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Apóstolo do pulchrum<br />
Arquivo <strong>Revista</strong><br />
plar aquilo e perguntar-se como seria em ponto infinito,<br />
fica no fundo da alma algo de indizível, objeto de uma<br />
meditação propriamente religiosa e que lhe dá a verdadeira<br />
apetência do Céu.<br />
Esta é a fase religiosa e final da meditação. É um tipo<br />
de meditação caracteristicamente da quarta via de São<br />
Tomás de Aquino 1 que, através de um ente criado, nos<br />
eleva até o Céu, mas depois nos faz voltar aos entes criados<br />
para ir degustando-os como prelibações do Paraíso,<br />
ocasiões de sentirmos um antegozo do Céu. Assim levamos<br />
a vida cercados de coisas palpáveis e visíveis, sempre<br />
considerando as coisas impalpáveis, supremas e invisíveis<br />
que elas representam.<br />
Então eu tenho o leão, acima dele o rei, acima do<br />
rei os Anjos, acima dos Anjos Nossa Senhora, infinitamente<br />
acima de Nossa Senhora, Nosso Senhor Jesus<br />
Cristo, e em Nosso Senhor Jesus Cristo tenho o próprio<br />
Deus.<br />
Quer dizer, por esta forma eu faço todo um circuito. E<br />
compreendo perfeitamente que no Reino de Maria houvesse,<br />
por exemplo, uma igreja consagrada a Nosso Senhor<br />
Jesus Cristo, onde existisse, quiçá do lado de fora,<br />
na praça pública, um leão heráldico, escultura talvez fundida<br />
em ouro, na base da qual estivesse escrito “Imagem<br />
do Leão de Judá”. Sei que essa escultura deixaria muita<br />
gente furiosa, mas isso seria exatamente fazer uma meditação<br />
com seu périplo total.<br />
A graça de ver os imponderáveis da Criação<br />
É próprio à natureza humana desejar levar<br />
uma vida agradável sobre a Terra. Eu lhes<br />
posso garantir que nada, no sentido mais estrito<br />
da palavra, torna a vida tão agradável<br />
e interessante quanto vivê-la assim. Um<br />
homem que não vive desse modo está para<br />
quem vive pior do que um cego em relação a<br />
quem enxerga normalmente. Mas muito pior,<br />
não há comparação.<br />
Poderíamos encerrar estas considerações<br />
com a seguinte súplica a Nossa Senhora:<br />
Ó Maria, Esposa Imaculada do Espírito<br />
Santo, dai-me a graça de ver os imponderáveis<br />
da Criação, de me enlevar por eles e<br />
de ser impelido assim, por um amor desinteressado,<br />
à contemplação das perfeições que<br />
a alma humana possui pela natureza e pela<br />
graça.<br />
Fazei-me subir dessa consideração à da<br />
natureza angélica, puramente espiritual e,<br />
por fim, à de vosso Divino Filho que na sua<br />
humanidade santíssima é o ápice e a síntese<br />
de toda a Criação. Fazei-me em seguida, por<br />
um voo ainda mais possante de desinteresse<br />
e enlevo, fixar a minha mente na consideração<br />
da própria essência divina, da qual toda a<br />
Criação é imagem ou semelhança, de maneira<br />
que, analisando depois as criaturas, possa<br />
antegozar o Céu, preparando-me assim para<br />
entrar nele e lá Vos louvar por toda a eternidade.<br />
v<br />
(Extraído de conferência de 5/1/1973)<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> em 1970<br />
1) Cf. Suma Teológica I, q. 2, a. 3.<br />
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