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Revista Educação e Reflexão Ano 7 Ed. 12

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<strong>Ano</strong> 7 - Nº <strong>12</strong> - Outubro de 2017 • ISSN: 2237-7883<br />

BOAS PRÁTICAS<br />

Política <strong>Ed</strong>ucacional<br />

10<br />

como os livretos são pequenos, como os desenhos<br />

da capa são diferentes e apresentaram dificuldade<br />

na pronúncia da palavra “xilogravura”, achando-a<br />

engraçada. Assistiram a vídeos que mostravam a<br />

arte de talhar a madeira, formando novas imagens<br />

que, após prensadas, seriam a capa de um folheto.<br />

Posteriormente, direcionamo-nos para o<br />

pátio da escola, onde foi proposto fazermos nossa<br />

primeira xilogravura: espalhamos tinta guache<br />

sobre a mesa e desenhamos livremente com os<br />

dedos. Inicialmente, alguns alunos pareciam ter<br />

nojo ou receio de sujar-se com a tinta, mas no<br />

decorrer da atividade, percebendo o prazer dos<br />

demais, permitiram-se participar desta experiência.<br />

Conforme desenhavam, ouvia-se o burburinho das<br />

crianças falando: “Olha tia, fiz uma flor. Agora, vou<br />

fazer uma borboleta”. Outras mostravam o desenho<br />

para o amigo ao lado afirmando ter feito a produção<br />

mais bonita. Com os desenhos prontos, prensamos<br />

uma folha de papel nos trabalhos das crianças. Foi<br />

interessante vê-las maravilhadas com o resultado<br />

de sua arte.<br />

Diante das gravuras visualizadas na<br />

literatura de cordel, vimos a necessidade de retratar<br />

o sertão nordestino. A cada elemento construído,<br />

as crianças demonstravam compreender melhor<br />

sua cultura. Nesse contexto, muitos diálogos foram<br />

elaborados por elas enquanto faziam um grande<br />

painel representando o sertão, trazendo elementos<br />

para ilustrar a seca no nordeste: o sol grande e forte,<br />

o chão seco, a falta de água para beber.<br />

Durante o projeto, ouvimos e brincamos com<br />

as rimas tradicionalmente cantadas por repentistas<br />

em seus duelos, dando enfoque ao grande poeta<br />

Patativa do Assaré. Também cantamos e tocamos<br />

canções do repertório cearense, como a música “Asa<br />

Branca”, de Luiz Gonzaga, que relata o cotidiano do<br />

homem do sertão nordestino.<br />

Todo o processo de elaboração e execução<br />

do projeto foi bastante movimentado, pois a<br />

participação das crianças e do corpo docente<br />

da escola possibilitou um trabalho coletivo e,<br />

consequentemente, bem sucedido.<br />

A culminância do projeto literário foi uma<br />

festa! No primeiro dia, apreciamos as apresentações<br />

da <strong><strong>Ed</strong>ucação</strong> Infantil e do Ensino Fundamental. As<br />

crianças menores observaram atentos a forma de<br />

falar e agir em público das maiores, enquanto nós,<br />

adultos, ficamos a observá-las em sua desenvoltura,<br />

alegria e espontaneidade na forma de conduzir a<br />

apresentação das experiências vividas.<br />

Já em sala de aula, as crianças apresentaram<br />

seus trabalhos aos colegas de outras turmas<br />

da escola como também às suas famílias, que<br />

foram convidadas a participar do projeto. E com<br />

empolgação a iniciativa foi considerada por todos<br />

um grande sucesso e que precisa se repetir.<br />

No dia seguinte, as crianças estavam<br />

radiantes por suas experiências: uma delas, ao falar<br />

sobre o cangaço, afirmou que os cangaceiros são<br />

parecidos com piratas pelo estilo de roupa que<br />

usavam, modo de agir e falar que perceberam ao<br />

ouvir histórias como a do Lampião. A relação foi<br />

interessante levando-nos a refletir sobre a forma de<br />

pensar da criança. A fantasia e o real estão juntos,<br />

enriquecendo os pensamentos infantis. Como<br />

adultos, precisamos ter consciência da importância<br />

de estimular a imaginação e a expressão do que<br />

sentem.<br />

A construção do conhecimento é bem mais<br />

significativa do que o mero repasse de diversas<br />

informações. Nossas crianças pequenas merecem<br />

atenção e respeito para ampliar sua visão de<br />

mundo e constituir aprendizagens complexas.<br />

Apesar da pouca idade, elas têm muito a nos dizer.<br />

Porém, não o farão simplesmente por palavras.<br />

Nossa responsabilidade é ter um olhar sensível<br />

às expressões de cada uma. Ao buscar trabalhar a

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