Revista Apólice #229
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medicamentos, equipamentos e novos<br />
OPMEs - não é significativo, pois elas<br />
são oferecidas para todos simultaneamente<br />
em função de nosso modelo regulado<br />
de absorção; por vezes, essas novas tecnologias<br />
trazem redução de custo quando<br />
analisadas pela ótica da farmaeconomia”,<br />
aposta Fabio Abreu.<br />
O mercado já começou a se mexer.<br />
Tatiana Farah, fundadora da Saúde Concierge,<br />
apresentou recentemente ao setor<br />
uma plataforma acompanhada de um<br />
aplicativo que monitorará os pacientes visando,<br />
principalmente, diminuir os custos<br />
e evitar desperdícios na saúde suplementar.<br />
“Queremos fazer a redução do custo por<br />
meio de uma análise qualificada de dados<br />
e também promovendo ações preventivas”,<br />
comenta. É a tecnologia, finalmente, estabelecendo<br />
de forma mais clara como pode<br />
ajudar o mercado a se reinventar.<br />
A sustentabilidade desse sistema<br />
tem pautado a preocupação de todos<br />
que atuam no setor e Solange Beatriz<br />
enfatiza duas principais razões para<br />
isso: a acelerada evolução dos custos da<br />
saúde e a solidariedade intergeracional,<br />
quando os mais jovens subsidiam os<br />
mais longevos – isso porque, há 15 anos,<br />
para cada beneficiário com 60 anos ou<br />
mais, existiam outros três com idades<br />
entre zero e 19 anos; hoje, essa relação<br />
caiu para dois. “Toda a cadeia produtiva<br />
sabe que é preciso mudar os modelos de<br />
acesso e de financiamento, mas falta um<br />
maior entendimento. É uma discussão<br />
urgente porque os custos estão ficando<br />
impagáveis. E se mais pessoas deixarem a<br />
Saúde Suplementar, os custos para os que<br />
ficarem serão ainda mais altos”, alerta.<br />
Tecnologia e obstáculos<br />
Os debates são importantes para que<br />
se saiba o que fazer no presente, mas a<br />
verdade é que o que precisa ser debatido<br />
na saúde suplementar brasileira é justamente<br />
o modelo seguido, comparando-o<br />
com outras possibilidades. É preciso<br />
buscar o que há de mais efetivo sendo<br />
feito nos mercados ao redor do mundo e<br />
transformar essas informações em soluções<br />
locais, que levarão o setor brasileiro<br />
a uma forma única e efetiva de atendimento.<br />
“Existe um longo debate sobre o<br />
nosso modelo de saúde suplementar e a<br />
❙❙Fabio Abreu, da HealthCentrix<br />
regulação do setor que envolve inúmeras<br />
variáveis e suas consequências. Esse ainda<br />
é um tema sobre o qual estamos compreendendo<br />
os principais obstáculos, para<br />
que possamos agir nos pontos corretos, de<br />
modo que a saúde suplementar seja mais<br />
acessível e com custos equilibrados.”,<br />
pondera Neto.<br />
Para alinhar custos com benefícios,<br />
prestadoras de serviços que têm a<br />
tecnologia como aliada propõem novas<br />
maneiras de aperfeiçoar as operações,<br />
modernizar o setor e criar condições<br />
mais favoráveis para medidas disruptivas.<br />
“O maior obstáculo para a saúde<br />
suplementar é o mind set dos players<br />
envolvidos. O setor é conservador na<br />
forma como lida com inovações e ainda<br />
está muito focado no modelo perde-<br />
-ganha, que tem caracterizado a relação<br />
entre seus players, levando a modelos<br />
❙❙Tatiana Farah, da Saúde Concierge<br />
altamente complexos, como operadoras<br />
verticalizadas e com atuação geográfica<br />
ampla”, coloca Abreu. Para ele, a regulamentação<br />
da ANS tem que ser vista como<br />
parte do negócio e, como tal, tem que ser<br />
gerenciada pelos players, assim como a<br />
judicialização.<br />
Segundo o Conselho Nacional de<br />
Justiça (CNJ), somente em 2016, foram<br />
103.896 processos na Saúde Suplementar.<br />
O gasto aproximado com demandas<br />
judiciais ligadas à saúde pública e privada<br />
foi de R$ 8,2 bilhões em 2015. Entre<br />
os itens mais demandados, na Justiça,<br />
estão coberturas não previstas em lei<br />
(geralmente de contratos antigos), rede<br />
de atendimento (quando o médico não<br />
atende por determinado plano, e mesmo<br />
assim o beneficiário quer ser atendido<br />
por ele), carência (uso do plano antes do<br />
prazo mínimo), procedimentos que não<br />
são oferecidos pelo plano e reajuste de<br />
mensalidades. “Esta [a judicialização]<br />
não deveria existir na intensidade que<br />
temos, mas os componentes culturais e<br />
a linha jurídica brasileira estão aí como<br />
parte do cenário estratégico com o qual<br />
o gestor tem de lidar”, considera Abreu.<br />
É verdade que se fala hoje da tecnologia<br />
como se ela fosse um colete salva-<br />
-vidas para a saúde do setor e, de fato, ela<br />
deverá ser. Controles de gestão podem<br />
ser muito mais facilmente acionados<br />
por meio dela, como consultas online,<br />
a distância, para casos simples podem<br />
fazer a diferença no tempo do médico e<br />
do paciente, especialmente em um País<br />
continental como o Brasil, onde há também<br />
grande concentração de médicos em<br />
algumas áreas em detrimento a outras,<br />
mas a prática ainda não é autorizada pelo<br />
CFM (Conselho Federal de Medicina)<br />
Brasil. Mas Fábio Abreu está otimista<br />
na mudança realizada com a HealthCentrix<br />
iniciando agora seus serviços. “As<br />
tecnologias para tratar os dados hoje<br />
disponíveis no sistema de saúde privado<br />
poderiam melhorar em muito a gestão do<br />
sistema e trazer redução significativa dos<br />
custos com maior qualidade. Tenho visto<br />
soluções incríveis utilizando machine<br />
learning e inteligência artificial que terão<br />
impacto enorme na forma como operadoras<br />
autorizam procedimentos, fazem<br />
glosas nos sistemas de contas médicas,<br />
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