014 Mortimer Cody - A Moeda do Odio

outro assinava, como testemunha, um papel com o mesmo
valor.
— Sinto muito, Prudence.
— Eu me considerei sua esposa e, nos primeiros dias, fui
feliz. Mas nem isso lhe posso agradecer, porque ali perdi
minha dignidade. Fui burlada, enganada ominosamente.
Depois chegou minha irmã, Amélia. Eu confiava em
Amélia e ela chegou com dinheiro para mim. Você já tinha
dado andamento a seu plano. Os setenta mil dólares que
Amélia trazia eram o seu objetivo. Pobre objetivo. Setenta
mil dólares, a dignidade de uma mulher e a vida de outra.
— O que aconteceu com Amélia foi um acidente —
sussurrou José, que parecia fraquejar.
— Um acidente? Amélia antes de morrer ainda me disse
que Miller se foi embora dali. Não queria ver o que ia
acontecer. Meu dinheiro e o que tinham feito comigo não
eram suficientes. Amélia precisava cair também. Depois do
ultraje, a fuga com o dinheiro. E, como recordação, o hábito
de Felipe. Vocês nunca entenderão minha agonia.
— Acabe com isso e nos mate logo — disse José.
— Não tem pressa. Deixe-me gozar este momento.
Construí um edifício de ódio e não vou destruí-lo de um só
golpe.
— Então, Prudence, tente me perdoar.
— Cale-se — exaltou-se ela. — Perdoar?
Os homens que os guardavam estavam atentos. Prudence
continuou:
— Você, Felipe, era apenas um lacaio às ordens dele.
Comece a andar.
Felipe, de hábito de franciscano, grotesco, deixou-se cair
de joelhos.