014 Mortimer Cody - A Moeda do Odio

— Cada polegada dele, Stan... Não estou gostando disto.
Vou falar com o comissário.
— Bem, também não precisamos ficar assustados...
Os dois homens continuaram falando. Roque recompôsse
da palidez que tomava conta de seu rosto. Levantou-se e
saiu, sem avisar o homem do estábulo.
Quando já estava atravessando a rua coberta de poeira, a
silhueta do capitão tinha algo de ameaçador. Dirigiu-se para
os escritórios da estrada de ferro.
Havia gente na porta, como era hábito. Roque entrou,
sem que o impedissem. Era suficientemente conhecido. Lá
dentro, com os cotovelos apoiados no balcão, fumando um
dos charutos do patrão, estava Felipe, que não pôde evitar
uma careta de contrariedade, vendo Roque entrar.
— Alguma novidade, Roque? — inquiriu Felipe,
levantando-se.
— Mais de uma, Felipe. Preciso falar com José.
— Terá que esperar um pouco, Roque. Ele está ocupado.
— É tão urgente que não posso esperar.
— Cuidado, Roque. É preciso fazer bem as coisas.
— Afaste-se.
Felipe tinha-se movido para a esquerda, obstruindo a
entrada. Ficaram frente a frente, com uma desproporção de
forças evidente que favorecia Roque. Felipe pestanejou,
furioso, assustado e indeciso.
— Espere, Roque. José está com uma visita. Não custa
nada aguardar uns minutos.
— Suma da minha frente, Felipe.
— Pense bem. Vamos, que aconteceu com você? Está
com uma cara esquisita...
— E isso não lhe diz nada?