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Cataguases e Rio: amizade antiga<br />
O contato entre nossa cidade e a então capital do Império passou a ser<br />
diário a partir de 1877, quando as duas cidades foram ligadas pela estrada de<br />
ferro. Também a data em que Cataguases foi elevada à condição de município,<br />
por ordem d’el rei Dom Pedro II, que cá esteve, com sua comitiva, viajando<br />
pela região. Não saltou do trem por causa de uma epidemia de febre.<br />
O trem deu um grande impulso à economia, escoando a produção, principalmente,<br />
de café. Tanto que o coronel João Duarte mantinha um armazém<br />
exclusivo no Cais do Porto do Rio de Janeiro, para exportação. E, numa viagem<br />
à Itália, conheceu uma beldade e a trouxe para compartilhar consigo uma<br />
casa que ainda existe, a Chácara Dona Catarina. E ela trouxe quatro amigas.<br />
Outro grande impulso foi dado pela eletricidade, que permitiu a instalação<br />
de fábricas de tecidos e outras, até duas de cerveja. De lá pra cá, foi um<br />
constante progredir, como diz o nosso hino. O tempo todo, Cataguases lia jornais<br />
e revistas do Rio, ouvia rádios do Rio, seguia a moda carioca e, acima de<br />
tudo, torce até hoje pelos times de lá, salvo uns cruzeirenses e corintianos.<br />
Em 1925, Humberto Mauro e Pedro Comello inventaram de fazer filmes<br />
aqui, e deu certo. Eva Nil era chamada pelas revistas de “a estrellinha de Cataguazes”<br />
e Mauro, por sua vez, tornou-se referência obrigatória na história do<br />
cinema brasileiro. Pela mesma época, uns rapazes editaram a revista Verde, na<br />
qual colaboraram alguns dos maiores poetas brasileiros e até do exterior.<br />
Nos anos 40, um dos rapazes da Verde, Francisco Inácio Peixoto, introduziu<br />
aqui a arte moderna, trazendo nomes do peso de Oscar Niemeyer, Cândido<br />
Portinari e Roberto Burle Marx pra dar um toque de classe em sua residência<br />
e no Colégio Cataguases, desencadeando uma onda modernista que<br />
resultou numa série de edificações hoje tombadas pelo Iphan (Instituto do Patrimônio<br />
Histórico e Artístico Nacional). Também obras modernosas.<br />
Na virada do século vieram os centros culturais, que mantinham acesa<br />
aquela chama que fez de Cataguases uma cidade diferente, no interior do Brasil.<br />
Durou pouco, mas continua sendo cenário de filmes, que todo ano são<br />
rodados aqui, com atores vindos do Rio e locais, tendo se tornado polo<br />
cinematográfico, um tributo à memória de Humberto Mauro.<br />
Cataguases tem também o seu Flamengo, tradicional clube esportivo,<br />
uma Escola de Samba Portela, uma Mercearia Cinelândia e por muito tempo<br />
teve um bar chamado Café Carioca, no centro, agora na rodoviária.<br />
Texto prum restaurante de comida carioca que não deu certo aqui.