Revista do Historiador - APH 193
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combate, e seguiu<br />
para Paris, onde se<br />
bacharelou no Colégio<br />
(universidade) de<br />
Santa Bárbara, que<br />
tinha como principal<br />
(reitor) Diogo de<br />
Gouveia, parente da<br />
Inácio de Loyola mãe de Pedro Álvares<br />
Cabral. Nesse<br />
colégio, o rei de Portugal mantinha em permanência,<br />
duzentas vagas para estudantes<br />
portugueses, o que explica, em parte, que na<br />
época fossem portugueses o principal (reitor)<br />
<strong>do</strong> Colégio (universidade) de Bordéus, o principal<br />
da Universidade de Paris, o patriarca de<br />
Alexandria, o médico-cirurgião <strong>do</strong>s exércitos<br />
da Rússia, o boticário <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r da<br />
China, o sábio médico e boticário das Índias<br />
Garcia da Horta e o grande São Francisco<br />
Xavier, além de muitos outros expoentes<br />
das ciências, espalha<strong>do</strong>s um pouco por to<strong>do</strong><br />
o mun<strong>do</strong>. E foi com gente desse calibre que<br />
Inácio de Loyola fun<strong>do</strong>u, implantou e dirigiu<br />
a Companhia de Jesus, cujos padres eram os<br />
mais eruditos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> da época.<br />
Nóbrega embarcou para o Brasil no início<br />
de 1549, aportan<strong>do</strong> à Vila Velha da Baía em<br />
29 de março, chefian<strong>do</strong> os padres Leonar<strong>do</strong><br />
Nunes, João de Aspicuelta Navarro e Antônio<br />
Pires, e os irmãos jesuítas Vicente Rodrigues<br />
e Diogo Jácome. A Província Jesuítica da<br />
América <strong>do</strong> Sul foi criada em 1552, altura<br />
em que Manuel foi nomea<strong>do</strong> seu chefe provincial;<br />
na Baía, auxiliou o governa<strong>do</strong>r na<br />
fundação e implantação da capital, e presidiu<br />
à construção da igreja e <strong>do</strong> colégio, após<br />
o que, em visita de inspeção, se deslocou às<br />
capitanias de Porto Seguro e Ilhéus, “onde os<br />
colonos não se entendiam, e to<strong>do</strong>s andavam<br />
em peca<strong>do</strong>”. Com autoridade, determinação e<br />
competência, conseguiu impor a disciplina em<br />
ambas, estabeleceu casas e aldeias de meninos<br />
de Jesus, colocou a escola e colégio em ordem,<br />
realizou casamentos e conversões, após o que<br />
regressou à Baía, onde transformou a escola<br />
criada em Vila Velha no colégio de São Salva<strong>do</strong>r,<br />
que viria, mais tarde, a dar o nome à<br />
nova capital <strong>do</strong> Brasil.<br />
Em 1552/53, o jesuíta acompanhou o governa<strong>do</strong>r<br />
geral na sua visita às capitanias <strong>do</strong> Sul,<br />
e depois de passar por Porto Seguro e Ilhéus,<br />
deteve-se no Rio de Janeiro, chegan<strong>do</strong> a São<br />
Vicente no final de janeiro; dali logo escreveu<br />
uma carta – 2 de fevereiro de 1553 – ao<br />
provincial da Companhia em Portugal e seu<br />
superior, na qual dizia: “Achei grande casa e<br />
muito boa igreja, ao menos em Portugal não<br />
a temos tão boa”. A vila sede da capitania de<br />
São Vicente, tinha si<strong>do</strong> fundada em 1532 por<br />
Martim Afonso de Sousa, capitão da primeira<br />
armada coloniza<strong>do</strong>ra nomea<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r;<br />
na armada de três naus, duas caravelas<br />
e um bergantim (pequeno navio a remos,<br />
qual galé), chegaram cerca de 400 homens<br />
solteiros, entre eles 27 cavaleiros fidalgos que<br />
aqui se notabilizaram, como Brás Cubas, que<br />
fun<strong>do</strong>u o hospital e Misericórdia de To<strong>do</strong>s os<br />
Santos, em frente a São Vicente (1553), ao<br />
qual se deve o nome da cidade, logo engrandecida<br />
com a transferência das instituições e<br />
parte da população daquela vila.<br />
De São Vicente - em julho/<br />
agosto de 1553 – Nóbrega dirigiu-se<br />
ao Planalto de Piratininga, subin<strong>do</strong> a encosta<br />
pela sinuosa e íngreme trilha da Serra <strong>do</strong><br />
Mar (cerca de mil metros de altitude), seguin<strong>do</strong><br />
até a vila de Santo André da Borda<br />
<strong>do</strong> Campo (como São Vicente, fundada por<br />
Martim Afonso em 1532), situada a cerca de<br />
50 km de São Vicente, nas margens <strong>do</strong> rio<br />
Piratininga, e distante duas léguas <strong>do</strong> local<br />
depois escolhi<strong>do</strong> por Nóbrega para erguer<br />
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