Revista do Historiador - APH 193
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Cinco anos depois de sua chegada ao Brasil,<br />
Avelar Brotero adquiria a nacionalidade brasileira,<br />
ao mesmo tempo em que era agracia<strong>do</strong><br />
com o título de conselheiro <strong>do</strong> Império.<br />
Em 1836 publicou, em São Paulo, Questões<br />
sobre presas marítimas, considerada a primeira<br />
monografia sobre direito das gentes feita<br />
no Brasil. Alguns anos depois foram edita<strong>do</strong>s<br />
os livros Filosofia <strong>do</strong> Direito Constitucional<br />
(1842) e Tumulto <strong>do</strong> povo em Évora (1845).<br />
EXeRceu a <strong>do</strong>cÊncia PoR 43 anos,<br />
alternan<strong>do</strong>-a com as funções de secretário da<br />
Faculdade e, por vezes, as de diretor. Foi numa<br />
dessas ocasiões que permitiu, à revelia da autoridade<br />
diocesana, o sepultamento de Júlio<br />
Frank - professor alemão que não era católico<br />
e que havia funda<strong>do</strong> uma sociedade secreta (a<br />
Faculdade de Direito<br />
de São Paulo já no<br />
século XXI<br />
Tela busto José Maria Avellar<br />
Brotero<br />
Foto: Faculdade de Direito de São Paulo.<br />
Bucha) quan<strong>do</strong> lecionava<br />
no curso anexo -<br />
em pleno pátio interno<br />
da Faculdade.<br />
Quan<strong>do</strong> Avelar<br />
Brotero morreu, em<br />
março de 1873, fizeram-lhe<br />
a vontade de<br />
não realizar pompas<br />
fúnebres. Seu corpo<br />
foi leva<strong>do</strong> ao cemitério da Consolação às 23 horas,<br />
à luz de archotes, acompanha<strong>do</strong> de pessoas<br />
pobres. Sua memória de homem vibrante e culto,<br />
no entanto, permaneceu junto a diferentes<br />
gerações de estudantes.<br />
As mudanças instituídas pela República levaram<br />
a Faculdade de Direito a retirar de<br />
suas dependências o retrato de d. Pedro II.<br />
Em seu lugar foi coloca<strong>do</strong> o quadro a óleo<br />
com a figura <strong>do</strong> conselheiro Brotero, manda<strong>do</strong><br />
pintar em Paris, em 1865, por iniciativa<br />
de seus alunos. Ao discursar para os bacharelan<strong>do</strong>s<br />
de 1894, disse João Monteiro:<br />
No passa<strong>do</strong> o que fomos? Olhai para estas<br />
paredes. Ali no fun<strong>do</strong>, bem no centro,<br />
um <strong>do</strong>s maiores talentos <strong>do</strong>s que fulguraram<br />
nesta casa — BROT ERO, assombro<br />
de eloquência e erudição.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
MONTEIRO, João. Discursos. São Paulo,1897.<br />
NOGUEIRA, Almeida. Tradições e reminiscências. São Paulo, 1907.<br />
REALE, Miguel. Horizontes <strong>do</strong> direito e da história. São Paulo: Saraiva, 1956.<br />
VAMPRÉ, Spencer. Memórias para a histó ria da Academia de São Paulo. São Paulo: Livraria Acadêmica,<br />
1924. 2 v.<br />
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