22.02.2018 Views

Revista Apólice #229

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

medicamentos, equipamentos e novos<br />

OPMEs - não é significativo, pois elas<br />

são oferecidas para todos simultaneamente<br />

em função de nosso modelo regulado<br />

de absorção; por vezes, essas novas tecnologias<br />

trazem redução de custo quando<br />

analisadas pela ótica da farmaeconomia”,<br />

aposta Fabio Abreu.<br />

O mercado já começou a se mexer.<br />

Tatiana Farah, fundadora da Saúde Concierge,<br />

apresentou recentemente ao setor<br />

uma plataforma acompanhada de um<br />

aplicativo que monitorará os pacientes visando,<br />

principalmente, diminuir os custos<br />

e evitar desperdícios na saúde suplementar.<br />

“Queremos fazer a redução do custo por<br />

meio de uma análise qualificada de dados<br />

e também promovendo ações preventivas”,<br />

comenta. É a tecnologia, finalmente, estabelecendo<br />

de forma mais clara como pode<br />

ajudar o mercado a se reinventar.<br />

A sustentabilidade desse sistema<br />

tem pautado a preocupação de todos<br />

que atuam no setor e Solange Beatriz<br />

enfatiza duas principais razões para<br />

isso: a acelerada evolução dos custos da<br />

saúde e a solidariedade intergeracional,<br />

quando os mais jovens subsidiam os<br />

mais longevos – isso porque, há 15 anos,<br />

para cada beneficiário com 60 anos ou<br />

mais, existiam outros três com idades<br />

entre zero e 19 anos; hoje, essa relação<br />

caiu para dois. “Toda a cadeia produtiva<br />

sabe que é preciso mudar os modelos de<br />

acesso e de financiamento, mas falta um<br />

maior entendimento. É uma discussão<br />

urgente porque os custos estão ficando<br />

impagáveis. E se mais pessoas deixarem a<br />

Saúde Suplementar, os custos para os que<br />

ficarem serão ainda mais altos”, alerta.<br />

Tecnologia e obstáculos<br />

Os debates são importantes para que<br />

se saiba o que fazer no presente, mas a<br />

verdade é que o que precisa ser debatido<br />

na saúde suplementar brasileira é justamente<br />

o modelo seguido, comparando-o<br />

com outras possibilidades. É preciso<br />

buscar o que há de mais efetivo sendo<br />

feito nos mercados ao redor do mundo e<br />

transformar essas informações em soluções<br />

locais, que levarão o setor brasileiro<br />

a uma forma única e efetiva de atendimento.<br />

“Existe um longo debate sobre o<br />

nosso modelo de saúde suplementar e a<br />

❙❙Fabio Abreu, da HealthCentrix<br />

regulação do setor que envolve inúmeras<br />

variáveis e suas consequências. Esse ainda<br />

é um tema sobre o qual estamos compreendendo<br />

os principais obstáculos, para<br />

que possamos agir nos pontos corretos, de<br />

modo que a saúde suplementar seja mais<br />

acessível e com custos equilibrados.”,<br />

pondera Neto.<br />

Para alinhar custos com benefícios,<br />

prestadoras de serviços que têm a<br />

tecnologia como aliada propõem novas<br />

maneiras de aperfeiçoar as operações,<br />

modernizar o setor e criar condições<br />

mais favoráveis para medidas disruptivas.<br />

“O maior obstáculo para a saúde<br />

suplementar é o mind set dos players<br />

envolvidos. O setor é conservador na<br />

forma como lida com inovações e ainda<br />

está muito focado no modelo perde-<br />

-ganha, que tem caracterizado a relação<br />

entre seus players, levando a modelos<br />

❙❙Tatiana Farah, da Saúde Concierge<br />

altamente complexos, como operadoras<br />

verticalizadas e com atuação geográfica<br />

ampla”, coloca Abreu. Para ele, a regulamentação<br />

da ANS tem que ser vista como<br />

parte do negócio e, como tal, tem que ser<br />

gerenciada pelos players, assim como a<br />

judicialização.<br />

Segundo o Conselho Nacional de<br />

Justiça (CNJ), somente em 2016, foram<br />

103.896 processos na Saúde Suplementar.<br />

O gasto aproximado com demandas<br />

judiciais ligadas à saúde pública e privada<br />

foi de R$ 8,2 bilhões em 2015. Entre<br />

os itens mais demandados, na Justiça,<br />

estão coberturas não previstas em lei<br />

(geralmente de contratos antigos), rede<br />

de atendimento (quando o médico não<br />

atende por determinado plano, e mesmo<br />

assim o beneficiário quer ser atendido<br />

por ele), carência (uso do plano antes do<br />

prazo mínimo), procedimentos que não<br />

são oferecidos pelo plano e reajuste de<br />

mensalidades. “Esta [a judicialização]<br />

não deveria existir na intensidade que<br />

temos, mas os componentes culturais e<br />

a linha jurídica brasileira estão aí como<br />

parte do cenário estratégico com o qual<br />

o gestor tem de lidar”, considera Abreu.<br />

É verdade que se fala hoje da tecnologia<br />

como se ela fosse um colete salva-<br />

-vidas para a saúde do setor e, de fato, ela<br />

deverá ser. Controles de gestão podem<br />

ser muito mais facilmente acionados<br />

por meio dela, como consultas online,<br />

a distância, para casos simples podem<br />

fazer a diferença no tempo do médico e<br />

do paciente, especialmente em um País<br />

continental como o Brasil, onde há também<br />

grande concentração de médicos em<br />

algumas áreas em detrimento a outras,<br />

mas a prática ainda não é autorizada pelo<br />

CFM (Conselho Federal de Medicina)<br />

Brasil. Mas Fábio Abreu está otimista<br />

na mudança realizada com a HealthCentrix<br />

iniciando agora seus serviços. “As<br />

tecnologias para tratar os dados hoje<br />

disponíveis no sistema de saúde privado<br />

poderiam melhorar em muito a gestão do<br />

sistema e trazer redução significativa dos<br />

custos com maior qualidade. Tenho visto<br />

soluções incríveis utilizando machine<br />

learning e inteligência artificial que terão<br />

impacto enorme na forma como operadoras<br />

autorizam procedimentos, fazem<br />

glosas nos sistemas de contas médicas,<br />

29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!