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— Aí é que está o problema. É uma coisa involuntária.<br />
Esta noite eu quase não consegui <strong>do</strong>rmir, Charly. O hóspede<br />
<strong>do</strong> quarto ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> meu ronca escandalosamente. Refirome<br />
a esse homem que acaba de sair...<br />
— Sei. Lamento muito. Se quiser, posso mudá-lo de<br />
quarto. O senhor Gwillin já esteve aqui outras vezes e não<br />
recebi nunca uma queixa nesse senti<strong>do</strong>...<br />
— Não se preocupe, Charly. Afinal, esses roncos devem<br />
vir de uma consciência tranqüila, num sono repara<strong>do</strong>r.<br />
— Sem dúvida. O senhor Gwillin é uma pessoa muito<br />
decente. Vende relógios. Aparece por aqui de vez em<br />
quan<strong>do</strong> e dá uma volta pela região. Veja — o emprega<strong>do</strong><br />
tirou um relógio <strong>do</strong> bolso <strong>do</strong> paletó. — Foi ele que me<br />
ofereceu.<br />
— É um ótimo relógio. Bem, esqueça minha<br />
reclamação, Charly.<br />
— Como quiser, capitão.<br />
Roque fez um gesto de despedida e aban<strong>do</strong>nou o hotel.<br />
Na varanda ficou observan<strong>do</strong> a rua. Um homem escondi<strong>do</strong><br />
com um rifle pode aparecer a qualquer momento. Mas nada<br />
viu. Também não era muito provável que o atacassem em<br />
plena luz <strong>do</strong> dia. Mas não podia esquecer os <strong>do</strong>is homens da<br />
noite anterior. Por isso dirigiu-se para a funerária.<br />
O movimento na cidade era pequeno, devi<strong>do</strong> à<br />
paralisação da estrada de ferro. Também na funerária não<br />
havia movimento. Estava lá apenas o agente, que veio ao<br />
encontro de Roque, quan<strong>do</strong> o viu.<br />
— Alguma novidade? — perguntou Roque.<br />
— Não, capitão. Passou por aqui muita gente mas<br />
ninguém reconheceu esses <strong>do</strong>is.