Revista do Historiador - APH 193

e “soldado de Jesus”, mas também grande
evangelizador, escritor, poeta, dramaturgo
e apaziguador de índios, que inestimáveis
serviços prestou à gente desta terra, como
colaborador e sucessor de Nóbrega. Fundando
um simples colégio para os curumins
(meninos indígenas) no sertão e Planalto de
Piratininga, e no lugar hoje conhecido como
Pátio do Colégio, Nóbrega jamais teria
imaginado estar também fundando a maior
cidade da América do Sul, depois capital da
Capitania de São Paulo, novo nome da antiga
Capitania de São Vicente.
Primeiro e corajoso defensor dos índios
contra a escravidão, enquanto combatia os
seus hábitos “pecaminosos”, como o canibalismo
e a vida desregrada, Nóbrega foi
também o primeiro educador a implantar
escolas e casas para meninos indígenas, para
o ensino das primeiras letras, da catequese,
da cultura do bem, de artes e profissões, da
moral e dos bons costumes. Segundo o
livro (Manuel da Nóbrega, Hansen, Min.
Educação e Fundação J. Nabuco): “Nóbrega,
Padre Manuel da Nóbrega abençoando (pintura de
Benedito Calixto)
imediatamente após chegar, estabeleceu em
Vila Velha (Baía) uma escola de ler e escrever,
que transferiu para Salvador quando
esta foi fundada. Nomeou o irmão Vicente
Rodrigues como seu diretor”. Por aqui podemos
avaliar como o jesuíta encarava os
seus deveres e a sua missão no Brasil. Mas,
por tanto esforço dispendido no cumprimento
dá sua missão, Nóbrega esgotou suas
forças fragilizando a saúde, adoecendo, pelo
que se tornou necessária a sua substituição
pelo padre Luís da Grã, ficando Nóbrega
como superior do Sul do Brasil, tendo fixando
residência no Colégio de São Sebastião
do Rio de Janeiro, como seu diretor, e onde
veio a falecer no dia e mês de seu aniversário,
quando completava 53 anos de idade.
O grande homem e superior jesuíta, foi
o primeiro chefe da Companhia de Jesus
nas terras de Santa Cruz recém descobertas,
e aqui pioneiro como educador/catequizador
e mestre, fundador de povoações,
vilas, escolas, colégios e “faculdades” – Colégio
de Olinda, Pernambuco; Colégio do
Salvador, Baía; Colégio de Santiago, Vila
Velha, ES; Colégio de São Sebastião, RJ;
Colégio de São Paulo, Piratininga; os dois
primeiros colégios eram de nível superior,
sendo que o Colégio do Salvador (que depois
deu nome à cidade) conferiu diplomas
de bacharel já na segunda metade do século
XVI. Foi ainda ali que o jesuíta - Gigante
da Oratória Sacra padre Antônio Vieira,
chegado ao Brasil em 1608, aos seis anos
de idade - recebeu toda a sua instrução e
formação, desde o curso primário ao superior,
e foi professor. Mais tarde, a partir de
1541, já na Europa, deslumbrou as cortes
europeias e o próprio Vaticano com a sua
erudição e com a sua obra – principalmente
seus sermões – que o tornaram o maior
orador e escritor sacro de seu século.
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