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Revista Apólice #213

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editorial<br />

Ano 21 - nº 213<br />

Agosto 2016<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente da<br />

Correcta Editora Ltda<br />

e de público dirigido<br />

Diretora de Redação:<br />

Kelly Lubiato - MTB 25933<br />

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15.000 exemplares<br />

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Periodicidade:<br />

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Administração, Redação e Publicidade:<br />

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Os artigos assinados são de responsabilidade<br />

exclusiva de seus autores, não<br />

representando, necessariamente, a<br />

opinião desta revista.<br />

Como manter<br />

os benefícios?<br />

Em um período em que a atividade econômica está em queda, as<br />

empresas enfrentam mais um grande desafio, além da sua rentabilidade:<br />

manter os funcionários motivados, com todos os benefícios em<br />

dia, justamente no período em que os custos aumentam.<br />

O plano de saúde é o segundo custo mais alto da folha de pagamento<br />

das empresas, representando cerca de 10%. Ele também é um<br />

dos motivos mais importantes pelos quais as pessoas não abandonam<br />

suas corporações. Entretanto, com planilhas de custos cada vez<br />

mais apertadas, as empresas tentam encontrar formas de manter o<br />

benefício reduzindo os custos. Neste cenário, as consultorias de benefícios,<br />

juntamente com as operadoras, são peças fundamentais para a<br />

busca de soluções. Estas passam por readequação dos planos quanto<br />

à cobertura geográfica, delimitação de prestadores de serviços e até a<br />

copartipação.<br />

Os beneficiários de planos de saúde ainda sonham com soluções<br />

que possam lhes garantir um atendimento digno. Uma alternativa<br />

poderia ser os produtos populares, sugeridos pelo ministro da Saúde,<br />

com coberturas limitadas. Repercutimos este tema junto às operadoras<br />

e às entidades de defesa do consumidor, para que você entenda<br />

os prós e os contras deste tema.<br />

Os seguros de vida e a previdência privada também fazem parte<br />

dos pacotes de benefícios que as empresas oferecem aos seus funcionários.<br />

Apesar da crise, estes produtos ainda resistem.<br />

Boa leitura!<br />

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Diretora de Redação<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />

3


sumário<br />

•Previsul n comemora<br />

110 anos e passa por<br />

movimento de evolução<br />

•Caixa n Seguradora incentiva<br />

corretores parceiros a<br />

comercializarem produtos<br />

de odonto<br />

16capa<br />

6<br />

24<br />

28<br />

36<br />

6<br />

8<br />

14<br />

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24<br />

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41<br />

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entrevista<br />

Francisco Vidigal Filho, presidente da Sompo Seguros, afirma que a<br />

companhia quer crescer 20% ao ano e, para isso, vai criar produtos para<br />

nichos específicos<br />

painel<br />

gente<br />

previdência<br />

Quem pode investir nos últimos anos agora vive um dilema: enfrentar<br />

a turbulência econômica e manter as reservas ou sacar o dinheiro da<br />

previdência privada<br />

vida<br />

Doenças crônicas podem fazer com que portadores não tenham acesso<br />

ao seguro de vida e mercado precisa encontrar o equilíbrio entre a<br />

proteção dos clientes e a saúde da carteira<br />

saúde<br />

Com o corte nos gastos, muitas empresas deixam de oferecer assistência<br />

médica como benefício. Com o trabalho de consultorias e operadoras<br />

de saúde, é possível manter o produto<br />

saúde popular<br />

Proposta visa atrair mais beneficiários ao setor privado e desafogar as<br />

filas do sistema público. Especialistas questionam o modelo do produto<br />

odonto<br />

Contratação dos planos odontológicos desacelera. Cientes do potencial<br />

de mercado, operadoras e corretores redesenham suas estratégias de<br />

vendas<br />

centro-oeste/minas gerais<br />

Goiás: para não perder clientes para as cooperativas e associações,<br />

corretores buscam alternativas mais baratas dentro do próprio mercado<br />

Mato Grosso: os gaps de cobertura não assustam o setor de seguros<br />

na região, que procura expandir a proteção dos patrimônios<br />

Minas Gerais: Estado ocupa o terceiro lugar em prêmios de seguros no<br />

Brasil. Das carteiras que se destacam na região está o seguro residencial<br />

educação<br />

comunicação e expressão<br />

4


5


entrevista | francisco vidigal filho<br />

Foto: Caue Diniz<br />

Para dobrar de tamanho<br />

é preciso olhar para<br />

nichos específicos<br />

O presidente da Sompo Seguros afirma que a companhia quer<br />

crescer 20% ao ano e, para isso, vai criar produtos para nichos<br />

específicos e atuar em diversas regiões do País<br />

Kelly Lubiato<br />

6


APÓLICE: Como vai ser esta nova<br />

cara da companhia no Brasil?<br />

Francisco Vidigal Filho: Estamos<br />

passeando por todas as cidades onde<br />

temos estrutura para apresentar aos<br />

corretores a nova marca desta empresa,<br />

que já está no Brasil há muito tempo.<br />

Percorremos todas as regiões do País<br />

para mostrar qual é a estratégia da Sompo<br />

Seguros no Brasil.<br />

APÓLICE: Que apoio a marca vai<br />

dar ao corretor para divulgar a nova<br />

marca?<br />

Francisco Vidigal Filho: Estamos<br />

fazendo isso em três etapas: a primeira,<br />

com os colaboradores através de marketing<br />

interno; a segunda fase, nos meses<br />

de julho e agosto, com os corretores de<br />

seguros, para que eles façam a divulgação<br />

para os seus clientes; a partir de setembro,<br />

vamos abrir uma grande campanha de<br />

mídia para atingir todos os consumidores.<br />

APÓLICE: A operação brasileira<br />

é a maior da Sompo fora do Japão. O<br />

que vocês podem trazer em termos de<br />

experiência e produtos para o mercado<br />

brasileiro?<br />

Francisco Vidigal Filho: Nós já<br />

estamos trabalhando muito com a nossa<br />

matriz no Japão e temos muitas coisas<br />

a aprender com este mercado maduro.<br />

A presença do grupo é forte em outros<br />

países emergentes além do Japão, como<br />

a Turquia e o sudeste asiático, e muitos<br />

destes mercados têm problemas parecidos<br />

com os nossos, como instabilidade<br />

política e econômica. Há muita coisa para<br />

aprendermos.<br />

APÓLICE: A Sompo demonstrou<br />

alguma preocupação com o momento<br />

político brasileiro?<br />

Francisco Vidigal Filho: Há preocupação,<br />

claro, porque a economia japonesa<br />

é muito estável. Lá, nada muda se<br />

não houver um terremoto, um tsunami<br />

ou um acidente nuclear. Eles têm um<br />

pouco de receio com as oscilações no<br />

Brasil, mas também sabem que em um<br />

mercado emergente é comum este tipo<br />

de movimento. Para entrar em mercados<br />

emergentes é preciso lidar com estas<br />

situações delicadas.<br />

APÓLICE: Em termos de produtos,<br />

especificamente, há algum que possa ser<br />

trazido para o Brasil?<br />

Francisco Vidigal Filho: Estamos<br />

olhando mais a parte tecnológica. Quando<br />

uma companhia passa por um processo<br />

de incorporação, é comum acontecerem<br />

problemas no momento da junção de<br />

sistemas e isso nós passamos. Os sistemas<br />

da companhia já estão operando de forma<br />

mais estável, mas ainda não atingiram o<br />

nível de excelência que nós pretendemos<br />

atingir. Como o Japão é um país exportador<br />

de tecnologia, olhamos com cuidado<br />

esta questão, conversamos com eles sobre<br />

isso. Em julho, o diretor responsável pela<br />

área de tecnologia, junto com o vice-representante<br />

do Conselho, visitaram o Vale do<br />

Silício para buscar novas tecnologias para<br />

ajudar na operação brasileira.<br />

APÓLICE: Os problemas tecnológicos<br />

que que vocês enfrentaram já foram<br />

selecionados?<br />

Francisco Vidigal Filho: Ainda temos<br />

problemas pontuais e intermitências,<br />

mas funcionamos muito melhor do que há<br />

seis meses.<br />

APÓLICE: Quais oportunidades<br />

você vê para as empresas de tecnologia<br />

desenvolverem aqui no Brasil?<br />

Francisco Vidigal Filho: A nossa<br />

maior preocupação é o atendimento ao<br />

cliente e a prestação de serviços. A qualidade<br />

é fundamental, por isso olhamos muito<br />

para o digital. A Internet das Coisas (IoT)<br />

pode melhorar o dia a dia do consumidor e<br />

do corretor de seguros. Na verdade, buscamos<br />

soluções tecnológicas que ainda estão<br />

na teoria para começar a pensar fora da<br />

caixa. Temos dois pedaços muito claros em<br />

tecnologia: um é tentar pegar o que temos<br />

para melhorar, como os sistemas existentes;<br />

o outro é olhar para o futuro.<br />

APÓLICE: Em quais outras carteiras<br />

a Sompo vai atuar, além do seguro de<br />

automóvel? Saúde é uma possibilidade?<br />

Francisco Vidigal Filho: Já atuamos<br />

em saúde corporativa em São Paulo e no<br />

Rio de Janeiro, e temos intenção de atuar<br />

cada vez mais forte nesta área. Contratamos<br />

neste ano o Valter Hime, que é um<br />

executivo com muito conhecimento deste<br />

setor. Nossa ideia é entrar forte em saúde.<br />

A única operação global em saúde do<br />

grupo é no Brasil. No Japão, a experiência<br />

está indo para outro lado: compramos duas<br />

empresas de atendimento e cuidado com o<br />

idoso. Hoje é a segunda empresa no Japão<br />

nesta área. É um mercado novo que está<br />

se abrindo.<br />

APÓLICE: Logo esta experiência<br />

poderá ser útil aqui no Brasil também?<br />

Francisco Vidigal Filho: Daqui a<br />

pouco será útil. No Japão, o mercado ainda<br />

é estável, mas logo começará a declinar<br />

por conta do envelhecimento da população<br />

japonesa. O País que conta com 120<br />

milhões de habitantes hoje, deve diminuir<br />

este número para 80 milhões nos próximos<br />

50 anos. Para a empresa crescer ela tem<br />

duas alternativas: olhar para mercados<br />

emergentes ou para produtos adequados<br />

à mutação da realidade de seus consumidores,<br />

em mercados relacionados ao setor<br />

de seguros.<br />

APÓLICE: No Brasil, a empresa pretende<br />

dobrar de tamanho nos próximos<br />

cinco anos. Como será este movimento?<br />

Francisco Vidigal Filho: Temos uma<br />

expectativa de crescimento de 20% ao ano<br />

nos próximos anos. De janeiro a maio de<br />

2016 já conseguimos este crescimento,<br />

mas sabemos que a meta é ambiciosa.<br />

Focamos em Transportes e Vida e temos<br />

perspectiva de aumentar participação<br />

no mercado de Automóvel. Para isso,<br />

investimos em novos produtos, como o<br />

Auto Supremo, para veículos acima de<br />

R$ 100 mil.<br />

APÓLICE: Vocês pretendem expandir<br />

esta linha Supremo para outros<br />

produtos?<br />

Francisco Vidigal Filho: Começamos<br />

com o Auto, mas vamos estender<br />

para o Vida, Residência, Condomínio etc.<br />

Vamos olhar muito para o cliente de alta<br />

renda. Vamos procurar nichos específicos.<br />

Em produtos empresariais, também olhamos<br />

para segmentos. Neste ano lançamos<br />

o produto para clínicas e consultórios<br />

médicos, o seguro para escolas e pretendemos<br />

lançar para outros nichos e regiões<br />

específicas. Para crescermos vamos olhar<br />

para regiões específicas.<br />

7


painel<br />

• nproduto<br />

Auto Essencial procura clientes<br />

n • união<br />

Resseguradoras<br />

criam associação<br />

O contexto macroeconômico brasileiro<br />

está levando as empresas a buscarem<br />

alternativas de produtos mais baratos<br />

para não perder consumidores e, quem<br />

sabe, conquistar alguns novos.<br />

O produto lançado pela Liberty garante<br />

a indenização por perda total por<br />

colisão ou roubo e furto. Ainda é possível<br />

contratar a cobertura de RC a terceiros<br />

com valores pré-determinados. De acordo<br />

com Paulo Umeki, vice-presidente<br />

Técnico e de Produtos da seguradora, a<br />

companhia verificou que muitos clientes<br />

buscam alternativas mais baratas na hora<br />

de renovar o seguro. “Este produto pode<br />

atingir cerca de 5% da carteira que hoje<br />

enfrenta uma condição econômica mais<br />

crítica. São pessoas que perderam sua<br />

fonte de renda mas que ainda querem<br />

manter o seu bem protegido”, afirma<br />

Umeki.<br />

O executivo explica que a seguradora<br />

orienta os corretores de seguros para que<br />

eles conheçam bem o seu cliente para<br />

identificar a situação econômica. “Se ele<br />

percebe que o cliente parou de pagar o<br />

seguro é porque há alguma situação de<br />

perda de renda familiar. Um dado importante<br />

é que esta linha de produto permite<br />

que o cliente faça um upgrade quando sua<br />

situação melhora”, antecipa.<br />

A cobertura de responsabilidade<br />

civil, neste caso, também é fundamental.<br />

Um carro com muitos anos de uso pode<br />

provocar danos em veículos novos, cujo<br />

valor de mercado pode superar muito as<br />

economias de uma vida. Por isso, cabe<br />

ao corretor de seguros mostrar ao seu<br />

segurado que existe a possibilidade de<br />

manter a integridade do seu patrimônio e<br />

a dos outros veículos que estão nas ruas.<br />

O produto estará disponível a partir<br />

do mês de setembro, nas 99 filiais da<br />

seguradora em todo o País. O desconto<br />

médio em relação aos produtos tradicionais<br />

pode chegar a 40%.<br />

As resseguradoras Austral Re, BTG<br />

Pactual, IRB Brasil e Terra Brasis criaram<br />

a Associação Nacional das Resseguradoras<br />

Locais (AN-Re) com o objetivo<br />

de desenvolver estudos e trabalhos<br />

técnicos que contribuam para o crescimento<br />

e o aprimoramento do mercado<br />

de seguros e de resseguros no Brasil.<br />

O CEO da Terra Brasis, Paulo Botti,<br />

foi escolhido como o primeiro diretorpresidente<br />

da AN-Re. Ele afirmou total<br />

confiança no apoio e entusiasmo de<br />

todas as companhias e entidades do<br />

mercado com a nova Associação.<br />

Junto com Botti, integram a diretoria<br />

o vice presidente do IRB Brasil Re, Jose<br />

Carlos Cardoso, e o CEO da Austral Re,<br />

Bruno Freire.<br />

• nparceria<br />

Capacitação de empresários<br />

O Grupo BB e Mapfre fechou um<br />

acordo com o Sebrae-SP com o intuito de<br />

capacitar micro e pequenos empresários<br />

para a realização de cursos sobre processos<br />

sustentáveis e gestão de negócios<br />

e pessoas.<br />

As atividades serão destinadas aos<br />

prestadores de serviços credenciados<br />

ao grupo, com enfoque nas duas mil<br />

oficinas mecânica, de funilaria e pintura<br />

que fazem o atendimento aos segurados<br />

de automóvel.<br />

8<br />

Gratuito, o programa prevê capacitações<br />

presenciais e à distância. “Nosso<br />

objetivo é apoiar esses empreendedores<br />

no gerenciamento de sua operação,<br />

mostrando a importância de investir na<br />

melhoria contínua e na gestão de riscos<br />

para garantir a perenidade do negócio”,<br />

afirma o diretor de Sinistro de Automóvel<br />

da companhia, Rogério Esteves.<br />

Os cursos presenciais serão ministrados<br />

nas cidades de São Paulo, Campinas,<br />

Bauru, Ribeirão Preto, São José<br />

do Rio Preto e Santo André. Já os cursos<br />

à distância serão realizados em formato<br />

e-learning e terão duração média de três<br />

horas.


painel<br />

• ncapitalização<br />

Prêmios chegam a R$ 456 mi até maio<br />

De janeiro a maio, os títulos de<br />

capitalização distribuíram 18,1% a mais<br />

em prêmios que no mesmo período<br />

de 2015, atingindo R$ 456 milhões. O<br />

valor equivale ao pagamento de R$ 4,4<br />

milhões em prêmios por dia útil, tendo<br />

sido contemplados 50.379 títulos, com<br />

valor médio de premiação de R$ 9 mil,<br />

para um tíquete médio dos títulos da<br />

• nperfil<br />

Elas assumem as motocicletas<br />

Um levantamento da SulAmérica<br />

revelou que, nos últimos cinco anos,<br />

houve um crescimento de mais de 30%<br />

no número de mulheres abaixo de 35 anos<br />

contratando seguros para motocicletas na<br />

companhia. Hoje, as brasileiras representam<br />

17% do total de segurados com este<br />

tipo de veículo.<br />

No Estado do Tocantins, elas já<br />

ordem de R$ 28, informa a Federação<br />

Nacional de Capitalização (FenaCap).<br />

As provisões técnicas somaram R$<br />

30,1 bilhões. Os resgates finais e parciais<br />

efetuados chegaram a R$ 7,9 bilhões,<br />

20,4% a mais ante o mesmo período<br />

de 2015.<br />

A receita global do setor decresceu<br />

0,06% e atingiu R$ 8,2 bilhões. “Trabalhamos<br />

com a perspectiva de<br />

uma possível retomada no<br />

crescimento ainda em 2016<br />

em razão da diversificação,<br />

com a oferta de soluções<br />

aderentes às necessidades dos<br />

consumidores, a ampliação<br />

dos canais de distribuição por<br />

meio de call center e internet,<br />

e o aumento das iniciativas de<br />

Educação para Seguros”, assinala<br />

Marco Antonio Barros,<br />

presidente da Federação.<br />

somam aproximadamente 55% do total<br />

de condutores de motos seguradas pela<br />

empresa. No Rio de Janeiro, por outro<br />

lado, 90% dos segurados da categoria<br />

são homens.<br />

O Estado que concentra a maior<br />

quantidade de motos na carteira da seguradora<br />

é Minas Gerais, que responde<br />

por quase 15% do total e que, no período,<br />

também apresentou 15% de<br />

crescimento. Em seguida<br />

estão São Paulo (14%) e Pernambuco<br />

(10%).<br />

O seguro para motocicleta<br />

também é a segunda<br />

categoria mais contratada<br />

por homens abaixo de 35<br />

anos. Quase 30% dos seguros<br />

SulAmérica Auto para<br />

o público masculino nessa<br />

faixa etária são de moto. Em<br />

primeiro lugar são os carros<br />

de passeio, com 64%.<br />

• notimismo<br />

Índice de Confiança<br />

supera os 100 pontos<br />

O Índice de Confiança do Setor de<br />

Seguros (ICSS) fechou os primeiros<br />

sete meses do ano com alta acumulada<br />

de 50,8%. Em julho, o índice superou a<br />

barreira dos 100 pontos (101,2), o que não<br />

acontecia desde fevereiro de 2014. Foi o<br />

sexto mês de alta consecutiva, segundo<br />

levantamento da Fenacor.<br />

“A economia do Brasil segue em<br />

recuperação. O País não está parado,<br />

mesmo com o cenário de crise. Também<br />

é assim com o setor de seguros. Algumas<br />

boas notícias de julho foram o sinal de<br />

que o seguro de auto popular pode ser<br />

regulamentado e se tornar um novo produto<br />

de oferta pelo corretor, o que traria,<br />

sem dúvida, novos negócios com milhões<br />

de novas apólices. O empresariado está<br />

atento a isso e percebemos em nossa pesquisa”,<br />

destaca o presidente da Fenacor,<br />

Armando Vergilio.<br />

Os resultados do ICSS são calculados<br />

a partir de pesquisa realizada pela<br />

Federação com 100 grandes empresas<br />

do setor, que indicam percentuais de<br />

zero a 200 para a confiança na economia,<br />

rentabilidade e faturamento<br />

10


11


painel<br />

• ncartilha<br />

Seguro para celular e eletrônicos<br />

A Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg)<br />

lançou a cartilha “Entenda os Seguros para Celulares e<br />

Equipamentos Eletrônicos e Portáteis: orientações para o<br />

Consumidor”. Com viés didático, a publicação elenca os<br />

principais conceitos, benefícios e coberturas para celulares,<br />

notebooks, tablets e bens eletroportáteis. Também esclarece<br />

dúvidas a respeito da contratação do produto e do funcionamento<br />

do seguro.<br />

O material conta com versão impressa, que será distribuída<br />

para seguradoras,<br />

sindicatos de<br />

corretores, órgãos<br />

de defesa do consumidor<br />

e varejo;<br />

e online, disponível<br />

para leitura no<br />

portal da FenSeg,<br />

no hotsite www.<br />

osegurogarantiaestendida.org.br<br />

e<br />

nas mídias digitais e redes sociais. “Ações como esta são<br />

fundamentais para fortalecer os vínculos com os seus consumidores,<br />

e ampliar a relação com os órgãos de defesa do<br />

consumidor”, afirma o presidente da Comissão de Seguro de<br />

Garantia Estendida da entidade, Allan Rocha.<br />

• ncomemoração<br />

Resultados positivos<br />

• ninscrição<br />

Associação ao Ibracor é iniciada<br />

O site do Instituto<br />

Brasileiro de Autorregulação<br />

do Mercado de<br />

Corretagem de Seguros,<br />

Resseguros, Capitalização<br />

e de Previdência<br />

Complementar Aberta<br />

(Ibracor) já está aberto<br />

para inscrição dos associados.<br />

“O corretor de<br />

seguros precisa apenas<br />

acessar o site da instituição<br />

e se cadastrar. A partir<br />

daí, o próprio sistema<br />

gera uma senha, que será remetida de volta ao e-mail informado”,<br />

explica o presidente da entidade, Paulo dos Santos.<br />

Com essa senha, o corretor pode entrar no portal, procurar<br />

o cadastro em “associados” e solicitar sua associação<br />

ao Instituto. Para isso, os dados informados pelo profissional<br />

devem estar atualizados junto ao cadastro da Susep.<br />

Também é condição necessária a adesão ao código de<br />

ética, o que o corretor poderá assinalar eletronicamente<br />

quando enviar o pedido de associação. O profissional que se<br />

inscrever até o final deste ano estará isento das contribuições<br />

inicial e de manutenção dos exercícios de 2016 e 2017, seja<br />

pessoa física ou jurídica.<br />

Realizada em 25 de julho, a reunião<br />

da Gestão Profissional da Ameplan contou<br />

com um jantar comemorativo pelo<br />

encerramento do primeiro semestre de<br />

2016 e o primeiro ano<br />

da operadora em sua<br />

nova sede administrativa,<br />

em Santo Amaro<br />

(SP). “Nossa equipe<br />

trabalha incansável no<br />

cumprimento de metas<br />

financeiras, administrativas<br />

e de atendimento e<br />

temos que comemorar<br />

resultados positivos.<br />

Vamos aproveitar esses<br />

momentos para motivar<br />

as pessoas, compartilhar<br />

alegrias, brindes,<br />

fotos. Essa é uma parte<br />

12<br />

muito agradável da nossa rotina na empresa<br />

e todos gostam muito”, disse José<br />

Silva dos Santos, diretor administrativo<br />

financeiro da empresa.<br />

Com registro de crescimento há três<br />

anos, a companhia foca na busca de oportunidades.<br />

Para Silva, os balanços positivos<br />

resultam de uma forte sintonia entre os<br />

gestores da operadora, que há<br />

alguns anos aprendem juntos,<br />

potencializando seus talentos<br />

e melhorando suas performances<br />

para enxergarem as<br />

mesmas imagens e falarem<br />

a mesma língua. “Isso não<br />

significa ignorarmos os fatos<br />

econômicos que ocorrem no<br />

mercado. A idéia é não cruzar<br />

os braços achando que não há<br />

mais saída”, frisou.<br />

A equipe se reuniu em<br />

um tradicional rodízio de pizza<br />

da região para, mais uma<br />

vez, brindar pelo sucesso.


gente<br />

O comandante do mercado<br />

Foto: Luciana Lombardi<br />

Depois de muita expectativa, o corretor<br />

de seguros Joaquim Mendanha<br />

de Ataídes deixou a presidência do<br />

Sincor-GO para comandar a Superintendência<br />

de Seguros Privados (Susep).<br />

O decreto foi assinado pelo presidente<br />

interino da República, Michel Temer, e<br />

publicado no Diário Oficial da União de<br />

26 de julho. Mendanha substitui Roberto<br />

Westenberger, que ocupou a função<br />

nos últimos dois anos.<br />

Esta é a segunda vez que um representante<br />

do mercado segurador goiano<br />

preside a autarquia. A primeira foi com<br />

Armando Vergilio, que esteve à frente<br />

da entidade entre 2007 e 2010 e hoje<br />

dirige a Fenacor.<br />

Aos 48 anos, Mendanha reúne<br />

quase três décadas de experiência<br />

no segmento. “O fato de um corretor<br />

de seguros retornar ao comando da<br />

superintendência demonstra o papel<br />

fundamental e indispensável exercido<br />

pelos representantes desta atividade na<br />

cadeia produtiva do setor”, destaca ele.<br />

Dentre as atribuições da Susep que<br />

serão o foco de sua administração estão<br />

a defesa dos interesses dos consumidores<br />

junto ao mercado supervisionado<br />

pelo órgão e a promoção da estabilidade<br />

dos mercados sob sua jurisdição.<br />

Gerentes regionais<br />

A Tokio Marine modificou a estrutura<br />

comercial das sucursais de Ribeirão<br />

Preto (SP) e Uberlândia (MG). Alexandre<br />

Carmona e Cristina Carvalho assumem<br />

a gestão das unidades, respectivamente.<br />

C a r m o n a<br />

iniciou trajetória<br />

na seguradora<br />

como gerente regional<br />

de Vida,<br />

na diretoria SP<br />

Interior II, e na<br />

nova função será<br />

responsável pelo<br />

atendimento da<br />

cidade e outros<br />

14 municípios.<br />

Já Cristina iniciou carreira como<br />

corretora e trabalhou em outras congêneres<br />

do mercado. Está na companhia<br />

desde 2009, onde começou como gerente<br />

comercial e, depois, assumiu a gestão da<br />

sucursal de Ipatinga até março deste ano.<br />

Mudanças no Sincor-GO<br />

Com a ida de Joaquim<br />

Mendanha para a Susep,<br />

o Sincor-GO passou a<br />

ser presidido pelo também<br />

corretor de seguros<br />

Henderson de Paula Rodrigues.<br />

Na gestão anterior,<br />

ele ocupava a vicepresidência<br />

Financeira do<br />

sindicato, cargo que agora<br />

é respondido por Carmen<br />

Lucy Silva.<br />

“Minha visão para o<br />

Sincor-GO é sempre de<br />

unidade e crescimento.<br />

Precisamos nos preocupar<br />

com o futuro da entidade e<br />

do mercado que ela representa”,<br />

afirma Rodrigues.<br />

Segundo o novo presidente,<br />

a entidade precisa e<br />

estará próxima do corretor<br />

de seguros. “O Sincor<br />

tem muito que fazer pelos<br />

14<br />

Fotos: Luciana Lombardi<br />

corretores de seguros<br />

goianos”.<br />

Um dos grandes desafios<br />

da atual gestão<br />

será a realização do 20º<br />

Congresso Brasileiro dos<br />

Corretores de Seguros,<br />

que acontecerá na capital<br />

goiana em outubro de<br />

2017. “Será um desafio<br />

bom. Temos uma comissão<br />

de Goiás junto<br />

à Fenacor trabalhando<br />

intensamente para que<br />

esse evento marque a<br />

história do mercado de<br />

corretagem de seguros<br />

brasileiro”, acentua.<br />

Henderson tem 55<br />

anos e ingressou no<br />

mercado de seguros em<br />

2002. Desde 2008, exerce<br />

cargos de diretoria no<br />

Sincor-GO.<br />

Relacionamento com<br />

investidores<br />

Fernando Loureiro Brandão é o<br />

novo responsável pelo relacionamento<br />

com os investidores institucionais,<br />

especificamente fundos de pensão,<br />

da Mapfre Investimentos. Sua principal<br />

atribuição será liderar a área com produtos<br />

exclusivos<br />

para esses investidores.<br />

O executivo<br />

já passou por<br />

bancos como<br />

o Credit Suisse,<br />

Banif e Banco Garantia.<br />

A chegada<br />

de Brandão à<br />

empresa marca o reforço da companhia<br />

no setor de fundos de pensão, além de<br />

consolidar a atuação sinérgica com as necessidades<br />

dos investidores. Atualmente,<br />

a área já administra R$ 320 milhões em<br />

Fundos de Pensão, em um total de R$ 8<br />

bilhões em investimentos geridos.


Fortalecimento de marca<br />

A Brasil Assistência anunciou mudanças em sua área Comercial<br />

de Turismo.<br />

Passaram a integrar o time Julia Arjonas, como gerente de vendas; e<br />

Eduardo Ramos, como gerente de distribuição, que atuarão em sinergia<br />

com o produto Seguro Viagem Mapfre e deverão auxiliar na capacitação<br />

de profissionais do mercado e agentes de viagem sobre as novas regras<br />

da Susep, que visam regular as coberturas oferecidas pelo produto.<br />

Os executivos foram recebidos por Marcos Rogério de Souza, lider<br />

de vendas em Turismo, no escritório da empresa, em São Paulo.<br />

❙❙Marcos Rogério de Souza, Julia Arjonas e Eduardo Ramos<br />

Reforço em operação<br />

mineira<br />

A Amil reforçou sua operação em Minas Gerais<br />

com a contratação de Marcelo Coury como<br />

novo diretor comercial<br />

regional<br />

da companhia. À<br />

frente do cargo,<br />

o executivo atuará<br />

junto ao gerente<br />

de vendas<br />

André Pimenta.<br />

O relacionamento<br />

com as<br />

pequenas e médias<br />

empresas de<br />

Minas continua a<br />

cargo do diretor<br />

André Madureira<br />

e do gerente Bruno Roesberg. Com essa estratégia,<br />

a operadora pretende fortalecer as vendas<br />

no mercado mineiro.


capa | renovação<br />

Com foco no futuro,<br />

Previsul comemora 110 anos<br />

16


Previsul passa<br />

por movimento<br />

de evolução e se<br />

apresenta como<br />

uma nova geração<br />

de seguradora mais<br />

simples, fácil, flexível,<br />

moderna e inovadora<br />

Poucas empresas no Brasil são<br />

centenárias e a Previsul é uma<br />

delas. A companhia, que completou<br />

110 anos no dia 1º de agosto,<br />

atingiu a marca somando 4.150 corretores<br />

cadastrados e marcando presença em nove<br />

Estados, com oito sucursais e oito escritórios,<br />

além da matriz em Porto Alegre, no<br />

Rio Grande do Sul. “Chegar aos 110 anos é<br />

louvável, uma vez que nos mostramos com<br />

a vitalidade de uma empresa recém-criada,<br />

inserida em um ramo muito tradicional,<br />

que é o de seguros, e que consegue se reinventar<br />

e enxergar novos desafios”, destaca<br />

o diretor presidente, Renato Pedroso.<br />

Para se manter em um mercado<br />

extremamente competitivo, no entanto,<br />

é preciso inovar e desenvolver produtos<br />

que estejam alinhados às necessidades<br />

dos consumidores. Por isso, a seguradora<br />

continua de olho nas tendências e busca<br />

se renovar. A realização mais recente<br />

começou em 2013, quando teve suas<br />

ações adquiridas pela Caixa Seguradora<br />

com a promessa de marca que apresenta<br />

a companhia como uma nova geração de<br />

seguradora mais simples, fácil, flexível,<br />

moderna e inovadora.<br />

“Este novo posicionamento trouxe<br />

várias mudanças, mas podemos apontar<br />

que as mais significativas foram as na<br />

governança e controles de gestão. Em<br />

ambos, temos o apoio do Grupo Caixa<br />

Seguradora. Alcançamos ainda solidez<br />

nos aspectos de solvência e capital, que<br />

possibilitam explorar novas frentes comerciais”,<br />

declara o executivo.<br />

Principais frentes desta evolução, a<br />

tecnologia e inovação e a cultura organizacional<br />

fazem com que a Previsul concentre<br />

esforços em otimizar os processos<br />

de operação, investindo na evolução dos<br />

sistemas e impactando<br />

diretamente os setores<br />

administrativo, financeiro,<br />

cotações e comercial.<br />

A companhia, que busca<br />

a vanguarda de mercado,<br />

investe para disponibilizar<br />

ao corretor canais<br />

tecnológicos que atendam<br />

cada vez melhor<br />

os consumidores. Para<br />

o segundo semestre, inclusive,<br />

a novidade será<br />

a cotação eletrônica de<br />

seus produtos, ferramenta<br />

que estará disponível<br />

aos profissionais e que,<br />

na visão de Pedroso,<br />

trará mais agilidade ao<br />

atendimento. “O corretor<br />

terá a cotação imediata<br />

do seguro e poderá<br />

selecionar os tipos de<br />

cobertura e assistências.<br />

Com esta nova plataforma,<br />

nos aproximamos<br />

ainda mais do profissional e oferecemos<br />

um serviço ágil e simples ao segurado”,<br />

afirma.<br />

Há ainda o aplicativo do Cartão Previsul<br />

de Vantagens, lançado na segunda<br />

quinzena de agosto. Com a ferramenta,<br />

o segurado tem acesso a uma série de<br />

benefícios na área da saúde e beleza,<br />

educação e capacitação, entretenimento,<br />

varejistas online, viagens e turismo e<br />

outras categorias. A rede de convênios<br />

e descontos inclui 600 marcas parceiras<br />

no Brasil e outras duas mil na América<br />

Latina.<br />

Reconhecimento e<br />

desenvolvimento<br />

Os corretores são considerados a<br />

ponte da empresa com o cliente final,<br />

ajudando o consumidor a escolher a opção<br />

mais adequada de seguro para o seu perfil<br />

e necessidade. Para valorizar o trabalho<br />

desses profissionais e potencializar os<br />

resultados de vendas, a seguradora desenvolve<br />

campanhas de reconhecimento<br />

que motivam o dia a dia e o trabalho do<br />

comercial.<br />

Com a premissa de que os colaboradores<br />

são o seu maior patrimônio, a<br />

❙❙Renato Pedroso, diretor presidente da Previsul<br />

empresa também aposta no capital intelectual.<br />

Por meio do programa de desenvolvimento<br />

de pessoas, oportuniza resultados<br />

mais efetivos para as equipes – entre<br />

eles programas que buscam desenvolver<br />

competências de gestão e uma cultura<br />

voltada para a liderança em equipe interna<br />

com o objetivo de trazer mais inovação à<br />

empresa. Há ainda a busca no mercado<br />

e internamente de jovens talentos que<br />

possam agregar tecnologia e novas formas<br />

de pensar, modernizando a companhia.<br />

“Como resultado, temos uma equipe<br />

mais comprometida, alinhada com as<br />

demandas da empresa e com foco no<br />

futuro”, salienta o diretor presidente. “A<br />

mudança da cultura organizacional está<br />

relacionada ao momento que a companhia<br />

vive. Se estamos trabalhando com<br />

foco no futuro, temos que aplicar esta<br />

premissa internamente também. Desta<br />

forma, mudando valores, crenças e normas,<br />

com a abertura dos ambientes da<br />

matriz e sucursais. Estamos passando<br />

por uma reforma, onde saem as paredes<br />

e entra uma estrutura Open Space. Desta<br />

forma, todos estão integrados e há melhor<br />

fluxo de informação entre as áreas”,<br />

finaliza o executivo.<br />

17


capa | odonto<br />

Mais motivos para sorrir<br />

Caixa Seguradora realiza campanha para<br />

incentivar corretores de seguros parceiros a<br />

comercializarem os produtos de odonto.<br />

Bônus podem chegar a R$ 25 mil<br />

O<br />

benefício odontológico é um<br />

dos que ainda cresce neste<br />

ano, apesar da crise econômica<br />

vivenciada no País e<br />

da retração apresentada em outros benefícios.<br />

Isso acontece por conta do ticket<br />

deste tipo de produto ser bem menor do<br />

que o de saúde, por exemplo, levando empresas<br />

a oferecer este benefício para compensar<br />

outros que estão sendo retirados.<br />

Além disso, as companhias já perceberam<br />

a estreita relação entre doenças bucais e<br />

sistêmicas e, neste caso, o benefício vem<br />

para amenizar vários problemas como o<br />

índice de absenteísmo.<br />

Atenta a este contexto, a Caixa Seguradora<br />

está aumentando sua carteira<br />

de clientes no ramo odontológico e o<br />

corretor de seguros é peça fundamental<br />

e tem muito a ganhar. A seguradora pre-<br />

❙❙Julio Cesar da Silva Felipe, CEO da Caixa Seguradora Odonto<br />

parou uma campanha que se estenderá<br />

até dezembro/2016, apresentando uma<br />

oportunidade para que os corretores<br />

de seguros possam ganhar bônus em<br />

dinheiro que vão de R$ 3 mil a R$ 25<br />

mil por contrato fechado acima de 200<br />

vidas, além das comissões de praxe.<br />

“Nesta campanha, que se chama ‘Motivos<br />

para Sorrir’, já foram distribuídos mais<br />

de R$ 200 mil em bônus e acreditamos<br />

que iremos distribuir ainda muito mais”,<br />

afirma Julio Cesar da Silva Felipe, CEO<br />

da Caixa Seguradora Odonto.<br />

Ele explica que o produto tem vários<br />

diferenciais, como isenção de pagamento<br />

aos dependentes com até três anos de idade,<br />

uso de aplicativo mobile para consulta<br />

de rede, envio de reembolso, carteirinha<br />

virtual, dentre outros. “A isenção para<br />

crianças estimula os pais a levarem seus<br />

filhos ao dentista desde a mais tenra<br />

idade, prevenindo futuros problemas bucais”,<br />

esclarece Julio. A consulta de rede<br />

por meio de SMS permite que o cliente<br />

consulte os dentistas mais próximos de<br />

seu CEP e também por especialidade.<br />

O produto de PME (pequenas e<br />

médias empresas), que atende empresas<br />

de duas a 199 vidas, além de apresentar<br />

custos competitivos, oferece aos titulares<br />

assistência residencial com vários serviços.<br />

Este produto foi desenhado para<br />

atender também aos pequenos empresários<br />

que precisam não só ter o benefício<br />

como disponibilizá-lo aos seus funcionários<br />

a um custo baixo. Ele é comercializado<br />

pelos corretores tanto no modelo<br />

tradicional presencial como por meio<br />

da plataforma web, sendo essa última<br />

rápida e com redução de despesas, uma<br />

vez que esta venda pode ser realizada em<br />

poucos minutos e de dentro do escritório<br />

do corretor. “Também comercializamos<br />

nosso produto PF (pessoa física) de forma<br />

mais concentrada nas agências da CEF<br />

(Caixa Econômica Federal) e por meio<br />

dos nossos parceiros varejistas, trazendo<br />

uma fonte importante de receita para os<br />

mesmos”, acrescenta Julio.<br />

A operação de produtos odontológicos<br />

atende desde a pessoa física até<br />

as grandes corporações, passando pelas<br />

pequenas e médias empresas. Sempre<br />

prezamos pela excelência na qualidade<br />

do atendimento, disponibilizando uma<br />

das maiores redes do Brasil, que conta<br />

hoje com mais de 7.500 dentistas em<br />

mais de 26.000 opções de atendimento<br />

do Oiapoque ao Chuí, mostrando-se uma<br />

excelente opção de negócio aos corretores<br />

de seguros parceiros.<br />

A Caixa Seguradora é uma empresa<br />

com mais de 40 anos de mercado. A companhia<br />

privada é formada pela parceria<br />

entre duas instituições públicas: a brasileira<br />

Caixa Econômica Federal e a francesa<br />

CNP Assurances. A seguradora surgiu para<br />

proporcionar aos clientes e interessados<br />

seguros em diversos ramos. A assistência<br />

odontológica é um deles.<br />

18


crescimento | previdência privada<br />

O segredo da poupança<br />

Quem pode fazer investimentos nos últimos anos agora vive um<br />

dilema: enfrentar a turbulência econômica e manter as reservas ou<br />

sacar o dinheiro da previdência privada<br />

Amanda Cruz<br />

Não é nenhuma novidade: o<br />

tempo é de crise. Os níveis de<br />

desemprego têm aumentado a<br />

cada dia, a onda de pessimismo<br />

parece que ainda deve demorar a se<br />

dissipar e, enfrentando esse caminho, até<br />

os brasileiros que antes poupavam agora<br />

tendem a abandonar alguns investimentos.<br />

O ano de 2015 teve saída recorde,<br />

com retiradas que superaram R$ 53,56<br />

bilhões e rendimentos de apenas 8,15%<br />

no ano, menor que a inflação de 10,67%.<br />

Enquanto esse investimento, que é o mais<br />

seguro e responde ao conservadorismo<br />

do investidor médio brasileiro, sofreu<br />

depreciação, a previdência privada anda<br />

na contramão dessa tendência, conforme<br />

o relatório da FenaPrevi de maio de 2016.<br />

Entre os números mais importantes<br />

20<br />

estão os aportes em ambos os planos,<br />

VGBL e PGBL, que juntos contabilizam<br />

R$ 9,8 bilhões. Já a captação líquida, que<br />

é a diferença entre depósitos e resgates,<br />

foi positiva em R$ 5,4 bilhões. Esses<br />

resultados são excelentes e ficaram concentrados,<br />

principalmente, em planos<br />

individuais. Os contratos empresariais<br />

tiveram queda, o que, muito provavelmente,<br />

é um reflexo desse momento difícil. Ou<br />

seja, ao contrário do que seria possível<br />

deduzir, as pessoas não estão correndo<br />

para sacar suas economias, nem deixando<br />

de acreditar que poupar para o futuro é<br />

o melhor caminho para ter estabilidade<br />

financeira. Será que a mentalidade da<br />

população está realmente mudando e<br />

que a cultura do seguro, tão almejada<br />

por seguradoras, corretores e entidades<br />

do mercado, começa a fazer parte, efetivamente,<br />

da vida do brasileiro?<br />

Para Edson Franco, presidente da<br />

FenaPrevi, a estratégia do consumidor<br />

é, realmente, formar uma poupança de<br />

longo prazo para garantir a renda complementar<br />

na aposentadoria. Em tempos<br />

de crise e, consequentemente, queda de<br />

renda, as pessoas tendem a recorrer ao<br />

dinheiro mais líquido. “Os planos de previdência<br />

ficam por último e a tendência<br />

é de reduzir os saques”, explica Franco.<br />

Para ele, o bom desempenho da captação<br />

líquida é uma prova disso.<br />

Para Maristela Gorayb, diretora de<br />

Previdência e Vida Resgatável da Mapfre,<br />

vale ressaltar ainda que a cobrança<br />

de imposto de renda quando do saque de<br />

todo ou parte do capital acumulado pelo


participante de planos de previdência privada<br />

já é, por si só, um fator importante<br />

de inibição destas retiradas. “Além deste<br />

custo, ao fazer retiradas antecipadas os<br />

participantes consomem parte do capital<br />

angariado durante o período de contribuição<br />

e prejudicam o montante a ser recebido<br />

futuramente”, justifica a executiva.<br />

Seguindo essa linha, o comportamento<br />

em tempos de crise seria justamente<br />

o contrário. Ao invés de uma corrida<br />

desenfreada por saques, o consumidor<br />

se tornaria mais comedido. “Em cenários<br />

de instabilidade econômica, cresce<br />

a tendência de conservadorismo nos<br />

investimentos, o que também é refletido<br />

no cenário de previdência privada. Diante<br />

de incertezas na manutenção do emprego,<br />

muitos passam a investir em previdência<br />

com a intenção de oferecer boas condições<br />

para sua família no futuro, além de<br />

poder contar com uma reserva e renda em<br />

caso de imprevistos”, observa.<br />

Alexandre de Mattos Malho, superintendente<br />

comercial da Icatu Seguros,<br />

aposta em uma evolução histórica. O executivo<br />

enxerga uma mudança no decorrer<br />

dos anos, destacando o advento do VGBL,<br />

em 2003, que hoje representa, aproximadamente,<br />

90% do total da captação da<br />

companhia no território nacional. “De<br />

2003 até esse ano, as captações aumentaram<br />

muito. É importante lembrar que<br />

há 18, 20 anos, a previdência era somente<br />

complemento da aposentadoria.”, destaca.<br />

A verdade é que a previdência privada<br />

se tornou mais presente na vida dos<br />

brasileiros na última década. Os trabalhos<br />

de educação financeira começam a<br />

mostrar seus primeiros frutos com esses<br />

comportamentos mais centrados. “Além<br />

disso, há a conscientização por conta das<br />

mudanças da previdência social”, pontua<br />

a executiva da Mapfre.<br />

Outra questão importante, levantada<br />

por Malho, é o plano de sucessão. Muitos<br />

participantes estão usando esse mecanismo<br />

de previdência privada complementar<br />

para a questão de planejamento sucessório.<br />

“É por isso que não só a previdência<br />

privada cresce de forma salutar, mas para<br />

os próximos anos nós estamos vislumbrando<br />

esse crescimento ainda maior do<br />

que temos hoje.”<br />

É importante frisar que essa movimentação<br />

ocorre muito mais nos planos<br />

individuais do que nos empresariais. A<br />

previdência privada, apesar de sempre<br />

figurar no top 5 dos desejos dos funcionários,<br />

ainda não encontrou um lugar<br />

definitivo na cesta de benefícios, que<br />

fica cada vez mais básica conforme a<br />

crise se agrava. “A previdência continua<br />

sendo um benefício muito importante<br />

para atrair e manter profissionais e<br />

é natural que ela tenha adaptações,<br />

principalmente em grandes empresas,<br />

por conta de cenários adversos”, afirma<br />

Maristela. Ao invés da situação servir<br />

como desculpa, poderá ser um trunfo<br />

para quem tem condições de oferecer<br />

mais do que o concorrente na hora de<br />

conseguir o melhor profissional. Na<br />

maioria das vezes, o funcionário participa<br />

do pagamento desse plano, percebe o<br />

investimento sendo feito e essa poupança<br />

é convidativa e pode fazer até mesmo<br />

com que o funcionário fique na empresa<br />

por muito mais tempo, construindo uma<br />

carreira longínqua.<br />

Malho não vê a diferença entre<br />

captações de prêmios individuais e<br />

empresariais, que ficam em 75% e 25%,<br />

respectivamente, como uma perda na força<br />

da previdência privada como um benefício,<br />

mas concorda que o segmento tem<br />

crescido muito pouco. “Quando falamos<br />

em planos empresariais, nós falamos de<br />

uma empresa onde há inúmeras pessoas<br />

sob aquele guarda-chuva”, exemplifica o<br />

executivo da Icatu.<br />

A explicação, na visão dele, é que<br />

os planos contratados individualmente,<br />

principalmente por aqueles de alta renda,<br />

é que puxam o crescimento, principalmente<br />

no modelo VGBL.<br />

Além desses fatores, com a implementação<br />

da lei 11053/2004, as pessoas<br />

ganharam mais um benefício com a<br />

previdência privada: a tabela regressiva<br />

do imposto de renda. “Isso fez o mercado<br />

crescer, porque o público de alta renda<br />

procura muito utilizar essa tabela”, conta<br />

Malho.<br />

Possíveis desafios<br />

O que poderia fazer com que esses<br />

ventos mudassem para a previdência<br />

Foto: Carlos Della Rocca<br />

❙❙Maristela Gorayb, da Mapfre<br />

❙❙Edson Franco, da FenaPrevi<br />

❙❙Alexandre M. Malho, da Icatu Seguros<br />

21


previdência privada<br />

complementar privada? Pouca coisa,<br />

segundo os executivos. As mudanças<br />

de perfil demográfico e socieconômico<br />

levam para o desenvolvimento da carteira<br />

nas próximas décadas. Certamente,<br />

a queda da natalidade em relação<br />

ao envelhecimento da população já é<br />

um desafio conhecido que o mercado<br />

expõe e procura maneiras de contornar<br />

há algum tempo. Assim como a<br />

inclusão social e o aumento da classe<br />

média como beneficiária desse produto<br />

trazem outra perspectiva de utilização.<br />

O contexto econômico e político atual<br />

é difícil, mas dados do Banco Mundial<br />

indicam que a renda per capta do Brasil<br />

cresceu de US$ 2.274, em 1993 para US$<br />

11.384, em 2014. “Diante desse cenário,<br />

o nosso desafio é atuar como agente de<br />

conscientização da população sobre os<br />

riscos de perda de renda e de vida como<br />

consequencia da importância de se proteger<br />

adequadamente”, destaca Franco.<br />

Maristela também cita esses dois<br />

fatores como os que devem ser primordialmente<br />

avaliados para entender o fenômeno<br />

previdência privada complementar.<br />

“Esses efeitos estão sendo sentidos na<br />

prática. Há também a questão de se contar<br />

com rendimentos econômicos que acabam<br />

não sendo suficientes para um plano<br />

de vida”, destaca. A notícia chega a todos<br />

os ouvidos: o Brasil procura maneiras de<br />

reduzir os impactos da previdência social<br />

conforme a população se torna mais longeva.<br />

“A previdência social continuará<br />

sofrendo ajustes, levando em conta esses<br />

fatores. Por isso, acreditamos que a previdência<br />

privada tenha ainda um grande<br />

potencial de crescimento, o que também<br />

deverá acontecer com a conscientização<br />

cada vez maior da população”, completa<br />

a executiva.<br />

Atrelada a essa mudança de mentalidade,<br />

há também a preocupação do<br />

governo em fortalecer essa alternativa<br />

de poupança, dando subsídios e tratando<br />

a previdência privada como uma<br />

importante questão, já que os fundos de<br />

previdência têm muitos títulos atrelados<br />

ao governo. “Isso se torna um mecanismo<br />

interessante para todos os envolvidos.<br />

Claro que não se pode transferir para<br />

entidades privadas uma obrigação do<br />

Estado, porque a população já paga as<br />

contribuições para ter direito à aposentadoria.<br />

Mas, como complemento, a previdência<br />

privada se mostra, sem dúvidas,<br />

fundamental”, explica Malho.<br />

O que ainda preocupa os seguradores<br />

é que a média do investidor que aplica na<br />

previdência é de 45/46 anos, aqueles que<br />

têm memória inflacionária. Até mesmo<br />

jovens empreendedores, que começaram<br />

suas carreiras entre 20 e 35 anos, estão<br />

passando pela primeira crise econômica<br />

em que realmente têm contas para pagar<br />

e clientes para conquistar em um mercado<br />

adverso. “A cultura de poupança<br />

de longo prazo muda com o tempo. Nós<br />

temos a responsabilidade de formar pessoas,<br />

ajudá-las a entender a importância<br />

desses mecanismos de investimento e<br />

de proteção que correspondam às suas<br />

expectativas”, aconselha o presidente da<br />

FenaPrevi.<br />

O foco, portanto, fica nos jovens<br />

de 10 a 20 anos. É necessário fazê-los<br />

compreender que, por mais distante que<br />

pareça, independente da idade e das<br />

reestrutuções da previdência social, um<br />

dia eles irão se aposentar. Para chegar a<br />

esse consumidor, o executivo da Icatu dá<br />

a dica que muitos conhecem, mas poucos<br />

se lembram de colocar em prática: “o<br />

mercado segurador precisa estar antenado<br />

nessas questões de tecnologia, que<br />

são fundamentais também para atiçar a<br />

curiosidade e fazer com que esses jovens<br />

apliquem o mais cedo possível em previ-<br />

O que pode impactar<br />

a previdência?<br />

A previdência é, ou pelo menos<br />

deveria ser, um comprometimento de<br />

médio a longo prazo. Os dados abaixo<br />

é que podem complicar.<br />

Dados recentes do IBGE (Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística),<br />

apresentados em 2015, mostram que:<br />

• n Em 2030 teremos cerca de 41,5<br />

milhões de idosos no País, contra<br />

14,2 milhões em 2000.<br />

• n Haverá uma drástica redução<br />

no número de jovens de 15 a 29<br />

anos. Em 2000, a faixa era 28,2%<br />

da população e, em 2030, deverá<br />

ser 21%.<br />

• n O contingente de idosos é o<br />

segmento populacional que mais<br />

cresce no País e exigirá mais cuidados<br />

previdenciários, de proteção e<br />

de saúde.<br />

dência complementar”, aconselha.<br />

A previdência privada é um investimento<br />

com foco na geração de renda.<br />

Ela precisa ser compreendida como a<br />

possibilidade de um conforto que não<br />

poderia ser proporcionado sem essa<br />

opção. “Sabemos que, em uma cultura<br />

imediatista, muitos optam por sacar os<br />

planos nos quais investiram para sanar<br />

dívidas ou gastos não planejados. No<br />

entanto, acreditamos que o trabalho de<br />

educação financeira tem surtido efeitos”,<br />

comemora a diretora da Mapfre.<br />

Ou seja, o mercado acredita que esse<br />

crescimento se deve muito menos a contas,<br />

índices acumulados e interpretações<br />

otimistas e muito mais às medidas que<br />

têm educação como base.<br />

Evolução Mensal - 2016 (em milhões)<br />

Acumulado<br />

Meses JAN FEV MAR ABR MAI Jan_Mai/15 Jan_Mai/16<br />

Captação Líquida de Planos 1.692,80 2.390,50 4.044,60 4.755,07 5.480,28 17.979,13 18.313,25<br />

Variação -80,7% 41,2% 69,2% 17,6% 14,2% 56,2% 1,9%<br />

22


23


vida | doenças crônicas<br />

Ampliando horizontes<br />

de Vida<br />

Doenças crônicas podem fazer com que os<br />

portadores não tenham acesso ao seguro<br />

de vida. O desafio do mercado é encontrar<br />

o equilíbrio entre a proteção dos clientes e a<br />

saúde da carteira<br />

Amanda Cruz<br />

Há uma discussão nos mercados<br />

de todo o mundo: a intenção<br />

do seguro é proteger pessoas<br />

e, ao mesmo tempo, ter um<br />

mercado sólido e rentável. Onde começa<br />

uma coisa e termina a outra? Esse é o<br />

questionamento feito quando a conversa<br />

é sobre os pacientes com doenças crônicas,<br />

como diabetes, câncer e HIV, por<br />

exemplo.<br />

Para Bruna Timbó, diretora executiva<br />

da LTseg, o produto de Vida comercializado<br />

no Brasil é muito tradicional, sendo<br />

que a maioria de suas alterações estão<br />

relacionadas às convenções coletivas e<br />

questões referentes às doenças laborais.<br />

❙❙Bruna Timbó, da LTseg<br />

24<br />

“O mercado ainda é muito conservador”,<br />

afirma.<br />

Tanto que Edglei Monteiro, diretor de<br />

seguro Vida da Sompo Seguros, aponta<br />

como a mudança mais relevante nessa carteira<br />

é a cobertura de invalidez funcional<br />

permanente total por doença. “Essa foi<br />

uma mudança sutil, mas bastante importante”,<br />

alega. Determinada pela circular<br />

Susep 302/2005, ela tornou mais clara a<br />

característica da indenização, ajudando a<br />

evitar dúvidas no momento do pagamento.<br />

Já na visão de Alessandra Monteiro,<br />

gerente de riscos de Vida e Previdência<br />

do IRB Brasil Re, as mudanças do seguro<br />

de vida foram significativas. “Os produtos<br />

evoluíram sempre buscando oferecer novas<br />

coberturas aos clientes. A medicina e<br />

a maior qualidade dos dados estatísticos<br />

possibilitaram que pessoas com determinadas<br />

doenças, como a diabetes, que antes<br />

não poderiam comprar seguro de vida,<br />

possam fazer isso hoje”, aponta.<br />

A questão mais importante ao contratar<br />

um produto é ser transparente sobre<br />

doenças preexistentes. O seguro precisa de<br />

cálculos preventivos para gerenciar seus<br />

riscos e é aí que se instaura o dilema entre<br />

seguradoras e segurados que precisam da<br />

proteção. “A função do seguro é garantir a<br />

tranquilidade e dar suporte financeiro caso<br />

um imprevisto altere a condição do segurado.<br />

Assim como o seguro de automóvel<br />

é contratado com a finalidade de reposição<br />

ou conserto de um veículo, caso ele venha<br />

a sofrer avarias ou seja roubado, o seguro<br />

de vida garante o capital segurado caso o<br />

quadro de saúde do segurado se altere”,<br />

explica Monteiro. Ele afirma ainda que os<br />

riscos excluídos estão sendo, aos poucos,<br />

modificados. A Sompo, por exemplo, já<br />

disponibiliza uma opção de contratação<br />

com cobertura para 10 doenças graves<br />

como AVC, câncer, infarto, transplante<br />

de órgãos, paralisia total e irreversível ou<br />

perda total de audição, fala ou visão.<br />

Essas doenças crônicas agravam o risco<br />

de morte e de invalidez, dificultando a<br />

contratação do seguro. Alessandra lembra<br />

que a diabetes é um bom exemplo de como<br />

o mercado pode se adaptar, principalmente<br />

se o paciente tem meios de comprovar<br />

que segue corretamente o tratamento, não<br />

tendo outras doenças associadas. “O preço<br />

será mais caro em função do aumento<br />

do risco, mas já dispomos de estatísticas<br />

suficientes para mensurar quanto a mais<br />

de risco teremos para poder cobrar o valor<br />

adequado”, afirma a executiva. No caso do<br />

câncer, há variáveis a serem analisadas,<br />

como a metástase, tempo desde o diagnóstico<br />

e tratamento. “Se alguém teve a<br />

doença em um só local há mais de cinco<br />

anos, pode comprar um seguro, ainda que<br />

por um preço um pouco maior”, comenta.<br />

❙❙Edglei Monteiro, da Sompo Seguros


O que se alega no mercado é que<br />

o risco de uma doença crônica é certo,<br />

quase um sinistro anunciado, ainda que<br />

seja amenizado por tratamentos. Um<br />

beneficiário pode adoecer logo após contratar<br />

o seguro? Sim. Mas no momento da<br />

contratação isso era incerto. “O mercado<br />

não se interessa por esse tipo de risco.<br />

Ainda não é arrojado o suficiente para<br />

assumir esses beneficiários”, alega Bruna.<br />

Ediglei Monteiro lembra que a doença<br />

descoberta depois, por mais complexa<br />

que ela seja, “não muda em absolutamente<br />

nada” o que já foi contratado na apólice.<br />

“Esta é a importância da contratação<br />

antes que exista a ciência que contraiu<br />

uma doença. Com isso, se o quadro de<br />

saúde do segurado se agravar e for constatada<br />

invalidez por conta de seu estado<br />

de saúde, a seguradora fará o pagamento<br />

da indenização normalmente”, assegura<br />

o executivo da Sompo.<br />

A fraude é o um dos fantasmas que<br />

assombram a necessidade de inovação do<br />

produto. Se já é difícil ter certeza sobre<br />

as declarações feitas em outros tipos de<br />

riscos, no seguro de vida isso fica ainda<br />

mais delicado. “Existe muita fraude, falta<br />

de consciência na utilização e excesso de<br />

judicialização. A seguradora não quer<br />

comercializar determinados produtos<br />

por causa disso. Em Vida existe o apelo<br />

muito forte no momento em que alguém<br />

vai ao juiz reclamar uma cobertura e o<br />

nosso Estado tem a tendência de aceitála”,<br />

destaca Bruna.<br />

É verdade que, para algumas doenças,<br />

a cobertura existe, mas muitos<br />

portadores reclamam que, ainda assim,<br />

o risco acaba por ser declinado.<br />

Questão de mercado<br />

Costumava ser uma sentença de<br />

morte. No início dos anos 80, receber a<br />

notícias de que tinha adquirido o vírus<br />

HIV era desesperador para quem recebia<br />

o diagnóstico, um caminho sem volta.<br />

O vírus ainda não tem cura, e por<br />

isso muito se fala em prevenção e conscientização.<br />

Mas a medicina avança e,<br />

com medicamentos e acompanhamento<br />

médico, ser portador de HIV não quer<br />

dizer que a pessoa desenvolverá a AIDS e,<br />

muito menos, que terá uma morte iminente.<br />

Pelo contrário, portadores de do vírus<br />

têm vivido saudáveis, felizes: criam suas<br />

famílias, trabalham, têm vida social e têm<br />

que responder por seus direitos e deveres,<br />

como qualquer outra pessoa. Constatações<br />

que podem parecer óbvias, mas que nem<br />

sempre são vistas de forma tão natural.<br />

É chegada a hora do mercado de<br />

seguros olhar para isso, assim como tem<br />

se dedicado a olhar para beneficiários<br />

diabéticos, com algum tipo de câncer ou<br />

aqueles que desenvolvem Alzheimer?<br />

No setor, o sinistro das apólices de<br />

vida é certo e, por isso, as companhias se<br />

preocupam em gerenciar muito bem seus<br />

riscos para manter, na medida do possível,<br />

a sinistralidade baixa. A evolução dos<br />

tratamentos faz com que seja preciso reavaliar<br />

o chamado grupo de risco e, talvez,<br />

até mudá-los para o que se conhece por<br />

comportamento de risco. Muitas vezes,<br />

um paciente portador de HIV que tem<br />

cuidados com a saúde periódicos pode<br />

representar menos risco do que um que<br />

não tenha o vírus e que não tenha nenhum<br />

cuidado com a saúde, alimentação e os<br />

hábitos de maneira geral. Mesmo com<br />

todos esses aspectos, Alessandra, do IRB,<br />

sabe que “um portador de HIV tem uma<br />

probabilidade maior de desenvolver doenças<br />

que atacam a imunidade e aumentam<br />

demais o risco”, explica. Ainda assim, ela<br />

se mostra otimista: “temos observado uma<br />

evolução no tratamento de portadores de<br />

HIV e acredito que essa dificuldade deve<br />

diminuir em um futuro próximo”.<br />

O estigma da doença pode fazer com<br />

que essa ideia pareça inconcebível, mas, ao<br />

parar para responder uma pergunta, o mer-


doenças crônicas<br />

cado de seguros norte-americano começou<br />

a mudar essa visão pré-estabelecida.<br />

A AEqualis, uma companhia formada<br />

com intuito de remover as barreiras e criar<br />

condições de igualdade para soropositivos<br />

junto ao mercado de seguros apenas indagou:<br />

“Se o mercado já oferece seguro de<br />

vida para portadores de diversas doenças<br />

crônicas, por que não para aqueles que têm<br />

HIV?” A partir daí conseguiu parceria<br />

com a Prudential local e passou a oferecer<br />

o produto para esse grupo.<br />

Essa é uma mudança de legislação,<br />

econômica e também social e política que<br />

leva educação e conhecimento ao público.<br />

Para aprofundar ainda mais a compreensão,<br />

a empresa criou uma Fundação – AEqualis<br />

Foundation – para ajudar as pessoas<br />

e acabar com a ignorância a respeito do<br />

tema. É claro, existem critérios para ser<br />

aceito em uma aplicação para o seguro<br />

(conforme pode ser visto no quadro a seguir),<br />

mas o engajamento dessa iniciativa<br />

é, conforme declara a empresa, um sinal<br />

claro de que mudanças nesses sentido<br />

podem ser feitas. O slogan “superando<br />

todas as probabilidades” é a marca dessa<br />

nova possibilidade que integra proteção<br />

e ganhos.<br />

Se isso já está sendo feito, o que impede<br />

que seja replicado no Brasil? “Acredito,<br />

verdadeiramente, que o que ocorre no País<br />

não é o preconceito, mas questão técnica,<br />

de mercado. Acredito que o mercado<br />

de seguros pode desenvolver qualquer<br />

produto, para qualquer fim, mas é preciso<br />

uma evolução conjunta como sociedade<br />

para que isso ocorra”, afirma a diretora<br />

da corretora, Bruna Timbó. A posição<br />

do mercado depende do apetite, que está<br />

atrelado à cultura, ao amadurecimento.<br />

Se um empresário tem, entre seus<br />

funcionários, alguém com uma doença<br />

crônica impeditiva, como ele deve agir<br />

para conseguir atender a todos os seus<br />

funcionários, em uma apólice de vida em<br />

grupo?<br />

Primeiramente, é preciso entender<br />

aquele grupo, os seus componentes, quais<br />

são as necessidades que eles apresentam<br />

e as soluções que precisam. “Nessa composição,<br />

não é considerado somente se há<br />

alguém com doença crônica ou não, mas<br />

também fatores como o capital segurado,<br />

a quantidade e a idade das pessoas do<br />

grupo segurado, o ramo de atividade,<br />

entre outros”, destaca Edglei Monteiro.<br />

Cada fator tem uma contribuição na<br />

determinação do risco a ser considerado.<br />

Se a subscrição não é individual, na<br />

maioria dos casos, não há motivos para<br />

qualquer tipo de constrangimento para<br />

aqueles que são portadores de determinadas<br />

doenças. “O problema que muitos<br />

Critérios para coberturas do seguro de vida<br />

para portadores de HIV<br />

• n Idade entre 30 e 60 anos no momento da aplicação para o seguro<br />

• n Que o vírus não tenha sido adquirido por transfusão de sangue ou utilização<br />

de drogas injetáveis<br />

• n Que a menor contagem de CD4 registrada seja maior do que 200 e que não<br />

exista histórico de desenvolvimento de condições associadas à AIDS<br />

• n Mais de 1 ano desde que foi diagnosticado com HIV e, se estiver sendo<br />

tratado, mais de seis meses depois de iniciado tratamento com a terapia de<br />

anti-retroviral<br />

• n Contagem de CD4 e carga viral registradas no prazo de seis meses do momento<br />

da aplicação<br />

• n Contagem de CD4 de 350 ou superior na última análise<br />

• n Carga viral menor do que 200 células/ml<br />

• n Que esteja livre de hepatite B<br />

• n Que esteja livre de hepatite C<br />

• n Livre de infecção de tuberculose<br />

❙❙Alessandra Monteiro, do IRB Brasil Re<br />

pacientes com doença crônica poderiam<br />

causar no grupo seria um aumento de<br />

sinistralidade e o consequente aumento no<br />

custo na renovação”, pontua Alessandra.<br />

Em uma empresa multinacional com,<br />

por exemplo, 10 mil funcionários e entre<br />

eles 10, 15, 20 portadores de doenças crônicas<br />

esse risco se dissolve facilitando a<br />

contratação. “Mesmo assim, acho complicado<br />

que essa conta feche”, declara Bruna.<br />

Uma palavra, portanto, pode definir o<br />

que os especialistas veem no oferecimento<br />

desse tipo de produto: evolução. Seja<br />

uma questão de pouco ou de muito mais<br />

tempo, eles acreditam que o mercado irá<br />

absorver essa demanda. “Estamos atentos<br />

a tudo o que acontece, buscando novas<br />

alternativas para que possa atender o<br />

maior número de pessoas possível. Mas<br />

ainda trabalhamos para oferecer soluções<br />

preventivas”, afirma Monteiro.<br />

Por conta disso é que o seguro deve<br />

fazer parte do planejamento financeiro das<br />

pessoas. Tanto para a contratação do seguro<br />

de Vida, quanto o de automóvel, residencial,<br />

empresarial, saúde ou de qualquer outro<br />

ramo. A máxima “É melhor prevenir do que<br />

remediar” pode ser bastante velha e citada,<br />

mas continua atual e verdadeira. “Nunca<br />

se sabe o que o amanhã nos reserva. E o<br />

seguro de vida é uma forma de ter garantias<br />

de que você ou seus dependentes terão<br />

apoio financeiro para o restabelecimento<br />

ou para atender às necessidades se algo<br />

que aconteça lhe impeça de exercer suas<br />

atividades”, finaliza o executivo.<br />

26


27


enefícios | saúde<br />

Hora de se<br />

reorganizar<br />

Com o corte nos gastos,<br />

muitas empresas deixam<br />

de oferecer assistência<br />

médica como benefício<br />

aos colaboradores. Com o<br />

trabalho das consultorias e<br />

das operadoras de saúde, é<br />

possível manter o produto<br />

mesmo com orçamentos<br />

apertados<br />

Lívia Sousa<br />

28


Considerado o terceiro maior<br />

desejo dos brasileiros, ficando<br />

atrás somente da casa própria e<br />

da educação, os planos de saúde<br />

são uma das chaves de sucesso para se<br />

atrair e manter bons profissionais nas<br />

corporações. Contudo, em momentos de<br />

crise econômica, uma espécie de navalha<br />

passa pelo orçamento das empresas. Mesmo<br />

cientes de que o produto vai além de<br />

um complemento salarial, muitas delas<br />

estão excluindo os convênios médicos<br />

da cesta de benefícios ofertados aos<br />

colaboradores.<br />

Além da instabilidade, outros fatores<br />

contribuem para que as companhias<br />

deixem de oferecer ou tenham dificuldade<br />

em manter o plano de saúde como<br />

benefício. Um deles é a inflação médica,<br />

que segundo a CNseg deve chegar perto<br />

dos 20% este ano. Há elementos em sua<br />

composição que não estão sob o controle<br />

empresarial, como as novas tecnologias,<br />

os novos procedimentos e a valorização<br />

do dólar, afetando diretamente o preço de<br />

materiais e medicamentos utilizados nas<br />

internações. “Ainda há de se considerar<br />

o aumento da longevidade, que também<br />

gera alta dos custos. A crise só agravou<br />

o quadro crítico pelo qual já passava o<br />

sistema de saúde brasileiro”, alega Mario<br />

Saddy, diretor de Desenvolvimento de<br />

Negócios da Healthways.<br />

Em alguns casos, no entanto, as próprias<br />

empresas se perdem na organização.<br />

A escolha equivocada e a má gestão do<br />

plano causam grande impacto financeiro,<br />

❙❙Mario Saddy, da Healthways<br />

refletido na elevação dos custos diretos,<br />

através dos reajustes; e indiretos, por<br />

conta do absenteísmo. “As companhias<br />

precisam entender que não se trata apenas<br />

comprar ou oferecer o plano de saúde.<br />

É necessário fazer uma gestão voltada<br />

para o acompanhamento, o controle e<br />

a prevenção da saúde”, destaca Roberto<br />

Ramos, diretor executivo do Grupo<br />

Nunes & Grossi. O segmento pode e<br />

deve contribuir para o crescimento da<br />

qualidade de vida. Para que isso ocorra,<br />

os personagens precisam se tornar protagonistas<br />

e trabalhar juntos.<br />

Recorrendo às consultorias<br />

Se no passado elas acreditavam que<br />

gerir os custos assistenciais era prerrogativa<br />

exclusiva da operadora ou seguradora<br />

contratada, hoje precisam se adequar à<br />

nova realidade e analisar profundamente<br />

o modelo de benefício oferecido para<br />

definir seu posicionamento em relação ao<br />

mercado e, especialmente, aos competidores.<br />

Para ajudá-las, as consultorias de<br />

benefícios, por meio da gestão de saúde,<br />

buscam desonerar a área de Recursos<br />

Humanos das companhias e acompanhar<br />

a sinistralidade e a prevenção da saúde<br />

dos colaboradores. Mas algumas empresas<br />

ainda cometem o erro de prescindir dos<br />

serviços das consultorias especializadas:<br />

a gestão de benefícios requer expertise e<br />

a atuação de especialistas agrega valor<br />

expressivo neste aspecto.<br />

“Elas carecem de conhecimento em<br />

gestão de saúde como um todo e um dos<br />

❙❙Roberto Ramos, do Nunes & Grossi<br />

❙❙Francisco Bruno, da Mercer Marsh<br />

principais trabalhos das consultorias é a<br />

mudança conceitual dos investimentos<br />

na área. As empresas precisam investir<br />

para que seus funcionários não adoeçam,<br />

porque isso também faz os planos não<br />

encarecerem”, destaca Saddy.<br />

Consultor sênior da Mercer Marsh<br />

Benefícios, Francisco Bruno afirma que<br />

o ano de 2016 tem sido desafiador no que<br />

tange ao controle da evolução dos custos<br />

médicos. “A despeito de que não temos<br />

como atuar em determinados fatores, em<br />

outros é possível mitigar os impactos esperados,<br />

de forma integrada e coesa, propiciando<br />

uma relação custo versus benefício<br />

mais equilibrada no longo prazo”, diz.<br />

Algumas ações importantes devem<br />

ser tomadas, como a revisão do desenho<br />

dos planos oferecidos aos empregados<br />

ativos e inativos, tornando-os mais simples<br />

e, ao mesmo tempo, garantindo um<br />

nível de satisfação adequado e a manutenção<br />

de sua qualidade. Soma-se à<br />

lista o desenvolvimento de programas de<br />

qualidade de vida (PQV), que ainda não<br />

são investidos efetivamente no ambiente<br />

empresarial. Em uma pesquisa feita com<br />

513 companhias, a Mercer Marsh identificou<br />

que apenas 20% delas têm um PQV<br />

estruturado para gerenciar os custos com<br />

a saúde dos funcionários.<br />

Mas o primeiro passo para que elas<br />

se reorganizem e continuem ofertando<br />

o benefício é, de imediato, definir quais<br />

são os objetivos ao oferecer o produto aos<br />

colaboradores (competitividade face aos<br />

seus concorrentes, atração e retenção de<br />

talentos, investimento em capital huma-<br />

29


saúde<br />

no ou melhoria da qualidade de vida da<br />

população, por exemplo). “Dessa forma,<br />

será possível construir uma política<br />

adequada de concessão dos benefícios,<br />

com critérios estabelecidos de acordo<br />

com as características e necessidades da<br />

empresa e com o perfil dos colaboradores<br />

e fundamentados nos benefícios efetivamente<br />

valorizados pelos funcionários.<br />

Assim, poderá ser definido um pacote de<br />

benefícios compatível com os objetivos<br />

da empresa e promover a satisfação dos<br />

colaboradores, sem desperdícios”, afirma<br />

a Divisional Director – Multinational<br />

Connection – H&B (Health & Benefits)<br />

da Willis Towers Watson, Lígia Parise.<br />

O trabalho das operadoras<br />

Irlau Machado, presidente do Grupo<br />

NotreDame Intermédica, constata que as<br />

companhias atuantes nos segmentos de<br />

serviço e varejo são as mais impactadas<br />

pela atual conjuntura econômica, visto a<br />

mudança de comportamento dos clientes<br />

que, agora, se encontram comedidos e<br />

seletivos em suas escolhas no momento<br />

da compra.<br />

Junto com as consultorias de benefícios,<br />

a operadora trabalha para auxiliar<br />

as corporações a diminuir o impacto<br />

dos planos de saúde corporativos na folha<br />

de pagamento e a manter o produto<br />

contratado. Nesses momentos, a maior<br />

ajuda que as operadoras podem oferecer,<br />

segundo ele, é adotar um posicionamento<br />

de gestão de custos assistenciais por meio<br />

de atitude proativa no acompanhamento<br />

❙❙Lígia Parise, da Willis Towers Watson<br />

30<br />

❙❙Irlau Machado, NotreDame Intermédica<br />

dos elementos que afetam a dinâmica de<br />

custos dos planos de saúde.<br />

“Inúmeras alternativas otimizam os<br />

gastos e uma delas é a estruturação de produtos”,<br />

afirma Machado, garantindo que é<br />

possível ofertar um bom plano com um mapeamento<br />

adequado da área de cobertura<br />

da rede assistencial. “Planos com abertura<br />

nacional, por exemplo, são mais caros e não<br />

necessariamente essenciais as atividades da<br />

empresa. Se a abrangência geográfica for<br />

nacional, é possível alterar para um plano<br />

regional. Do mesmo modo, planos que<br />

preveem a livre escolha de prestadores e<br />

reembolsos são mais caros”, explica.<br />

A SulAmérica, por sua vez, aposta em<br />

uma gestão próxima do beneficiário, com<br />

a conscientização sobre o uso responsável<br />

do produto pelos colaboradores e a gestão<br />

da saúde no ambiente organizacional. Aos<br />

clientes, a companhia oferece um conjunto<br />

de iniciativas de incentivo à saúde e ao bemestar.<br />

O programa parte do mapeamento de<br />

estado de saúde, estilo de vida e riscos de<br />

cada segurado para determinar o encaminhamento<br />

dos beneficiários a programas<br />

específicos de estímulo ou mudança de<br />

comportamentos. O objetivo é oferecer<br />

o recurso certo, no momento exato, por<br />

meio de conscientização, orientação e monitoramento,<br />

seja para pessoas saudáveis,<br />

portadores de doenças crônicas ou em casos<br />

de maior complexidade. As iniciativas são<br />

implantadas de acordo com as necessidades<br />

do colaborador e a cultura da empresa em<br />

gestão de saúde e bem-estar.<br />

Para facilitar o cotidiano das empresas,<br />

a seguradora possibilita, em seus<br />

produtos Saúde e Odonto PME, que a área<br />

de Recursos Humanos acompanhe as movimentações<br />

de colaboradores ocorridas<br />

no mês por meio de um portal. “A plataforma<br />

oferece acesso à consulta de dados<br />

de faturamento, segunda via de boleto,<br />

relação dos segurados ativos, consulta à<br />

rede referenciada por geolocalização e<br />

acompanhamento de internação dos funcionários”,<br />

explica o diretor de Projetos de<br />

Saúde e Odonto, Manoel Cardoso.<br />

No caso dos clientes corporativos da<br />

Amil, a principal demanda é por soluções<br />

que levem a uma redução das despesas,<br />

sem mudanças significativas no perfil do<br />

produto contratado e com a manutenção<br />

da qualidade na assistência. Para isso, a<br />

operadora foca em produtos que aliem<br />

o controle de custos à oferta de valor e<br />

desenvolve comitês de saúde multidisciplinares,<br />

que atuam no levantamento de<br />

estatísticas de eventos médicos, estudos<br />

epidemiológicos e prevalência de doenças,<br />

utilizados como base para a customização<br />

dos programas a serem oferecidos.<br />

“É fundamental que as operadoras<br />

atuem em parceria com os gestores de<br />

Recursos Humanos, buscando desenvolver<br />

soluções que proporcionem maior<br />

qualidade e resolubilidade na assistência,<br />

com o uso racional dos recursos. Dessa<br />

forma, contribuímos para que esses profissionais<br />

possam gerir os custos com os<br />

planos de saúde dos colaboradores, que<br />

representam cerca de 10% da folha de pagamento”,<br />

destaca o diretor corporativo,<br />

Marco Antonio Ferreira.<br />

❙❙Manoel Cardoso, da SulAmérica


❙❙Cícero Barreto, do Grupo Omint<br />

O Grupo Omint também investe em<br />

um programa de mapeamento da saúde de<br />

seus associados e, a partir disso, realiza<br />

um trabalho preventivo. A operadora<br />

orienta os clientes no tratamento de doenças<br />

crônicas, acompanhando continuadamente<br />

os associados nesta condição,<br />

contribuído para diminuir a sinistralidade<br />

e melhorar a qualidade de vida. “Isso é<br />

muito significativo e impacta no bolso do<br />

cliente”, lembra Cícero Barreto, diretor<br />

comercial e de marketing da operadora.<br />

Planos de coparticipação<br />

Uma das ferramentas mais utilizadas<br />

em momentos de redução de custos, a introdução<br />

de mecanismos de compartilhamento<br />

de custos entre empresa e empregado se<br />

mostra eficiente na criação de um ambiente<br />

de parceria e responsabilidade conjunta.<br />

Os planos de saúde por coparticipação, por<br />

exemplo, permitem às empresas manter a<br />

assistência médica de seus funcionários<br />

com custos menores e compartilhados.<br />

Em alguns casos, a medida reduz os custos<br />

em até 15% no comparativo com os planos<br />

empresariais tradicionais.<br />

“Não é possível deixar de envolver<br />

todos os colaboradores no assunto, pois<br />

o uso consciente do benefício é fundamental.<br />

É como diz o velho ditado<br />

popular: sabendo usar, não vai faltar”,<br />

lembra Machado, do Grupo NotreDame<br />

Intermédica.<br />

É importante lembrar que a coparticipação<br />

não busca compor a arrecadação<br />

da operadora. Em algumas situações,<br />

inclusive, esta receita fica revertida para<br />

❙❙André Rosas, do Hapvida<br />

a própria empresa contratante com o<br />

objetivo de diminuir seu investimento<br />

mensal. Assim, o único e verdadeiro<br />

objetivo deste tipo de plano é educar o<br />

usuário para que ele não faça, por exemplo,<br />

três consultas a um oftalmologista<br />

num mesmo período a fim de confirmar<br />

se suas receitas estão certas.<br />

“A modalidade se torna vantajosa<br />

para todo o setor. As empresas contratantes<br />

conseguem pagar o plano, o colaborador<br />

tem acesso à saúde e a operadora evita<br />

grandes embates com as companhias<br />

clientes, em busca de altos reajustes ou<br />

aportes pontuais, para o colaborador e<br />

para a operadora que presta o serviço”,<br />

pontua André Rosas, diretor superintendente<br />

comercial/empresarial do Hapvida.<br />

Mudança de modelo<br />

Há vários casos de sucesso, com diferentes<br />

soluções. Dentre eles, o de uma<br />

empresa de grande porte, do segmento<br />

Life & Science, que buscava uma alternativa<br />

viável no mercado para reduzir os<br />

custos do benefício saúde. A companhia<br />

mantinha a assistência médica na modalidade<br />

de pré-pagamento, que prevê um<br />

prêmio fixo per capita, passível de reajustes<br />

técnico e financeiro a cada 12 meses.<br />

Proposto pela Willis Towers Watson,<br />

o projeto avaliou alternativas e, considerando<br />

tratar-se de um grupo com mais de<br />

10.000 beneficiários, optou pelo estudo<br />

de viabilidade da migração do plano para<br />

o modelo de pós-pagamento, em que a<br />

empresa assume o risco e se responsabiliza<br />

pelo pagamento integral do valor<br />

As companhias que desejam continuar<br />

a oferecer o benefício saúde<br />

devem recorrer a trabalhos como:<br />

• n Aconselhamento especializado:<br />

verifica o melhor desenho e modelo<br />

de financiamento dos benefícios<br />

• n Melhoria de processos e otimização<br />

do tempo: disponibilidade de sistemas<br />

desenvolvidos para a gestão<br />

de benefícios, reduzindo a carga<br />

operacional para o RH e aprimorando<br />

expressivamente as rotinas e<br />

processos, o que representa economia<br />

de tempo e redução de custos;<br />

• n Redução de custos: Equipes especializadas<br />

em análise e gestão<br />

de risco avaliam e identificam os<br />

pontos que necessitam de atuação<br />

para mitigação do risco e custos;<br />

• n Informações gerenciais consistentes:<br />

Interação com os fornecedores<br />

para a obtenção de bases de<br />

informações que permitam gerar<br />

relatórios gerenciais;<br />

• n Gestão efetiva dos benefícios:<br />

identificação precoce de prováveis<br />

pacientes crônicos, de desvios<br />

na frequência de utilização dos<br />

serviços e/ou dos custos a eles<br />

associados, perfil do risco saúde da<br />

população e recomendação consistente<br />

de medidas preventivas e<br />

corretivas são ações fundamentais<br />

e que exigem a atuação de equipe<br />

especializada.<br />

correspondente aos sinistros pagos pela<br />

operadora, acrescido da taxa de administração<br />

aplicada pela administradora.<br />

Estabelecidas as premissas para o<br />

estudo, foi realizada a análise da série<br />

histórica da empresa, considerando número<br />

de beneficiários, prêmio e sinistro<br />

no período de quatro anos. Com base nos<br />

resultados, foram realizadas as projeções<br />

de custos no pós-pagamento para um período<br />

de três anos, comparativamente ao<br />

crescimento estimado dos prêmios para<br />

o mesmo período.<br />

“As projeções indicaram economias<br />

significativas para a empresa, que optou<br />

por concretizar a mudança de modelo”,<br />

conclui Lígia Parise.<br />

31


proposta | saúde popular<br />

Opiniões divididas<br />

Proposto pelo<br />

ministro Ricardo<br />

Barros, plano de saúde<br />

popular visa atrair mais beneficiários<br />

ao setor privado e desafogar as<br />

filas do sistema público. Especialistas<br />

questionam o modelo do produto<br />

Lívia Sousa<br />

Um plano de saúde de baixo<br />

custo, com coberturas básicas,<br />

foi proposto pelo ministro da<br />

Saúde, Ricardo Barros. Com<br />

o argumento de que a medida poderia<br />

ter uma cobertura menor com um custo<br />

condizente aos serviços ofertados, atraindo<br />

mais clientes aos planos de saúde e<br />

desafogando as filas do Sistema Único<br />

de Saúde (SUS), Barros e sua equipe<br />

já começam a esboçar o modelo do<br />

produto, que deve ser levado à Agência<br />

Nacional de Saúde Suplementar (ANS)<br />

para aprovação. Caso receba sinal verde<br />

e seja flexibilizado pelo órgão regulador,<br />

❙❙Pedro Ramo, da Abramge<br />

32<br />

a criação do plano de saúde popular ficará<br />

sob responsabilidade das operadoras, que<br />

até o momento não foram consultadas a<br />

respeito do projeto.<br />

Segundo declarações do próprio<br />

ministro, a ideia é que o plano de saúde<br />

popular chegue ao mercado custando entre<br />

R$ 80 e R$ 120 e ofereça aos usuários<br />

menos serviços e atendimentos do que o<br />

estabelecido pelas coberturas mínimas<br />

obrigatórias da ANS. Para isso, ele sinalizou<br />

que a Agência terá de publicar uma<br />

nova resolução em revisão a cobertura<br />

mínima atual.<br />

“A oferta de um plano de saúde popular<br />

poderá abrir novas portas para o<br />

ingresso de beneficiários na saúde suplementar<br />

e propiciar uma alternativa para o<br />

retorno de indivíduos que perderam seus<br />

planos empresariais devido ao aumento<br />

do desemprego”, acredita o diretor da<br />

Associação Brasileira de Planos de Saúde<br />

(Abramge), Pedro Ramos. Em um momento<br />

em que o setor enfrenta a perda de<br />

beneficiários, a modalidade, segundo ele,<br />

desafogaria a rede pública e permitiria o<br />

acesso das pessoas a serviços essenciais,<br />

utilizando o SUS apenas em caso de<br />

necessidade de atendimento hospitalar.<br />

Propostas que busquem incluir o acesso<br />

aos serviços de saúde são bem-vindas.<br />

“Só não podemos ser levianos ao achar<br />

que todos os gargalos serão resolvidos”,<br />

opina Solange Beatriz Palheiro Mendes,<br />

presidente da Federação Nacional de Saúde<br />

Suplementar (FenaSaúde). Há falta de<br />

recursos e problemas com gerenciamento,<br />

além do arcabouço regulatório, que foi<br />

importante para organizar o setor em<br />

outra época e hoje engessa o mercado. “É<br />

preciso reformular e flexibilizar para que<br />

a atividade se torne atraente a quem quer<br />

e pode investir”, declara.<br />

Lado B<br />

Se o consumidor, possivelmente,<br />

desembolsará menos com a aprovação<br />

da proposta, também não terá assegurado<br />

❙❙Marilena Mazarinni, do Idec


❙❙Solange Beatriz, da FenaSaúde<br />

atendimento a todos os procedimentos<br />

garantidos pela Lei dos Planos de Saúde.<br />

É o que argumenta Marilena Lazarinni,<br />

presidente do conselho diretor do Instituto<br />

Brasileiro de Defesa do Consumidor<br />

(Idec). Em conjunto com a Associação<br />

Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco),<br />

a entidade pretende mover ações judiciais<br />

caso o governo autorize a venda de<br />

planos de saúde de cobertura reduzida<br />

ou segmentada.<br />

“O plano de saúde popular ignora, no<br />

momento de recessão, desemprego e inflação,<br />

a maior necessidade da população:<br />

proteção social e, portanto, mais investimentos<br />

na saúde pública”, diz a executiva.<br />

Ela chama atenção para o fato de que o<br />

produto não cobrirá os tratamentos mais<br />

caros e complexos e irá excluir os doentes<br />

crônicos e idosos. Como os riscos de<br />

adoecimento são imprevisíveis, estarão<br />

em jogo a saúde e a vida de pacientes que<br />

necessitem de assistência, além da cesta<br />

básica oferecida pelos planos populares.<br />

Os especialistas sinalizam ainda que<br />

o acesso restrito a procedimentos e serviços<br />

também pode aumentar os casos de<br />

judicialização no setor. As ações judiciais<br />

são vistas por muitos consumidores como<br />

a solução dos entraves que não conseguiram<br />

resolver junto aos planos de saúde,<br />

como negativas de atendimento, acesso<br />

a medicamentos, próteses e vagas para<br />

internação no SUS e hospitais privados.<br />

Solange Beatriz, porém, alerta que há<br />

uma falsa expectativa de que tudo é<br />

coberto pelo produto, contrariando as<br />

regras estabelecidas na Lei 9656/1998 e<br />

nos contratos vigentes.<br />

“Há hoje uma indústria do direito<br />

individual se sobrepondo ao do coletivo.<br />

Desta forma, o dano é dos demais beneficiários<br />

de planos de saúde, já que essa<br />

conta é compartilhada por todos. Essa<br />

situação cria iniquidade entre as partes<br />

contratadas, gera incerteza jurídica e<br />

desequilibra os cálculos atuariais, fundamentais<br />

para a formação de preços<br />

corretos, que é a essência da garantia do<br />

serviço por parte da operadora”, explica,<br />

acrescentando que a judicialização não<br />

encontra amparo no contrato e nas normas<br />

reguladas pela Agência e favorece<br />

o direito de um indivíduo contra todos<br />

os demais que fazem parte do mesmo<br />

mutuo. “Portanto, beneficia quem possui<br />

recursos para recorrer ao judiciário e<br />

adquirir benefícios além daqueles contratados”.<br />

O modelo ideal<br />

Em um momento delicado enfrentado<br />

pela saúde suplementar, que se<br />

agravou em virtude da crise no País, o<br />

debate sobre o plano popular é providencial.<br />

“Quando um ministro resolve<br />

se pronunciar sobre isso, fica mais do<br />

que evidente que os problemas na área da<br />

saúde atingem a todos, no setor público<br />

e no privado”, lembra a presidente da<br />

FenaSaúde.<br />

Dessa forma, não há uma solução<br />

única para se chegar ao produto ideal.<br />

É preciso entender, por exemplo, as<br />

questões específicas da saúde: rever o<br />

sistema como um todo, desde o modelo<br />

de remuneração por serviços médicos,<br />

os reajustes anuais aplicados sobre os<br />

planos e, ainda, o incentivo para que os<br />

beneficiários participem de programas<br />

de prevenção de doenças e promoção<br />

de saúde.<br />

No caso do plano de saúde popular, o<br />

objetivo da proposta é manter e ampliar<br />

o acesso da população aos serviços de<br />

saúde. Para isso, a discussão deve envolver<br />

também a sociedade, debatendo com<br />

ela as expectativas de cobertura e de<br />

atendimento para que haja entendimento<br />

e enquadramento sobre a assistência<br />

médica privada oferecida e a capacidade<br />

de pagamento. Aliado a isso, os cidadãos<br />

❙❙Maria Inês Dolci, da Proteste<br />

precisam conhecer os valores e os custos<br />

envolvidos no setor para que haja maior<br />

conscientização sobre o uso adequado<br />

do produto, que antes mesmo da instabilidade<br />

econômica já requeria reforma<br />

em face dos altos gastos assistenciais,<br />

dos desperdícios e do envelhecimento<br />

da população. “Não por acaso, os sistemas<br />

não estão suportando a pressão dos<br />

gastos. Essas informações precisam ser<br />

assimiladas”, diz Solange Beatriz, completando<br />

que o momento requer atenção<br />

e tomada de decisões importantes para o<br />

futuro do setor.<br />

Coordenadora institucional da Proteste<br />

Associação de Consumidores,<br />

Maria Inês Dolci concorda que o modelo<br />

atual dos planos de saúde deixa de ser<br />

economicamente sustentável, mas destaca<br />

a necessidade de se encontrar outras<br />

soluções para se alcançar um produto<br />

eficiente, desafio que não pode significar<br />

retrocesso nos direitos já conquistados.<br />

“O foco deve ser a prevenção e a<br />

atenção primária à saúde e, neste sentido,<br />

a ANS está no caminho certo com propostas<br />

como a valorização do parto normal<br />

e projetos que favoreçam a qualidade<br />

de serviços desde o pré até o pós-parto”,<br />

diz a executiva. Na mesma linha, segundo<br />

Maria, está o piloto do Projeto Bem<br />

Cuidado, previsto para ser implantado em<br />

15 hospitais ainda este ano. A iniciativa<br />

visa reestruturar a rede de atendimento<br />

aos pacientes idosos, que muitas vezes<br />

ficam confusos entre diferentes médicos<br />

e exames repetitivos.<br />

33


enefícios | odonto<br />

Alavancando a carteira<br />

Contratação dos planos odontológicos<br />

desacelera. Cientes do potencial de mercado,<br />

operadoras e corretores redesenham suas<br />

estratégias de vendas<br />

O<br />

plano odontológico é um<br />

item bastante desejado dentro<br />

da cesta de benefícios<br />

que sente os reflexos da<br />

instabilidade econômica. Dados do boletim<br />

Saúde Suplementar em Números,<br />

produzido pelo Instituto de Estudos de<br />

Saúde Suplementar (IESS), revelam que<br />

somente nos três primeiros meses do ano<br />

a contratação do produto caiu 1,2%, perdendo<br />

274 mil vínculos. Foi a maior baixa<br />

em um trimestre em relação ao trimestre<br />

anterior desde que sua aquisição passou<br />

a ser acompanhada, em 2000.<br />

A desaceleração do número de usuários<br />

já era notada no final do ano passado<br />

e, com os dados do primeiro trimestre,<br />

ficou ainda mais evidente. Por terem<br />

um custo médico mais baixo, os planos<br />

odontológicos demoraram mais do que<br />

os médicos-hospitalares para sentir os<br />

efeitos da crise. E, novamente, o desemprego<br />

foi o principal fator apontado para<br />

a queda, já que os planos coletivos empresariais<br />

representam aproximadamente<br />

75% do total das contratações.<br />

“O impacto da recessão no País<br />

❙❙Geraldo Almeida Lima, do Sinog<br />

34<br />

Lívia Sousa<br />

alcança os setores de maneira geral. No<br />

caso dos planos odontológicos, houve<br />

um crescimento de apenas 2,4% na<br />

contratação coletiva empresarial, que foi<br />

compensado por um aumento de 6,7% nos<br />

planos individuais nos últimos 12 meses”,<br />

afirma Geraldo Almeida Lima, presidente<br />

do Sindicato Nacional das Empresas de<br />

Odontologia de Grupo (Sinog).<br />

Apesar dos números, o diretor comercial<br />

da Prevident Assistência Odontológica,<br />

Amadeu Affonso, acredita que<br />

a baixa é pequena quando comparada<br />

com a queda nos empregos e o tamanho<br />

da crise. “A crise econômica atingiu<br />

diretamente as empresas num formato<br />

cascata, ou seja, reduziu a expectativa<br />

do empresário, o investimento, a renda, a<br />

compra, a produção, os empregos e os benefícios.<br />

Mas as operadoras estão sabendo<br />

lidar bem nesse momento difícil”, pontua<br />

ele, assegurando que assim como o setor de<br />

benefícios a odontologia tende a criar novos<br />

modelos de negócios.<br />

De fato, há espaço para isso. Ainda<br />

recente no Brasil, o mercado de planos<br />

odontológicos conta com grande potencial<br />

de crescimento e penetração entre os<br />

brasileiros. Basta considerar que os planos<br />

médico-hospitalares somavam, no fim de<br />

março, 48,8 milhões de usuários, enquanto<br />

a solução dental chegava a 6,6 milhões.<br />

Nos últimos cinco anos, o número de<br />

beneficiários do setor cresceu mais de<br />

40% no Brasil, o que faz os executivos<br />

da área acreditar na recuperação do setor<br />

nos próximos meses.<br />

Quem se planejou e se antecipou, porém,<br />

já consegue colher bons resultados<br />

mesmo diante de um cenário economicamente<br />

conturbado. Metas e orçamentos<br />

mais realistas e ações voltadas para o<br />

varejo trazem bons resultados, além de<br />

uma estratégia de venda bem delineada.<br />

Até mesmo a retomada de modelos<br />

antes mais utilizados, como equipes de<br />

telemarketing, pode ajudar a alavancar a<br />

comercialização do produto.


❙❙Amadeu Affonso, da Prevident<br />

Estratégias<br />

A MetLife ainda não sentiu a redução<br />

nas contratações de seus produtos de<br />

odonto. Por outro lado, percebe que o período<br />

para análise e tomada de decisão está<br />

mais longo. “É preciso criar oportunidades<br />

atrativas e uma delas pode passar por condições<br />

de contratação mais competitivas.<br />

Além disso, trazer soluções inovadoras<br />

que facilitem a vida do beneficiário e do<br />

prestador de serviço são caminhos para<br />

impulsionar os atendimentos e cadastramentos<br />

na rede credenciada”, declara<br />

Cássia Gil, VP Dental & Comercial Canal<br />

Corretores da companhia.<br />

Outras ações eficazes são os planos<br />

odontológicos com descontos em farmácia<br />

e assistência residencial, que colaboram<br />

para a percepção positiva sobre<br />

o investimento necessário para manter o<br />

beneficio aos colaboradores ou para si,<br />

quando se fala do beneficiário; e o oferecimento<br />

de processos simples para ajudar<br />

o cliente, como o serviço de busca rede<br />

via SMS, sistema de autorização digital<br />

que aprova o tratamento em segundos.<br />

Nessas horas, a parceria entre operador<br />

e cliente também se faz necessária,<br />

assim como trabalhar com um portfólio<br />

amplo e com benefícios voluntários (em<br />

que o beneficiário custeia o investimento),<br />

alternativa para que as empresas mantenham<br />

o produto e reduzam os investimentos.<br />

“Estratégias de vendas alternativas<br />

são usadas de forma que conscientize o<br />

empresariado da necessidade do benefício<br />

para suprir deficiências na área da<br />

saúde pública, e, ao mesmo tempo, com a<br />

oferta do benefício, diminuir percentuais<br />

❙❙Cássia Gil, da MetLife<br />

de reajustes reivindicados em convenções<br />

trabalhistas”, reitera Edson Borges Lancini,<br />

sócio gerente da Lancini Promotora<br />

de Crédito e Corretora de Seguros.<br />

Cabe ressaltar que a regulação dos<br />

planos odontológicos grava as operadoras<br />

em sua performance econômica e financeira.<br />

Segundo Geraldo Almeida Lima, do<br />

Sinog, aspectos como a desproporcionalidade<br />

de multas aplicadas frente ao valor<br />

de procedimentos e a elevada necessidade<br />

de despesas financeiras exigidas pelo<br />

órgão regulador impõem dificuldades ao<br />

desenvolvimento das empresas.<br />

Mudança de conceito<br />

Os players do segmento odontológico<br />

são bem conhecidos, assim como o serviço<br />

que oferecem. Por ser o Rol de cobertura<br />

da ANS o mesmo para todos os planos<br />

de odonto, grande parte dos contratantes<br />

acredita que o produto seja uma commodity.<br />

Na prática, não é bem isso que acontece.<br />

“Quando uma empresa compra serviços<br />

odontológicos, ela tem a expectativa<br />

de ter suas necessidades atendidas nesse<br />

segmento e, na maioria dos casos, isso<br />

realmente acontece”, lembra Luiz Eduardo<br />

Zaccharias, presidente da Uniodonto Paulista.<br />

Contudo, há algum tempo a operadora<br />

nota que, além custar mais, esse modelo<br />

não é bom nem para o paciente nem para<br />

o cirurgião dentista. Assim, passou a<br />

concentrar os esforços na manutenção da<br />

saúde bucal de seus clientes, e não apenas<br />

na realização de tratamentos curativos.<br />

“Parece óbvio, mas é uma mudança radical<br />

nos conceitos de prestação de serviços na<br />

área da saúde no nosso país”, argumenta.<br />

Luiz Eduardo Zaccharias,<br />

❙❙da Uniodonto Paulista<br />

Peças-chave<br />

Grandes parceiros e aliados na execução<br />

da estratégia de negócios das<br />

operadoras odontológicas, os corretores<br />

de seguros estão na linha de frente com o<br />

cliente, ouvindo as necessidades de cada<br />

público. “O corretor é a força de vendas,<br />

o grande elo entre a operadora e o cliente<br />

usuário”, frisa Lancini.<br />

Eles conhecem as diferenças entre as<br />

diversas operadoras de planos odontológicos,<br />

são capazes de oferecer produtos<br />

que superem as expectativas dos clientes<br />

e, desta forma, conseguem fidelizar e<br />

conquistar a confiança das empresas contratantes.<br />

Por isso, é importante ter um relacionamento<br />

próximo com o profissional<br />

e com os administradores de benefícios,<br />

especialmente para se chegar a um número<br />

cada vez maior de empresas localizadas<br />

em novos centros econômicos.<br />

“Apoiamos o corretor em todo o processo<br />

de negociação, desde a visita inicial<br />

até o fechamento do negócio”, declara o<br />

presidente do Grupo OdontoPrev, Rodrigo<br />

Bacellar. Apresentações, suporte com<br />

informações de mercado, comparativos,<br />

treinamentos e materiais de comunicação<br />

são algumas das ferramentas com as quais<br />

a companhia auxilia o profissional em seu<br />

processo de venda, bem como um portal<br />

para extração de relatórios gerenciais,<br />

informações de produtos e extratos de<br />

comissão. “Os desafios estão na oferta de<br />

produtos adequados a cada realidade por<br />

meio de corretores com expertise na comercialização<br />

e amplo conhecimento das<br />

necessidades do mercado”, finaliza.<br />

35


especial | centro-oeste/MG<br />

Uma alternativa para a<br />

proteção veicular<br />

Para não perder clientes para as cooperativas e<br />

associações, corretores buscam alternativas mais<br />

baratas dentro do próprio mercado<br />

Kelly Lubiato<br />

O<br />

combate às associações e<br />

cooperativas que comercializam<br />

a proteção veicular é<br />

realizado em várias frentes.<br />

A Superintendência de Seguros Privados<br />

tenta autuar estas empresas, entretanto,<br />

encontra uma série de brechas legais.<br />

Os sindicatos de corretores de seguros<br />

de diversos estados estão em constante<br />

vigilância para identificar e desencadear<br />

medidas de proteção ao consumidor.<br />

Por sua vez, o consumidor procura<br />

apenas uma coisa, neste momento de<br />

crise econômica: preço. Como a maioria<br />

das seguradoras usa o questionário de<br />

avaliação de riscos para formular seus<br />

preços, os clientes com “pior” perfil estariam<br />

condenados à contas mais altas.<br />

Além disso, carros com mais de cinco<br />

anos de uso não compensam para as seguradoras,<br />

pois o seu custo de reparação é<br />

o mesmo de um carro novo, entretanto, o<br />

prêmio do seguro, neste caso, inviabiliza<br />

os negócios.<br />

Apesar do mercado agora contar com<br />

mais produtos, o vice-presidente técnico<br />

do Sindicato do Corretores de Seguros de<br />

Goiás, Hailton Costa Neves, ressalta que<br />

os produtos são criados pelas seguradoras.<br />

“Infelizmente, nós apenas podemos<br />

comercializar aquilo que o mercado<br />

disponibiliza”, lamenta.<br />

Para o corretor, o mercado de proteção<br />

veicular foi fomentado pelas próprias<br />

seguradoras, que não se dispuseram<br />

a criar produtos com coberturas mais<br />

restritas, investindo em novas iniciativas<br />

com criatividade.<br />

Isso levou os consumidores a buscarem<br />

alternativas, tanto de preço quanto<br />

de prazo. “Por exemplo, há segurados<br />

que querem fazer um seguro apenas por<br />

um período específico, para uma viagem.<br />

Ele não consegue”, conta. Fazendo uso<br />

do famoso ‘jeitinho brasileiro’, alguns<br />

corretores optam por fazer um seguro<br />

parcelado em 10 vezes e cancelar assim<br />

que terminar o período desejado.<br />

Neves cita um exemplo dos Estados<br />

Unidos, onde é possível fazer o seguro de<br />

sua carteira de habilitação e dirigir qualquer<br />

automóvel, ou ainda, usar o sistema<br />

pay as you drive. “É muito ufanista dizer<br />

que temos que sentar para pensar novos<br />

produtos”, aponta.<br />

Ele argumenta também que regulamentar<br />

as empresas de proteção veicular<br />

também não é o caminho. O mercado precisa<br />

de produtos inovadores, capazes de<br />

atrair um novo público. “Por outro lado,<br />

os corretores de seguros da região ainda<br />

não estão preparados para atuar como<br />

empresários, tirando o seu foco apenas<br />

36


❙❙Hailton Costa Neves, do Sincor-GO<br />

no ganho financeiro e direcionando-o<br />

para o cliente, que necessita de cuidados<br />

e proteção”, afirma Neves, que também<br />

atua como professor da Escola Nacional<br />

de Seguros.<br />

O seguro popular também poderia<br />

ser uma alternativa, definitivamente. Na<br />

essência, o carro pode ser recuperado<br />

com peças de outros veículos ou genuínas,<br />

mas sem o selo da montadora. Isso<br />

pode representar uma economia de 20 a<br />

30% dos valores praticados pelo mercado.<br />

Produtos para ganhar<br />

mercado<br />

Parece que o mercado segurador<br />

finalmente despertou para a necessidade<br />

dos clientes de ter opções de produtos<br />

que caibam em seu bolso num momento<br />

de crise.<br />

Dados macroeconômicos mostram<br />

queda na produção de veículos novos<br />

caiu cerca de 28% apenas no primeiro<br />

trimestre de 2016. Veículos novos são os<br />

mais protegidos pelos seus proprietários,<br />

portanto, esta queda, levou o mercado<br />

a identificar novas oportunidades de<br />

negócios.<br />

Para atender ao público que necessita<br />

de proteção, mas que não pode pagar<br />

um valor mais substancial pelo seguro,<br />

alguns produtos foram lançados.<br />

Marcelo Sebastião, diretor da Itau<br />

Seguro Auto, ressalta que a vocação de<br />

uma seguradora é buscar atender as necessidades<br />

dos consumidores através dos<br />

corretores. “A nossa maior preocupação<br />

é proporcionar ao consumidor segurança<br />

e tranquilidade, que ele não encontra nos<br />

produtos de proteção veicular. Estamos<br />

falando de um produto regulamentado,<br />

controlado pela Susep, com auditorias e<br />

reservas técnicas”, enfatiza.<br />

Os novos produtos surgiram da necessidade<br />

do cenário econômico, pois há<br />

a demanda para fazer cabê-los no bolso<br />

do consumidor. O Itaú Auto Roubo garante,<br />

como o nome diz, a indenização por<br />

perda total decorrente de roubo e furto<br />

do veículo, cujas perdas fiquem acima de<br />

75% do Limite Máximo de Indenização.<br />

A cobertura é de até 90% da tabela FIPE,<br />

com opção de contratação de duas coberturas<br />

a terceiros.<br />

Apesar de ser um produto mais<br />

simples, este ainda conta com assistência<br />

24h (limitada a três acionamentos por<br />

vigência), até 300 km de distância. É<br />

um produto que pode ser pago em até 10<br />

vezes, e que pode custar até 50% menos<br />

que o produto tradicional, considerando<br />

as mesmas matrizes.<br />

Sebastião conta que este produto foi<br />

lançado em 2013, pensando na entrada de<br />

novos consumidores no mercado. Asim,<br />

o seu crescimento foi de cerca de 10%<br />

ao ano. “De meados de 2015 pra cá, o<br />

produto começou a crescer de 30% a<br />

50%, com taxa de 80% de clientes novos”,<br />

esclarece Sebastião.<br />

Outro produto com estas mesmas<br />

características acaba de ser lançado pela<br />

Azul Seguros. Para Felipe Milagres,<br />

diretor da Azul Seguros, o lançamento<br />

❙❙Marcelo Sebastião, da Itau Seguro Auto<br />

❙❙Felipe Milagres, da Azul Seguros,<br />

é uma aposta promissora. “Sentimos a<br />

necessidade de oferecer um seguro voltado<br />

para este público, com coberturas<br />

indispensáveis de proteção, custo ainda<br />

mais acessível e mantendo a qualidade<br />

de atendimento. Com o Azul Auto Leve,<br />

o segurado passa a ter a possibilidade de<br />

se proteger, sem pesar no orçamento”,<br />

ressalta.<br />

Dependendo da região e das coberturas<br />

contratadas, o valor do seguro<br />

Azul Auto voltado para veículos com<br />

data de fabricação a partir de três anos e<br />

importância segurada de até R$ 60 mil,<br />

o produto possui cobertura básica para<br />

colisão, incêndio, roubo e furto. O seguro<br />

disponibiliza também assistência 24 horas<br />

ao veículo com guincho até 200 km,<br />

limitada a três utilizações, e indenização<br />

que varia entre 80% a 100% da tabela<br />

Fipe, de acordo com a apólice contratada.<br />

A Liberty também optou pelo lançamento<br />

de um produto sem coberturas<br />

acessórias, focado no público que está<br />

perdendo renda ou que possui veículos<br />

com mais anos de uso. Paulo Umeki,<br />

vice-presidente Técnico e de Produtos<br />

da seguradora, conta que muitos clientes<br />

buscam alternativas mais baratas na hora<br />

de renovar o seguro. “Este produto pode<br />

atingir cerca de 5% da carteira que hoje<br />

enfrenta uma condição econômica mais<br />

crítica. São pessoas que perderam sua fonte<br />

de renda mas que ainda querem manter<br />

o seu bem protegido”, afirma Umeki. O<br />

desconto médio em relação aos produtos<br />

tradicionais pode chegar a 40%.<br />

37


especial centro-oeste/MG | mato grosso<br />

Despertando para o mercado<br />

Os gaps de cobertura não assuntam o setor<br />

de seguros no Mato Grosso. Estado procura<br />

expandir a proteção dos patrimônios<br />

Amanda Cruz<br />

O<br />

tamanho do Brasil faz com<br />

que ele abrigue diversas particularidades,<br />

com pluralidade.<br />

Sotaques, hábitos, gostos,<br />

tudo isso muda de acordo com a cultura<br />

geografia de cada região. Com o mercado<br />

de seguros não é muito diferente. Cada<br />

estado tem suas necessidades mais latentes<br />

no que diz respeito à proteção de<br />

bens e vidas.<br />

O Mato Grosso é um estado que vem<br />

apresentando uma economia crescente,<br />

principalmente por causa do agronegócio,<br />

que é uma das principais atividades<br />

econômicas da economia brasileira e<br />

isso tem se refletido na compra de produtos<br />

de seguro, especialmente para os<br />

riscos patrimoniais, fazendo com que<br />

esse seja um ramo muito promissor no<br />

Estado. “O empresário inteligente sabe<br />

que precisa se precaver contra quaisquer<br />

possibilidades de risco envolvendo o seu<br />

patrimônio, tanto para a pessoa física<br />

quanto para a jurídica”, comenta José<br />

Cristóvão Martins, presidente do Sindicato<br />

dos Corretores de Seguros do Mato<br />

Grosso – Sincor-MT.<br />

❙❙Stela Maris Thomé, da HSG Corretora<br />

38<br />

Stela Maris Thomé, proprietária<br />

da HSG Corretora de Seguros, também<br />

acredita que os riscos patrimoniais não<br />

só possam ser promissores para o Estado<br />

como aposta no crescimento da carteira<br />

nos próximos anos, juntamente com<br />

benefícios, seguro rural e o seguro para<br />

equipamentos. No entanto, ela chama a<br />

atenção para o fato de que ainda precisa<br />

ser trabalhada a mudança na cultura em<br />

relação a esse ramo de seguro. “Enfrentamos<br />

algumas dificuldades a respeito<br />

do seguro, principalmente quanto a<br />

cultura e o valor do produto”, afirma a<br />

executiva.<br />

O gap de coberturas ainda pode ser<br />

muito grande e isso significa espaço para<br />

crescer, mas a crise dificulta um pouco<br />

esse processo, pois os atrasos que ela<br />

causa podem provocar perdas capazes de<br />

acionar as apólices de lucros cessantes,<br />

impactando bastante o mercado. “No<br />

mercado segurador existem produtos<br />

por meio dos quais é possível se prevenir<br />

contra todos esses riscos patrimoniais.<br />

Não tenho dúvidas, portanto, de que esse<br />

é um nicho promissor em Mato Grosso”,<br />

afirma Martins.<br />

O problema, contudo, fica por conta<br />

das dificuldades de distribuição que Mato<br />

Grosso enfrenta por conta de sua extensão<br />

territorial, dificultando que corretores de<br />

seguros e até mesmo o próprio sindicato<br />

cheguem a todos os cantos de forma<br />

abrangente. É preciso parceria com as<br />

seguradoras, e uma união da categoria<br />

de corretores para chegar a todo o Estado<br />

se faz necessária. “Dessa forma, também<br />

estamos atuando pela consolidação da<br />

cultura do seguro em Mato Grosso”,<br />

pontua o presidente.<br />

O Estado é, portanto, bastante ativo.<br />

O presidente do Sincor-MT afirma que<br />

a entidade realiza constantes palestras,<br />

❙❙José Cristóvão Martins, do Sincor MT<br />

cursos de habilitação para formação de<br />

novos corretores, entre outras iniciativas,<br />

geralmente em parceria com a Escola<br />

Nacional de Seguros, além do Sindicato<br />

das Seguradoras da região. “Creio que<br />

essas parcerias, através das quais pontuamos<br />

de forma espontânea nas mídias<br />

regional e nacional, também geram uma<br />

aproximação e uma simpatia entre os<br />

corretores”, comemora.<br />

Mas, para o presidente do Sincor-MT,<br />

o destaque continua naqueles seguros que<br />

caracterizam “o ser humano cuidando de<br />

si”. Para ele, explorar o ramo de benefícios<br />

deve ser a principal aposta para os<br />

corretores da região, com produtos como<br />

os seguros de vida, a previdência privada<br />

e o seguro saúde.<br />

“Com a expansão da cultura do<br />

seguro, o corretor que se dedicar a esses<br />

produtos estará direcionado para um<br />

futuro econômico mais viável”, afirma<br />

o presidente.<br />

Os corretores precisam estar atentos<br />

à situação de mercado que vem implicando<br />

em constantes mudanças e evoluções.<br />

Mas é importante destacar que o seguro<br />

rural, que vem passando por constantes<br />

alterações, e devido às características da<br />

força econômica do estado, é um setor<br />

que precisa ser estudado e explorado com<br />

mais atenção por todos os corretores de<br />

seguros de Mato Grosso.


especial centro-oeste/MG | minas gerais<br />

Entre os três maiores<br />

Minas Gerais ocupa<br />

o terceiro lugar em<br />

prêmios de seguros<br />

no Brasil. Das carteiras<br />

que se destacam na<br />

região está o seguro<br />

residencial, com<br />

evolução e aceitação<br />

por parte dos clientes<br />

locais<br />

Lívia Sousa<br />

Famoso pelas artes coloniais e monumentos<br />

que contam sua própria<br />

história, o Estado de Minas Gerais<br />

também se apresenta como<br />

uma peça importante para o mercado<br />

segurador nacional. A região é um grande<br />

polo da indústria de extração mineral, de<br />

transformação e uma das maiores produtoras<br />

de commodities agrícolas como<br />

café, milho e carne vermelha. Outro<br />

destaque é o setor de serviços, considerando<br />

o entreposto entre as regiões Sul e<br />

Sudeste com as regiões Norte e Nordeste.<br />

Em 2013, o mercado de seguros mineiro<br />

detinha uma participação de 7,8%<br />

do mercado nacional, número que no ano<br />

seguinte evoluiu para 8,2%, com produção<br />

de R$ 16,6 bilhões em prêmios. Em 2015,<br />

já com a condição econômica desfavorável<br />

do País, a fatia de participação aumentou<br />

para 8,4%, apresentando produção de<br />

R$ 18 bilhões. E até o primeiro semestre<br />

deste ano, enquanto o mercado nacional<br />

expandia 3,4% com produção de R$ 114<br />

bilhões, o Estado aumentava sua presença<br />

para 8,6% e registrava crescimento acumulado<br />

de 5,7%, produzindo algo próximo<br />

a R$ 10 bilhões.<br />

“Minas está entre os três maiores Estados<br />

na participação de seguros produzidos<br />

no Brasil e isso demonstra o potencial<br />

que possui e reflete no crescimento real a<br />

cada ano. Mesmo com a crise, o mercado<br />

segurador mineiro reage ao contrário”,<br />

afirma Ronaldo Pesso, superintendente<br />

da Wegman Seguros.<br />

Os mineiros despertaram para a<br />

necessidade de resguardar seus bens e<br />

patrimônios. Inversamente ao que se<br />

observa com a economia do Brasil, no Estado<br />

a crise aponta oportunidades para a<br />

expansão do segmento. “No entanto, vale<br />

❙❙Maria Filomena Branquinho, do Sincor-MG<br />

39


❙ Sebastião Teixeira,<br />

❙<br />

❙ da Ava Corretora de Seguros<br />

dizer que não temos passado incólumes<br />

a ela, mas temos sofrido menos”, garante<br />

Ronaldo Pinho Rodrigues, coordenador<br />

de Marketing e Eventos do Sindseg MG/<br />

GO/MT/DF.<br />

Espaço para crescer<br />

Das carteiras que se destacam na região<br />

está o seguro residencial. Explorando<br />

o ano de 2015, a participação de Minas no<br />

segmento foi de 6,7%, com crescimento<br />

de 0,5% e produção de R$ 161 milhões.<br />

De fato, nota-se uma pequena evolução<br />

e aceitação por parte dos clientes locais<br />

quanto a este tipo de proteção. “As pessoas<br />

estão se conscientizando sobre a importância<br />

do produto com a oferta de seguros<br />

alternativos, como o combo seguro<br />

residencial+seguro de automóvel”, declara<br />

a presidente do Sindicato dos Corretores<br />

de Seguros de Minas Gerais (Sincor-MG),<br />

Maria Filomena Branquinho.<br />

A evolução deste tipo de proteção<br />

ocorre principalmente devido ao grande<br />

risco e insegurança de toda a população,<br />

que procura pelas coberturas de roubo<br />

e furto – umas das maiores preocupações<br />

por parte dos clientes atualmente.<br />

Justificam-se ainda a abertura, nos últimos<br />

anos, da liberação do credito imobiliário<br />

residencial, que reflete com o aumento da<br />

demanda; além do segmento de locações,<br />

em que de acordo com a lei do inquilinato<br />

se faz necessário a contratação de um seguro<br />

residencial, abordando as coberturas<br />

de incêndio e perda pagamento de aluguel.<br />

“As seguradoras investem e acreditam<br />

40<br />

muito nesse segmento. A contratação é<br />

rápida e simples e, na maioria dos casos,<br />

não precisa de vistoria. O custo na relação<br />

que o risco proporciona não chega a ser<br />

alto”, explica Sebastião Teixeira, diretor<br />

da Ava Corretora de Seguros.<br />

Praticamente todas as seguradoras<br />

operam fortemente com o seguro residencial.<br />

Na visão de Rodrigues, do Sindseg<br />

MG/GO/MT/DF, o caminho para as companhias<br />

que desejam evoluir neste produto<br />

é focar cada vez mais na prestação de<br />

serviço às residências, dando visibilidade<br />

e relevância a este tipo de seguro que tem<br />

baixa ocorrência de sinistro e, consequentemente,<br />

baixo custo de contratação.<br />

“Mesmo com toda a evolução, ainda<br />

existe um grande espaço a ser ocupado.<br />

Segundo a CNseg, apenas 9,1 milhões<br />

das residências no País – algo próximo a<br />

6% – são seguradas e, portanto, as expectativas<br />

são ainda de grande crescimento<br />

deste segmento para os próximos anos”,<br />

destaca o executivo, acreditando que a melhor<br />

definição para evolução do segmento<br />

de seguros residenciais seja constante e<br />

longeva. “Digo isso porque os números<br />

apresentados em Minas evidenciam um<br />

cenário de crescimento na participação<br />

constante e sustentável. Outro mote é<br />

quanto o mercado mineiro deve amadurecer<br />

ainda”.<br />

Investindo na carteira<br />

Os corretores mineiros veem com<br />

bons olhos a evolução neste ramo de seguro<br />

e esperam que os clientes comprem<br />

❙❙Ronaldo Pesso, da Wegman Seguros<br />

Ronaldo Pinho Rodrigues,<br />

❙❙do Sindseg MG/GO/MT/DF<br />

a ideia, passando a considerar a necessidade<br />

de adquirir uma apólice não apenas<br />

pela cobertura do risco, mas também<br />

pelos serviços assistenciais que podem ser<br />

contratados no produto.<br />

Atentos a esse movimento, eles<br />

passaram a intensificar os investimentos<br />

neste tipo de produto. No entanto, Sebastião<br />

acredita que ainda assim necessitam<br />

oferecer mais. “Principalmente quando<br />

tratamos do seguro automóvel, é uma<br />

grande oportunidade para falarmos do<br />

seguro residencial. Temos um grande<br />

mercado que não está sendo explorado”,<br />

argumenta, indo de encontro com a opinião<br />

da presidente do Sincor-MG. Segundo<br />

ele, na própria carteira há muitos clientes<br />

que não possuem o seguro. “A contratação<br />

é rápida e simples e, na maioria dos casos,<br />

não precisa de vistoria”, lembra.<br />

Para auxiliá-los na diversificação de<br />

produtos, o Sincor-GO realiza treinamentos<br />

para que corretores e funcionários de<br />

corretoras explorem a carteira, desvinculando<br />

do foco de automóvel. “O Sincor<br />

e o mercado segurador tem a obrigação<br />

de aperfeiçoar esses corretores”, salienta<br />

Filomena. Entre outras ações estão ainda<br />

um treinamento específico de venda de<br />

seguros de pessoas que, finalizado este<br />

mês, mostrou os produtos disponíveis<br />

no mercado e a maneira adequada de<br />

comercializá-los. Para setembro próximo,<br />

já está programado um debate sobre<br />

seguro garantia e, para o ano de 2017, um<br />

encontro que abordará a simplificação de<br />

outros tipos de produtos.


educação | Cnseg<br />

Como educar o<br />

consumidor?<br />

Marco Barros, Marcio Coriolano, Solange Beatriz e Alexandre Leal<br />

Este é o grande desafio do Programa desenhado<br />

pela instituição que irá estimular os consumidores a<br />

tirar dúvidas e investir na aquisição de produtos<br />

O<br />

mutualismo como princípio<br />

fundamental do Seguro é o<br />

primeiro tema que fará parte<br />

do Programa de Educação<br />

em Seguros, apresentado pelo presidente<br />

da CNseg, Marcio Coriolano, em São<br />

Paulo. O tamanho do mercado coloca<br />

muitos desafios para os executivos do<br />

setor. “Nosso setor ainda é relativamente<br />

desconhecido.”<br />

O Programa de Educação em Seguros<br />

começou com o programa de educação<br />

financeira, desde 2010. A estratégia nacional<br />

de Educação Financeira estimulou<br />

a mobilização multissetorial dedicada<br />

ao desenvolvimento de ações na área de<br />

educação financeira no Brasil. Isso aconteceu<br />

em 2010 porque havia interesse do<br />

Governo em educar a população e havia<br />

renda para a população. Segundo a OCDE,<br />

Kelly Lubiato<br />

35% dos brasileiros tinham algum tipo<br />

de educação financeira, o que colocava o<br />

Brasil em 65 0 lugar mundial.<br />

Coriolano ressaltou que o programa<br />

não tem data para terminar. O motivador<br />

é combater a desinformação em relação ao<br />

mercado segurador. Para por em prática,<br />

foram consideradas dúvidas recorrentes<br />

da sociedade relacionadas a temas como:<br />

reajustes contratuais, coberturas do seguro,<br />

redes referenciadas etc. “O desafio é<br />

fornecer informações relevantes aos consumidores<br />

e à sociedade em geral sobre<br />

seguros”, apontou Coriolano.<br />

O programa é um conjunto de iniciativas<br />

em Educação em Seguros voltado para<br />

a sociedade em geral. A intenção é ampliar<br />

o conhecimento e a percepção sobre seguros<br />

e sua importância na vida pessoal,<br />

familiar e na sociedade. Especificamente,<br />

fortalecer a noção de prevenção de riscos<br />

junto à população; ajudar a população no<br />

sentido de encontrar a melhor informação<br />

quando necessitar tomar decisões de proteção<br />

contra riscos; ampliar oportunidades<br />

de escolha do consumidor e a garantia<br />

para tomar a melhor decisão; prover os<br />

consumidores com o melhor entendimento<br />

possível sobre os fundamentos do seguro<br />

e as diferentes características do produto.<br />

Para medir a eficácia do programa,<br />

uma das métricas será a quantidade de<br />

reclamações dos consumidores. Até 2020,<br />

Coriolano adiantou que a entidade espera<br />

redução de 15% a 20% do índice de reclamações<br />

dos consumidores.<br />

Início em setembro<br />

Marco Barros, diretor executivo da<br />

CNseg, disse que não quer uma única<br />

medida principal. O Programa possui 21<br />

iniciativas para atingir diferentes públicos.<br />

“A partir de setembro, entra no ar a rádio<br />

web (toca e protege), o lançamento nas mídias<br />

sociais, seminários e cartilhas, como<br />

processos de maior relevância. O programa<br />

permite que se coloquem algumas ações<br />

que já vinham sendo aplicadas. O consumidor<br />

é o foco principal”, explicou.<br />

41


comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

A Polissemia e o trágico fim<br />

do guia de turismo!<br />

O grupo de turistas, visitando a Suécia, parou junto a<br />

um fiorde, contemplando a profundidade daquele abismo.<br />

Foi então que um deles disse:<br />

– Foi aqui que, no ano passado, meu guia de turismo<br />

caiu e se arrebentou todo lá embaixo!<br />

– Que horror! E o que você fez? exclamou uma sensível<br />

participante do grupo.<br />

– Eu nem liguei, porque ele já era muito velho... Aí<br />

o “oh!” foi geral. Todos que estavam junto ao abismo<br />

ficaram literalmente abismados! Alguns, até revoltados<br />

e irados contra o companheiro de excursão que então,<br />

tranquilamente, concluiu:<br />

– Fui até à livraria e comprei um guia novo!<br />

No caso acima, o guia foi vitimado pela polissemia,<br />

palavra, que tem todo jeitão de enfermidade viral grave,<br />

pois parece ligada a endemia, epidemia e pandemia! Estas<br />

sim, muito danosas à saúde porque se referem a doenças.<br />

A última, então, é seríssima: ela se aplica a uma epidemia<br />

generalizada, de que é exemplo a famosa “Gripe espanhola”<br />

que, entre 1918 e 1919, matou entre 50 e 100 milhões<br />

de pessoas em o mundo!<br />

Polissemia, porém, não é tão fatal. Ela apenas designa<br />

palavras que têm muitas significações. O mestre<br />

Said Ali, assim a define: “Quando um termo se usa com<br />

várias acepções, diz-se que há polissemia”. Nossa gloriosa<br />

língua portuguesa apresenta inúmeros casos, a começar<br />

pela própria palavra guia que, como já visto, pode se<br />

referir à pessoa que conduz turistas ou à publicação que<br />

contém orientações nesse mesmo sentido, ou, nos cultos<br />

afro-brasileiros, para indicar um patuá; o documento<br />

que acompanha mercadorias; o meio-fio, entre a rua e o<br />

passeio; ou, por fim, o temível formulário usado para recolhimento<br />

de tributos... os DARFs da vida, vinculados à<br />

Receita. No caso, à Receita Federal, mas o termo também<br />

se estende à indicação escrita de prescrição médica; à<br />

indicação minuciosa e à maneira de preparação de pratos<br />

salgados ou doces; à fórmula ou indicação especial para se<br />

alcançar um resultado; ao conjunto de rendimentos de um<br />

Estado, ou à quantia recebida, ou apurada ou arrecadada<br />

e por aí afora.<br />

Nessa classificação de polissêmico, inclui-se termo fio,<br />

que apresenta 13 acepções! Pode ser o nome dado à fibra<br />

que se extrai de plantas têxteis; à porção de metal muito<br />

flexível, de diâmetro muito reduzido; à tênue corrente de<br />

líquido que cai sem se desapegar; a eixo, alinhamento;<br />

a qualquer coisa sutil, tênue e, entre outras acepções, ao<br />

gume de instrumentos cortantes. “O fio da navalha”, por<br />

exemplo, tornou-se expressão repetida e relembrada por<br />

causa do filme com esse nome estrelado em 1946 por<br />

Tyrone Power e Gene Tierney e baseado na obra homônima<br />

de Somerset Maugham.<br />

A relação vai longe, e abrange vocábulos como cabo,<br />

manga, mangueira, efeito, posto e ponto – este com 44<br />

acepções diferentes –, e tantos outros, presentes nessa<br />

nossa rica, versátil, maravilhosa e maviosa língua portuguesa,<br />

tão linda e tão especial que dela disse ninguém<br />

menos que o espanhol Cervantes: “O Português é a língua<br />

mais sonora e musical do mundo”!<br />

A “campeã de audiência”, porém, é a palavrinha linha,<br />

com suas 46 possibilidades de sentido, espraiando-se por<br />

diversas áreas de utilização, das mais simples às mais requintadas.<br />

Ela designa o fio de fibras utilizado para coser<br />

e bordar; o fio com anzol para pescar; o sistema de fios ou<br />

de cabos que conduzem a energia elétrica; o serviço regular<br />

de comunicações telefônicas (nem sempre tão “regular”<br />

assim... principalmente quando se ouvem as abomináveis<br />

mensagens “No momento todas as linhas estão ocupadas”;<br />

“Por favor aguarde: em instante iremos atendê-lo”; ou<br />

“Não desligue. Sua ligação é muito importante para nós”...)<br />

A sucessão traz outras referências, como: série de<br />

pessoas ou de objetos dispostos numa mesma direção;<br />

traço contínuo de uma só dimensão; traços que sulcam a<br />

palma da mão (linhas da vida, da riqueza, da saúde etc.);<br />

série de unidades militares em posições alinhadas, linha de<br />

defesa; processo, técnica, orientação àqueles que “seguem<br />

a mesma linha”; vestir-se elegantemente (estar “alinhado”)<br />

e muito, muito mais!<br />

Outro sentido bastante comum é “andar na linha”,<br />

coisa que bem conhecem os usuários dos trens da CPTM,<br />

que, com certa e indesejável frequência, apresentam panes<br />

e problemas e obrigam os passageiros, de forma literal, a<br />

“andar na linha”!<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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