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Revista SECOVIRIO - 103

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ENTREVISTA • DOMINIC BARTER<br />

Que tipo de acordos?<br />

Hoje em dia,<br />

praticamos muito<br />

pouco uma escuta<br />

inteligente.<br />

Acordos que faziam sentido quando a gente morava em<br />

aldeias ou pequenos bairros, em que todos se conheciam<br />

ao andar pela rua. Essa é a época em que a maioria dos<br />

acordos de convivência foi estabelecida. Mas, nos últimos<br />

100 anos, temos mudado radicalmente nossa forma de<br />

viver. E os condomínios em prédios grandes são um<br />

exemplo disso. Muitas vezes, a gente não conhece a<br />

pessoa que vive no andar de cima ou no de baixo, cruza<br />

apenas no elevador. Então, é óbvio que, em uma<br />

configuração dessas, alguns acordos mais antigos vão<br />

continuar valendo e outros não.<br />

Dominic<br />

E o que é possível fazer para amenizar ou reverter esse<br />

quadro?<br />

Primeiro, reaprender a escutar. Nossa tendência é escutar apenas as palavras que os<br />

outros nos dizem e prestar atenção ao sentido por trás delas. Quando alguém se<br />

expressa, tanto faz quais palavras usa. O que essa pessoa quer é estabelecer<br />

inicialmente um sentido compartilhado, checar se o outro é capaz de perceber a<br />

situação a partir de sua perspectiva. Se isso não se realiza, começamos a ver as brigas<br />

que são aparentemente sobre nada.<br />

Dominic<br />

O que tem um impacto sobre aquilo que é realmente significativo.<br />

As relações que ficam tensionadas, estressadas e se rompem por motivos que, vistos<br />

de fora, não são suficientes. Hoje em dia, praticamos muito pouco uma escuta<br />

inteligente, em que se procura descobrir exatamente o que o outro quer dizer. Muitos de<br />

nós até temem que, ao escutar demais, iremos concordar com o outro e, assim, perder<br />

posição.<br />

Dominic<br />

Mas é possível aprender a escutar de fato?<br />

Escutar é inicialmente uma escolha. Eu escolho conviver positivamente com as<br />

pessoas à minha volta, reconhecendo que meu bem-estar é muito impactado pela<br />

abertura de diálogo. No prédio onde eu moro, como em muitos condomínios, há uma<br />

questão de barulho. Há um vão que faz com que o choro da criança, que é muito jovem,<br />

acorda muito cedo e vive dois andares abaixo do meu, chegue muito alto à janela do<br />

meu apartamento. Então, a boa relação que tenho com ela facilita muito na construção<br />

de uma solução que respeite a família da criança e o meu sono.<br />

Dominic<br />

SECOVI RIO / 2016 / nº <strong>103</strong> / 10

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