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2013_Luzes-ApostoloPulchrum

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Picasa<br />

O castelo visa exprimir a dignidade, a fortaleza e a estabilidade da realeza<br />

ornamental, decorativa, nobre, pomposa, que mostra a<br />

sua beleza, mas ao mesmo tempo manifesta-se afável, risonha,<br />

numa proporção humana com os que estão embaixo;<br />

sem esmagá-los pela sua altura, mas isolando-se.<br />

O último andar é tão pequenino que a vista quase abstrai<br />

dele. O olhar se concentra no restante e quase prescinde<br />

desse pequeno andar que parece servir apenas para suportar<br />

troféus guerreiros e estátuas. E, por cima, tem o céu.<br />

Forma-se, assim, uma espécie de transição entre a ordem<br />

política e social, e Deus. O castelo parece não ter fim, ele se<br />

perde em figuras alegóricas, em formas etéreas, e se funde<br />

com o horizonte celeste. Foi esta a intenção ao construí-lo.<br />

Degustar sua beleza como se prova um fino licor<br />

Esta concepção arquitetônica corresponde bem aos<br />

erros da época: a atenção está toda voltada para o rei,<br />

para a esfera política e social; o elemento forte e o leve<br />

são quase molduras para ressaltar a realeza. Temos, assim,<br />

a glorificação da realeza feita pelo castelo.<br />

Para explicitarmos o que o castelo tem de maravilhoso,<br />

é necessário que o contemplemos algumas vezes por espaços<br />

de tempo bem diversos. Só então essas considerações<br />

vão se destacando e percebemos toda a realidade. É como<br />

provar um licor fino: às vezes sentimos seu sabor somente<br />

depois de tê-lo engolido. Aqui também: é a segunda ou<br />

a terceira análise que nos torna mais palpável o que acabo<br />

de explicitar, e nos faz degustar completamente o que o<br />

castelo de Versailles diz para aqueles que o visitam.<br />

Embora esse castelo exista como uma concha vazia,<br />

pois tudo quanto nele era vivo foi exterminado ou levado<br />

embora, até hoje os turistas do mundo inteiro vêm vê-lo.<br />

É uma fama de beleza que se mantém pelo consenso de<br />

todos que o visitam.<br />

Como é bonito ter havido todas essas ideias no espírito<br />

dos que compuseram esse castelo e, séculos depois, alguém,<br />

olhando para ele, recompor essas ideias e, por assim<br />

dizer, dar-lhes vida! Tal é a densidade de pensamento<br />

que uma obra de arte pode conter.<br />

Essas considerações ajudam-nos a readquirir o gosto<br />

pelo maravilhoso. A alma de um católico tem que desejar<br />

o maravilhoso para amar a Deus. Somos criados para<br />

ver a Deus face a face; e contemplar essas maravilhas é<br />

uma preparação para o Céu. Preparam-se para o Céu os<br />

povos dotados desse amor ao maravilhoso que a Revolução<br />

de tal maneira quer abolir.<br />

v<br />

(Extraído de conferência de 29/3/1967)<br />

1) André Le Nôtre (1613 - 1700). Foi jardineiro do Rei Luís<br />

XIV de 1645 a 1700.<br />

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