2013_Luzes-ApostoloPulchrum
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Dr. PLinio, aPóstoLo Do PuLchrum<br />
REVISTA DR. PLINIO 178 - Janeiro de <strong>2013</strong><br />
Mares do Brasil<br />
Através da contemplação de um dos elementos mais belos da<br />
natureza, o mar, Dr. Plinio nos convida a saber analisar o que se passa<br />
interiormente em algo muito mais vasto que os panoramas marítimos.<br />
Como há mar e mar! Não há nada<br />
mais parecido com o mar<br />
do que outro mar. Não há nada<br />
mais diferente de um mar do que<br />
outro mar.<br />
Viajando, simplesmente, pelo litoral<br />
brasileiro, nota-se como os mares<br />
são diferentes. Por exemplo, o<br />
mar de Cabo Frio é diferente do mar<br />
de Santos; e o mar do Rio é diferente<br />
do mar de Guarujá. Mas como todos<br />
esses são diferentes do mar da<br />
Bahia ou do mar de Fortaleza! Todos<br />
são diferentes, e que efeitos diferentes<br />
causam!<br />
José Menino e Guarujá<br />
Para mim, é sempre um privilégio<br />
contemplar um panorama marítimo.<br />
As minhas circunstâncias de vida<br />
não me dão tempo de olhar o mar,<br />
mas eu o contemplei muito e o carrego<br />
dentro da alma.<br />
Penso nele e o tenho em mente.<br />
Analisei detidamente, em várias situações<br />
e em vários aspectos, o mar da<br />
minha — quase diria — nativa praia<br />
do José Menino, em Santos.<br />
Quem foi esse José Menino? Não<br />
sei. No recôncavo, as ondas entram<br />
ordenadas e fazem dentro do seu curso,<br />
em ponto pequeno, uma bataille<br />
rangée, e também um pouco de bataille<br />
mêllée 1 sobre si mesmas para se<br />
divertirem. Elas espumam um pouco,<br />
vão para frente, para trás, quando<br />
chegam à praia ficam enormes e se estendem<br />
sobre a areia; depois começa<br />
o refluxo e elas voltam para recomeçar;<br />
tudo feito numa serenidade, numa<br />
dignidade encantadora.<br />
Na praia de Guarujá, em que o<br />
mar é mais claro, tem-se a impressão<br />
de que a luz do Sol é mais reluzente<br />
também; a água é glauca, entre azul e<br />
verde, e aquilo já é dado para mar alto.<br />
As ondas sobem e espumam! São<br />
eloquentes, fazem oratórias! Agitam<br />
cabeças, meneiam braços, assinalam<br />
distâncias por rumores. A onda quebra<br />
longe, provoca aquele rumor, o<br />
qual vai se aproximando.<br />
Copacabana, Cabo<br />
Frio e Fortaleza<br />
E a sensação magnífica de quem<br />
está em alto mar em Copacabana,<br />
no Rio de Janeiro! Colosso! Vastidão<br />
de mar, em que cada gota é uma<br />
pedra preciosa, formam-se espumas<br />
com as ondas que se quebram. E<br />
nunca raivoso nem indignado! Sempre<br />
com aquele bom humor, próprio<br />
ao Rio de Janeiro. Mas dentro desse<br />
bom humor amável há uma variedade,<br />
uma força que dá um encanto<br />
próprio a cada movimento das águas.<br />
Não posso me esquecer das águas<br />
de Fortaleza, no Ceará, muito parecidas<br />
com as de Cabo Frio, no Estado<br />
do Rio de Janeiro. Não sei se no litoral<br />
brasileiro há águas mais bonitas.<br />
São propriamente águas-marinhas colossais<br />
que se movem sem forma definida.<br />
Olhando o mar, vê-se o fundo.<br />
Claro! Magnífico! Tem-se a impressão<br />
de que é uma água-marinha em<br />
lente de aumento. Estupenda!<br />
O mar interno de nossa<br />
alma e o mar externo<br />
Quando vemos esses vários movimentos<br />
da natureza marítima, nós nos<br />
regalamos e entretemos. Mas uma coisa<br />
é o entusiasmo; outra é a mania, que<br />
pode dar em qualquer desequilíbrio,<br />
pequeno ou grande. Na posição adequada<br />
do espírito, a pessoa vê, gosta e<br />
em certo momento, como que empurrando<br />
as sensações com a mão, diz:<br />
“Sensações, calai-vos! Eu quero que<br />
vós não entreis. As que entraram não<br />
sairão, as que estão fora não entrarão.<br />
Sensações que entrastes, desfilai! Essa,<br />
aquela, aquela outra, como é cada<br />
uma? Que relações elas têm entre si?”<br />
E faz a grande pergunta: “O que significam?<br />
O que em mim vibra vendo<br />
aquilo? Qual é a verdade, a retidão, a<br />
virtude que consona com aquilo? Qual<br />
é, por outro lado, o defeito que tende a<br />
aborrecer-se com aquilo? Pelo desígnio<br />
de Deus, aquilo significa o que há<br />
de reto, de bom, de semelhante a Ele.<br />
Plinio, analisa-te! Em função de outro<br />
mar, que é o vai-e-vem de tua alma, tu<br />
conferirás mar com mar, julgarás o teu<br />
mar interno à vista do mar externo, e<br />
julgarás o mar externo à vista do teu<br />
mar interno.”<br />
v<br />
(Extraído de conferência de<br />
8/11/1980 e 2/2/1983)<br />
1) Bataille rangée, batalha em fileiras; bataille<br />
mêllée, batalha sem qualquer ordenação.<br />
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