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Revista Dr Plinio 252

Março de 2019

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Eduardo Bueno (CC3.0)<br />

António José Quinto (CC3.0)<br />

Dom Miguel - Biblioteca Nacional,<br />

Lisboa, Portugal<br />

Corte Portuguesa em 1822 - Museu Paulista, São Paulo, Brasil<br />

Chegando a Portugal, encontrou<br />

a seguinte situação: Dom Miguel, irmão<br />

mais novo de Dom Pedro I, tinha<br />

se candidatado ao trono português.<br />

Morreu Dom João VI, Dom Pedro<br />

I tornara-se Imperador do Brasil<br />

e se descolara de Portugal. Logo,<br />

argumentava Dom Miguel, uma vez<br />

que ele traíra a nação, separando dela<br />

uma parte, não tinha mais direito<br />

a ser Rei de Portugal. E afirmava:<br />

“O rei sou eu!” Dom Pedro I dizia o<br />

contrário: “Eu não renunciei, e agora<br />

que deixei o Brasil quero governar<br />

aqui em Portugal!”<br />

A isso somava-se uma complicação<br />

de caráter ideológico: também<br />

os monarquistas portugueses estavam<br />

divididos pela mesma questão<br />

que dividira as opiniões no Brasil.<br />

Aliás, era a grande questão daquele<br />

tempo: saber se uma monarquia<br />

deveria ser absoluta, à maneira<br />

do Ancien Régime, ou parlamentar,<br />

como vigorou após a Revolução<br />

Francesa.<br />

Os partidários de Dom Miguel<br />

eram monarquistas absolutistas, enquanto<br />

os de Dom<br />

Pedro I eram a favor<br />

da monarquia<br />

parlamentar. Ele<br />

que no Brasil tinha<br />

sustentado o princípio<br />

da monarquia<br />

absoluta, com<br />

o direito de fechar o<br />

Parlamento quando<br />

quisesse, em Portugal<br />

chefiou o parido<br />

liberal.<br />

A guerra entre<br />

esses dois partidos<br />

dividiu Portugal a<br />

fundo. Quase todas<br />

as boas famílias de<br />

Portugal tiveram antepassados lutando<br />

ou do lado dos “miguelistas”,<br />

ou de Dom Pedro I, ou de sua filha,<br />

Dona Maria da Glória, a quem ele<br />

deixou os direitos quando morreu.<br />

Morto Dom Pedro I, sua imagem<br />

apagou-se na recordação dos brasileiros<br />

como fato político, mas permaneceu<br />

como fato lendário-histórico.<br />

E ficou como a de um príncipe<br />

tumultuoso e inconstante.<br />

Muito curiosamente veio parar<br />

em mãos de minha família uma espada<br />

pertencente aos partidários de<br />

Dona Maria da Glória, filha de Dom<br />

Pedro I. Era uma espada em forma<br />

ligeiramente curva à maneira das espadas<br />

turcas, em cuja copa estava es-<br />

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