014 Mortimer Cody - A Moeda do Odio

Smith sumiu num canto da sala, como se as sombras o
tivessem tragado. Não costumava usar o revólver. Usava
um do lado direito, mas preferia outras armas, como a faca e
a machadinha, ambos visíveis sob a jaqueta. Gostava
também da carabina, que transportava no arção de sua sela.
A mulher levantou-se e avançou uns passos em direção
ao aturdido Barry Miller.
Olhou-o com uma frieza impressionante e murmurou:
— Grande mudança. Na realidade não esperava tanto,
para três anos. Não é tanto tempo assim, Barry. Para mim
foram três séculos. Para você, três anos. Apenas isso. Não
mudou muito afinal.
Barry Miller sentia a garganta seca. Sua língua perdera
toda a capacidade de movimentos. Aliás, que poderia ele
dizer? A presença daquela mulher em sua cabana era uma
surpresa brutal e inesperada.
— De qualquer forma, não me sinto muito zangada. Dos
três você não foi o pior... Não é verdade,
— Barry? Você deve ter rido muito, não, Barry? Pobre
Prudence...
— Pru... Prudence... Eu não queria...
— Não mesmo? Eu entendo. Foi desumano o que você
fez. Até o pior animal teria resistido a isso. Enfim, não
estou muito satisfeita por ter encontrado, após três anos de
buscas, o menos culpado — suspirou. — Bom. Mas espero
ter sorte, Barry. E como menos culpado, você terá um
castigo menor do que os outros.
O homem estava suando o uísque que bebera e, diga-se
em boa verdade, até o seu próprio sangue. Suava de medo e
de incredulidade. Era Prudence que estava ali, sem dúvida.
A estúpida Prudence, acompanhada de quatro feras.