarar<br />

o risco inicial para que o futuro possa<br />

ser mais promissor para o setor. “Como<br />

em toda área, a tecnologia nasce cara e<br />

vai se tornando barata com o passar do<br />

tempo, enquanto aprimora outros pontos<br />

coligados a ela. Ao final do processo, ela<br />

torna mais acessíveis procedimentos que<br />

antes eram caros”, explica.<br />

Como presidente da Fenasaúde,<br />

Solange se mostra entusiasta das novas<br />

tecnologias, mas de maneira mais analítica,<br />

defendendo que a incorporação<br />

de novos procedimentos e tecnologias<br />

devam considerar fatores como a relação<br />

custo/eficácia clínica comprovada, além<br />

da realização de estudos preliminares de<br />

impacto, como é feito no setor público.<br />

Abreu conta que o caminho é trabalhar<br />

fortemente a questão dos dados,<br />

30<br />

analisando-os para alimentar a inteligência<br />

artificial cognitiva; aprendendo,<br />

a máquina será capaz de criar novas<br />

regras, analisar histórico do paciente em<br />

tempo real e saber como ele deverá ser<br />

encaminhado. “Esse é um exemplo de<br />

impactos que já acontecem lá fora e vêm<br />

para o Brasil em pouco tempo”.<br />

Sobre o sigilo dos dados, questão<br />

latente no mercado que se preocupa cada<br />

vez mais com segurança digital, Abreu<br />

acredita que a tecnologia pode ser usada<br />

tanto para o bem quanto para o mal e as<br />

empresas que quiserem se estabelecer<br />

farão de tudo para acertar.<br />

A crescente intimidade da população<br />

com a tecnologia afasta cada vez mais a<br />

desconfiança com as novidades digitais.<br />

De acordo com a Federação Brasileira<br />

“Monitorar a saúde dos<br />

beneficiários de planos<br />

de saúde e desenvolver<br />

programas de promoção<br />

à saúde e prevenção de<br />

doenças são estratégias<br />

importantes para<br />

melhorar o cuidado e<br />

diminuir os gastos do<br />

setor”<br />

dos Bancos (Febrabran), em 2014 apenas<br />

10% das pessoas que têm conta em bancos<br />

faziam suas transações via móbile,<br />

por medo de ter seus dados bancários<br />

e até mesmo seu dinheiro roubado. Em<br />

2016, esse número já era de 34% - levando<br />

a modalidade ao topo entre os meios utilizados<br />

para transações bancárias. Não é à<br />

toa que o setor financeiro está já bastante<br />

avançado, com suas fintechs trabalhando<br />

para aumentar ainda mais essa confiança<br />

– e o mercado de seguros, por sua vez,<br />

oferta ao público suas insurtechs, que<br />

seguem a mesma linha de pensamento.<br />

A empresa garante que conta ainda com<br />

outros protocolos para que os dados não<br />

caiam na mão de ninguém: acessos têm<br />

tempo limitado, chaves criptografadas,<br />

entre outros. Se um paciente estiver em<br />

outra cidade ou país, com seu celular<br />

é possível disponibilizar uma chave de<br />

validade de 10 minutos para que o médico<br />

que o atende naquele instante tenha<br />

conhecimento de seu histórico clinico.<br />

Expectativas<br />

A esperança na retomada de crescimento<br />

de beneficiários está diretamente<br />

ligada ao otimismo de que 2018 será melhor,<br />

com diminuição do desemprego e,<br />

consequentemente, mais pessoas cobertas<br />

por planos de saúde. Será preciso esperar<br />

para ver se isso, de fato de concretizará e<br />

as prestadoras de serviço de saúde serão<br />

a base para que o mercado volte a operar<br />

com mais agilidade, otimizado e podendo<br />

atender da maneira diferenciada que deveria<br />

ser o padrão da saúde suplementar.<br />

Portanto, não haverá empecilhos que<br />

parem esse setor. Judicialização, custos,<br />

aumento de Rol, tecnologia, todas essas<br />

questões são parte do esqueleto de um<br />

sistema complexo, caberá às pessoas<br />

estarem alinhadas a ele. “É como perguntar<br />

se a Uber terá seu crescimento<br />

diminuído por conta da regulamentação<br />

ou da pressão dos taxistas. Isso realmente<br />

importa? Não. Eles sabem que é parte do<br />

negócio deles lidar com isso e sabem que<br />

esses pontos fazem parte da equação de<br />

crescimento de seu negócio. Essa deve<br />

ser a postura dos gestores dos planos de<br />

saúde - é parte do seu dia-a-dia: reuniões<br />

na ANS, acordos com o Governo etc.<br />

Essa postura pragmática é o perfil que<br />

vejo nos principais players do setor”,<br />

compara Abreu.<br />

Como em qualquer relação comercial,<br />

as parceiras entre operadoras e prestadores<br />

de serviço existem e estão sempre<br />

sendo aperfeiçoadas em busca dos melhores<br />

resultados para todos: beneficiários<br />

de planos, operadoras e profissionais de<br />

saúde. “Um exemplo disso é a busca pelo<br />

aprimoramento do modelo de atenção à<br />

saúde, com ênfase aos cuidados primários,<br />

e novas formas de remuneração dos<br />

hospitais”, conta Solange.<br />

Tatiana comemora que os esforços<br />

já começaram a dar frutos. Ela diz que<br />

a Saúde Concierge já consegue perceber<br />

que a redução de custos com ferramentas<br />

de gerenciamento é uma realidade<br />

e um alento às empresas que precisam<br />

mudar seu modo de olhar e operar no<br />

mercado.


seguradora | campanha<br />

Crescer Juntos é motivação para<br />

incentivar a produção dos corretores<br />

AIG criou um programa exclusivo para as<br />

assessorias de seguros, empresas que são<br />

responsáveis por 5% de sua produção<br />

Kelly Lubiato<br />

O<br />

programa Crescer Juntos,<br />

formulado pela AIG<br />

Brasil, reconheceu as<br />

assessorias com maior<br />

produção durante todo ano de 2017,<br />

realizada através do Portal do Corretor<br />

disponibilizado pela seguradora. As<br />

30 assessorias que produzem para a<br />

companhia, espalhadas por todo o<br />

Brasil, respondem por três mil corretores<br />

de seguros. Juntos, eles foram<br />

responsáveis por 5% da produção da<br />

seguradora em 2017.<br />

O maior canal de distribuição da<br />

AIG é através dos corretores de seguros,<br />

que estão categorizados como<br />

grandes e middle market, onde estão<br />

incluídas as assessorias. “Este canal<br />

cresceu muito na companhia, com<br />

expectativa de dobrar de tamanho<br />

em 2018, atingindo a marca de 10%<br />

do faturamento da seguradora”, disse<br />

Fabio Cabral, diretor Comercial da<br />

AIG Brasil.<br />

Por isso, a seguradora decidiu trabalhar<br />

de forma mais estratégica com<br />

o canal, reconhecendo através do Prêmio<br />

Crescer Juntos as assessorias que<br />

tiveram melhor performance em 2017.<br />

Cabral explica que um dos focos<br />

da seguradora para este ano serão os<br />

seguros de responsabilidade civil,<br />

porque eles estão preenchendo a lacuna<br />

deixada pelos produtos para pessoas<br />

físicas, que tiveram uma queda significativa<br />

(seguro de automóvel e vida) de<br />

vendas. “Eu visito muito vários pontos<br />

do Brasil e escuto dos corretores que o<br />

seu faturamento está caindo como consequência<br />

da crise”, lamentou Cabral.<br />

“O seguro de responsabilidade<br />

tem um viés de varejo forte”, lembrou<br />

o executivo, acrescentando que o corretor<br />

de pequeno e médio porte, que<br />

está acostumado a vender seguros de<br />

pessoa física, está vendo com bons<br />

olhos os seguros de RC Profissional<br />

para todas as áreas e profissões. “É<br />

um seguro simples, não muito caro,<br />

que parece com os seguros de varejo”,<br />

completou Cabral.<br />

Os campeões de 2017 foram:<br />

〉〉<br />

1º lugar: Uda/Repgen, de Salvador/<br />

BA<br />

〉〉<br />

2º lugar: Selletiva, de São Paulo/SP<br />

〉〉<br />

3º lugar: Victory, de Londrina/PR<br />

〉〉<br />

4º lugar: Ala, de Blumenau/SC<br />

〉〉<br />

5º lugar: Laço Forte, de Brasília/DF<br />

Compra da Validus<br />

No mês de janeiro, a AIG International<br />

Group também anunciou a<br />

compra da Validus Holdings por US$<br />

5,56 bilhões, envolvendo os negócios<br />

de resseguros.<br />

“Esta aquisição é um avanço<br />

significativo na execução da nossa<br />

estratégia para prosseguir um crescimento<br />

rentável”, afirmou o presidente<br />

e CEO da AIG, Brian Duperreault, no<br />

anúncio da aquisição, acrescentando<br />

que a Validus é “um excelente ajuste<br />

cultural e que conhece muito bem a<br />

equipe da adquirida”.<br />

Estrategicamente, o acordo proporciona<br />

à AIG uma forte operação<br />

de subscrição de resseguro; uma presença<br />

imediata na Lloyd’s; experiência<br />

de linha de especialidade aditiva; e um<br />

conjunto de habilidades em torno do<br />

capital de terceiros com o AlphaCat,<br />

que introduz novas possibilidades<br />

para a AIG como um criador de riscos”,<br />

disse Duperreault.<br />

1º lugar: Uda/Repgen, de Salvador/BA<br />

2º lugar: Selletiva, de São Paulo/SP<br />

3º lugar: Victory, de Londrina/PR<br />

4º lugar: Ala, de Blumenau/SC<br />

5º lugar: Laço Forte, de Brasília/DF<br />

31


saúde suplementar | consumidor<br />

Capacitação e cultura<br />

para minar prejuízos<br />

A quantidade de erros<br />

na hora das vendas<br />

de produtos de saúde<br />

gera insatisfação de<br />

usuários e sinaliza que<br />

está na hora do mercado<br />

rever a capacitação dos<br />

profissionais<br />

Amanda Cruz<br />

32


Sair das filas do SUS e ter um<br />

atendimento mais digno, ágil e<br />

com qualidade.<br />

Este é um dos maiores desejos<br />

de grande parte da população brasileira<br />

e, por isso mesmo, um dos setores<br />

mais protegidos pela Agência Nacional<br />

de Saúde Suplementar.<br />

É um mercado que passa por dificuldades<br />

e que vem perdendo beneficiários,<br />

muito embora este movimento esteja<br />

diretamente ligado ao momento difícil e<br />

de aumento de desemprego na economia<br />

brasileira. Os custos e a queda na qualidade<br />

de atendimento nesse momento podem<br />

afastar aqueles que já se sentiram lesados<br />

de alguma forma, que passam a acreditar<br />

que arcar com um plano de saúde pode<br />

não ser tão vantajoso.<br />

Em uma análise no site Reclame<br />

Aqui, principal canal online voltado<br />

para que consumidores exponham suas<br />

insatisfações com atendimentos e serviços<br />

prestados, é possível perceber alguns<br />

problemas recorrentes na saúde suplementar.<br />

Até o fechamento desta matéria,<br />

foram computadas 2.538 reclamações por<br />

cobranças indevidas em troca ou cancelamento<br />

de planos; 1.694 por dificuldades<br />

de agendamento de consultas; 1.557 por<br />

conta de demora para autorização de<br />

consultas, exames e cirurgias, além de<br />

1.019 acionamentos de pessoas insatisfeitas<br />

com a rede de credenciamento e<br />

atendimento.<br />

Esse canal de reclamações online<br />

pode ser um bom termômetro para<br />

entender os motivos que levam aos<br />

descontentamentos que, resolvidos, são<br />

encaminhados para o Poder Judiciário,<br />

problema que o mercado tenta combater.<br />

Para se ter ideia, a empresa que mais recebe<br />

reclamações no site tem nota 4,28 (de<br />

10) e, mesmo quando responde aos usuários,<br />

esses não se sentem satisfeitos. Prova<br />

disso é que com um índice de 71,9% de<br />

respostas às reclamações e 66,1% dos<br />

problemas resolvidos, apenas 45,1% dos<br />

usuários afirmam que voltariam a fazer<br />

negócio com a empresa.<br />

Mas, de quem é a culpa? Do consumidor,<br />

das empresas ou do intermediário<br />

que oferece o produto? A origem dessas<br />

reivindicações não recai apenas em um<br />

membro dessa cadeia de atendimento.<br />

❙❙José Silvio Toni, do Sindiplanos<br />

Tudo é mais complexo porque a falta de<br />

intimidade dos clientes com o mercado<br />

de saúde, e o que ele é capaz de oferecer,<br />

cria um abismo entre o que é acordado<br />

e o que é entendido; quando um sinistro<br />

da saúde acontece e o cliente percebe que<br />

não terá direito ao que imaginava que<br />

estaria coberto – o que muitas vezes acontece<br />

em um momento delicado – todas as<br />

partes envolvidas se sentem lesadas. “O<br />

cliente precisa compreender que o plano<br />

de saúde só tem a cobertura para o que<br />

pode acontecer, não para a doença que já<br />

explodiu, que é imediata. O plano precisa<br />

do caráter preventivo para funcionar bem.<br />

É preciso seguir a lógica da distribuição<br />

do risco entre os que contribuem. O plano<br />

não foi feito para atender as necessidades<br />

da população como um todo”, defende<br />

José Silvio Toni, presidente do recém<br />

criado Sindiplanos - Sindicato das Empresas<br />

de Comercialização e Distribuição<br />

de Planos de Saúde e Odontológicos do<br />

Estado de São Paulo.<br />

Por outro lado, seguradoras e operadoras<br />

de saúde ainda pecam em dar<br />

transparência às complexas regras que<br />

existem e os corretores, por sua vez,<br />

acabam cometendo erros que custarão<br />

caro às outras duas pontas dessa equação.<br />

A venda consultiva é exaustivamente<br />

apontada como a única maneira correta<br />

de atuação dos corretores, independentemente<br />

da carteira em que atuam. Ao mesmo<br />

tempo, o corretor de seguros e planos<br />

de saúde depende muito das ferramentas<br />

disponibilizadas pelas operadoras e do<br />

entendimento pleno daquilo que vende. É<br />

necessário que o profissional possa tirar<br />

33


consumidor<br />

❙❙Laureci Zeviani, da Ameplan<br />

dúvidas, ter um contato estreito com as<br />

companhias e assim poder ser claro com<br />

as pessoas que, leigas, podem ficar sem<br />

coberturas caso a apólice não seja muito<br />

bem planejada. Algo está se perdendo<br />

entre uma ponta e outra dessa comunicação<br />

e, ao invés de procurar culpados,<br />

o mercado tem se empenhado para que<br />

cada player faça sua parte e mude essa<br />

realidade, mantendo os diferenciais que<br />

levam a saúde suplementar a ser tão importante<br />

na vida da população.<br />

Judicialização<br />

Laureci Zeviani, diretor comercial<br />

da Ameplan Saúde, embora não ache que<br />

as dificuldades sejam tão expressivas,<br />

reconhece que esses problemas, na visão<br />

da operadora, acontecem principalmente<br />

nas áreas de varejo e têm como motivo<br />

a “falta de clareza para o cliente sobre a<br />

funcionalidade do produto vendido”.<br />

Os escritórios de advocacia especializados<br />

nessas demandas conhecem bem<br />

essa realidade, como é o caso advogado<br />

Rafael Robba, do Vilhena Silva. Por lá, as<br />

maiores reclamações estão relacionadas<br />

com negativas de tratamento, exclusões<br />

de cobertura ou reajustes. “Quando<br />

se fala em contratação, o reajuste é a<br />

maior deficiência dos consumidores,<br />

que muitas vezes desconhecem estas<br />

cláusulas, por vezes mal explicadas para<br />

os consumidores”, comenta. Há também<br />

a falha no entendimento do tipo de plano<br />

contratado - se por adesão, individual ou<br />

coletivo – e não saber que isso afeta toda<br />

a relação entre expectativa e realidade dos<br />

❙❙Rafael Robba, do Vilhena Silva<br />

beneficiários, levando-os à frustração. “A<br />

gente tem uma quantidade muito grande<br />

de ações nas quais o consumidor também<br />

discute coberturas. Dificilmente um consumidor<br />

sabe dizer como o reembolso<br />

do plano dele é calculado, por exemplo”,<br />

conta Robba.<br />

A palavra temida no mercado de saúde<br />

suplementar está cada vez mais difícil<br />

de ser ignorada. A falta de informação<br />

não é motivo para o cliente deixar de<br />

exigir algo que precise e que seja crucial<br />

para sua saúde, porque não leu corretamente<br />

a apólice ou porque o intermediário<br />

falhou em deixar as questões claras.<br />

Ainda que ele queira resolver a situação,<br />

o mercado, de acordo com Robba, nem<br />

sempre é tão acessível assim. “Quando o<br />

problema acontece, dificilmente as soluções<br />

são colocadas para o consumidor.<br />

Muitas vezes ele busca sua solução junto<br />

a seu corretor, a operadora e até a ANS,<br />

mas dificilmente a encontra, por isso<br />

acaba buscando o judiciário”, diz.<br />

Uma das muitas reclamações das<br />

operadoras e também de entidades da<br />

saúde suplementar é que a justiça acaba<br />

pendendo muito a favor do consumidor.<br />

Mas por que isso acontece?<br />

Robba explica que a defesa do consumidor<br />

é uma lei federal e, por ela, está<br />

determinado que o judiciário, de fato,<br />

já tenha o consumidor como hipossuficiente.<br />

“O consumidor tem uma série<br />

de proteções justamente para que esse<br />

tipo de prática de mercado - de omitir<br />

informações ou não levar informações<br />

adequadas no momento pré-contratual -<br />

não prejudique o consumidor na execução<br />

de contrato”, defende o advogado. Todas<br />

as falhas de informação que eventualmente<br />

acontecerem antes da contratação<br />

vão ser depois corrigidas pelo judiciário<br />

com base no código de defesa do consumidor.<br />

“Não é que o judiciário esteja<br />

extrapolando, é a lei”, completa.<br />

Os casos de fraude também fazem<br />

parte dessas preocupações. O mutualismo<br />

abre também essas brechas e, mesmo<br />

quando algo está errado, isso não quer dizer<br />

que a operadora não terá que atender<br />

o beneficiário. O escritório Vilhena Silva<br />

já recebeu um caso assim: um contrato<br />

social fraudado para que uma pessoa<br />

que não fazia parte do corpo da empresa<br />

tivesse direito ao plano. Claramente uma<br />

fraude, porém que partiu da empresa e<br />

do corretor. A decisão final do juiz foi<br />

manter o beneficiário no plano, porque<br />

a má-fé não partiu dele, portanto ele não<br />

poderia ser lesado por conta da ação de<br />

seus intermediários.<br />

Ou seja, nem só o consumidor é prejudicado<br />

com vendas mal-feitas. Todo o<br />

mercado sofre esse impacto e arca com<br />

as despesas envolvidas, o que só agrava<br />

a questão de acessibilidade da população<br />

à saúde suplementar.<br />

Para o presidente do Sindiplanos,<br />

o seguro saúde se diferencia de outros<br />

tipos de seguros, como o automóvel,<br />

Resultado de 4000 decisões judiciais de segunda instância envolvendo<br />

planos de saúde na Comarca da cidade de São Paulo do TJSP, 2013 e 2014<br />

Resultado das Decisões Judiciais Total %<br />

Favorável ao usuário 3.575 88,07<br />

Desfavorável ao usuário 300 7,39<br />

Parcialmente favorável ao usuário 174 4,29<br />

Envolvem prestadores, não usuários 10 0,25<br />

Fonte: TJSP, Scheffer, M. Observatório da Judicialização da Saúde Suplementar (DMP/FMUSP)<br />

34


por exemplo, que tem um limite de<br />

cobertura mais delimitado. “O carro é<br />

o valor do carro e limites de terceiros,<br />

por exemplo, mas o plano de saúde pode<br />

cobrir diferentes necessidades com valores<br />

incalculáveis. Essa realidade cria<br />

uma amplitude de possibilidades, que<br />

tem um preço a ser pago”, explica Toni.<br />

O papel do intermediário<br />

Para Zeviani, a primeira coisa a<br />

ser ressaltada é a necessidade de treinamento.<br />

Na operadora quatro gestoras<br />

de vendas estão presentes em corretoras<br />

e plataformas, justamente para atualizá-<br />

-las e repassar as informações necessárias<br />

aos corretores, o que Zeviani<br />

compara com “um mantra” que deve<br />

ser repetido até que seja compreendido.<br />

A operadora também estabeleceu<br />

um tratamento especial no momento em<br />

que as reclamações são recebidas, assim<br />

é possível detectar onde aconteceu o<br />

problema e se é algo relacionado à venda<br />

e que possa ser trabalhado e melhorado<br />

com o corretor. Para o incentivo ser completo,<br />

a companhia incluiu a motivação<br />

em sua campanha de vendas: o corretor<br />

mais qualificado ganha prêmios por seu<br />

desempenho. “É perceptível a redução<br />

de problemas ocasionados por desvio<br />

relacionado ao profissional de vendas.<br />

Nos últimos quatro anos, tempo que já<br />

dura este trabalho focado, saímos de<br />

um sinal vermelho para um amarelo<br />

suave. Permitimo-nos ser cada vez mais<br />

criteriosos exatamente porque temos<br />

cumprido este papel de parceiros e até de<br />

orientadores desses parceiros”, comenta.<br />

Ninguém é dono do cliente. A troca<br />

entre corretores e companhias deve ser<br />

em prol do beneficiário e não uma disputa<br />

para saber quem se dá melhor com<br />

ele. Zeviani reforça que hoje a equipe da<br />

operadora está mais disposta a aprender<br />

do que ensinar corretores, mas que é<br />

preciso estar atento. “Ainda podemos<br />

perceber que às vezes falta um entendimento<br />

correto entre a necessidade do<br />

cliente e o produto que se oferece”, enfatiza.<br />

Laureci Zeviani ainda completa:<br />

“tudo nasce nas mãos do corretor. Sua<br />

boa atuação produz bons clientes para<br />

toda a cadeia, inclusive para ele mesmo.<br />

Considerando que um bom cliente, bem<br />

assistido, produz propaganda positiva<br />

para outras seis pessoas, ao passo que<br />

um cliente insatisfeito replica sua impressão<br />

negativa para uma infinidade de<br />

pessoas. O bom corretor sabe que antes<br />

de vender um produto, ele está vendendo<br />

primeiro a sua imagem”, destaca.<br />

Então, por quem é o corretor? O<br />

profissional da corretagem deveria<br />

ser, antes de tudo, um representante<br />

dos interesses do beneficiário. Quando<br />

alguns deixam de exercer esse papel o<br />

cliente se confunde. Tanto que quando<br />

a venda é mal feita o beneficiário não<br />

costuma procurar os culpados separando<br />

corretor de operadora. Para ele<br />

– como é possível perceber nas reclamações<br />

online – o corretor é um braço<br />

da companhia de saúde e, portanto, a<br />

falha e a deficiência no atendimento<br />

vêm dos dois. “Eu vejo essa prática<br />

como prejudicial porque acredito que<br />

desvirtua a função do corretor. Ele precisa<br />

levar informação ao beneficiário e<br />

com isso impedir que, lá na frente, ele<br />

desconheça seus limites e parta para<br />

ações judiciais”, alega Robba.<br />

A venda de qualquer seguro é complexa.<br />

A maioria dos corretores trabalha<br />

exercendo o seu melhor, mas quando<br />

se trata de saúde há uma desvantagem<br />

em relação a outras carteiras: a falta de<br />

instrução. Há cursos já disponíveis para<br />

esse nicho, mas eles ainda não abrangem<br />

o Brasil todo e não têm grande adesão.<br />

“Até para pessoas com muita instrução<br />

esse assunto é complexo. O grupo de<br />

pessoas que vendem planos é formado<br />

por indivíduos mais simples e que precisam<br />

aprender na prática, no dia a dia”,<br />

reflete Zeviani.<br />

Os sites de reclamação, disponíveis<br />

a todos são cada vez mais um<br />

fator levado em consideração antes de<br />

o consumidor bater o martelo no que<br />

diz respeito à contratação dos cuidados<br />

com a saúde. O que falta agora é que,<br />

separadamente, cada player do setor<br />

faça um mea culpa e descobrir se está<br />

falhando em algum momento e que<br />

sejam curiosos, busquem informações<br />

e conheçam o seu papel, não só de<br />

direitos e necessidade de vendas, como<br />

suas responsabilidades éticas e sociais,<br />

envolvidas nessa relação.<br />

Apoio para quem<br />

comercializa saúde<br />

Ao contrário do que acontece com os<br />

corretores de outras modalidades de seguro,<br />

credenciados e regulamentados pela<br />

Susep e apoiados pelos Sincor’s, àqueles<br />

que comercializam saúde falta mais regulação<br />

para o mercado e suas funções. Mas<br />

isso já começou a mudar.<br />

No dia 17 de janeiro deste ano, um<br />

sindicato voltado para essa categoria<br />

foi finalmente aprovado, tornando-se o<br />

representante das empresas mediadoras<br />

de planos de saúde. José Silvio Toni, já estabelecido<br />

como presidente da entidade,<br />

atua no mercado há 26 anos e comemora<br />

a vitória, dizendo assumir com alegria a<br />

nova responsabilidade de capitanear essa<br />

empreitada. “Agora caminharemos de<br />

maneira muito mais alinhada aos corretores.<br />

Nós [profissionais que comercializam<br />

planos de saúde] só não estamos no Sincor<br />

por questões legais, não por falta de vontade;<br />

apenas porque o Sincor representa<br />

corretores de seguros, que pertencem<br />

ao sistema financeiro e não ao de saúde”,<br />

elucida. Alexandre Camillo, presidente<br />

do Sincor-SP, é um dos padrinhos desse<br />

novo sindicato, justamente por conta da<br />

similaridade de atuação, da vontade do<br />

presidente do novo sindicato de equiparar<br />

os passos na saúde com o que foi feito no<br />

setor de seguros. Além disso, diversas companhias<br />

de seguros já foram comunicadas<br />

sobre o novo órgão e Toni afirma que a<br />

ideia foi muito bem recebida.<br />

Para começar, o Sindiplanos busca<br />

uma cadeira na ANS, para participar das<br />

questões que são discutidas na autarquia.<br />

Além disso, a formação de profissionais<br />

mais capacitados será uma importante<br />

bandeira porque, para Toni, além de esse<br />

ser um caminho para melhorar o atendimento<br />

e a rentabilidade no mercado –<br />

evitando que as vendas mal feitas gerem<br />

ainda mais danos, essa também é uma<br />

oportunidade de mostrar à sociedade que<br />

os planos de saúde são importantes para<br />

quem os utiliza, mas também podem ser<br />

uma oportunidade de trabalho e ganhos,<br />

de ajuda social, dando uma profissão<br />

promissora, em expansão, que sustenta<br />

famílias e protege a população.<br />

35


evento | fenasaúde<br />

O que esperar da saúde<br />

suplementar?<br />

Workshop debate o legado da política<br />

de reajuste de preços e as alternativas<br />

para a regulação dos reajustes diante<br />

da alta dos custos do setor<br />

Livia Sousa<br />

A<br />

saúde suplementar vive o<br />

dilema da elevação de custo<br />

e o que se espera para 2018<br />

é um reajuste agudo. Assim,<br />

o desafio do mercado será ainda maior,<br />

tanto na administração do reajuste como<br />

nos esclarecimentos à sociedade. Para<br />

discutir o legado da política de reajuste de<br />

preços e as alternativas para a regulação<br />

dos reajustes diante do crescimento dos<br />

custos, a Federação Nacional de Saúde<br />

Suplementar (FenaSaúde) realizou o 2º<br />

Workshop de Análise do Impacto Regulatório,<br />

no Rio de Janeiro.<br />

“É importante que a sociedade<br />

perceba que a saúde é cara. A medicina<br />

se desenvolve e alcança patamares que<br />

lamentavelmente a renda da população<br />

e dos estados não acompanha. Também<br />

temos um marco regulatório enrijecido<br />

e amplo em termos de direitos e garantias,<br />

uma equação difícil de lidar”, disse<br />

Solange Beatriz Mendes, presidente da<br />

entidade.<br />

Assim como a saúde, a regulação envolve<br />

custos. No Brasil, especificamente,<br />

há um excesso de regulações que muitas<br />

vezes não são avaliadas. “O aumento dos<br />

preços pressiona o limite dos planos. É<br />

interesse da operadora manter esse preço<br />

o mais baixo possível. Queremos que as<br />

fontes de custos sejam trabalhadas para<br />

que não se repita o ocorrido entre 2008 e<br />

2016, quando o subreajuste foi na ordem<br />

de 69%”, alegou o superintendente de<br />

Regulação da FenaSaúde, Sandro Leal<br />

Alves, completando que o controle dos<br />

preços passou a ser minimamente ordenado<br />

por questões de falhas de mercado e<br />

36<br />

problemas na concorrência.<br />

“Precisamos avançar na<br />

regulação baseada em evidências,<br />

na transparência,<br />

no mercado de materiais e<br />

medicamentos e na melhor<br />

concorrência no mercado de<br />

insumos.”<br />

Mais do que nunca se<br />

faz necessário o esforço da sociedade,<br />

do legislativo e do regulador em tentar<br />

aperfeiçoar e mitigar esses pontos, que<br />

ao invés de trazerem garantias ao beneficiário<br />

podem gerar insegurança e a impossibilidade<br />

de maior acesso ao produto.<br />

“Diria que o setor vive um momento<br />

em que está ‘estrangulado’”, afirmou<br />

Solange Beatriz. Isso não significa que<br />

não haja expectativas de um desempenho<br />

positivo ainda este ano, considerando a<br />

recuperação da economia. Entretanto,<br />

as medidas a serem tomadas devem ser<br />

criteriosas e cautelosas. Qualquer desvio<br />

numa operação que está no seu limite<br />

pode trazer danos irreparáveis.<br />

Mas como estão essas discussões?<br />

No ano passado, a Agência Nacional de<br />

Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu<br />

um normativo para disciplinar a Análise<br />

de Impacto Regulatório. Identificação de<br />

custos, monitoramento e pós-implementação,<br />

formulação de opções regulatórias<br />

e análise de cenários e comparações de<br />

opções regulatórias “são a parte mais<br />

robusta do documento”, declarou o secretário-geral<br />

da Agência, Suriêtte Santos.<br />

“A partir da regulamentação, pretendemos<br />

investir no fortalecimento<br />

desses pontos para que tenhamos um<br />

“É importante que a<br />

sociedade perceba que a<br />

saúde é cara”<br />

Solange Beatriz, da FenaSaúde<br />

embasamento maior na tomada de decisão”,<br />

pontuou. Ainda em elaboração,<br />

o documento pretende estabelecer três<br />

níveis de impacto regulatório: elementar;<br />

comparação entre alternativas qualitativa<br />

ou por critério; e comparação qualitativa<br />

entre alternativas de custo-benefício ou<br />

custo-efetividade (este último opcional).<br />

Fundamentos e efeitos<br />

Quando se fala da questão de concorrência<br />

no setor de saúde suplementar,<br />

especificamente de planos, também é<br />

necessário analisar a questão da estrutura<br />

de concorrência em outros mercados. É o<br />

que pontuou Mônica Viegas, professora<br />

associada do Departamento de Ciências<br />

Econômicas da Universidade Federal de<br />

Minas Gerais (UFMG). “Vários mercados<br />

interagem”, disse. De maneira geral,<br />

o resultado da teoria econômica para<br />

bens e serviços é de que a concorrência<br />

melhora o bem estar na questão específica<br />

de preço. No caso da saúde, diversas fa-


lhas colocam isso em xeque. O resultado,<br />

segundo ela, muitas vezes é ambíguo.<br />

“O setor de saúde afeta o bem estar<br />

de diversas maneiras e a estrutura de<br />

mercado vai afetar o bem estar em vários<br />

momentos dessa decisão. Temos o efeito<br />

preço (em termos de prêmio do seguro<br />

e dos serviços hospitalares e farmacêuticos),<br />

o efeito na qualidade (a estrutura<br />

de mercado e a resolução e a organização<br />

desse mercado afeta a qualidade) e o efeito<br />

na decisão de tratamento (os incentivos<br />

impactam na decisão de tratamento que<br />

os provedores vão tomar para os consumidores)”,<br />

explicou.<br />

Já Ana Carolina Maia, professora<br />

doutora na Faculdade de Economia,<br />

Administração e Contabilidade da Universidade<br />

de São Paulo (FEA/USP), foi<br />

categórica ao afirmar que o reajuste único<br />

para todos os contratos, sem especificidade<br />

do plano, região ou faixa etária, é<br />

um equívoco. “Há uma deterioração das<br />

carteiras, o que inviabiliza a formação<br />

de novos grupos, fazendo que as taxas<br />

de cancelamento no Brasil cheguem a<br />

28% de segurados de menor risco. Este<br />

percentual representa os mais jovens,<br />

que normalmente deixam os planos em<br />

momentos de dificuldades financeiras.”<br />

Enquanto a superintendente Regulatório<br />

de Saúde da SulAmérica, Mônica<br />

Nigri, reforçou que os custos são impactados<br />

também com o envelhecimento da<br />

população, a judicialização e a incorporação<br />

de tecnologia, o especialista em<br />

Regulação da ANS, João Boaventura<br />

Carlos Ragazzo, da FGV, não acredita em uma solução de curto prazo para<br />

❙❙a redução de custos<br />

Branco de Matos, lembrou que o reajuste<br />

é apenas uma parte das dificuldades dos<br />

planos individuais, e que esta questão não<br />

pode estar desconectada ao cenário geral<br />

da saúde no Brasil.<br />

Carlos Ragazzo, professor na Fundação<br />

Getúlio Vargas (FGV), não acredita<br />

em uma solução de curto prazo para o<br />

crescimento dos planos de saúde individual<br />

e redução de custos. Já o representante<br />

do Ministério da Fazenda, João<br />

Manoel Pinho Neto, chefe da assessoria<br />

Especial de Reformas Microeconômicas<br />

da entidade, afirmou que o setor precisa<br />

avaliar o desempenho da regulamentação<br />

de preços. “Se diminuiu a atratividade do<br />

mercado, devem ser analisadas as falhas<br />

e fazer uma comparação com outros<br />

mercados. É importante a intervenção<br />

Armando Castelar, da UFRJ e da FGV-Rio, sugeriu uma melhor análise da<br />

❙❙utilização do price cap<br />

nos preços, mas é necessário olhar o<br />

desempenho.”<br />

Alternativas e propostas<br />

O modelo de reajuste atual desagrada<br />

porque não cobre os custos das operadoras<br />

e afasta os segurados, concluiu Edgard<br />

Pereira, professor do Departamento<br />

de Economia, do Instituto de Economia,<br />

da Universidade de Campinas (Unicamp).<br />

“É preciso efetivar uma política de ganhos<br />

em escala e utilizar o price cap (preço-teto)<br />

para que se dê maior abrangência<br />

aos planos de saúde individuais”, afirmou.<br />

Entretanto, o price cap transfere parte da<br />

produtividade para o beneficiário porque<br />

este compõe a maior parte do custo não<br />

gerenciável. “Os reajustes dos planos estão<br />

acima da inflação e dos rendimentos.<br />

O que acontecerá é que as pessoas sairão<br />

dos planos. As causas dos custos elevados<br />

estão nos custos não gerenciáveis”, alegou<br />

o professor da Universidade Federal do<br />

Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação<br />

Getúlio Vargas (FGV-Rio), Armando<br />

Castelar Pinheiro, sugerindo uma melhor<br />

análise dos impactos da proposta.<br />

Os custos gerenciáveis chegam a<br />

aproximadamente 15% do total. Segundo<br />

José Cechin, diretor-executivo da<br />

FenaSaúde, há necessidade de exigir dos<br />

operadores um gerenciamento de seus<br />

custos, mas grande parte está no que não<br />

é gerenciável. “Precisamos aperfeiçoar o<br />

modelo de reajuste, mas também temos<br />

que avaliar os fatores que impulsionam a<br />

elevação dos custos”, finalizou.<br />

37


comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Recordar é viver<br />

Há 28 anos, a edição de março de 1990 da Tribuna da Magistratura,<br />

órgão oficial da Associação Paulista de Magistrados – então presidida<br />

pelo desembargador Francis Davis – publicava, em sua página 14, o artigo<br />

abaixo, que redigi nos albores do governo Collor de Mello.<br />

O turismo descollorido<br />

O choque causado pelo plano econômico<br />

do governo Collor de Mello,<br />

lembrou-me de imediato – pasmem-se –<br />

uma expressão do Evangelho. Acha-se ela<br />

inserida no sermão profético, registrado<br />

por São Mateus no capítulo 24 de seu<br />

livro, a partir do versículo 38. Ali, diz<br />

Jesus: “Porquanto, assim como, nos dias<br />

anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam,<br />

casavam e até davam-se em casamento,<br />

até ao dia em que Noé entrou na arca, e<br />

não o perceberam, até que veio o dilúvio<br />

e os levou a todos...’<br />

Pois é, aí está a metáfora.<br />

No Brasil, nos dias anteriores ao plano,<br />

todos comiam e bebiam, compravam<br />

e vendiam, depositavam e sacavam, aplicavam<br />

e resgatavam, especulavam e lucravam,<br />

dolarizavam e cruzadavam sem<br />

maiores preocupações, mesmo quando<br />

se anunciava um novo plano econômico<br />

a partir da posse do novo governo.<br />

Gatos escaldados – embora em água<br />

morna – os brasileiros preparavam-se<br />

para “tirar de letra” mais uma investida<br />

do poder central. Afinal, já haviam enfrentado<br />

os planos Cruzado, Bresser e<br />

Verão e, a não ser por alguns arranhões,<br />

tinham saídos ilesos. Que viesse o tal<br />

plano. Não seria muito diferente dos outros:<br />

no alcance, no efeito e na duração.<br />

Cabe aqui uma piadinha sociológico-<br />

-restrospectiva.<br />

É a que retrata a conversa de dois<br />

caboclos – na época do governo Goulart<br />

– sobre a situação política.<br />

– É, compadre, parece que agora o<br />

“tar” de consumismo vem “memo” pro<br />

Brasil, né?!<br />

– “Dêxa vim” compadre. “Dêxa vim”<br />

que “nóis avacaia” ele!<br />

Não falada, embora, esta era a disposição<br />

intima de todos.<br />

Aí como Noé entrou na arca, Collor<br />

de Mello entrou no governo. Então “veio<br />

o dilúvio e os levou a todos”. E foi todos<br />

mesmo.<br />

Collor havia dito, reiteradas vezes,<br />

que afligiria pesadamente as “elites”, o<br />

que deixava muita gente de fora, supondo<br />

que o “facão” iria voltar-se somente<br />

contra as grandes fortunas, as contas<br />

elevadas, as notórias especulações etc.,<br />

poupando os poupadores de caderneta...<br />

Ledo engano. A partir de CIN-<br />

QUENTA MIL todos foram atingidos!<br />

Daí aparecer, primeiro em Brasília e<br />

já agora por todo o país, a frase tragicômica:<br />

“no tempo do Sarney eu era elite<br />

e não sabia”.<br />

Mexendo com toda a economia,<br />

vez que enxugou – de pronto – 80%<br />

do meio circulante nacional, o plano é<br />

extremamente drástico para o setor de<br />

turismo. Viagens internacionais hoje, nem<br />

pensar. Embora tenha o dólar desabado<br />

espetacularmente, não há cruzeiros para<br />

comprá-lo.<br />

As viagens domésticas, por seu turno,<br />

encolheram-se a ponto de, praticamente,<br />

desaparecer. Afinal, sobre os preços já<br />

elevados incidiu, junto à posse do novo<br />

governo, um aumento de tarifas superior<br />

a 50%! Vôos cancelados, aviões semi-<br />

-vazios, aeroportos às moscas redundam<br />

– na outra ponta – em agências paralisadas<br />

e vazias.<br />

Entretanto – embora momentaneamente<br />

descolloridas – as Agências estão<br />

confiantes e esperançosas.<br />

O drástico plano Brasil Novo foi o<br />

remédio amargo para cortar de vez um<br />

mal insidioso e letal que minava o corpo<br />

debilitado de nossa economia. E o fazia<br />

sutilmente, como certas moléstias, que só<br />

se manifestam em fase terminal, quando<br />

já nada se pode fazer.<br />

Nossa deteriorada e desprestigiada<br />

moeda era uma batata quente que<br />

ninguém queria ter nas mãos. Todos<br />

procuravam trocá-la, literalmente, por<br />

qualquer coisa: dólar, ouro, títulos, veículos,<br />

imóveis, eletrodomésticos, gaiola sem<br />

fundo, óculos sem lente... Para os Agentes<br />

era insustentável e vexatória a situação.<br />

Os negócios, se não fossem concluídos<br />

no ato, em dinheiro vivo, e repassados<br />

imediatamente às Operadoras ou Transportadoras,<br />

não gozavam de qualquer<br />

firmeza ou garantia de manutenção de<br />

preço, frente à instabilidade do cruzado.<br />

Hoje tudo está mudando. A partir do<br />

respeito que passou a merecer o cruzeiro.<br />

Sabemos todos que temos uma árdua<br />

tarefa pela frente, que é a reconstrução<br />

da nossa economia. Não desconhecemos<br />

a necessidade de dar, cada um, sua cota<br />

de sacrifício.<br />

Mas estamos convencidos de que<br />

vale a pena: O Brasil precisa e merece<br />

isto.<br />

Afinal, como ensinava um tranquilo<br />

mineiro a seu filho, “no fim dá tudo certo”.<br />

E, ante a expressão algo incrédula do<br />

jovem, acrescentava: “se ainda não deu<br />

certo, é porque ainda não é o fim”.<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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