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Revista Dr Plinio 252

Março de 2019

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ça fora do ventre materno tem uma<br />

vida própria, liberdade de movimentos,<br />

enfim, todo um dinamismo próprio<br />

ajudado pela mãe. Mas não vive,<br />

propriamente, da vida da mãe.<br />

Pelo contrário, a criança que está no<br />

seio materno, vive da vida da mãe;<br />

em tudo é conduzida e, por assim dizer,<br />

circunscrita por ela.<br />

Como sujeição, é um estado bastante<br />

semelhante ao de escravidão,<br />

porque neste o escravo renuncia<br />

completamente à sua liberdade para<br />

ficar inteiramente circunscrito pela<br />

vontade de seu senhor. Sua vida,<br />

seus atos são para o serviço de seu<br />

senhor, seus pensamentos tendem a<br />

ele. Assim era Nosso Senhor em relação<br />

a Nossa Senhora.<br />

Aquele que, sendo infinito, criou<br />

o universo e a quem o Céu e a Terra<br />

não podem conter, foi contido pelas<br />

entranhas indizivelmente gloriosas<br />

da Santíssima Virgem e teve para<br />

com Ela um grau de sujeição inimaginável!<br />

Em resposta ao “Non<br />

serviam” de Lúcifer, o<br />

“Amém” do Filho de Deus<br />

Portanto, quem quiser ser verdadeiro<br />

escravo de Nossa Senhora deve<br />

venerar de modo muito especial essa<br />

miraculosa e insondável sujeição de<br />

Jesus a Maria, na qual o infinitamente<br />

maior deixou-Se dominar e conter<br />

pelo menor, na realização de um<br />

plano divino, cuja sabedoria excede a<br />

qualquer cogitação humana.<br />

Por outro lado, este é o mistério da<br />

Contra-Revolução, porque se a Revolução<br />

é um grande “Non serviam” 2 ,<br />

o mais alto grau de alienação – praticado<br />

pelo Filho de Deus em Maria<br />

Santíssima – é o mistério que mais esmaga<br />

a psicologia, a mentalidade e os<br />

falsos ideais da Revolução. Em lugar<br />

do “Non serviam” é o “Amém”. Lúcifer<br />

bradou: “Não servirei”; Nosso Senhor<br />

disse: “Assim seja” a tudo quanto<br />

Nossa Senhora quis.<br />

Exatamente isso dá uma constrição<br />

especial no homem de espírito revolucionário,<br />

diabólico. Não é apenas<br />

ver a Deus servido por sua criatura<br />

e, portanto, sendo observada aí uma<br />

espécie de ordem de mérito, mas é o<br />

próprio Criador querendo obedecer à<br />

sua criatura e esta mandando n’Ele.<br />

É levar a obediência a um grau que se<br />

não soubéssemos, pela Revelação, ter<br />

havido a Encarnação, nunca poderíamos<br />

imaginar que essa virtude chegaria<br />

a tal extremo.<br />

Se isso deu tanta glória a Deus, a<br />

ponto de naquilo que abusivamente<br />

poderíamos chamar a História d’Ele<br />

– porque Deus é infinito e não tem<br />

História – Ele quis que figurasse esse<br />

ato de obediência insondável, compreendemos<br />

também como a obediência<br />

praticada por nós dá glória a<br />

Nossa Senhora. Em contrapartida,<br />

como a revolta injuria a Maria Santíssima<br />

e seu Divino Filho.<br />

Vemos, assim, até que ponto a Revolução<br />

é odiosa a Deus, e isso nos leva<br />

a compreender melhor o Inferno,<br />

com seus tormentos eternos, o desespero<br />

completo, o esmagamento perpétuo<br />

do demônio, à vista do fato de<br />

que ele atentou contra este princípio:<br />

ele deveria obedecer e não quis.<br />

Certos teólogos dizem que a revolta<br />

de Lúcifer deu-se porque lhe<br />

foi mostrado o plano da Encarnação<br />

e dada a ordem de adorar o Verbo<br />

de Deus Encarnado. E por ser um<br />

anjo de tão alta categoria, ele não<br />

quis e revoltou-se.<br />

Esta hipótese, que me parece totalmente<br />

provável, adquire uma clareza<br />

ainda maior se pensarmos no<br />

demônio considerando Nosso Senhor<br />

Jesus Cristo contido no claustro<br />

sacratíssimo de Nossa Senhora<br />

e obedecendo a Ela. Ver essa obediência<br />

do Verbo Encarnado a uma<br />

criatura infinitamente menor do que<br />

Deus – por mais excelsa que seja –,<br />

e a inferioridade d’Ele em relação a<br />

essa criatura, isso deve ter levado ao<br />

paroxismo a indignação de Lúcifer.<br />

A festa da Contra-Revolução<br />

Nós podemos dizer, portanto, que<br />

o dia 25 de março é a festa da Encarnação<br />

do Verbo, da escravidão a<br />

Nossa Senhora, da Contra-Revolução.<br />

É a festa na qual se celebra o espírito<br />

de obediência, o amor à hierarquia,<br />

à ordem, à dependência, a<br />

tudo quanto a Revolução odeia.<br />

É mais do que concebível que nos<br />

preparemos para essa festa por meio<br />

de orações especiais para pedir a<br />

Nossa Senhora que esse espírito representado<br />

pela Encarnação atinja<br />

em nós a plenitude desejada por<br />

Deus quando nos criou.<br />

De outro lado, vemos também o<br />

espírito mais do que humilde e contrarrevolucionário<br />

de Maria Santíssima<br />

em face deste mistério. Quando<br />

Ela soube que o Verbo Se encarnaria<br />

n’Ela, sua reação não foi de Se<br />

vangloriar, mas de pronunciar esta<br />

frase humílima: “Eis aqui a escrava<br />

do Senhor, faça-se em mim segundo<br />

a tua palavra” (Lc 1, 38). Como<br />

se dissesse: “Se Deus quer de mim<br />

essa coisa inexplicável, isto é, que eu<br />

mande n’Ele, até isso Ele pode exigir<br />

de mim. Portanto, se Deus pede<br />

o meu consentimento a essa situação<br />

inimaginável, por obediência a Ele,<br />

n’Ele mandarei! Mas é Ele o Senhor,<br />

e a sua vontade, em todas as coisas,<br />

eu farei.”<br />

Como ganha um realce especial, à<br />

luz disso, a atitude de Nossa Senhora<br />

na Anunciação, dizendo-Se escrava<br />

de Deus no momento em que Ele<br />

queria fazer um ato supremo de servidão,<br />

de dependência, de escravidão<br />

em relação a Ela! Encontramos<br />

nisto a perfeição do espírito da Contra-Revolução.<br />

v<br />

(Extraído de conferência de<br />

16/3/1971)<br />

1) Cap. VIII, art. 1, §4, n. 243.<br />

2) Do latim: “Não servirei.”<br />

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