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Revista Dr Plinio 252

Março de 2019

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Gabriel K.<br />

é uma prova de que em algum lugar<br />

do mundo há um azul-marinho intenso,<br />

carregado.<br />

Então, poderíamos afirmar, de algum<br />

modo quase alegórico, que todos<br />

os azuis existem porque há um<br />

azul – que, numa linguagem também<br />

inadequada, chamaríamos de absoluto<br />

– do qual todos os outros são dimanações.<br />

Esse princípio abre o nosso espírito<br />

para outro mais genérico: sempre<br />

que uma coisa tem uma qualidade<br />

em determinado grau, ela só existe<br />

porque há algo mais perfeito do qual<br />

ela participa. O ser dotado de qualidade<br />

em grau menos alto participa<br />

de algum modo dessa mesma qualidade<br />

existente em grau supremo em<br />

outro ser.<br />

Suponhamos que alguém vá à Inglaterra<br />

e encontre várias senhoras<br />

finas, distintas. São senhoras da boa<br />

burguesia antiga e tradicional da Inglaterra.<br />

Donde receberam as influências<br />

que as tornam tão finas? De<br />

uma classe social superior, a nobreza,<br />

que ainda tem muito mais finude<br />

irradiação de qualidade dos quais os<br />

outros participam.<br />

Assim está organizado o universo.<br />

Todas as qualidades existentes em<br />

determinado ser procedem de seres<br />

superiores.<br />

Pirâmide de arquétipos<br />

Madonna dei Raccomandati - Catedral de Orvieto, Itália<br />

ra do que essas senhoras da burguesia.<br />

Portanto, a finura delas é a participação<br />

da finura das<br />

senhoras nobres. E essas<br />

senhoras da nobreza,<br />

de quem receberam<br />

esta finura? De uma<br />

rainha, o protótipo da<br />

finura, que possui essa<br />

qualidade como em<br />

sua fonte. Há burgueses<br />

finos porque existem<br />

nobres, e nobres<br />

porque há reis.<br />

Num país com a vida<br />

cultural bem constituída,<br />

se vemos homens muito<br />

cultos chegamos à conclusão<br />

de que esse país tem<br />

excelentes universidades e<br />

deve contar com grandes<br />

sábios, porque não pode<br />

haver tantos homens cultos<br />

sem a existência de um<br />

foco em uma universidade<br />

dotada de alguns sábios,<br />

pelo menos. Quer dizer,<br />

deve haver sempre focos<br />

Deste princípio São Tomás tira a<br />

seguinte conclusão: se existe numa<br />

criatura uma qualidade qualquer,<br />

deve haver um ser extrínseco ao universo<br />

criado que tenha essa qualidade<br />

em grau infinito.<br />

Com efeito, o exemplo da rainha<br />

não explica tudo, pois quem lhe deu<br />

tal predicado? Se chego apenas até a<br />

rainha, tenho uma pirâmide truncada.<br />

Deve existir um Ser de quem ela<br />

tenha recebido aquela qualidade, o<br />

qual, por sua vez, a possua de modo<br />

absoluto e infinito, e não a tenha recebido<br />

de ninguém. Este Ser no qual<br />

todas as coisas excelentes existem de<br />

um modo perfeito e infinito é Deus.<br />

Elisbeth I no dia de sua coroação<br />

Coleção Real, Londres, Inglaterra<br />

Royal Collection (CC3.0)<br />

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