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Hospitais Portugueses n.º1 julho-setembro 1948

PRINCÍPIOS E FINS DESTA REVISTA MODERNAS PERSPECTlVAS DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR DEVERES MORAIS DO ENFERMEIRO FORMULÁRIOS HOSPITALARES BASES E PLANOS PARA UM HOSPITAL PERGUNTAS AO DIRECTOR NOTiCIAS DO ESTRANGEIRO INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA O HOSPITAL E A LEI NOTiCIAS DOS HOSPITAIS GENTE DOS HOSPITAIS MIN!STÉRIO DA ASSISTÊNCIA?

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Bem basta que o doente por vezes, seja infeliz até pela educaçllo que nllo<br />

recebeu. O enfermeiro tem, neste ponto, de lhe mostrar superioridade.<br />

d) Caridade<br />

A caridade é um grau mais alto·da dedicação, a que o enfermeiro não pode<br />

furtar-se.<br />

Quem a exercer faz dom de si mesmo ao próximo mais necessitado, não<br />

esperando compensação neste mundo. Para o cristão é o amor do próximo por<br />

amor de Deus.<br />

A caridade não é um simples estado de alma. É certo que quem pratica<br />

esta virtude sublime tem de ter o espírito impregnado de pensamentos generosos;<br />

mas só isto não basta.<br />

A caridade é uma força activa, militante. Tem por fim aliviar, tanto q~anto<br />

possível, o sofrimento dos outros e de modo algum contribuir para que esse sofrimento<br />

se agrave.<br />

Leva o enfermeiro a abeirar-se do doente, a inquirir das suas necessidades,<br />

a esclarecê-lo, a ajudá-lo, e, tantas vezes, a suportar as suas impaciências e<br />

grosserias.<br />

O enfermeiro, mais que o médico ainda, tem de ser particularmente cauteloso<br />

com a sua susceptibilidade. Se o doente é desabric;o, grosseiro ou violento,<br />

se se opõe a certos tratamentos, ao enfermeiro compete, sem quebra de disciplina,<br />

humilha'r a sua personalidade, aparentemente ofendida, e portar-se sempre com<br />

bom modo, afàvelmente, mostrando que quer valer-lhe. Assim se conseguirá o<br />

que de outro modo será impossível.<br />

É mui to difícil, temos de reconhecê-lo, ficar sereno perante injúrias, asperezas<br />

e gra vames.<br />

A uma palavra maldosa, a uma apreciação injusta, a um ataque inesperado,<br />

é próprio da baixa natureza humana querer retorquir com idêntica violência,<br />

agressividade e humilhação.<br />

E quão longe estão da boa doutrina os que assim procedem.<br />

Já na nossa era, um imperador romano, Marco Aurélio, poderoso e sobretudo<br />

sábio, porque apesar de grande soubera ler a magnífica lição da vida, nos<br />

deixou esta máxima que devia estar fixada a letras de fogo na nossa consciência:<br />

«Chegarás a amar os teus ofensores se tiveres em mente: que são teus parentes;<br />

que caem em falta por ignorância e não por vontade; que dentro de pouco estareis<br />

todos mortos, tu e eles; e, acima de tudo, que te não fizeram realmente mal,<br />

pois que não tornaram a tua ·alma pior do que era anteriormente».<br />

Se pensarmos, de facto, que a vida é de pouca duração, que quem nos<br />

ofende o faz por mal informado e que o mal só é verdadeiramente mal para nós<br />

se a nossa alma fica transtornada por maus pensamentos de ira, ódio, inveja e<br />

.soberba, saberemos suportar serenamente estas palavras mal-sonantes que aparecem<br />

frequentemente na vida de todos, mas às quais o enfermeiro está, talvez,<br />

mais sujeito.<br />

lO<br />

IIO~PIT .UIII

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