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Revista Educação e Reflexão Ano 7 Ed. 12

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<strong>Ano</strong> 7 - Nº <strong>12</strong> - Outubro de 2017 • ISSN: 2237-7883<br />

17<br />

ENTREVISTA<br />

de crianças que têm um enorme potencial, com<br />

inúmeras possibilidades, mas que encontram-se em<br />

situações sociais muito distintas e, portanto, têm<br />

direito de serem providas por oportunidades que<br />

lhes garantam oportunidades de se desenvolverem<br />

integralmente, e isso inclui o bem estar físico,<br />

emocional, social e intelectual. A EI é, sem dúvida,<br />

uma ferramenta de equidade.<br />

Que recomendações são pertinentes às políticas<br />

de formação inicial e de formação continuada de<br />

professores da <strong><strong>Ed</strong>ucação</strong> Infantil?<br />

Este é um dos pontos estratégicos quando se<br />

fala em melhoria da qualidade do atendimento<br />

à EI. A formação do profissional para atender este<br />

segmento ainda é um tanto frágil no Brasil. Tanto<br />

a formação inicial como a contínua, que é de<br />

responsabilidade das Secretarias de <strong><strong>Ed</strong>ucação</strong>, no<br />

caso da educação pública. Na universidade, ainda<br />

é incipiente a base sobre este segmento, embora<br />

conquistas estejam acontecendo. Por isso, e porque<br />

o profissional de educação precisa de formação<br />

permanente, é fundamental que haja programas<br />

de formação. Defendemos que esta deve se dar<br />

primordialmente nas escolas, o que alguns teóricos<br />

chamam de “formação centrada na escola”, a partir<br />

de uma metodologia que privilegia a reflexão sobre<br />

as práticas. Além disso, a formação precisa apoiar<br />

os professores na ampliação do seu repertório<br />

cultural, pautar-se em vivências que ativem seu<br />

saber sensível, seu olhar para a criança, formando<br />

um profissional que saiba escutar as crianças nas<br />

suas mais diversas linguagens.<br />

Qual o papel da <strong><strong>Ed</strong>ucação</strong> Infantil no processo de<br />

alfabetização? Que práticas são recomendadas<br />

para o favorecimento da apropriação da leitura<br />

e da escrita pelas crianças nesta etapa?<br />

Defendemos que as crianças têm direito a uma<br />

educação que promova equidade e que, a cultura<br />

escrita, como parte importante da vida, deve estar<br />

presente no cotidiano das crianças, de forma lúdica<br />

e intencional. O encantamento pelo universo da<br />

escrita e o acesso à cultura letrada são, sem dúvida,<br />

objetivos da EI. Ademais, perspicazes e curiosas<br />

como elas são e encantadas pelo mundo das<br />

palavras, as crianças também vão manifestando<br />

desejo de compreender o código escrito. Assim,<br />

práticas que promovam investigações sobre como<br />

a língua escrita funciona, também devem fazer<br />

parte do currículo. Isso, no entanto, não significa<br />

escolarizar a <strong><strong>Ed</strong>ucação</strong> Infantil. A palavra “escolarizar”<br />

é usada para definir práticas automatizadas,<br />

descontextualizadas e uma ênfase curricular<br />

nesta linguagem, em detrimento de outras. Esta é<br />

uma posição que lutamos contra! Até porque, as<br />

outras linguagens (como a música, as artes visuais<br />

, as brincadeiras, as investigações sobre o mundo<br />

natural e social) são potentes instrumentos de<br />

acesso ao mundo da escrita, pois a trazem de forma<br />

real, contextualizada.<br />

Além disso, muito mais que aprender sobre as coisas<br />

do mundo, na EI as crianças devem aprender a se<br />

relacionar consigo mesmas, com seu entorno, com<br />

as pessoas. A dimensão das relações interpessoais,<br />

do autocuidado, da autonomia, da identidade, são<br />

questões muito relevantes e que precisam ter o<br />

mesmo grau de valor no currículo.<br />

Porque as crianças podem muito sim, mas<br />

isso não significa que elas serão reféns de um<br />

currículo escolarizante. Com muitas brincadeiras,<br />

investigações, interações de qualidade, contato<br />

com bons modelos, referências, acervo variado<br />

e professores apaixonados pela leitura e escrita,<br />

elas terão o melhor que podemos lhes oferecer,<br />

e nós poderemos nos honrar de contribuir para<br />

aproximar as distâncias que separam as crianças

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