Revista Apólice #229
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tendências<br />
pode contar para enfrentar esse momento<br />
e voltar a crescer?<br />
É comum que a primeira crítica seja<br />
feita à autarquia no momento de atualização,<br />
pois vem da crença de operadoras e<br />
entidades de que o aumento do Rol possa<br />
ser um fator limitante para sua atuação.<br />
A autarquia se defende afirmando que a<br />
atualização é realizada apenas após extensa<br />
discussão no Comitê Permanente de<br />
Regulação da Atenção à Saúde (Cosaúde).<br />
A presidente da Fenasaúde não<br />
acompanha o coro de uma parte do setor,<br />
que minimiza as decisões da autarquia.<br />
Ela acredita que é preciso ver que as<br />
inclusões têm, sim, impacto financeiro<br />
importante e usa o estudo “Estimativa<br />
de Custo e Impacto de Tecnologias na<br />
Despesa Assistencial”, feito pela entidade,<br />
que analisou 16 das 26 novas tecnologias<br />
(medicamentos, terapias e exames)<br />
propostas para a incorporação, antes da<br />
definição da nova lista para 2018. A partir<br />
dos dados disponibilizados de custo e<br />
prevalência, o resultado mostrou que o<br />
custo adicional poderia ser de R$ 5,4 bilhões,<br />
o equivalente a aproximadamente<br />
4% do total das despesas assistenciais<br />
em 2016. Vale frisar que não se tratou de<br />
uma Análise de Custo-Efetividade ou de<br />
Análise de Impacto Orçamentário, que<br />
são análises mais complexas.<br />
Às críticas que são feitas, a ANS<br />
rebate reforçando a ideia de mutualismo.<br />
Segundo a entidade, essas são as<br />
diretrizes escolhidas porque a autarquia<br />
entende que é o melhor caminho para a<br />
saúde suplementar e seus beneficiários, de<br />
acordo não apenas com as questões inerentes<br />
às doenças cobertas, mas também<br />
com a aplicabilidade econômica dessas<br />
iniciativas. “Como se sabe, o sistema<br />
mutualista que caracteriza a relação de<br />
consumo nos planos de saúde se baseia<br />
no princípio de que todos os beneficiários<br />
partilham os custos e riscos em situação<br />
de igualdade. Ou seja, cada beneficiário<br />
utiliza o plano de forma distinta, de<br />
acordo com sua situação de saúde, mas<br />
os custos são divididos de maneira igualitária<br />
por todos”, explica a autarquia em<br />
comunicado à <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong>.<br />
Para Neto, da Vichiwork, as dificuldades<br />
de acesso por conta de custo acabam<br />
se tornando um pano de fundo. “Não<br />
28<br />
❙❙José Anselmo Neto, da Vichiwork<br />
podemos pensar que o fato de aumentar<br />
as coberturas, que estão associadas à<br />
maior qualidade de vida dos pacientes e<br />
até mesmo em vidas salvas, pode ser um<br />
entrave para o acesso aos novos beneficiários”,<br />
opina. Para ele, o desperdício e<br />
a fraude é que precisam ser eliminados<br />
para que os custos possam ser reduzidos,<br />
já que hoje essas práticas representam<br />
20% de toda a despesa médica.<br />
Fabio Abreu, fundador da Health<br />
Centrix Soluções em Saúde, também não<br />
vê o Rol como agente encarecedor dos<br />
planos, reforçando o fato de que há anos<br />
a ANS coloca novas obrigatoriedades no<br />
mercado e que nem por isso deixou de<br />
crescer. “A redução recente do tamanho<br />
do mercado é relacionado à crise econômica,<br />
da qual o País está ensaiando agora<br />
sua saída”, opina. Ele completa dizendo<br />
duvidar de quem alega que o mercado<br />
❙❙Solange Beatriz P. Mendes, da Fenasaúde<br />
cresceria mais se tivesse menos obrigações<br />
com o órgão regulador. “A única<br />
intervenção da ANS que afeta o crescimento<br />
do mercado não é relacionada<br />
com as obrigações das operadoras e sim<br />
à regulação de preços, principalmente<br />
para pessoas físicas”, pontua.<br />
Questão de custos<br />
Os mecanismos regulatórios, claro,<br />
fazem parte dessa luta, especialmente no<br />
que diz respeito às normas e regras que<br />
visam intensificar boas práticas. “Monitorar<br />
a saúde dos beneficiários de planos<br />
de saúde e desenvolver programas de<br />
promoção à saúde e prevenção de doenças<br />
são estratégias importantes para melhorar<br />
o cuidado e diminuir os gastos do setor”,<br />
ressalta a autarquia.<br />
Mesmo com todos os esforços, no<br />
final do dia as contas precisam fechar.<br />
Neto acredita que é preciso encarar<br />
esses fatos como uma contribuição para<br />
que haja melhor gestão desse benefício.<br />
“Nossa experiência mostra que, além de<br />
um acompanhamento muito próximo da<br />
utilização e atenção aos pontos-chave da<br />
saúde da população, avançar no entendimento<br />
dos efeitos entre saúde assistencial<br />
e saúde ocupacional reduz drasticamente<br />
a incidência de tratamentos de alto custo<br />
e melhora os resultados das empresas”,<br />
explica.<br />
Quando o assunto é o aumento da<br />
sinistralidade, seja pelo crescimento<br />
de utilização ou custos, as operadoras<br />
parecem não ter uma solução padrão de<br />
mercado para isso e é justamente nesse<br />
momento que as prestadoras de serviço<br />
podem ser cruciais para oferecer essas<br />
respostas ou, ao menos, poder pensar<br />
nelas em conjunto. Ter colaboradores<br />
que veem a operação de fora pode levar<br />
ao difícil passo que o mercado precisa<br />
tomar: mudar sua forma de operar, pensar<br />
em ser disruptivo, menos burocrático,<br />
trazendo para um diálogo mais próximo<br />
as redes credenciadas e se permitindo<br />
abrir mão de tanto conservadorismo que<br />
trava o setor. Os dados devem ser a peça<br />
fundamental para que isso se transforme<br />
em realidade. “A tecnologia será o grande<br />
motor de transformação e redução de<br />
custos. O incremento no custo de novas<br />
tecnologias para o cuidado da saúde -