2013_Luzes-ApostoloPulchrum
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Salão das Tapeçarias<br />
Fotos: Ignis / Jean-Pierre Dalbéra / Tim Schofield<br />
teiramente afirmada. Dir-se-ia que, de algum modo, ela<br />
é até mais raffinée do que as salas de Luís XIV.<br />
E notem uma coisa curiosa: dentro de todo esse gracioso<br />
há qualquer coisa de mais tristonho. Não há aquela<br />
alegria matinal. É um gracioso crepuscular, embora com<br />
todos os encantos do crepúsculo, mas já não é aquela coisa<br />
maravilhosa da aurora.<br />
Essa sala, com todo o seu maravilhoso, poderia ser<br />
de lazer, ou de jogo, num palácio real. Não poderia<br />
ir além disso. E mesmo assim, ela tem qualquer coisa<br />
de perigoso, porque se uma pessoa fica muito tempo<br />
aqui dentro, não tem vontade de passar para as outras<br />
salas. Ela tem qualquer coisa de anestésico, que é<br />
o anestésico do otimismo. Está tudo arranjadinho, redondinho.<br />
As cadeiras já são um pouco dadas ao anatômico, por<br />
incrível que pareça. A civilização que gosta da cadeira<br />
com pernas baixas é decadente. Então, nessa sala as cadeiras<br />
têm perninhas baixinhas.<br />
Poder-se-ia dizer que o melancólico e mole são as notas<br />
dominantes nessa sala. <br />
v<br />
1) Refinado, requintado.<br />
(Extraído de conferência de 31/10/1966)<br />
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