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Revista Educação e Reflexão Ano 7 Ed. 12

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<strong>Ano</strong> 7 - Nº <strong>12</strong> - Outubro de 2017 • ISSN: 2237-7883<br />

16<br />

ENTREVISTA<br />

Infância|<br />

As perspectivas da formação<br />

centrada na escola e suas<br />

ressonâncias nas práticas da<br />

<strong><strong>Ed</strong>ucação</strong> Infantil<br />

Observando o contexto atual da <strong><strong>Ed</strong>ucação</strong><br />

Infantil no Brasil, que perspectivas você aponta<br />

para esta etapa?<br />

O contexto atual aponta para a necessidade<br />

de darmos atenção ao que os especialistas em<br />

<strong><strong>Ed</strong>ucação</strong> da primeira infância apontam como<br />

pilares para o desenvolvimento infantil e o que<br />

compreensões superficiais ou interesses comerciais<br />

julgam ser “o melhor” para as crianças.<br />

Se olharmos com atenção para as teorias, pesquisas<br />

e práticas no Brasil e ao redor do mundo sobre este<br />

tema, não resta dúvidas do tipo de experiência<br />

que a criança precisa para se desenvolver. Ela é um<br />

ser cheio de possibilidades, ávida por conhecer,<br />

aprender, mas as políticas educacionais – a despeito<br />

do que orienta a legislação sobre a EI no Brasil – e as<br />

corporações, especialmente os sistemas apostilados<br />

e editoras, têm, atualmente, exercido uma pressão<br />

na EI de que o único indicador de qualidade válido é<br />

se a criança aprendeu ou não a escrever aos 5 anos<br />

de idade. Todas as outras aprendizagens estão à<br />

mercê de serem desvalorizadas. Este é um ponto de<br />

alerta muito grave, porque a inteligência não pode<br />

ser medida por uma aprendizagem tão restrita,<br />

embora importante, como a leitura e escrita. Por<br />

outro lado, nunca se falou tanto em EI. Este é um<br />

assunto em pauta! Então, precisamos comemorar<br />

que as políticas educacionais finalmente assumiram<br />

seu papel no atendimento à esta faixa etária. Restanos<br />

consensuar o que é qualidade neste segmento e<br />

aprender a olhar de forma mais integral a educação,<br />

dando valor às múltiplas aprendizagens possíveis<br />

nesta etapa da vida humana.<br />

Quais os desafios existentes para a garantia do<br />

direito à <strong><strong>Ed</strong>ucação</strong> Infantil pelos sistemas de<br />

ensino, em especial pelos municípios, e como<br />

esses impactam na qualidade do atendimento?<br />

A compreensão sobre qual é o papel da educação<br />

infantil na vida das crianças é, para mim, o principal<br />

desafio da EI. A ideia de ser um espaço de cuidados<br />

que migra para a educação e passa a ser um espaço<br />

de educação preparatória para o futuro escolar da<br />

criança, vem cindindo a ideia central da educação<br />

infantil, de ser um espaço de vida para as crianças<br />

no presente e que, desta forma, deve estar pautado<br />

em ações de educação/cuidado, que são pilares do<br />

desenvolvimento. Não digo educação e cuidado,<br />

mas enfatizo as duas palavras juntas, pois uma<br />

é intrínseca à outra. A EI não existe para suprir<br />

necessidades de um sujeito frágil e desprovido,<br />

mas para acolher e colaborar no desenvolvimento

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