Hospitais Portugueses n.º1 julho-setembro 1948
PRINCÍPIOS E FINS DESTA REVISTA MODERNAS PERSPECTlVAS DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR DEVERES MORAIS DO ENFERMEIRO FORMULÁRIOS HOSPITALARES BASES E PLANOS PARA UM HOSPITAL PERGUNTAS AO DIRECTOR NOTiCIAS DO ESTRANGEIRO INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA O HOSPITAL E A LEI NOTiCIAS DOS HOSPITAIS GENTE DOS HOSPITAIS MIN!STÉRIO DA ASSISTÊNCIA?
PRINCÍPIOS E FINS DESTA REVISTA
MODERNAS PERSPECTlVAS DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR
DEVERES MORAIS DO ENFERMEIRO
FORMULÁRIOS HOSPITALARES
BASES E PLANOS PARA UM HOSPITAL
PERGUNTAS AO DIRECTOR
NOTiCIAS DO ESTRANGEIRO
INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA
O HOSPITAL E A LEI
NOTiCIAS DOS HOSPITAIS
GENTE DOS HOSPITAIS
MIN!STÉRIO DA ASSISTÊNCIA?
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HOSPITAIS lJO 1~ TU(; U ES l~S<br />
REVISTA DE ORGANIZJ\ÇÃO E ADMINISTRAÇ.\0 HOSPITALAR<br />
DIRECTOR, PROPRIETÁRIO E EDITOR: c o R 10 L A NO FERRE I R A<br />
ADMINISTRADOR: EVARISTO DE MENEZES PASCOAL<br />
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:<br />
RUA VISCONDE DA Luz, 100-2. 0<br />
Telefone 2276<br />
COIMBRA<br />
Composto e impresso na Tip. da cAtlàntidu<br />
Rua Ferreira Borges, 103-III- COIMBRA<br />
. SUMÁRIO:<br />
PRINCÍPIOS E FINS DESTA REVISTA<br />
:MODERNAS PERSPí::CTlVAS DA ASSISTf.:'\CIA HOSPITALAR<br />
DR. JOSÉ JOAQUIM DE PAIVA CORRF.A<br />
DEVERES 1\IORAIS DlJ ENFERMEIRO<br />
PROF. AUGUSTO VAZ SERRA<br />
FORMULÁRIOS HOSPITALARES<br />
JAIME VALONGO<br />
BASES E PLANOS PARA UM HOSPITAL<br />
DR. VIIN!: M. HOGE<br />
PERGUNTAS AO DIRECTOR<br />
NOTiCIAS DO ESTRANGEIRO<br />
INSTITUTO PORTUGUtS DE ONCO~OGIA<br />
O HOSPITAL E A LEI<br />
NOTiCIAS DOS HOSPITAIS<br />
GENTE DOS HOSPITAIS<br />
MIN!STÉHIO DA ASSISTf:NCL\?<br />
VARIA:<br />
As Câmaras Municipais e a assist~ncia hospitalar; OrganiZlção hospitalar;<br />
cAssistência Social•; A capa da nossa revista.<br />
ESTE NÚMERO FOI VISADO PELA COMISSÃO DE CENSURA<br />
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IRA<br />
Só o elemento humano os movime nta e lhes dá utilidade.<br />
Isto quer dizer que necessitamos não só dos edifícios e do seu<br />
recheio mas sobretudo de bons médicos, bons enfermeiros e bom pessoal<br />
administrativo -tornado este no sentido estrito -.<br />
(Para extremar e definir princípios, afirmamos aqui que entendemos<br />
a administração como sendo aquele conjunto de regras que se destinam<br />
a extrair de uma unidade de produção a maior uiilidade pelo menor<br />
custo possível. ·<br />
Considerando o hospital como unidade produtiva, e dado este sentido<br />
lato de administração, é obvio que todas as actividades, desde as de<br />
construção às curativas, desde as burocráticas às económicas, desde as<br />
·industriais às de natureza social, enquanto se subordinam à finalidade<br />
de «utilidade máxima pelo menor custo possível» tem a sua projecção<br />
no plano administrativo).<br />
3 - A formação técnica dos médicos e a dos enfermeiros está<br />
entregue a escolas próprias.<br />
Mas o pessoal administrativo esse é que, até hoje, não tem onde<br />
aprenda nem quem o ensine.<br />
Noutros países existem cursos, escolas, revistas e jornais, dedicados<br />
todos e exclusivamente aos problemas de administração hospitalar.<br />
Na América do Norte e no Canadá há mesmo Faculdades e cursos<br />
universitários para tal fim.<br />
Entre nós, tirando duas ou três excepções, vivemos em pleno<br />
domínio do amadorismo e das improvisações que, embora bem intencionadas,<br />
estragam muito dinheiro que é sangue da nação.<br />
Não se quer, evidentemente ser injusto, para as tradições da assistenda<br />
portuguesa nem para os homens que tem dirigido e administrado<br />
os nossos hospitais. Aplicando ao caso os dizeres de Fayol, podemos<br />
afirmar com segurança que também entre nós estão espalhados e em<br />
estado latente ricos princípios e muita energia administrativa de primeira<br />
classe. Basta só trazer tudo isto à superfície, ordenar, unificar<br />
e extrair daí todo o rendimento que a colectividade tem o direito<br />
de exigir. Para tal teremos de começar pelo princípio, teremos de<br />
aprender com os que caminham à nossa frente e aproveitar-lhes as<br />
experiencias dignas disso. Quando tivermos bagagem para criar sistemas<br />
próprios, fá -lo-emos porque imaginação não falta em Portugal,<br />
graças a Deus.<br />
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Portugal,<br />
A administração é unia ciência, com as suas leis, os seus métodos e<br />
as suas técnicas. Ora, essas leis, esses métodos e essas técnicas têm de<br />
ser objecto de estudo ordenado e sério por parte dos que hão dirigir ou<br />
trabalhar, obedecendo, em hospitais. A intuição e a boa vontade são<br />
necessárias mas· insuficientes. .<br />
Expor os problemas, apontar os princípios e os métodos, relatar<br />
as técnicas já conquistadas por experiências próprias ou alheias, tudo<br />
como subsídio à verdadeira formação científica do pessoal administrativo<br />
dos hospitais de Portugal, é o que esta revista deseja fazer.<br />
Daqui se tira já um dos seus princípios orientadores: sendo entre<br />
nós a única a dedicar-se fundamentalmente aos problemas da administração<br />
e assistência hospitalar, não assume por esse facto, o ar de vir<br />
ensinar o Evangelho aos gentios. Pelo contrário, afirma desde já a sua<br />
humilde posição perante todos os problemas que surjam na sua área de<br />
estudo. É campo aberto a quantos queiram colaborar com ela. Será<br />
curiosa, daquela curiosidade que é desejo sério de conhecimento.<br />
Ouvirá os mestres de competência reconhecida e os que, sem nome<br />
feito, tenham alguma coisa útil a depor.<br />
Afirmará que é indispensável criar, primeiro dentro de cada hospital,<br />
e depois em toda a organização, o espírito de «corpo~~>, sem o qual<br />
não há esforço que produza.<br />
Procurará estabelecer o ambiente indispensável à cooperação e<br />
coordenação administrativas de todos os hospitais,. em moldes de voluntariedade,<br />
como meio único de tornar mais eficiente e mais útil a assistência;<br />
Também advogará a necessidade urgente de rever os métodos da<br />
administração, com vista aos resultados económicos do seu exercício.<br />
Insistirá numa verdade que, de tão comesinha que é, anda muito<br />
desprezada, a saber:· o «senhor» do hospital é o doente - «notre hôte'~> lhe<br />
chamou um grande dirigente francês--.<br />
Estudará todas as formas de assistência que directa e indirectamente<br />
se liguem à actividade hospitalar.<br />
Finalmente, esta revista desejará ser o órgão de todos os hospitais<br />
de Portugal. Ajudá-los-á, até onde puder, nas suas pequenas e grandes<br />
dificuldades; ouvirá as suas queixas e advogará as suas pretensões legítimas.<br />
Procurará servi-los honesta e dedicadamente.<br />
E assim servirá a Nação.<br />
O~PITAIM<br />
PORTUGUE~EN 3
Moflet•Jaas pet•SJteetil':tS da asslst(•taela<br />
laospitalat·<br />
Pelo DR. JosÉ jOAQt.:m DE PAIVA CoRRÉA<br />
Adjunto do Hospital Pslquiitrico J~lio de Matoa<br />
O notável incremento que o Governo da Nação vem dando aos serviços de<br />
assistência hospitalar, promovendo com larga intensidade a construçlio de novos<br />
hospitais, a modernizaçlio dos mais antigos, quer nas instalações como no seu<br />
reequipamento, vem dar inteira satisfação aos mais instantes desejos da população<br />
que deste modo encontrará em breve tempo a solução de um problema considerado<br />
dos mais delicados no quadro das preocupações da governação pública.<br />
Estudada e iniciada a execução do plano geral de assistência hospitalar, estão<br />
sem dúvida removidos os obstáculos principais que se opunham à resolução de<br />
mais um problema nacional por isso que, como de outras vezes tem sucedido,<br />
não faltará a corrente de capital posta à disposição dos executores para que em<br />
espaço de tempo conveniente comecem surgindo por todo o País os frutos de um<br />
labor em boa hora encetado.<br />
Evidente é que sem estabelecimentos hospitalares todas as questões conexas<br />
com a sua existência seriam do mesmo modo inexistentes, sendo naturalmente<br />
estéril todo o estudo ou mera sugestão quanto a matéria na realidade de importantíssima<br />
relevância mas que perdiam a maior parte da sua acuidade quando o<br />
meio em que respiram começa por não existir. Ora precisamente neste momento<br />
vai nascendo pouco a pouco o ambiente propício à proposição de certas causas<br />
que devem mesmo na lógica dos acontecimentos acompanhá-los a par e passo,<br />
dada a sua íntima interdependência e ainda porque do só facto de se esquecerem<br />
poderão resultar graves consequências directamente prejudiciais para a assistência<br />
e a curto prazo cognoscíveis para a Nação e seu Governo.<br />
Com efeito, ao elaborar-se o plano de construções hospitalares houve que<br />
considerar as necessidades das populações, a categoria administrativa das localidades<br />
e de acordo com essas permissas estudou-se uma distribuição equitativa<br />
da assistência no País que exige para completa eficácia o dispêndio de verba<br />
importantíssima que, constituindo pesado encargo, o Governo entretanto nlio discutiu.<br />
Louva-se com entusiasmo esta atitude que bem revela o espirita que<br />
anima a vontade inabalável dos homens que nos governam que corajosamente<br />
lançam ombros à resolução de mais um de tantos problemas que lhes foram<br />
legados. ·<br />
Esse capital iriicial que a Nação está já investindo deve certamente ser<br />
aplicado para obtenção de certo rendimento; mas porque a sustentação desse<br />
novo património vai onerar-se com despesas inerentes ao funcionamento específico<br />
tem de se pensar em tempo na exploração futura para que não venha a<br />
tornar-se necessário o recurso a sacrifícios fiscais em que fatalmente se traduz<br />
a insuficiência dos créditos orçamentais se não quiser ou tiver de aceitar-se a<br />
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alternativa do não funcionamento dos serviços. É que, se no momento próprio<br />
estudarmos e equacionarmos os princípios fundamentais de ordem administrativa<br />
em que deve alicerçar-se todo o futuro da assistência hospitalar, agora em perfeita<br />
gestação, nós teremos construído integralmente e não . deferindo soluções<br />
agora fáceis e amanhã impossíveis ou extraordinàriamente mais custosas.<br />
Noutros países em que o avanço no campo da assistência foi mais rápido<br />
do que no nosso os motivos mais notáveis da administração hospitalar mereceram<br />
cuidadosa observação e por isso a simultaneidade nas soluções política, social,<br />
económica, financeira e administrativa deu lugar a que se não criassem perturbações<br />
futuras quer no funcionamento como na forma de fazer face às exigências materiais,<br />
traduzidas em mais amplos sacrifícios em dinheiro por parte dos cidadãos.<br />
Parece-nos que deve ser este também entre nós o objectivo mas porque<br />
não tivemos a felicidade de o encontrar claramente exposto nós sentimos em<br />
consciência a necessidade absoluta de dizer alguma coisa sobre este assunto já<br />
que nos encontramos particularmente obrigados a reflectir acerca destas questões<br />
económicas, financeiras e administrativas a que temos dedicado aturado estudo<br />
e porfiada experiência.<br />
A condição primária do êxito na administração é a direcção única. Com<br />
efeito, entre nós não existe ainda coordenação de directorias de ordem administrativa<br />
e em razão desse facto resulta a impossibilidade de apreciação da actividade<br />
de cada estabelecimento que, para ser rigorosa, somente pode fazer-se<br />
desde que possa usar-se do método comparativo. Mas este método, dir-se-á, pode<br />
aplicar-se «grosso modo:t através certos índices que hoje são já apreciáveis e<br />
que permitem construir uma ideia geral acerca da valoração das actividades.<br />
É intuitivo que esses índices são de relevância meramente aparente por isso que<br />
não se constituindo em sistema só mui to grosseiramente podem servir de base<br />
a trabalho fecundo. Torna-se imperioso que a organização se faça no sentido da<br />
direcção única para que a colheita dos elementos de informação possam ser<br />
apreciados com critério uniforme que naturalmente permitirá apurar com o indispensável<br />
rigor os resultados da administração. Por outro lado surgem mesmo<br />
casos particulares nos diferentes estabelecimentos que respeitam a uma possível<br />
exploração mais económica e parece-nos não haver dúvida de que o estudo<br />
dessas hipóteses deve ser feito à luz das regras essenciais da ciência económica<br />
na sua aplicação prática às realidades da região ou do território onde devem<br />
ter realizaçilo.<br />
Tais problemas de larguíssima importância não podem no interesse do<br />
Pais ser entregues a iniciativas isoladas, não porque não sejam até louváveis<br />
frequentes vezes mas porque as soluções podem contrariar certos interesses se<br />
tivermos em consideração a natureza diversa que as questões apresentam em<br />
espaços diferentes.<br />
A par da técnica de exploração outras circunstâncias merecem especial<br />
cuidado como sejam as que se referem à ordem administrativa e disciplinar que<br />
» SPIT~I!i<br />
PORTUGI.íE~t;~
de\'em regular-se por princq:;-ios uniformes parJ que haja possibilidade de execuç:lo<br />
con trolá\'el.<br />
De facto, os grandes princlpios de administraç:\o hospitalar, se se encontram<br />
seccionados, aplicando-se sem a necessária rigidez e uniformidade em todos<br />
os institutos de assistência, da.o· origem a perturbações incompreensíveis que ·<br />
na.o só se não entendem nos próprios órgãos de coordenação como mais gravemente<br />
vêm dar a conhecer ·ao público que aos serviços recorre a existência de<br />
normas discordantes que ele certamente não pode compreender e realmente não<br />
tem justificação.<br />
São os próprios serventuários dos estabelecimentos que encontram também<br />
situação jurídica diferente consoante aqueles em que prestam serviço e não raras<br />
vezes sucede serem precisamente iguais os planos em que se desenvolve a sua<br />
actividade. Esta anomalia tem a sua explicação precisamente na inexistência de<br />
regras uniformes de direcção e provocam como é óbvio dificuldades e contrariedades<br />
necessàriamente dispensáveis.<br />
Se repararmos na execução financeira logo se nos depara também uma<br />
técnica para cada caso e de tal circunstância deriva imediatamente a impossibilidade<br />
de conhecer as condições básicas para o estudo das actividades; bem<br />
assim se torna pràticamente impossível coordenar os elementos de investigação<br />
de maior aptidão para a apreciação e julgamento das necessidades e das solicitações.<br />
Estas deficiências dão lugar a que dificilmente se possam imputar responsabilidades<br />
e avaliar das competências já que forçosamente se perde o sentido<br />
da orientação que constitui a condição ~sine qua non~ da administração racional.<br />
Precisamente o contrário é o que deve obstinadamente procurar-se; isto é,<br />
a gerência dos estabelecimentos deverá ser de cada vez mais especializada, responsável<br />
e competente para que, sob direcção única, seja efectiva e cônscia dos<br />
seus· deveres e direitos.<br />
Quanto mais amplo é o panorama da assistência mais largas necessidades<br />
há a satisfazer, e quanto maiores necessidades maiores somas de dinheiro terão de<br />
se aplicar. Para a administração desses capitais tem evidentemente o Governo de<br />
exigir boa e económica aplicação, o que só é possível desde encontre a presença<br />
de uma ordenação de regras administrativas e agentes capazes de as executarem·<br />
Não se trata só de uma elite, que necessàriamente deve formar-se, mas.<br />
sim de executores em toda a escala da indispensável burocracia, devidamente<br />
habilitada com os elementares conhecimentos das técnicas que constituem a sua<br />
ferramenta de trabalho.<br />
Para este fim parece-nos urgente que à semelhança de tantos outros paises<br />
se preparem em escola adequada os futuros serventuários das instituições, de<br />
assistência, que na sua grande especialidade impõem uma aprendizagem teórica<br />
e prática eficiente considerada absolutamente indispensável para a exploração<br />
deste tão importante serviço público.<br />
Não é só a necessidade da administração superior como a de cada estabelecimento<br />
que exige certa preparação, mas ainda a vida de relação entre a<br />
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primeira e os segundos e mesmo entre estes últimos que dia a dia será mais<br />
intensa. Na verdade uma das questões de mais larga projecção na assistência<br />
em Portugal será em breve prazo a centralização dos serviços essenciais de<br />
abastecimento, cuja necessidade e vantagens são de tal modo vitais que não pode<br />
esquecer-se neste momento de renovação o seu estudo cuidadoso.<br />
A vida de relação será, uma vez posta em execução tal centralização, da<br />
maior latitude, o que exige uniformidade de métodos e consequentemente competentes<br />
conhecimentos. gerais de administração por parte dos intervenientes<br />
nessa exploração .<br />
Ternos necessàriamente de deitar as nossas vistas para as modernas perspectivas<br />
da assistência hospitalar, tratando com urgência de rever as questões<br />
fundamentais que se consubstanciam na direcção única, no estabelecimento de<br />
regras uniformes de administração, na fixação da responsabilidade e competência,·<br />
na preparação dos agentes e na centralização dos serviços abastecedores.<br />
Este trabalho de manifesta urgência traduzir-se-ia na aprovação de um<br />
determinado sistema que se estabeleceria em cada um dos estabelecimentos já<br />
em funcionamento e em cada um daqueles que venha a inaugurar-se, acompanhando-se<br />
a sua montagem com técnicos especializados encarregados de orientar<br />
a sua implantação.<br />
Pode assegurar-se que a aplicação em tempo oportuno dos princípios fundamentais<br />
que acabamos de enunciar não só nos dará maior amplitude na eficácia<br />
dos serviços, corno permitirá ·uma solução financeira mais consentânea com<br />
as nossas possibilidades, evitando agravamento de encargos tributários de outra<br />
maneira fatais para a manutenção dos serviços existentes e sobretudo quando<br />
vier a verificar-se o funcionamento dos novos.<br />
É o qu~ a experiência nos ensina e o estudo denunciou.<br />
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LACTICÍNIOS DE AVEIRO, L.n 11 ,<br />
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Pelo DOt;TOR AuGUSTO VAZ SERRA<br />
Professor da Faculdade de Medicina de Coimbra<br />
e da Escola de Enfermagem do Doutor Ângelo da Fonseca<br />
a) Jlonradez<br />
Entre os deveres morais do enfermeiro temos de colocar, em primeiro lugar,<br />
a honradez.<br />
O enfermeiro tem de ser um homem honrado, isto é, cumprindo e vivendo<br />
com toda a largueza e rectidão todos os atributos morais e sociais que o tornam<br />
respeitado pelos seus vizinhos. Vivendo mais que o médico na intimidade do<br />
doente e dos familiares, tem de ser particularmente cauteloso para não cair em<br />
ciladas que a ocasião por vezes lhe arma.<br />
Como homem digno que entra, à vontade, numa casa, ou se abeira de um<br />
doente confiante, tem de pensar que tudo o pertencente a esse doente, bens,<br />
mulher, reputação, é sagrado. Podem estar-lhe à mão, poderia colhê-los sem o<br />
menor esforço ou risco, mas ele saberá fugir da tentação. No que não é seu<br />
nunca tocará.<br />
Estas faltas são, a meu ver, quase sempre fruto da excessiva familiaridade<br />
e confiança. Vivendo o doente e enfermeiro, por vezes sob o mesmo tecto, em<br />
contacto íntimo e contínuo, estabelecem-se relações, primeiro de tolerância, depois<br />
de simpatia, afinidade e, por fim, reconhecimento ou amizade. Está aberto o<br />
caminho para a familiaridade pela qual se perde tantas vezes o respeito por si<br />
e pelos outros.<br />
O enfermeiro pode e tem de entrar, quase sempre, no mais oculto da<br />
intimidade do seu doente, mas deve considerá-lo sempre que o assiste, seja<br />
ele quem for- rico ou pobre- como um necessitado de amparo, protecção e<br />
respeito.<br />
Tratará cortês mente o seu doente; poderá ser gentil, amável e delicado,<br />
· mas não permitirá o estabelecimento entre os dois do regímen de «tu cá tu lá,.,<br />
a comezaina em comum, do jôgo de cartas a dinheiro, e, sobretudo, dos copos<br />
saboreados na adega a· pretexto de qualquer petisco. Quem assim fizer degrada-se<br />
e, dentro em pouco, com vento propício, descerá a toda a incorrecção.<br />
A honra do enfermeiro levá-lo-á não só a não se apropriar indevidamente<br />
do que ao seu doente pertence mas, mais ainda, a nao cobiçar estes bens. Tem<br />
de ser extremamente cauteloso em qualquer reparo ou considerações a propósito<br />
desta ou daquela coisa que veja junto do seu doente. O pagamento dos seus<br />
serviços ele o exigirá quando e como for seu direito. Fora disso abeirar-se-á<br />
do infortunado com as mãos e a consciência limpas e afastar-se-á do mesmo<br />
modo.<br />
8 DO~PIT~I8<br />
. . .<br />
. ·.··. '··: :: .. :· .... : ;}; ·:.\: f.~ - . '·;~:~:?(;f·~~t~:;:~:~·::: ::i_.~)··~ r=J.)~r:.~:~~i~~: ~~~~~~;~<br />
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SERRA<br />
e Coimbra<br />
!lo da F o a seca<br />
iro lugar,<br />
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o tornam<br />
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tte, bens,<br />
os sem o<br />
tão é seu<br />
iliaridade<br />
tecto, em<br />
ia, depois<br />
aberto o<br />
to por si<br />
>culto da<br />
iste, seja<br />
tecção e<br />
delicado,<br />
~ á tu lá,.,<br />
los copos<br />
!r degrai!.o.<br />
idamente<br />
ns. Tem<br />
propósito<br />
dos seus<br />
:irar-se-á<br />
) mesmo<br />
A seriedade tem de ser prezada, cuidadosamente, pelo enfermeiro e, em<br />
especial, pela enfermeira.<br />
É inadmissível uma enfermeira frívola, descomposta, ligeira no falar e no<br />
vestir. Tendo-se destinado a uma profissão das mais sérias e graves o seu porte<br />
deve ser inatacável. Tem de tomar a sério o que é . sério e tem de evidenciar,<br />
nos cuidados e asseio da sua pessoa e trajar, tal preocupação. Não quer isto<br />
dizer que uma enfermeira nova ·tome uma cara carrancuda e severa, use vestuário<br />
despropositado para a sua idade, época, ou meio, não sorria nem compreenda<br />
uma graça inofensiva. Andar no seu serviço com um ar duro, como que a afirmar<br />
a toda a gente «eu sou séria,., com um aspecto que se poderia dizer de tia<br />
ou sogra de si mesma, é tão copdenável como o extremo oposto de catavento,<br />
superficialidade, desatenção. Aqui, como em tudo, a virtude está no meio.<br />
A seriedade não exclui o bom modo, o bom trato, a educação. É a consequência<br />
natural do respeito devido a si mesmo e à sua profissão. Não pode ser<br />
forçada. Tem de ser considerada como sinónimo de correcção. Não permitirá<br />
qualquer falta de respeito, mas igualmente atenderá tudo e todos atenciosamente<br />
e no devido modo.<br />
c) Detllcação<br />
Não pode pensar em desempenhar a árdua missão do enfermeiro quem não<br />
sentir dedicação pelas misérias do seu próximo. A profissão de enfermeiro, como<br />
aliás muitas outras, tem de ter muito de vocação, para ser frutuosa.<br />
Um enfermeiro cumpridor do regulamento, com horas rigorosas de entrada<br />
e saída, não fal~ando aos deveres registados, mas não suprindo generosamente<br />
as omissões desse mesmo regulamento, que não pode prever todos os acidentes,<br />
surprezas e complicações da doença, será um bom funcionário, mas é um mau<br />
enfermeiro.<br />
Um exemplo: Um enfermeiro legalista, cuja hora de saída é às 8, vai<br />
abandonar o serviço a essa hora, quando o seu substituto está a socorrer outro<br />
doente a certa distância. Prestes a sair, alguém lhe diz que um doente precisa<br />
dele. Como bom funcionário poderá escusar-se dizendo que a essa hora já devia<br />
estar fora; como bom enfermeiro tem de acudir aonde o chamam.<br />
Ser enfermeiro é renunciar, frequentemente, a comodidade, repouso, tranquilidade,<br />
método, vida de família. O enfermeiro é escravo de uma profissão<br />
que não tem hora, nem lugar nem, muitas vezes, compensação certa. Mas já<br />
que se deu a ela, dê-se plenam.ente.<br />
A dedicação no enfermeiro exiE"e que os serviços prestados sejam bons e<br />
bem. Tanto quanto possível dar uma e não duas picadas, evitar as queimaduras•<br />
vigiar se a cama está molhada, escolher a boa posição, dispor bem a roupa, dar<br />
um aspecto agradável à mesa de cabeceira, olhar pela escarradeira e urinol.<br />
E tudo isto tem de ser feito não com modos irascíveis e ferozes, direi mesmo<br />
brutalidade, mas, pelo contrário, com gentileza, suavidade e educação.<br />
9
Bem basta que o doente por vezes, seja infeliz até pela educaçllo que nllo<br />
recebeu. O enfermeiro tem, neste ponto, de lhe mostrar superioridade.<br />
d) Caridade<br />
A caridade é um grau mais alto·da dedicação, a que o enfermeiro não pode<br />
furtar-se.<br />
Quem a exercer faz dom de si mesmo ao próximo mais necessitado, não<br />
esperando compensação neste mundo. Para o cristão é o amor do próximo por<br />
amor de Deus.<br />
A caridade não é um simples estado de alma. É certo que quem pratica<br />
esta virtude sublime tem de ter o espírito impregnado de pensamentos generosos;<br />
mas só isto não basta.<br />
A caridade é uma força activa, militante. Tem por fim aliviar, tanto q~anto<br />
possível, o sofrimento dos outros e de modo algum contribuir para que esse sofrimento<br />
se agrave.<br />
Leva o enfermeiro a abeirar-se do doente, a inquirir das suas necessidades,<br />
a esclarecê-lo, a ajudá-lo, e, tantas vezes, a suportar as suas impaciências e<br />
grosserias.<br />
O enfermeiro, mais que o médico ainda, tem de ser particularmente cauteloso<br />
com a sua susceptibilidade. Se o doente é desabric;o, grosseiro ou violento,<br />
se se opõe a certos tratamentos, ao enfermeiro compete, sem quebra de disciplina,<br />
humilha'r a sua personalidade, aparentemente ofendida, e portar-se sempre com<br />
bom modo, afàvelmente, mostrando que quer valer-lhe. Assim se conseguirá o<br />
que de outro modo será impossível.<br />
É mui to difícil, temos de reconhecê-lo, ficar sereno perante injúrias, asperezas<br />
e gra vames.<br />
A uma palavra maldosa, a uma apreciação injusta, a um ataque inesperado,<br />
é próprio da baixa natureza humana querer retorquir com idêntica violência,<br />
agressividade e humilhação.<br />
E quão longe estão da boa doutrina os que assim procedem.<br />
Já na nossa era, um imperador romano, Marco Aurélio, poderoso e sobretudo<br />
sábio, porque apesar de grande soubera ler a magnífica lição da vida, nos<br />
deixou esta máxima que devia estar fixada a letras de fogo na nossa consciência:<br />
«Chegarás a amar os teus ofensores se tiveres em mente: que são teus parentes;<br />
que caem em falta por ignorância e não por vontade; que dentro de pouco estareis<br />
todos mortos, tu e eles; e, acima de tudo, que te não fizeram realmente mal,<br />
pois que não tornaram a tua ·alma pior do que era anteriormente».<br />
Se pensarmos, de facto, que a vida é de pouca duração, que quem nos<br />
ofende o faz por mal informado e que o mal só é verdadeiramente mal para nós<br />
se a nossa alma fica transtornada por maus pensamentos de ira, ódio, inveja e<br />
.soberba, saberemos suportar serenamente estas palavras mal-sonantes que aparecem<br />
frequentemente na vida de todos, mas às quais o enfermeiro está, talvez,<br />
mais sujeito.<br />
lO<br />
IIO~PIT .UIII
não<br />
.ode<br />
não<br />
por<br />
tica<br />
sos;<br />
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(daiS<br />
e<br />
I tento~<br />
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lrenos<br />
~ ia:<br />
:es;<br />
;talai~<br />
nos<br />
nós<br />
a e<br />
.r e-<br />
rez,<br />
A caridade proíbe-lhe proceder doutro modo.<br />
A bondade, a paciência, a solicitude, a humildade, um aceno, um sorrisor<br />
a prontidão, a oportunidade, a perfeiça.o, uma simples palavra são tudo maneiras.<br />
de exercer a caridade e tão simples que estão ao alcance de todos.<br />
Bem sei que, ao principio, poderá custar; mas, pensando no prazer espiritual<br />
colhido com a sua prática, quem terá coragem para se esquivar a ela?<br />
Ter a impressão de se ser útil, de se valer alguma coisa, de se fazer bem<br />
o alguém só pelo Bem, dá um contentamento interior, que nada supera.<br />
.«Caminho da virtude alto e fragoso<br />
Mas no fim doce, alegre e deleitoso»<br />
disse . o nosso imortal Camões .<br />
Todo o enfermeiro tem de trilhar este caminho . É uma subida difícil e-<br />
espinhosa, mas quem vencer os obstáculos, ao chegar a cima, terá, em alegria e<br />
felicidade, o prémio reservado pelo destino aos homens de boa fé e forte querer.<br />
\NO próximo número: Deveres Projis:;ionais do Enfermeiro)<br />
Avenida Navarro, 36- COIMBRA<br />
Excerto de uma conferência proferida a convite do Salão<br />
de Estudo Jocista do·s <strong>Hospitais</strong> da Universidade de<br />
Coimbra e publicada no semanário Correio de Coimbra,<br />
de onde o transcrevemos.<br />
Auto Industrial, L.da<br />
Oe c:olc:hões ueadoa c:om oa melhore& reaultadoa noa princ:ipaie Hoapitaia, Caeaa de Saude, e Maternidade&<br />
de lnelaterra, França, Bélgic:a e Suiça e também naa melhore• Clinic:ae do no .. o Pai•-<br />
...<br />
-1.:<br />
I<br />
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- · . . :·~t<br />
Por JAIME VALONGO<br />
Chefe dos Serviços Farmac~uticos do Ho•pital Joaquim Urbano<br />
Há muitos anos já que a existência de formulários de medicamentos para<br />
uso dos hospitais se mostrou de incalculável vantagem, não só pela comodidade que<br />
proporciona aos médicos que diàriamente têm de prescrever receitas para tratamento<br />
dos doentes, como também por permitir aos outros serviços do hospital,<br />
como sejam os de farmácia e de abastecimentos, orientar as suas a_ctividades, de<br />
modo a que tudo seja fornecido da melhor qualidade e com a necessária prontidão.<br />
Em regra, estes formulários são elaborados para os hospitais das cidades<br />
onde se ministra o ensino médico, e é por intermédio deles que os alunos de<br />
medicina se iniciam na arte de formular, adoptando-os depois nos hospitais da<br />
província para onde vão exercer clínica.<br />
Por aqui se vê a importância que isto poderia ter na difusão de conhecimentos<br />
sobre a composição dos remédios e que infelizmente não tem porque o<br />
interesse por esses formulários é cada vez menor e tende mesmo a desaparecer,<br />
em vista de não serem revistos periàdicamente para assim acompanharem os<br />
progressos da quimioterápia e de outros meios terapêuticos modernos.<br />
Se compulsarmos os formulários actualmente em uso nos hospitais principais<br />
de Lisboa, Porto e Coimbra, verificamos que o primeiro tem a data de 1927<br />
com uma pequena adenda ou suplemento de 1934 1 o segundo data de 1933 e o<br />
treceiro de 1932.<br />
Há portanto três lustros decorridos sem que tenham sofrido uma remodelação<br />
capaz. Acentui-se porém que o facto não se deve a negligência das entidades<br />
que poderiam promover a sua actualização, mas sim ao sistema seguido até agora<br />
que não permite ir introduzindo novas fórmulas, à medida que elas vão firmando<br />
o seu valor, sem grave desiquilíbrio de todo o conjunto.<br />
Um formulário de folhas presas tem necessàriamente este inconveniente.<br />
Depois de um exaustivo trabalho para os médicos encarregados de o organizar<br />
_:_o que muitas vezes leva um ano ou mais- quando dão por concluído o seu<br />
trabalho já se encontram lacunas que é pena não poderem ser preenchidas.<br />
Não há remédio senãomudar de sistema: o formulário pode ser constituído<br />
por um bloco de folhas soltas ou fichas, em cada uma das quais se inscreva a<br />
respectiva fórmula, o número que lhe couber e um nome, pouco extenso, que dê a<br />
ideia dos seus principios activos. Deve também indicar-se nessa ficha se o medicamento<br />
se destina a uso interno ou externo, havendo já formulários que reservam<br />
os números ímpares para os primeiros e os números pares para os segundos.<br />
Este bloco ou ficheiro estará sempre patente na enfermaria ou serviço para<br />
ser consultado, mas como as fichas são ali colocadas apenas por ordem numérica,<br />
I~ IIO!fiPIT&IS
Jrbaoo<br />
para<br />
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dê a<br />
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dos.<br />
para<br />
rica,<br />
sem. q uaJcj'uer outra diferenciação,- como não pode deixar de ser- dificil s'er"ã<br />
encontrar ràpidamente qualquer fórmula que se pretenda; mas um bom índice,<br />
separado do bloco, impresso e bem elucidativo, com algumas folhas em branco<br />
no fim de cada letra para se acrescentar o que vier a ser preciso, e de formato<br />
portátil para ser distribuído pelos médicos,· resolverá a dificuldade.<br />
Neste sistema, as especialidades farmacêuticas não são incluídas no formulário.<br />
São requisitadas para os serviços pelo nome que tiverem no mercado,<br />
assim como os soros naturais e as vacinas, os artigos de penso, as águas minero<br />
-medicinais e os acessórios de farmácia. Todos estes produtos que se julgarem<br />
indispensáveis, constarão de uma lista organizada pelo corpo clínico e aprovada<br />
pela Administração do hospital.<br />
Ainda, quanto às especialidades, convem explicar que não se consideram<br />
como tais, e por isso devem fazer parte do formulário, os medicamentos fabricados<br />
em série, com fórmula e métodos de preparação conhecidos e que costumam<br />
ser fornecidos aos serviços de farmácia, a granel, para ali serem acabados ou<br />
devidamente acondicionados.<br />
Parece-nos também que não se deveria pensar em organizar um formulário<br />
único para todos os hospitais do país, ou mesmo para um grupo de hospitais<br />
de finalidade idêntica. Isso seria condenar a ideia ao mais estrondoso fracasso.<br />
Deixe-se aos médicos que neles trabalham a selecção das fórmulas a inscrever<br />
e só os princípios ou bases em que o sistema assenta é que devem ser uniformes<br />
e observados a rigor em todos os hospitais.<br />
Desta maneira um hospital, por mais pequeno que seja, pode e deve. ter<br />
um formulário privativo que os seus clínicos utilizarão sem contrariedade e que<br />
lhes facilitará muito a sua missão. ·<br />
No hospital onde trabalhamos organizou-se em 1938, a título de experiência,<br />
um formulário privativo pelo sistema que atrás deixamos esboçado e tão vantajoso<br />
ele se mostrou que uma comissão nomeada em 1941 pelo Sr. Director Geral<br />
de Saude, com o fim de lhe serem introduzidas novas fórmulas, foi de opinião que<br />
o sistema se mantivesse como efectivamente se tem mantido até agora.<br />
Mas não é só no nosso país que o problema da revisão dos formulários se<br />
agita. O jornal americano E/ farmaceutico de Outubro de ·1941 publicou um<br />
artigo da autoria de Donald A. Clarke, director da secção de farmácia do hospital<br />
de Nova-Iorque, artigo que foi· transcrito no Eco farmacêutico de Agosto<br />
de 1945 no qual, fazendo a história da instituição dos formulários hospitalares<br />
nos Estados Unidos, se lê esta passagem: ~ a revisão de um formulário que seja<br />
possível fazer e publicar com tanta frequência como o exigem os acontecimentos<br />
da actualidade, torna-se virtualmente proibitiva para qualquer hospital, seja qual<br />
for o seu estado financeiro ...<br />
Termina preconizando também o método de .folhas soltas e, embora nisso<br />
nós tivessemos tido prioridade, como parece, o que é certo é que o problema<br />
surgiu quase simultâneamente nos dois países o que prova ser urgente a sua<br />
solução.<br />
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llases e platiõs"' pa•·~• 11111 ltOS(tital<br />
Pelo DR. V ANE M. HOGE M. D<br />
Chefe da Repartiçllo de Serviços Hospitalares<br />
nos Estados Unidos da América do Norte<br />
<strong>Hospitais</strong> <strong>Portugueses</strong> inserem, a partir deste seu primeiro número, um<br />
magnifico trabalho do Dr. Vane M. Hoge, M. D., inicialmente publicado numa<br />
das melhores revistas de administração hospitalar da América do Norte: The<br />
Modern Hospital (Números de Março de r947 e seguintes) .<br />
Aproveitamos a .oportunidade que se nos oferece para dar aos nossos leitores<br />
uma pequena nota biográfica do Dr. Hoge.<br />
Formou-se na Universidade Médica de Filadélfia<br />
e foi, em seguida, colocado como interuo<br />
num hospital da marinha.<br />
Mais tarde, entrou para o Serviço de Saude<br />
Pública e, durante alguns anos, dedicou-se também<br />
â carreira consular.<br />
Convidado a frequentar a Escola Superior<br />
de Administração Hospitalar da U11iversidade de<br />
Chicago, ali acabou o curso em T9J6.<br />
Os cillco anos seguintes passou-os no Instituto<br />
N act'onal de Saude como «CONsultor» para os<br />
hospitais 1'urais.<br />
.Em r945• as preocupações da guerra começaram<br />
a ser substituídas na América pelas da paz.<br />
O Governo reservou grandes dotações para construção<br />
e equipamento de hospitais e do «Hospital<br />
Survey and Constructio~t Act• veio a sair a R epar- VANE M. HOGE, M. D.<br />
tição de Serviços Hospitalares, encarregada de estabelecer<br />
as regras e os planos a que tem de obedecer os projectos de todos os hospitais.<br />
Essa Repartição vigia a construção e presta assistencia consultiva aos hospitais,<br />
quer na construção, quer na própria fase de pleno funcionamento.<br />
Pois o Dr. Hoge foi precisamente a pessoa escolhida para chefiar aquela<br />
Repartição e, desta maneira, admi1zistrar todo o vasto programa hospitalar do<br />
Governo Federal.<br />
E é curioso notar que, sendo prove;.bial a fidelidade do Dr. Hoge ao plano<br />
e directrizes do Governo, todavia não se deixa dominar por elas, antes procura<br />
adaptá-las às necessidades de cada caso.<br />
Para isso, convoca reuniões frequentes de todos os seus colaboradores directos,<br />
escolhidos, precisamente entre jovens dinâmicos. São também frequentes as<br />
suas reuniões com os corpos directivos dos hospitais interessados que ele nunca se<br />
esquece de ouvir em todas as. questões de importância averiguada.<br />
-<br />
IG
Apesar da sua reco11hecida competencia, prtfere, em frnzte dos problemas, a<br />
atitude do estudioso que gosta de ouvir e de aprmder à do mestre qtte decide<br />
«ex cathedra•.<br />
Ao Dr. Roge e à revista The Modero Hospital apresentamos sentidos agradecimentos<br />
pela gentil prontidão com que nos autorizaram a traduzir e publicar este<br />
trabalho que, estamos certos, vai interessar quantos em Portugal se dedicam aos<br />
problemas da admi1tistração hospitalar.<br />
E aos leitores apenas fazemos notar que o trabalho presente foi escrito para<br />
o público americano. Não estranhem, por isso, a referencia a organizações e departamentos<br />
oficiais do governo federal, muitas vezes sem similares entre nós.<br />
A HISTORIA de um hospital começa muito tempo antes de as suas portas<br />
se abrirem aos doentes da comunidade.<br />
Essa história começa com a primeira ideia no espírito de um indivíduo;<br />
vem depois a coordenação e sistematização de pensamentos; a seguir, a elaboração<br />
da planta; finalmente a execução. De tudo isto resultará aquele hospital desejado,<br />
capaz de desempenhar eficientemente as já conhecidas funções primária e<br />
secundária.<br />
(Sabe-se que a função primária abrange apenas os cuidados imediatos, prestados<br />
aos doentes internados. As actividades secundárias vão desde os serviços<br />
anexos, aos serviços e orgãos administrativos, ao ensino, investigação, consultas<br />
externas, etc.).<br />
Ora, o fim do presente trabalho é, precisamente, acompanhar o desenvolvimento<br />
das principais fases por que passa um estabelecimento hospitalar.<br />
Tanto para planear um hospital novo como para ampliar instalações Ja<br />
existentes,. o corpo directivo principia por enfrentar o problema de conseguir uma<br />
orientação técnica à altura, quer no estudo da planta quer na própria construção.<br />
Sem tal orientação, pode um edifício novo falhar no que respeita aos princípios<br />
modernos da construção e equipamento e pode, do alargamento de antigas instalações<br />
resultar um edificio ampliado mas tão inadequado que nuncà será capaz de<br />
desempenhar as suas funções com eficiência e economia. .<br />
Neste campo, são indispensáveis dois serviços técnicos completamente distintos,<br />
a fim de se conseguir um plano perfeito: o do arquitecto e o do consultor<br />
hospitalar.<br />
O arquitecto planeia o edifício e supervisiona a construção.<br />
16<br />
DONPITAI8<br />
• L.<br />
•'•<br />
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' .<br />
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'idos agra<br />
~blicar este<br />
·dicam aos<br />
>crito para<br />
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uas portas<br />
indivíduo;<br />
!laboração<br />
>ital dese<br />
•rimária e<br />
atos, press<br />
serviços<br />
consultas<br />
esenvolvialações<br />
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eguir uma<br />
onstrução.<br />
princípios<br />
.gas instaá<br />
capaz de<br />
nente dis<br />
' consultor<br />
.P·<br />
·l<br />
t<br />
O consultor age como representante executivo da direcção do hospital; conferencia<br />
com o arquitecto e aconselha-o naqueles pormenores fundamentais da<br />
planta que bem podem afectar a própria utilidade do edifício em relação aos seus<br />
objectivos mais altos e mais especializados. Ao consultor competem também o<br />
mobiliário e o equipamento do hospital. Finalmente dará ainda assistência aos<br />
orgãos directivos, sempre que estes lha peçam, na organização dos regulamentos e<br />
fixação dos processos administrativos.<br />
O arquitecto deve ser escolhido com cuidado e rigor entre os que têm já<br />
longa experiência de planear e construir hospitais ou entre aqueles que se tenham<br />
associado com alguma empresa portadora de tal experiência.<br />
É recomendável que o consultor seja indicado por alguma das organisações<br />
nacionais acreditadas: cAmerican Hospital Association~ ou t~.American College of<br />
Surgeons».<br />
Cada hospital é em si um problema. Haverá factores locais de influência<br />
decisiva na espécie de doentes a tratar, na distribuição dos serviços, na densidade<br />
dos leitos e em muitos outros pormenores de concepção e de execução. Por isso<br />
é conveniente ter, quanto possível, apontados de antemão todos os pormenores do<br />
programa, quer quanto à construção quer quanto à engrenagem interna do hospital.<br />
Aconselham-se os serviços de consultas da «Hospital Facilities Division of<br />
the U. S. Public Health Serviu• para procederem ao exame dos planos preliminares<br />
e dos métodos administrativos que lhes sejam propostos, a fim de verificarem<br />
se eles estão ou não de acordo com as regras já estabelecidas e para sugerirem<br />
alterações, quando necessárias.<br />
Em hora a Hospital F acilities Division, seja recomendável para consultas<br />
sobre questões concernentes aos serviços administrativos e arquitectura de hospitais,<br />
não está, todavia, preparada para desenhar, construir, equipar ou preparar<br />
o plano de um hospital. Pode dar conselhos sobre problemas individualmente<br />
considerados, mas os verdadeiros pormenores dos trabalhos- que não sejam simples<br />
sugestões- e a sua adaptação às condições locais devem pertencer unica·<br />
mente aos arquitectos e aos consultores que melhor conhecem as necessidades<br />
do local.<br />
Situação do llospital<br />
u~u VEz que a situação do hospital e os seus arredores podem ter uma<br />
influência importante no planogeral do estabelecimento, é óbvio que a sua escolha<br />
deve preceder o início dos planos preliminares. É de vital importância que o<br />
sitio seja escolhido com inteira liberdade, obedecendo unicamente aos requisitos<br />
gerais estabelecidos para um hospital. Podem corrigir-se pequenos erros de<br />
planta, mas para corrigir o erro de se ter construido um edifício em local<br />
impróprio, não há outro processo se não o de abandonar essa infeliz construção.<br />
Porque estão já formulados certos princípios acerca da localização de hospitais,<br />
vamos tentar enumerá-los para orientação dos corpos dirigentes interessados.<br />
~!liPITAI8<br />
PORTUGUESES<br />
"<br />
lt
A tarefa de escolher uma situação conveniente só deve ser entregue a<br />
alguém que esteja familiarizado com a função dos hospitais, com a natureza<br />
particular dos serviços a que se destinam e com as condições médicas gerais<br />
da região.<br />
É também indispensável conhecer os sentimentos da vizinhança e as ten<br />
. dências dos vários sectores da população.<br />
O método ideal consiste em conseguir a colaboração tanto do arquitecto<br />
como do consultor antes da escolha do local e utilizar desde logo os conhecimentos<br />
de ambos.<br />
Dão-se a seguir os pontos a considerar para a escolha do sítio de um hospital:<br />
t. -Acesso<br />
O acesso do local aos doentes em tratamento ambulatório e aos não ambutórios,<br />
aos visitantes, aos funcionários superiores, ·pessoal subordinado e distribuição<br />
dos abastecimentos tem de ser devidamente considerado.<br />
Um hospital moderno, destinado a tratar casos agudos, deve, por um lado,<br />
ter fácil acesso ao centro activo da comunidade, mas, por outro, deverá ser construído<br />
num local descongestionado para que se possa evitar o problema dos ruídos<br />
incómodos, do estacionamento e do tráfego.<br />
No entanto, embora seja preferível situar o hospital em local de fácil acesso<br />
às áreas industriais não o devemos aproximar muito delas.<br />
Devem ser utilizados serviços de transporte económicos para doentes ambulatórios<br />
até certa distância, sobretudo se se tenciona manter consultas externas.<br />
Contudo, estes serviços não devem estar tão próximos do hospital que o seu barulho<br />
incomode os doentes que estão de cama.<br />
É preciso ter também em consideraç1lo as visitas e outras pessoas que vêm<br />
ao hospital de automóvel. Estradas de primeira classe deverão ligar directamente<br />
o estabelecimento com as artérias do tráfego local.<br />
Uma estrada directa facilita grandemente o transporte dos abastecimentos.<br />
2- Sea·vlços t•ilbllcos<br />
O hospital deverá estar situado a pequena distância dos serviços de esgoto,<br />
distribuição de água, electricidade, telefone e gaz, porque, se estes serviços ficam<br />
afastados, a despesa de instalação de ramais de ligação será demasiadamente<br />
onerosa.<br />
Sempre que seja possível, o hospital deve ser servido por um sistema de<br />
abastecimento público de água, devidamente aprovado e de calibre adequado, por<br />
forma a fornecer a quantidade de água indispensável. É preferível conseguir água<br />
com pressão correspondente ao máximo das necessidades de abastecimento dos<br />
andares superiores, sem ter de recorrer a bombas de elevação, pois, de outra<br />
forma, terá de alimentar-se constantemente um depósito que dê a quantidade e a<br />
pressão desejadas. ·<br />
·~<br />
DOSPIT.t.l•<br />
·.···<br />
.. ·::·1 '
tregue a<br />
natureza<br />
1s gerais<br />
'! as tenrq<br />
uitecto<br />
conheci-<br />
I tOs pi tal:<br />
o ambulistribui-<br />
um lado,<br />
ier cons<br />
)S ruídos<br />
:il acesso<br />
~ s ambu<br />
':!xternas.<br />
·eu baruque<br />
vêm<br />
;tamente<br />
:imentos.<br />
.e esgoto,<br />
os ficam<br />
damente<br />
:terna de<br />
ado, por<br />
·uir água<br />
':!nto dos<br />
ie outra<br />
dade e a<br />
; .<br />
Se se usarem bombas de elevação, terá de haver o maior cuidado para que a<br />
capacidade da bomba não seja superior à do tubo que a alimenta e evitar assim<br />
os efeitos de uma baixa de pressão atmosférica no interior do tubo. Embora a<br />
quantidade de água gasta num hospital possa variar dentro de amplos limites,<br />
podemos estabelecer a média de 200 galões (900 litros aproximadamente) por cama<br />
e por dia. Mas o sistema de abastecimento terá de estar preparado para fornecer<br />
o dobro daquela quantidade em dias de consumo máximo.<br />
Se a localização for tal que permita o auto-abastecimento de água, deverá<br />
estudar-se com o maior cuidado a captação no subsolo ou qualquer outra fonte<br />
abastecedora, considerando-se devidamente não só a quantidade utilizável mas<br />
também as qualidades químicas e bacteriológicas. E melhor seria ainda que<br />
neste tipo de instalações a água fornecida dispensasse qualquer espécie de tratamento.<br />
A instalação obedecerá à orientação de um engenheiro sanitário de<br />
competência reconhecida e os planos deverão ser aprovados pela repartição oficial<br />
de saude.<br />
A canalização dos esgotos deve descer até uma profundidade suficiente<br />
para escoar com facilidade, mesmo os andares mais baixos e assim se evitará a<br />
despesa de constantes desobstruções.<br />
Se tiverem de ser usados expulsores, será necessário empregar um dos<br />
vários tipos à prova de insectos e vermes. Se não for possível a ligação com o<br />
sistema geral de saneamento, deverão instalar-se dispositivos para tratamento dos<br />
esgotos. Ainda aqui um engenheiro sanitário competente terá de aconselhar o<br />
tipo de tratamento a usar e a respectiva instalação.<br />
Os planos para instalação de sistemas novos ou para modificar os já existentes<br />
deverão ser examinados e aprovados pela repartição oficial de saúde.<br />
Como complemento à instalação de água com pressão adequada, deverão<br />
montar-se nas proximidades os serviços de incêndio. É também recomendável<br />
que o hospital se localise em área que gose da protecção policial.<br />
A ruas de acesso devem ter passeios e iluminação adequados. Finalmente,<br />
boas estradas devem conduzir ao edificio, pelo menos por um lado, mas de preferência<br />
por dois.<br />
3-, .lzluhanças Incomodas<br />
O sítio escolhido para o hospital, deverá ser livre de barulhos incómodos,<br />
tais como os produzidos pelos caminhos de ferro, praças de carros de aluguer,<br />
escolas e campos de jogos para crianças. Deverá afastar-se também daqueles<br />
locais que, mercê de condições de natureza industrial ou topográfica, estejam<br />
sujeitos ao aparecimento de moscas, mosquitos e outros insectos.<br />
O local não deve ser exposto a fumos, cheiros nauseabundos ou poeiras,<br />
nem ter uma situação tal que os ventos predominantes possam arrastar fumos ou<br />
cheiros incómodos de fábricas próximas.<br />
A proximidade de um cemitério é totalmente inconveniente.<br />
Deve ter-se também em atenção a exposição do edifício aos perigos<br />
de incêndio da vizinhança. Estes elementos incómodos não devem ser evi-<br />
tPIT .. US<br />
PORTUGUE!iiES 19
tados apenas no momento de construção do edifício mas é indispensável que<br />
se preveja desde logo o futuro e o possível desenvolvimento das áreas próximas •<br />
.t,-Ot·lentação e ext•oslção<br />
Deverá escolher-se o sítio, tomando em conta a orientação conveniente<br />
do edifício, de modo a que as enfermarias recebam a luz do sol, pelo menos<br />
durante parte do dia, e se aproveitem os ventos dominantes para a ventilação<br />
natural.<br />
A orientação mais vantajosa varia de latitude para latitude e· mesmo de<br />
região para região mas, na zona temperada do norte, optou-se pela sul, sueste<br />
ou sudoeste.<br />
A situação ideal nas latitudes nórdicas é a que permite colocar as repartições<br />
administrativas e as consultas externas para o lado do norte e das ruas; as<br />
enfermarias do lado ·do sul e para as bandas mais sossegadas, sem o perigo de<br />
virem a ser devassadas para o futuro.<br />
&-custo<br />
É certo que o custo inicial do terreno é elemento importante, mas devem<br />
também ser devidamente consideradas as despesas necessárias para o tornar próprio<br />
à construção.<br />
Um pedaço de terra oferecido em doação pode, em última análise, ficar<br />
mais dispendioso do que um outro aparentemente mais caro. ·<br />
Os alicerces, condições do subsolo, nivelamento, drenagem, a beleza natural,<br />
os direitos de transmissão, proximidade dos serviços e futura manutenção~<br />
tudo tem repercursão no custo final do terreno.<br />
Numa cidade pequena o custo do terreno nos arredores pode não ser elevado<br />
e ter ainda outras vantagens além do fácil acesso. Mas num aglomerado<br />
maior os terrenos afastados podem ser tão inacessíveis que o hospital tenha de<br />
ser trazido mais para o centro e daí o ter de encarar-se a aquisição de terreno<br />
mais caro.<br />
G- Dlme11sóes<br />
O tamanho mínimo do terreno para um hospital com vários andares de<br />
50 camas nunca pode ser inferior a 300X300 pés (99 X 99 metros aproximadamente)<br />
se ficarem desde logo tomadas as medidas para uma futura expansão.<br />
De qualquer modo, o terreno escolhido deverá dispor pelo menos de 10o0jo 'para<br />
alargamentos futuros na área de construção; e ainda reservará parques de recreio<br />
e evitará o desagradável aspecto de construções amontoadas.<br />
Deverá pensar-se desde logo em futuras instalações de doenças contagiosasr<br />
psiquiatria e outros serviços especiais.<br />
Mas, por outro lado, um terreno demasiadamente grande acarreta pesadas<br />
d6'spesas de manutenção.<br />
20 008PIT~IS<br />
,.
1sável que<br />
próximas.<br />
mveniente<br />
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sul, sueste<br />
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O!!iiPITAI~<br />
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SERVl~OS<br />
ANEXO DE<br />
DIAGNO TICO<br />
.---L---LI-~<br />
_t ~<br />
L- -1 I<br />
~~ o o_ ~<br />
~<br />
~ OISPEN-<br />
SARIO CONS. EXTERNA BANCO ADMINISTRAÇÃO<br />
ii ' : tit<br />
ooelrres Jl<br />
1<br />
~ I PEs~oALI<br />
SERVIÇOS:<br />
LAVANI>AR IA<br />
COZINt1A<br />
REFEITÓ~IO$<br />
VESTIÁRIO. DO<br />
PESSOAL<br />
AUXILIAR.<br />
VE5TIÁRIO OAS<br />
êNFERMEIRAS<br />
==~ DISPENSA<br />
M~Q.UJNAS<br />
DOENTeS<br />
li<br />
•'<br />
PESSOAL ~BOlATÓR.IOS " SUPERIOR PESSOAL ESPE<br />
SllPERIOR AMSULANCIA DOENTE~ YfSITAS<br />
DO DI SPENSARIO<br />
CIALIZ.ADO E<br />
NÃO ·ESPECIALIlAPO<br />
Linhas de tráfego para entrada no hospital e de circulação entre os vários serviços<br />
_....<br />
li<br />
'I<br />
o<br />
'•'
Num hospital geral não serão nece~sários terrenos de recreio para os doen·<br />
tes, mas tem de contar-se com os campos de tenis e outras instalações recreativas,<br />
se houver enfermeiros ou médicos em internato. .<br />
Deverá calcular-se o espaço suficiente para as várias linhas de tráfego que ·· ,.<br />
se dirigem ao estabelecimento, o qual será dotado de amplas áreas de estacionamento.<br />
·Em algumas cidades, como Los Ângeles, é indispensável um espaço de estacionamento<br />
capaz de comportar um automóvel para cada dois doentes internados.<br />
Os hospitais modernos, desde que seja possível, deverão ser construídos um pouco<br />
à rectaguarda da linha dos passeios.<br />
,. lo;<br />
A situação ideal do edifício será numa elevação de terreno para aproveitar<br />
o escoamento natural. Porém a elevação não deve ser tão grande que constitua<br />
desvantagem para os doentes que venham a pé. O terreno deve ser de tal modo<br />
que permita que as portas de entrada para os doentes sejam à flor do solo. Será<br />
de vantagem considerável que haja um declive para a retaguarda de modo que a<br />
inclinação natural permita uma entrada cómoda até às caves. Deverão investigar-se<br />
as condições do subsolo, para determinar as facilidades de drenagem e<br />
resistência dus alicerces, e ainda as dificuldades que possam surgir nas escavações.<br />
O local deverá ter horizontes amplos e tão atraentes quanto possível.<br />
A edificação em frente a um parque público, sendo este sossegado, será vantajosa,<br />
pois não correrá o risco de ter futuras construções na sua frente.<br />
8 -Paisagem<br />
Não é demasiado frisar o efeito psicológico dos parques de recreio sobre o<br />
bem estar dos doentes, a simpatia do público e do pessoal em geral. A extensão<br />
do terreno, sua topografia, orientação e outros factores relacionados com a paisagem<br />
tornam quase indispensável que o assunto seja entregue a um arquitecto<br />
especializado que conheça bem o terreno o clima e a flora da região. Os seus<br />
serviços devem ser logo de início de colaboração com o arquitecto ge ~ al para que<br />
daí resultem os efeitos mais atraentes. As despesas de em belezarnento e de manutenção<br />
devem figurar no projecto inicial. Os erros mais vulgares, no embelezamento<br />
surgem muitas vezes de planos complicados, de plantações amontoadas, do<br />
desconhecimento das condições do solo e da falta de aproveitamento das belezas<br />
naturais da região.<br />
A.. eonstruçã.o do bospltal<br />
É DE MÁXIMA I~IP ORÜNCIA lembrar que um hospital é mais do que um edifício<br />
com camas. É uma construção complicada com certas funções e altamente especializada,<br />
pelo que a planta deve ser feita sob a indicação dos vários serviços, afiin<br />
D08PITAI8<br />
.·<br />
I • "· •<br />
i.<br />
> :
os doen<br />
~creativas I<br />
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tal modo<br />
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·quitecto<br />
Os seus<br />
Jara que<br />
.e manunbelezaadas,<br />
do<br />
belezas<br />
edi(t'cio<br />
especiaos;<br />
afim<br />
PITA IS<br />
de que estes não fiquem instalados em áreas acanha:das só para que o edificio tenha<br />
um aspecto arquitectónico original. Tais erros trazem como prémio a censura ao<br />
arquitecto e ao engenheiro que o construíram, o descontentamento dos doentes,<br />
dos superiores, do pessoal e grandes despesas de manutenção ou remodelação.<br />
Torna-se indispensável portanto que o arquitecto esteja familiarizado com as<br />
funções do hospital e que a direcção não especifique arbitrária e previamente o<br />
tipo exacto do edifício ou o seu desenho, de modo a embaraçar o arquitecto.<br />
Logo que o tipo e o tamanho do hospital estejam determinados e o local escolhido,<br />
o arquitecto e o consultor podem então começar a preparar a planta e os<br />
pormenores para a construção. O conselho administrativo e o consultor do hospital,<br />
orientados pelo conselho médico, decidirão quais os serviços com que o hospital<br />
será dotado. É de toda a vantagem que haja uma comissão de const.rução,<br />
criada pelo conselho administrativo e incluindo o administrador se já estiver<br />
nomeado. Esta comissão deve ser revestida de autoridade para emitir a sua opinião<br />
sobre pormenores da construção e informar o conselho administrativo com<br />
toda a regularidade. Há conveniência em nomear cedo o administrador para que<br />
ele possa familiarizar-se totalmente com a planta e razões dos seus vários aspectos.<br />
Quando o conselho e os conselheiros técnicos tiverem determinado os serviços<br />
necessários e as normas a seguir, é a altura de transformar esses princípios numa<br />
planta de edifício. A tendência actual é para construir um bloco de muitos andares,<br />
visto que a sua edificação, manutenção e funcionamento ficam menos dispendiosas.<br />
Há numerosas vantagens num edifício de um só pavimento para hospital<br />
pequeno com menos de Ioo camas, porém os factores locais poderão torná-lo<br />
impossível.<br />
Seja qual for o género da planta, deve pensar-se bem nas possibilidades de<br />
futura expansão. O edifício deve ser tanto quanto possível construído à prova<br />
de fogo.<br />
Como auxiliar para a distribuição das áreas das várias funções e serviços<br />
do hospital, a Hospital Facilities Division organizou uns quadros que oportunameu<br />
te serão publicados.<br />
Em todos os hospitais gerais se requer espaço para certas instalações,<br />
nomeadamente de administração, de pessoal, de doentes, centro operatório, centro<br />
obstéctrico, laboratórios, radiologia e banco. Também é necessária uma farmácia,<br />
que pode ser extremamente modesta quanto a espaço e recheio ou poderá manipular<br />
e fabricar. Há uma necessidade crescente de instalações para tratamentos<br />
por agentes físicos nos hospitais de todos os tamanhos. O espaço e equipamento<br />
destinado a essa instalação deve ser determinada pelas necessidades locais e<br />
pelas práticas clinicas. Poderá ou não ser aconselhado um departamento de<br />
consulta externa, mas a maior parte dos hospitais reconhece que mais cedo ou<br />
mais tarde têm necessidade de tais serviços para cumprirem a sua missão completa.<br />
Pode haver ou não instalações para o tratamento de doenças contagiosas ou<br />
psiquiatria. Pode também incluir-se ou não um dispensário com clínicas, repartições,<br />
inspectores sanitários e enfermeiros e até diversos consultórios para<br />
médicos e dentistas.<br />
PORTUGl. 1 E8E8
É de grande conveniência que haja coordenação nos serviços sanitários.<br />
A tendência actual é fazer do hospital o verdadeiro centro sanitário da comuni- JI<br />
dade. É difícil designar com exactidão quais os serviços requeridos por um hos- ~<br />
pital especializado porque as condições locais e até a existência de pessoal · ~~<br />
1f.,,<br />
especializado modificam as possibilidades de os instalar e pôr em funcionamento; , ... ,<br />
Contudo as necessidades gerais de um hospital pequeno podem ser delineadas com<br />
certa precisão e discutidas pormenorisadamente.<br />
Através deste trabalho tem-se chamado a atenção para os aspectos sanitários<br />
inerentes à construção e montagem de um hospital. Estes factores são de<br />
suma importância ao traçar a planta e ao especificar o equipamento. É claro que<br />
as pessoas internadas num hospital acham-se sempre em estado de abatimento<br />
físico e por isso em condições rle mais fàcilrnente serem contagiadas, pelo que<br />
deve haver o maior cuidado ·ao desenhar a planta para que se reduzam, quanto<br />
possível, as possibilidades de contrair infecções.<br />
Ao PENSAR-sE em construir um hospital deve atentar-se cuidadosamente no<br />
problema do tráfego. Àlem das várias e complicadas linhas de tráfego interno,<br />
temos que considerar as que convergem para o hospital e as que partem de lá.<br />
O tráfego exterior engloba: 1) doentes que chegam ou partem de automóvel<br />
ou na ambultlncia; 2) os doentes que chegam ou partem a pé; 3) as visitas<br />
que devem ter parques de estacionamento próprias; 4) os membros da direcção,<br />
que, se for possível, devem ter um parque de estacionamento exclusivo; S) entrada<br />
e saída controlada dos empregados, com áreas de estacionamento próprias; 6) distribuição<br />
das remessas de víveres; 7) remoção discreta dos cadáveres; 8) distribuição<br />
de combustível e remoção de lixo e cinzas, se se usar carvão; 9) tráfego<br />
de doentes de consulta externa, se houver clínica ou dispensário.<br />
Deve evitar-se que as linhas do tráfego de entrada e saída no hospital se<br />
encontrem, para o que deve haver várias entradas. A portaria principal, na maior<br />
parte' dos hospita_is, destina-se aos doentes que vêm de ambulância, de carro ou a<br />
pé, às visitas ou aos médicos, se a situação do seu gabinete e a área do estacionamento<br />
privativo o permitir. Será necessário que haja uma segunda entrada que<br />
conduza directamente ao banco, para receber os doentes que vêm de carro, a pé<br />
ou na ambulância.<br />
Deverá haver uma terceira entrada, próximo da dispensa, dos ascensores,<br />
da cozinha e dos frigoríficos para descarregar os víveres e que pode servir<br />
igualmente para a remoção do lixo. Nos hospitais pequenos o pessoal não especializado<br />
pode servir-se desta entrada, se o serviço de vigilância for bem feito,<br />
mas nos hospitais maiores há geralmente uma entrada separada para tais funcionários.<br />
·Deverá existir uma quarta entrada para a remoção dos cadáveres, fechada<br />
à chave a não ser que o pessoal especializado entre por lá. Seria de toqa a con-<br />
UOSPITAII!il<br />
;·.:;':',; .'cff'.\i,:~.·.:T~~. . .<br />
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31 1 quanto<br />
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~ automóas<br />
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direcção,<br />
5) entrada<br />
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~) tráfego<br />
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o estacio-<br />
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1rro, a pé<br />
1censores,<br />
de servir<br />
não espe-<br />
1em feito,<br />
tais fun-<br />
'<br />
veniência ·que essa entrada desse acesso aos vestiários, ao quadro do horário de<br />
serviço e ao «registo:. do ponto.<br />
É necessária uma instalação especial para armazenagem de carvão e tiragem<br />
das cinzas. Finalmente, se houver consulta externa, tem de haver uma<br />
entrada separada. Nos hospitais pequenos não é preciso mais que uma entrada<br />
para os doentes externos, visto que a separação das várias categorias de doentes<br />
pode ser feita com base em cartões de admissão, em dias diferentes e horas pre<br />
-fixadas para cada grupo. Em resumo: o número de saídas e entradas de um<br />
hospital deve ser reduzido ao mínimo, especialmente se cada uma delas tiver um<br />
porteiro.<br />
DENTRO DE UM HOSPITAL há outras linhas de tráfego a considerar e o cruzamento<br />
de algumas torna-se inevitável. A boa ordem do tráfego interno é facili<br />
. tada pela articulação exacta dos serviços.<br />
As principais correntes de tráfego são: r) os doentes que entram para as<br />
enfermarias, vindos da aceitação ou da secção de serviço social, do banco, da<br />
secção de Raios X ou outros serviços; 2) os doentes que saiem, geralmente por<br />
intermédio da secretaria ou secção do serviço social; 3) o tráfego dos doentes<br />
transferidos de uma enfermaria para a outra; 4) os cadáveres, que devem ser<br />
levados directamente para a morgue o mais discretamente possível; 5) as visitas,<br />
que devem ser vigiadas quando entram e saiem e durante o tempo que estão no ·<br />
hospital; 6) o pessoal superior que é obrigado a passar pelo arquivo médico, quadro<br />
de distribuição de serviço e registo de ponto; 7) os doentes da consulta externa,<br />
se a houver, que tenham de fazer caminho para o laboratório, farmácia, Raios X,<br />
tratamentos e outros serviços dentro do hospital; 8) os empregados que têm de<br />
passar pelo registo do ponto e pelos vestiários antes de entrarem no hospital<br />
pràpriamente dito; 9) os víveres, as refeições e os despejos, que devem circular<br />
completamente separados do caminho dos doentes e do tráfego das visitas. Não<br />
se pode dar uma sugestão rígida para o isolamento das várias correntes de tráfego<br />
interno, mas há toda a conveniência em saber, logo de início, qual a sua<br />
orientação. Uma das funções do consultor do hospital será sugerir a localização<br />
dos vários serviços e respectivas áreas, reduzindo desse modo a confusão, originada<br />
pelo cruzamento do tráfego. Como neste trabalho trataremos pormenorizadamente<br />
dos vários serviços e suas áreas, apresentaremos oportunamente sugestões<br />
para a sua melhor localização.<br />
A. área de elreulação<br />
A ÁREA de circulação varia muitíssimo com o tipo do edifício e com o<br />
número de andares. As dimensões indicadas nos quadros de distribuição de<br />
áreas, para os corredores, escadas e ascensores são baseadas em edifícios de dois<br />
1, fechada<br />
qa a contSPITAUil<br />
PORTUGUESES
andares e rés-do-chão para hospitais de so camas, de três andares e rés-do-chão<br />
para hospitais de 100 a 150 camas; e de quatro andares e rés-do-chão para hos- .~<br />
pitais de 200 camas. · :l~; .<br />
Os coRREDOREs devem ter todos a largura m1mma de 2m,5o, mas de preferência<br />
3 metros e precisam de ter boas condições acústicas. As paredes devem ser<br />
lisas, laváveis e pintadas a cores claras. A altura do tecto deverá ser a mesma<br />
das outras divisões, 3m,15, embora se possa obter um bom processo de ventilaÇão<br />
por meio de tectos suspensos, com frestas para as enfermarias, porque assim o ar<br />
condicionado pode ser fornecido ou extraído por um ventilador simples. Os tectos<br />
da cozinha principal e da lavandaria devem ter pelo menos 4 metros de altura.<br />
Recomenda-se que haja lavatórios de manobrar com o joelho ou com o cotovelo<br />
nos corredores de todas as enfermarias para facilitar a assepsia. Não se aconselham<br />
os bebedoiros por causa das possibilidades de infecção. É mais aconselhável<br />
o emprego de distribuidores de copos de papel junto dos frigoríficos ou nos<br />
lavatórios colocados em qualquer lugar, excepto nos corredores. Nas paredes<br />
dos corredores devem fixar-se alguns extintores de incêndio. A iluminação deve<br />
provir do tecto. A luz indirecta, fluorescente ou «Cold-quartz~ merece um estudo<br />
cuidado. As lâmpadas que ficarem acesas de noite e as tomadas eléctricas para<br />
aparelhos móveis de Raios X e aspiradores devem ser colocadas em lugares convenientes.<br />
Os relógios eléctricos devem estar onde se vejam bem. É também<br />
indispensável instalar-se um bom sistema de campainhas.<br />
Uma vez que sejam necessárias instalações que funcionem pelo vácuo na<br />
sala de operações e laboratórios, há que prestar especial atenção à instalação das<br />
bombas do ar. Onde há necessidade de rampas- como por exemplo, para ligar<br />
a parte antiga do edifício com a moderna ou para entrada de ambulância-, a<br />
inclinação não deverá ultrapassar 5%- As saídas devem ser indicadas com sinais<br />
eléctricos.<br />
As ese:uhu•ins<br />
. ,<br />
0 NÚMERO de escadas e SUa localização é igualmente determinado pelas autoridades<br />
locais, de acordo com as exigências do tráfego. Mui tos estados impõem<br />
que os hospitais de mais de 100 doentes numa superhcie de 2.500 pés (825 metros<br />
quadrados) sejam protegidos pelo menos com duas escadarias que devem ser absolutamente<br />
à prova de fogo, quer as autoridades locais o exijam ou não.<br />
Não se devem usar passadeiras. Chegou-se à conclusão de que é melhor usar<br />
os degraus de terrazo com aplicações de abrasivos, oleado ou então degraus de<br />
borracha com rebordos de metal e aglomerado de abrasivos.<br />
Deve haver corrimão de ambos os lados, de cima até ao fundo para que nllo<br />
seja preciso agarrarmo-nos a um pilar quando houver necessidade de ajudar o<br />
doente. Para maior segurança, o corrimão deve ter pelo menos 34 polegadas (86 cm)<br />
2G<br />
UOSPIT...tUJ<br />
,... ..;_\ ·...,~.:.>:::. -,">;.·i ~ ~·: · ~::: :;;?:: 's;~.:~ 1<br />
. . .~<br />
:; _·,~.~ '5'~~~~~i~:~:i~~\Y,~~~~~~~:1.<br />
·.:. /'~ ',t<br />
. :· (,
de altura. As portas que dão para as escadas devem fechar-se automàticamente e<br />
é necessário que tenham por cima e iluminada palavra: Saída.<br />
O!ii; ascensores<br />
s-do-chão<br />
para hosde<br />
prefelevem<br />
ser<br />
a mesma<br />
rentilação<br />
ssim o ar<br />
Os tectos<br />
ie altura.<br />
· cotovelo<br />
e aconsenselhável<br />
s ou nos<br />
1 paredes<br />
Lção deve<br />
m estudo<br />
·icas para<br />
ares cootambém<br />
vácuo na<br />
lação das<br />
1ara ligar<br />
1cia -, a<br />
>m sinais<br />
Ao MONTAR os ascensores é preferível deixá-los uns juntos dos outros d<br />
que muito separados. Se há mais de 2 elevadores, é aconselhável a separaçã<br />
dos tipos de serviço e de passageiros. Os ascensores devem ter o tamanh<br />
mínimo de 5 i h pés (1m,8o) por 8 pés (2m,6o) para que possam levar uma cama ou<br />
uma maca e os maqueiros e devem ter dois botões decoma ndo automático, além<br />
de todas as seguranças possíveis. É aconselhável a instalação de um telefone n<br />
ascensor para casos de emergência. Os ascensores, precisam de boas condições<br />
acústicas e o soalho deve ser de matéria elástica. As portas não devem ter uma<br />
abertura inferior a 3m,8. As portas com as dimensões das das nossas casas ou com<br />
das dos escritórios não são convenientes para um hospital. É de toda a vantagem<br />
que os ascensores não dêm para os carredores das enfermarias. Nos hospitais maiores<br />
o ascensor deve ter portas de ambos os lados para que possa ser utilizado n<br />
serviço do corredor durante certas horas e para passageiros nas restantes. Ao montar<br />
o ascensor deve também atender-se às correntes de tráfego.<br />
Os hospitais de vários andares, até 125 camas cada, requererem pelo menos<br />
dois elevadores e os de 200 camas três. O tunel dos ascensores deve ser aquecido<br />
e ventilado porque as variações extremas de temperatura tem influência no<br />
funcionamento dos botões.<br />
ASSEGURA O FUllJRO DOS ALHOS ...... "" .......<br />
O SEGURO DE VIDA<br />
(Continua no próximo número)<br />
A<br />
NAIMPÉRIO<br />
:las autoimpõem<br />
5 metros<br />
ser absolhor<br />
usar<br />
graus de<br />
. que não<br />
ajudar o<br />
s (86 cm )
t - J~í.<br />
verificou se a instalação eléctrica do seu hospital está em<br />
ordem?<br />
O dirigente de um hospital é responsável pela segurança dos<br />
doentes que confiadamente ali vão buscar o alivio dos seus padecimentos.<br />
~-Já tentou eliminar o barulho das máquinas da lavandaria?<br />
E os ruídos das experiências dos motores na garagem? Obriga os enfermeiros<br />
e criados a usar sapa"tos com rasto de borracha?<br />
Lembre-se de que, muitas vezes, o sossego é meia cura.<br />
!I- Como cheira o seu hospital?<br />
A pedra de toque em matéria cie higiene e sanidade hospitalares<br />
é o odor.<br />
EYite que, ao entrar alguém no seu hospital seja recebido pelo<br />
«cheiro a doente» das enfermarias, ou pelo cheiro enjoati\·o da cozinha<br />
ou então pelas emanaçc1es perigosas das retretes e instal
c~Lt<br />
cm<br />
(,': l<br />
d 1 l S<br />
padec i-<br />
nda ri;-t ?<br />
s en fer -<br />
i talares<br />
a cozitalaçües<br />
TERMAS DE<br />
CENTRO DE TURISMO<br />
LUSO<br />
es serelas<br />
ins-<br />
30b sua<br />
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'<br />
ÁGUA TERMAL FORTEMENTE RADIOACTIVA,<br />
DIURETICA E<br />
.<br />
DESINTOXICANTE<br />
PRINCIPAIS INDICAÇÕES:<br />
INSUFICIÊNCIA E LITÍASE RENAL<br />
HIPERTENSÃO ARTERIAL E NAS<br />
DIVERSAS MANIFESTAÇÕES DO<br />
ARTRITISMO {REUMATISMO, GOTA, ETC.)<br />
INFORMAÇÕES: JUNTA DE TURISMO DE LUSO E BUÇACO<br />
TELEFONE 33 - L U 5 0<br />
PORTUc;t(jE8ES
América<br />
I- Em Outubro de I944 criou-se<br />
uma comissão de Assistência Hospitalar,<br />
de natureza particular e sem qualquer<br />
intervenção ou fiscalização do<br />
Estado. É presidida pelo Dr. Thomas<br />
S. Gates, da Universidade de Filadélfia<br />
e propôs-se estudar, no prazo de<br />
dois anos, as necessidades dos hospitais<br />
norte-americanos e o seu papel na<br />
vida do povo. Assumiu ainda a obrigação<br />
de formular recomendações sobre<br />
.a reforma desses hospitais.<br />
O relatório agora publicado aponta,<br />
entre outras, as seguintes recomendações:<br />
a) I-Os hospitais estão ao serviço<br />
dos doentes e devem-lhes uma assistência<br />
tão ampla e completa quanto possível.<br />
Por isso, os hospitais gerais devem<br />
ser apetrechados de forma a atender e<br />
tratar todas as espécies de doenças.<br />
. b) Devem criar-se associações para<br />
unir as escolas de medicina, a fim de<br />
promover o intercâmbio de conhecimentos<br />
clínicos. Facilitar-se-á o treino<br />
dos médicos em hospitais de todas as<br />
espécies e tamanhos.<br />
c) As escolas de enfermeiras devem<br />
ser em número restrito, mas de maiores<br />
dimensões e com melhor apetrecha- ·<br />
mento do que as actuais.<br />
d) Recomenda que nos hospitais se<br />
façam mais estudos de investigação,<br />
aproveitando os exemplares e arquivos<br />
em número que não é igualável nas<br />
clínicas.<br />
e) Os hospitais devem ser centros<br />
de educação sanitária e prevenção contra<br />
as doenças, para o que deverão<br />
actuar diligentemente junto do público.<br />
j) Os hospitais devem agrupar-se<br />
em associações e estabelecer ligações<br />
de ordem técnica e administrativa.<br />
g) Finalmente, o relatório indica<br />
que se necessitam nos Estados Unidos<br />
mais I95.ooo camas, além de ser indispensável<br />
substituir 25 °/ 0 das actuais,<br />
por antiquadas.<br />
Permitam-nos os senhores responsáveis<br />
da assistência hospitalar em Portugal<br />
- governantes, administradores,<br />
médicos, enfermeiros, etc.- que lhes<br />
chamemos a atenção para as recomendações<br />
acima sumariadas.<br />
2- Fundou-se uma associação regional<br />
dos hospitais de três estados de<br />
Nova Iorque, Pensilvânia, e Nova Jersey<br />
que terá o nome de Midle Atlantic<br />
Hospital Conference e terá uma reunião<br />
magna anual, no mês de Maio, em<br />
Atlantic City.<br />
3 - O serviço social hospitalar não<br />
dispensa, na América uma boa biblio-<br />
30<br />
UOSPIT.t.l8<br />
·' .. ·.
condeverão<br />
público.<br />
rupar-se<br />
ligações<br />
tiva.<br />
) indica<br />
; Unidos<br />
indisactuais,<br />
responem<br />
Porores,<br />
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:~.ção retados<br />
de<br />
ova Jer<br />
Atlantic<br />
-~<br />
teca para uso dos doentes e na qual<br />
eles poderão escolher, desde os livros<br />
de formação técnica e seu aperfeiçoamento,<br />
até à revista desportiva ou ao<br />
livro de aventuras.<br />
Acontece, porém, que alguns doentes<br />
não se podem deslocar à sala de<br />
leitura e ·muitas vez'es, quando deitados,<br />
nem sequer podem segurar um<br />
livro ou virar-lhe as folhas.<br />
Mas o hospital universitário Ann<br />
Arbor Mich. resolveu a questão, utilizando<br />
os tectos dos quartos, nos quais<br />
faz passar, por meio de uma máquina<br />
de projecção, filmes movimentados ou<br />
o texto de obras literárias. E assim, o<br />
doente, instalado na sua cama, só tem<br />
·~ ue abrir os olhos e ler o seu livro<br />
predilecto no tecto alvo do aposento.<br />
4- Os membros da colónia portuguesa<br />
na America do Norte compraram,<br />
por subscrição, uma aparelhagem<br />
de Raios X para oferecerem ao Hospital<br />
da Misericórdia do Funchal.<br />
A entrega foi feita pelo Dr. Carlos<br />
Morais, presidente da associação «Dia<br />
Madeirense», com sede em New Bedford,<br />
Massachusetts.<br />
Bt•asll<br />
Na progressiva cidade mineira de<br />
Uberaba inaugurou-se no final de 1947<br />
o novo Hospital de Beneficência Portuguesa<br />
«1. 0<br />
de Dezembro~, que data<br />
de 1907.<br />
A colónia lusitana teve então um<br />
dia de festa e de justificado orgulho<br />
porque o novo hospital pode considerar-se<br />
modelar, dentro das suas características.<br />
Tem 27 quartos para enfermos e<br />
uma lotação de 50 doentes. Os serviços<br />
anexos fazem do hospital uma<br />
unidade de assistência completa.<br />
À inauguração assistiram as autoridades<br />
locais, a colónia portuguesa da<br />
região e muitos convidados.<br />
O Dr. David de Carvalho, presidente<br />
de Beneficência, foi homenageado pelo<br />
esforço e dedicação que tem dado à<br />
associação que com tanto entusiasmo<br />
dirige.<br />
Est,anha<br />
1-Realizou-se em Madrid o I Congresso<br />
luso-espanhol de ciências far- ·<br />
macêuticas.<br />
A iniciativa teve o melhor acolhimento<br />
entre os técnicos de ambos os<br />
países.<br />
Todos os problemas da técnica farmacêutica<br />
foram estudados com cuidado<br />
e brilho, pelo que, estamos certos, deste<br />
Congresso se tiraram ensinamentos notáveis.<br />
2 - Ainda a respeito de ciências<br />
farmacêuticas, queremos dar a notícia<br />
da criação de um curso de Farmácia<br />
Galénica, iniciativa do Conselho Superior<br />
de Investigações Científicas de<br />
Madrid.<br />
3-Na Beneficência Provincial de<br />
Cidade Real está a terminar a construção<br />
de um pavilhão central, onde<br />
se instalarão os serviços de direcção,<br />
administração, Biblioteca, Raios X, Laboratório,<br />
Farmácia, Consultas Públicas,<br />
Irmãs de Caridade, Central Técnica,<br />
Garage, Capela, etc.<br />
A lotação do hospital ficará aumentada<br />
de 6o camas e terá um novo serviço<br />
de Pediatria.<br />
PIT..t.UI<br />
PORTUG{jE~ES<br />
31
Iuglatet•ra<br />
Chega-nos a notícia de que foi' expedida<br />
uma completa comissão, constituída<br />
por técnicos de medicina, cirurgia,<br />
administração, acção social, etc.,<br />
com o fim de percorrer o mundo inteiro<br />
e procurar, em todas as latitudes, o<br />
4
a pos<br />
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I'ALHAVo\<br />
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IJISt.itiitO<br />
Po•·•··~uês<br />
tle 0Jteolo~ia<br />
Em Lisboa, Palhavã, à margem da estrada de Bemfica, ergue- ·s~ o conjunto<br />
de edifícios pertencentes ao Instituto Português de Oncologia.<br />
Obra admirável de assistência e investigação, deve-se ao devotado entusiasmo<br />
de alguns ilustres cientistas portugueses, à frente dos quais é indispensável<br />
citar o Professor Francisco Gentil que, há dezenas de anos, trava uma luta<br />
sem tréguas contra a natural lentidão das obras deste género, tendo conseguido,<br />
afinal, realizar aquilo que aos mais ousados não pareceria mais que um sonho 1<br />
bom para sonhar, mas impossível de viver.<br />
A história do Instituto, toda ela vivida pelo Professor Gentil, embora acidentada,<br />
pode, reduzindo-se aos seus factos principais, escrever-se em poucas<br />
linhas.<br />
O Instituto do Cancro foi criado pelo Decreto n.o 9:333, de 29 de Dezembro<br />
, de 1923.<br />
Apesar da existência legal, teve de arrastar os seus serviços por enfermarias<br />
e laboratórios emprestados até que, em 29 de Dezembro de 1927, apareceu o primeiro<br />
pavilhão do actual Instituto Português de Oncologia. O terreno tinha sido<br />
adquirido em Agosto daquele ano e a construção desse primeiro pavilhão terminara<br />
em 9 de Novembro.<br />
No primeiro pavilhão construído instalaram-se, a título provisório, 4 cabines<br />
de Roentgenterápia, uma cabina de radiodiagnóstico, laboratórios e consultas.<br />
Ali ficaram existindo 1.500 miligramas de Rádio Elemento, dos quais foram pagos<br />
pelo Governo da Nação 1.200, além dos 300 miligramas graciosamerlte oferecidos<br />
pelo «Radium Belge,., por intermédio do Dr. João Ulrich.<br />
O primeiro estudo do conjunto de edificações, do qual ainda se construíram<br />
os dois primeiros pavilhões, foi elaborado pelo arquitecto Luís Cristina da<br />
Silva.<br />
O arquitecto Carlos Ramos desenhou depois um outro projecto de proporções<br />
grandiosas mas irrealizável.<br />
Houve ainda várias tentativas posteriores até que se chegou ao plano<br />
definitivo do arquitecto Walter Diste! e Engenheiro Tavares Cardoso, que inclui<br />
os seguintes edifícios: Hospital, Pavilhão do Rádio, Escola de enfermeiras, Capela,<br />
Assistência Social, Patologia Experimental, Asilo e Campo de jogos.<br />
Nas páginas que se seguem damos a descrição de alguns desses edifícios.<br />
I<br />
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I<br />
I<br />
J<br />
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TA Ui<br />
PORTU GUJo:SES 33<br />
3<br />
i.
Dloeo hospitalar<br />
Trata-se, sem dúvida, de um dos mais modernos e perfeitos edifícios de ';,<br />
assistência hospitalar.<br />
É construído em 9 andares, com urna superfície total de implantação de<br />
3.300 metros quadrados e com a superfície total de construção de 26.500 metros<br />
quadrados.<br />
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.~!!.<br />
••<br />
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n ••<br />
Hospital<br />
Nos andares inferiores tem a cozinha, a lavandaria e os serviços administrativos,<br />
o cu panda a cave, parte do andar térreo e do primeiro andar.<br />
Tem ainda as salas de consulta, observação, diagnóstico, operações, biblioteca<br />
e um magnífico anfiteatro,<br />
O pavilhão hospitalar é ligado ao do rádio por duas galerias subterrâneas<br />
-de sujos e limpos-.<br />
A entrada dos doentes a hospitalizar e dos médicos é feita pelos lados<br />
norte-nascente, através de urna galeria fechada, acessível a automóveis e que<br />
separa a parte hospitalar e de assistência da secção administrativa e científica.<br />
É apreciável a calma que tal disposição dá ao hospital. Os dois corpos do edifício<br />
estão, em cada andar, ligados pelos quartos dos médicos internos.<br />
3-1 UOSPIT,UN<br />
I<br />
•
difícios de<br />
A parte de investigação cientifica compreende salas de aula e conferências,<br />
biblioteca, museu e ligação com os laboratórios.<br />
As salas destinadas aos 'doentes comportam de duas a oito camas, no<br />
máximo.<br />
·Por meio de um jogo de unidades clínicas e de elevadores, conseguiu-se<br />
perfeito isolamento entre as visitas de certos doentes e aqueles outros enfermos<br />
que não podem ser visitados. Há também um isolamento perfeito para os agonizantes,<br />
de tal modo que a família pode assistir-lhes aos últimos momentos,<br />
sem perturbar a vida hospitalar.<br />
Pavllltão do Rádio<br />
s adminis-<br />
'íes, bibliobterrâneas<br />
>elos lados<br />
reis e que<br />
científica.<br />
•s do edifí-<br />
IO,.;PlT.US<br />
Este pavilhão foi construído em rigorosa obediência às conclusões do<br />
2.° Congresso Internacional de Radiologia de Estocolmo (1 928), no que respeita<br />
à segurança do pessoal que tem de traba lhar com rádio.<br />
Estas normas de protecçJo<br />
exigira m um estudo<br />
cuidadoso do pavilhão, na<br />
secção especial destinada aos<br />
cofres, à preparação da emanaç:io,<br />
ao laboratório ele física<br />
e de medidas, ~L preparação<br />
dos aparelh os de aplicaç;1o e<br />
ao montacargas de transpor te<br />
dos aparelhos com radio ou<br />
emanaç;1o.<br />
Todas as restantes secçües<br />
foram tam bem devidamente<br />
isoladas.<br />
No res-do-chão, isolado<br />
das consultas externas<br />
por fortes filtros, estão as<br />
Pavilhão do Rádio<br />
instalações que acabamos de<br />
enumerar.<br />
O primeiro andar tem a entrada principal do pavilhão e as cons ultas<br />
externas.<br />
O segundo andar tem as salas para os doentes, a sala de operações e serviços<br />
anexos.<br />
Os terraços que se destinam a combater pelo sol as anemias dos irradiados<br />
são providos de filtrações do tipo das anteriores.<br />
Nestes isolamentos empregou-se a barita porque se averiguou qúe, na proporç~o<br />
de 9 partes de barita e r parte de cimento, dá a espessura de 4,5 cm. com<br />
a mesma filtragem de I cm. de chumbo. E o preço reduziu-se de r.oso contos<br />
3&
para 16o. O peso da parede é igual nos 4,5 cm. da barita e em 1 cm. de chumbo<br />
(soo quilos por metro quadrado).<br />
O pavilhão do rádio tem uma superfície de implataçâo de 730 metros quadrados<br />
e uma superfície total de construção de 2.890 metros quadrados.<br />
Este pavilhão é considerado exemplar dentro das características e fins a<br />
que se destina.<br />
Escola de enfermeiras<br />
..<br />
Junto do Instituto Português de Oncologia funciona uma escola de enfermagem,<br />
instalada em edifício próprio.<br />
Essa construção tem 5 andares, 760 metros quadrados de superfície e<br />
3-410 metros quadrados de construção.<br />
.... 1<br />
'-h;<br />
-~<br />
·~<br />
'• ,.<br />
Escola de Enfermeiras<br />
A Escola funciona em regime de internato e para isso dispõe de magníficas<br />
instalações, tais como: quartos individuais, dotados de todo o conforto para as<br />
alunas; sala de descanço e música; refeitório amplo e alegre; enfermarias de<br />
demonstração; salas de aula; laboratórios, etc.<br />
No rés-do-chão estão a secretaria, as salas de estar, refeitório e laboratório<br />
de dietética.<br />
36 HOSPITAIS<br />
>,..i ... : . (. ·i,·:~ ::•<br />
. .,, .<br />
: ·. ·~<br />
...<br />
•. ; ..:.:};:'·,' ?(J?.i;.;;~ ..<br />
.. .
de chumbo<br />
tros quae<br />
fins a<br />
No primeiro andar, estão os quartos da directora, monitoras e algumas<br />
alunas, as salas de aula, enfermarias de demonstração, laboratórios de química<br />
e biologia e a biblioteca.<br />
Os andares superiores são ocupados por quartos das alunas e dormitórios<br />
do pessoal auxiliar.<br />
Esta Escola tem sido orientada pelos princípios da Fundação Rockefeller,<br />
onde se educaram algumas das suas dirigentes.<br />
Asilo<br />
'<br />
..<br />
É o primeiro edifício de uma vasta rede de asilos que se projecta. Este é<br />
de construção ligeira e económica. Tem um só piso, alegre, arejado e com óptima<br />
disposição. ~ sua lotação não excede 36 internados.<br />
*<br />
* *<br />
Os restantes edifícios previstos no plano geral estão ainda em projecto ou<br />
em princípio de execução.<br />
O que já está construído desta unidade assistencial e científica é qualquer<br />
coisa de que nos podemos .orgulhar. .<br />
Quando, porém, todos os edifícios previstos estiverem levantados e em<br />
perfeito funcionamento, poderemos afirmar que possuímos em Portugal um dos<br />
mais modernos e perfeitos blocos anticancerosos de todo o mundo .<br />
magníficas<br />
rto para as<br />
rmarias de<br />
laboratório<br />
.. •<br />
Organização hospitalar<br />
Por Portaria de 9 de Julho, publicada no Diário do Governo, de 17 do<br />
mesmo mês, o concelho de Ferreira do Zêzere foi transferido, para efeitos de organização<br />
hospitalar, da região de Abrantes para a de Santarém.<br />
Esta transferência é feita nos termos do art. 3. 0 1<br />
§único do Decreto n. 0 36.6oo.<br />
PORTUGUE~ES 37
n '-.J<br />
q ~<br />
,.<br />
~ ~<br />
O segredo t•roflsslonnl tlo 1•esso:tl hos1•Hnlnr<br />
No Boletim de Assistência Social, n.os 59 a 6t, o ilustre Professor da Faculdade<br />
de Direito de Lisboa e Chefe do Contencioso da Direcção Geral de Assistência,<br />
Doutor Raul Ventura, publica um magnífico parecer sobre a extensão do<br />
segredo profissional a que são obrigados os empregados hospitalares, tanto clínicos<br />
como administrativos.<br />
Na impossibilidade de transcrever para aqui integralmente esse douto parecer,<br />
permitimo-nos extrair, para conhecimento dos nossos leitores, as várias conclusões<br />
ali fixadas e que, em resumo, são:<br />
1. 0 Devem considerar-se secretos todos os factos de que só possa ter-se<br />
conhecimento através do exercício duma profissão GUe requeira titulo;<br />
2. 0 São também secretos os factos que, conforme as convicções sociais da<br />
época, não sejam usualmente dados à publicidade e dos quais o profissional tome<br />
conhecimento por motivo ou ocasião do seu ministério. Assim: o médico que, ao<br />
entrar em casa do doente, surpreende a mulher deste em adultério é obrigado a<br />
sigilo, mas não o é se teve conbecimento desse adultério através dum amigo ou<br />
duma carta desencaminhada;<br />
3· 0 São, finalmente, secretos os factos não abrangidos nos números anteriores<br />
de que o profissional tome conhecimento por motivo ou ocasião do seu ministério<br />
e em relação aos quais tenha voluntàriamente prometido guardar segredo;<br />
4· 0 As regras acima enunciadas são válidas, independentemente de saber se<br />
a revelação dos factos causa ou não prejuízo à pessoa a que respeitam;<br />
S·o O segredo profissional pode ser quebrado nas hipóteses seguintes:<br />
a) Quando o interesse· da justiça penal-e não da cível-assim o<br />
exija. Nesta hipótese, a quebra do segredo deve ser requerida e não<br />
espontânea;<br />
b) Como só a lei pode permitir a quebra do segredo, são ilegítimas<br />
todas as ordens dos superiores hierárquicos a tal respeito, salva a transferência<br />
da responsabilidade para estes;<br />
c) Pode ser espontânea a quebra do segredo, por motivos sanitários,<br />
nos termos do Decreto n.o 32:17r ou nos casos de acidente de trabalho.<br />
(Lei n. 0 r:946 e Decreto n.o 27:649); ·<br />
38<br />
D08PIT,ll8<br />
., . ..<br />
'.
d) É autorizada a quebra do segredo voluntário, quando hã.ja"' aú.torização<br />
do interessado ou o segredo resulte de mandato profissional;<br />
e) O segredo deixa de ser obrigatório quando os factos se tornaram<br />
notoriamente conhecidos.<br />
6. 0 Em hipóteses diferentes, o consentimento do interessado não legitima<br />
a quebra do segredo profissional;<br />
da Faculde<br />
Assistensão<br />
do<br />
mto clíni-<br />
Juto pareárias<br />
conssa<br />
ter-se<br />
sociais da<br />
)nal tome<br />
:o que, ao<br />
brigado a<br />
amigo ou<br />
·S anterioeu<br />
minissegredo;<br />
e saber se<br />
ntes:<br />
-assim o<br />
ia e não<br />
ilegítimas<br />
a transfe-<br />
Em seguida, o parecer resolve dúvidas concretas, levantadas pelos <strong>Hospitais</strong><br />
Civis de Lisboa. Como essas dúvidas surgem em todos os hospitais e porque as<br />
soluções achadas podem talvez aceitar-se para aqueles estabelecimentos onde não<br />
vigore disposição legal em contrário, resumimos a seguir as normas prescritas:<br />
a) Podem ser passadas certidões de entrada e saída ·dos doentes a<br />
quem quer que as requeira;<br />
b) Não podem passar-se certidões relativas a grávidas e alienados,<br />
seja quem for que as requeira, a não ser mediante despacho da administração<br />
superior;<br />
c) Podem passar-se outras certidões, se forem requeridas pelo próprio<br />
doente, seus pais, cõnjuges, filhos e herdeiros ou ainda pela autoridade<br />
pública competente, considerando-se competentes as autoridades judiciais<br />
e sanitárias, nos termos acima mencionados;<br />
c) Finalmente, os hospitais não devem entregar papeis e radiografias<br />
que tenham nos seus arquivos, a não ser às entidades oficiais<br />
competentes.<br />
~bertura e funclooameuto de hoSflltals<br />
Do Decreto-lei n.o 32:171 de 29 de Julho de 1942, transcreve-se, por ser de<br />
útil conhecimento, o artigo 19. 0 :<br />
«Üs estabeleciment.os destinados ao tratamento ou recepção de doentes e<br />
de grávidas ou puérperas, quaisquer que sejam os processos empregados, não<br />
podem funcionar senão sob. a direcção e responsabilidade de profissionais em<br />
condições legais de exercer a medicina em Portugal. Os directores são obrigados<br />
a participar a existência dos aludidos estabelecimentos à Direcção Geral de<br />
Saúde e à Ordem dos Médicos no prazo de sessenta dias. Os estabelecimentos<br />
que não estiverem nas condições indicadas neste artigo serão encerrados, mediante<br />
requerimento da Ordem dos Médicos, pela polícia de segurança pública.:.<br />
)S sanitátrabalho.<br />
tSPIT,\1!11<br />
PORTUGUESES 39
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'armácia<br />
~ssores<br />
a, l.da<br />
llospltals Chls de J .. lshmt<br />
-Os <strong>Hospitais</strong> Civis de Lisboa têm, desde o princípio do ano, um novo<br />
Enfermeiro-mar, o capitão de mar e guerra médico, Dr. Emílio de Menezes Ferreira<br />
de Tovar Faro, nomeado por portaria de 27 de Janeiro.<br />
A posse foi-lhe conferida pelo Ministro do Interior que, no discurso<br />
então pronunciado, fez um ligeiro sumário da acção do Governo em matéria<br />
de assistência hospitalar, anunciou o reforço da dotação para os hospitais<br />
escolares e garantiu que iam ser revistas as condições de trabalho dos<br />
enfermeiros.<br />
Ao Sr. Dr. Emílio Faro, apresentamos respeitosos cumprimentos.<br />
')<br />
As,<br />
-Continuam em adiantada actividade obras de ampliação em vários hospitais.<br />
O edifício para os serviços de transfusão de sangue foi inaugurado pelo<br />
senhor Ministro do Interior e é um dos melhores do país.<br />
Durante a inauguração fez este membro do governo interessantes considerações<br />
sobre a função do «banco de sangue» e referiu-se aos vários processos<br />
em pregados para conseguir o sangue destinado às transfusões.<br />
s AS·<br />
I<br />
'· ..<br />
.COS<br />
i a<br />
8o<br />
ESA<br />
-Foi nomeado consultor técnico de estatística clínica e director do Boletim<br />
o Dr. Manuel João Xavier Morato, médico dos <strong>Hospitais</strong> Civis.<br />
-Foi nomeado definitivamente para o difícil lugar de fiscal geral dos<br />
<strong>Hospitais</strong> Civis, o sr. Mário Gomes Saraiva. Para seu adjunto foi contratado o<br />
sr. Francisco Maria Queiroz. Para fiscal privativo de um dos hospitais foi contratado<br />
o sr. Victor Vaquinhas Cabral.<br />
-O inspector superior dos <strong>Hospitais</strong> Civis de Lisboa, sr. capitão-tenente<br />
Ilídio de Oliveira Barbosa foi encarregado de estudar na Espanha, França, Bélgica<br />
e Suíça a organização hospitalar daqueles países. Depois de demorado<br />
estudo, regressou a Portugal em fins de Agosto e supõe-se que, com os elementos<br />
informativos colhidos na sua viagem, vai finalmente proceder-se à reorganização,<br />
dos principais estabelecimentos hospitalares de todo o país.<br />
•"tPIT.4.1S<br />
PORTUGUESE!!i 41
llospltal Jidlo tle natos -<br />
1.-lsboa<br />
• _.;.No ano corrente, mercê dos esforços dos seus directores clinico e administrativo,<br />
têm sido introduzidas profundas e benéficas modificações nas instalações<br />
do Hospital.<br />
Assim, logo em Janeiro, foram inaugurados: um novo pavilhão para pensionistas<br />
de I.a classe do sexo masculino; pavilhão de tranquilos; farmácia; Casa do<br />
Pessoal; central térmica, etc.<br />
Em Maio foi inaugurado o serviço de Assistência Pedagógica Infantil.<br />
,,<br />
-Foi convertida em definitiva a nomeação do Dr. Joaquim José de Paiva<br />
Correa para o lugar de Adjunto deste Hospital.<br />
O Dr. Paiva Correa tem desenvolvdo neste estabelecimento de assistência<br />
uma acção reformadora verdadeiramente notável. Por isso nos congratulamos com<br />
a confiança que Governo lhe testemunhou e lhe enviamos sinceras feli citações.<br />
-Por portaria de 30 de Julho último, foi convertida em definitiva a nomeação<br />
do Dr. Emídio Roque da Silveira Freitas Ribeiro para o lugar de chefe da<br />
Secretaria do Hospital Júlio de Matos. É o justo reconhecimento dos serviços<br />
prestados naquele estabelecimento de assistência.<br />
Na mesma data foram taro bém lavradas portarias que convertem em definitivas<br />
as nomeações dos srs. Jaime Martins Coelho, tesoureiro; José Cabral Soares<br />
da Fonseca, chefe dos serviços industriais e Mário Alberto Fernandes de Almeida,<br />
chefe dos serviços de armazéns do mesmo Hospital.<br />
-Realizou-se um jantar de homenagem aos directores clínico e administrativo,<br />
deste Hospital, Prof. António Flores e Dr. Joaquim Paiva Correa, iniciativa<br />
do pessoal clinico, de enfermagem e administrativo.<br />
HOS(tltals da Unlversltlatle de Coimbra<br />
-Foi adquirida uma aparelhagem completa da Radiodiagnóstico para substituir<br />
a anterior que se achava já antiquada.<br />
Vai -também ser adquirido um equipamento de Radioterápia.<br />
-Os <strong>Hospitais</strong> receberam a visita do Ministro dos Obras Públicas que<br />
acompanhado do Reitor da Universidade e outras individualidades estudou a<br />
remodelação e ampliação dos actuais edifícios, dentro do plano geral da nova<br />
Cidade Universitária. O projecto está entregue ao técnico de construções hospitalares,<br />
arquitecto sr. Walter Distei.<br />
-Por motivo das Obras da Cidade Universitária, vai ser demolido o chamado<br />
«Hospital do Castelo:. onde funcionam os serviços de moléstias infecciosas ..<br />
e de dermatologia. Provisõriamente, ficarão estes serviços instalados em pavilhões<br />
do Manicómio Sena, que, para o efeito, vão ser adaptados uns e concluídos outros.<br />
DOSPIT~I8<br />
~ ·-·.. . . ('<br />
~·.
e admi-<br />
instala-<br />
. pensio-<br />
Casa do<br />
il.<br />
le Paiva<br />
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~erviços<br />
1 defini-<br />
. Soares<br />
Jmeida,<br />
':"<br />
Jlospltal .Joaquim 'IJrbano- Porto<br />
O quadro clínico deste Hospital acaba de ser ampliado com mais 2 médicos<br />
que se .destinam aos serviços de urgência da difteria e da consulta externa.<br />
A Administração do Hospital foi instalada em edifício próprio, ultimamente<br />
construído, destinando-se o primeiro pavimento para postos de consulta .<br />
Graças aos dedicados esforços do Ex.mo Director Geral de Saúde, foram<br />
recebidos 2 frigoríficos e um aparelho para a fabricação de gelo, velha aspiração<br />
deste Hospital.<br />
Vai proceder-se também à instalação dum aparelho de raios X que pela<br />
mesma entidade acaba de ser enviado e que muito beneficiará os serviços .<br />
·Leprosarla de Rovls~o Pais - Tocha<br />
Na Leprosaria Nacional de Rovisco Pais, vai construir-se um grupo residencial,<br />
tendo sido a respectiva empreitada atribuída ao construtor José Pereira<br />
Duarte.<br />
Esta obra terá de ser construída no prazo máximo de 270 dias e foi contratada<br />
pela importância global de 86s.ooo$oo, dos quais 40o.oooSoo serão gastos<br />
ainda no corrente ano .<br />
dminis-<br />
, inicia-<br />
·a subs-<br />
~as que<br />
udou a<br />
la nova<br />
: hospi-<br />
· o cha<br />
:cciosas<br />
vilhões<br />
oqtros.<br />
"Asslstêu~la<br />
So~lal" '<br />
Acaba de sair o primeiro volume de<br />
textos legais sobre assistência, coordenados<br />
e anotados pelo chefe de Secção<br />
da Direcção Geral de Assistência,<br />
Dr. Diogo de Paiva Brandão.<br />
Este volume contém todos os diplomas<br />
de interesse geral e é um útil e<br />
indispensável elemento de trabalho<br />
para os organismos e pessoas em<br />
contacto com as questões da assistência.<br />
É edição da Gráfica Boa Nova, L.da<br />
de Lisboa.<br />
A ~apa<br />
da nossa revista<br />
O pintor António-Lino, artista entre<br />
os primeiros da nova geração, quis ter<br />
a gentileza de desenhar a capa da nos~a<br />
revista.<br />
A Senhora da Misericórdia que tomou<br />
para motivo- homenagem à instituição<br />
portuguesíssima das Santas<br />
Casas - será repetida em todos os números<br />
como sinal da nossa presença e<br />
do nosso espírito.<br />
Para António-Lino vão os mais<br />
sinceros agradecimentos de <strong>Hospitais</strong><br />
<strong>Portugueses</strong>.<br />
l"ITAI8<br />
PORTUGUESES<br />
4 3
EMÚLSEO-_SOLVENTE -0 L I c I LI NA<br />
VEJCULO DA PENICILiNA PARA IN]ECÇ6ES INTRAMUSCULARES<br />
.......<br />
PERMITE O USO DE UMA ÚNICA DOSE DIÁRIA DE PENICILINA,<br />
TOTALIZANDO AS UNIDADES REQUERIDAS PELO DOENTE<br />
.\<br />
ABSORÇÃO LENTA, BOA TOLERÂNCIA, NÃO<br />
DIMINUI A<br />
ACTIVIDADE DA PENICILINA<br />
CAIXAS CONTENDO<br />
I AMPOLA DE 5 C. C. DE OLICILINA<br />
I AMPOLA DE 3 C. C. DE SORO FISIOLÚGICO<br />
li<br />
li<br />
Laboratórios da Farmácia Barrai<br />
GESSELONA<br />
li<br />
É a marca da LIGADUR,\ GESSADA NACIONAL que, por mérito de qualidade e maior<br />
economia, concorre com as melhores congéneres estranjeiras e já é usada<br />
DOS HOSPITAIS CIVIS DE LISBOA 1 no HOSPITAL ESCOLAR DE LISBOA (SANTA i\IARTA) nos<br />
1<br />
HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBUA 1<br />
etc., etc.<br />
É um produto da «SIEPA»<br />
SOCIEDADE INDUSTRIAL EXPLORADORA DE PATENTES, L.DA<br />
QUINTA DA CAND!EIRA- OLIVAIS<br />
L<br />
Pedidos aos Agentes Gerais e Depositários Exclusivos:<br />
RU~D:~C:.!ROS~2;2r0 s L~::A<br />
L__============================= =============~<br />
1108PIT.&I•<br />
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UNA,<br />
ENTE<br />
~ÃO<br />
I NA<br />
Dr. I
Patlre Saul da Crnz<br />
Ao fim da tarde do dia 17 de Julho último, faleceu num dos quartos do<br />
Hospital do Arcebispo, de Cantanhede, o Reverendo Padre Saul da Cruz, Prove<br />
_dor da Santa Casa da Misericórdia a que o hospital pertence.<br />
· Nasceu a 12 de Agosto de 1876. Ordenou-se<br />
e dirigiu em Coimbra o Colégio dos Órfãos.<br />
Foi Capelão Militar até 1910. Jornalista vigoroso,<br />
fundou em 1932 a Comarca de Cantanhede e dirigiu<br />
mais tarde, a Boa Nova.<br />
A sua obra como dirigente hospitalar é<br />
das mais notáveis.<br />
Tomou conta do Hospital de Cantanhede<br />
numa época em que o estabelecimento decaíra<br />
até quase ao limite da existência. Os próprios<br />
doentes recusavam-se a receber ali os tratamentos,<br />
tal era a penúria de meios assistenciais e ·o<br />
desprestígio que o esmagava. Pois, o .Reverendo<br />
Padre Saul, em anos seguidos de devotada administração,<br />
conseguiu fazer desse Hospital, repudiado<br />
por todos, um dos melhores da sua categoria.<br />
PADRE SAUL DA CRUZ<br />
Reformou os serviços internos; conseguiu<br />
interessar na assistência hospitalar todos os médicos do concelho; aumentou o<br />
número de quartos particulares; melhorou as enfermarias; adquiriu equipamento<br />
de Raios X, Dia termia e Ultravioletas; pôs a funcionar uma sala de operações;<br />
abriu uma enfermaria-maternidade; montou lavanderias, abegoarias, padaria, cozinha;<br />
armazéns, máquinas de fabricar gelo, moagem de milho, etc.<br />
Foram, na verdade, 12 anos de administração memorável. O seu hospital<br />
era já um hospital-modelo. À Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede<br />
e à Ex.ma Família do Reverendo Padre Saul da Cruz, <strong>Hospitais</strong> <strong>Portugueses</strong> apresentam<br />
a expressão do mais sentido pesar.<br />
Adlllhalstratlot• do lustltnto Pot•tug;nês tle Oncologl:t<br />
Acaba de ser nomeado administrador do Instituto Português de Oncologia,<br />
o Senhor Joaquim Torcato Moreira Garcia da Sil \'eira Botelho que até agora tem<br />
desempenhado as funções de ecónomo do mesmo estabelecimento.<br />
Apresentamos sinceras felicitações, certos de que, no novo lugar, revelará a<br />
mesma dedicação e inteligência com que trabalhou no anterior.<br />
48
Jartos do<br />
.z, Prove-<br />
). Orde<br />
>s Órfãos.<br />
vigoroso,<br />
de e diri-<br />
.Pitalar é<br />
ntanhede<br />
) decaíra<br />
próprios<br />
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everendo<br />
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:al, repu<br />
:ategoria.<br />
onseguiu<br />
nentou o<br />
ipamento<br />
)e rações;<br />
~ ria, cozihospital<br />
1tanhede<br />
ses apreneologia,<br />
~ora<br />
tem<br />
:vc:-lar;í a<br />
li i ttistét•lo da Asststêtteia ?<br />
~a .. ~ssemblela ~acloual<br />
O parecer sobre as contas públicas<br />
de 1946 dedica, como é já tradição, um<br />
capítulo aos serviços de saude e as3istência<br />
pública.<br />
Começa por reconhecer que o Estado<br />
resolveu enfim dotar corajosamente as<br />
verbas destinadas à saude e à assistência,<br />
mas afirma que muito há ainda que<br />
caminhar para se atingir a perfeição<br />
desejada. .<br />
Condena a dispersão de algumas<br />
actividades, a manutenção de pessoal<br />
pouco devotado ou competente, as deficiências<br />
da orgânica, incapaz de mostrar<br />
a responsabilidade das faltas verificadas,<br />
e o deficiente funcionamento<br />
de certos serviços hospitalares.<br />
Pede a concentração, num ·único departamento,<br />
de todas as actividades<br />
assistenciais, hoje repartidas pelos su h<br />
secretariados da Assistência e das Corporações<br />
e até por outros ministérios<br />
e serviços. Finalmente, declara que<br />
«esse órgão superior terá de ser um<br />
ministério - o Ministério da Saude,<br />
como jd foi anteriormente sugerido ~ .<br />
itllnlstét•lf, tle Samle?<br />
Concordamos, em princípio, com o<br />
pedido de criação de um ministério,<br />
responsável exclusivo pela política da<br />
assistência em Portugal.<br />
De facto, a partir de 1944, vive-se<br />
no nosso país a hora grande da assistência.<br />
Publicou-se em IS de Maio a<br />
Lei n.o 1.998 que fixou as bases fundamentais<br />
sobre que se organizaria todo<br />
o sistema.<br />
Depois, foi a série enorme de problemas<br />
estudados e resolvidos, daqueles<br />
problemas que durante gerações foram<br />
a nossa vergonha de povo civilizado<br />
mas cujas soluções constituem hoje legítimo<br />
orgulho para o Governo que as<br />
concebe u e para a Nação que as a poia.<br />
Foi a assistência psiquiátrica, (Lei<br />
n. 0 2.oo6 de II de Abril de 1945), seguida<br />
dos respectivos regulamentos com uma<br />
rapidez nunca igualada na nossa vida<br />
legislativa; foi o Socorro Social; foi a<br />
grande e profunda reforma dos serviços,<br />
expressa no notável Decreto<br />
-lei n. 0 35.108; foi o plano geral das<br />
construções hospitalares (Lei n. 0 2.on<br />
de 2 de Abril de 1946); foi a repressão<br />
da mendicidade (Decreto-lei n.o 36.448<br />
de 15 de Janeiro de 1947); e foi finalmente<br />
a obra ímpar do combate à lepra<br />
(Decreto-lei n.o 36.450 de 2 de Agosto<br />
de 1947) que, só por si, faria o orgulho<br />
do Subsecretariado da Assistência e<br />
de ~ma época.<br />
E evidente que tal extensão de serviços<br />
e de organismos, interesses de<br />
tamanha envergadura, tão melindrosa<br />
matéria governativa e problemas tão<br />
necessitados de livre estudo e resolução<br />
pronta exigem um ministério privath·o,<br />
solução, aliás, unânimemente<br />
adoptada em todos os países.<br />
Jlhtlstét•b tl:l Assistência ?<br />
Concordamos, pnrtanto, com a sugestão<br />
do ilustre Relator das Contas<br />
Públicas. Mas discordamos do nome<br />
sug~rido para o desejado ministério.<br />
E que a saude não é toda a assistência.<br />
(Veja-se a definição contida na<br />
base I da Lei n. 0 1.998). A assistência<br />
social não se propõe apenas valer aos<br />
males dos indivíduos, mas também às<br />
suas deficiências, e estas podem ser de<br />
natureza moral, económica e sanitária.<br />
Não. O ministério, quando for<br />
criado, terá de chamar-se da assistrfncia<br />
ou da assistencia e previdêtJcia<br />
social se, como propõe o Relator das<br />
contas públicas, resultar da concentração<br />
do S ubsecretariado da Assistência<br />
com o das Corporações, na parte da<br />
previdência, onde há já hoje também<br />
uma obra notabilíssima. E esta solução<br />
não será nova entre nós. (Vide Decreto<br />
n. 0 n.:B 6 de 4 de Dezembro de· 1925).
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ÍNDICE PUBLICITÁRIO<br />
Actividades srgurndoras<br />
Companhia de Seguros Império<br />
Alimentação c dietetica<br />
Lacticínios de Aveiro, Limitada<br />
Sociedade de Produtos Lácteos<br />
Materiais e actividades di' constmção<br />
Fábrica de Mosaicos Santa Isabel, Limitada<br />
Stermac .<br />
M attt·ial médico-cirtír gico<br />
A. G. Alvan<br />
Coll Taylor, Limitada<br />
Davita, Limitada •<br />
Gilberto Teles.<br />
ViuvaReis, Limitada<br />
M obilidt·io, adornos e eq~tipamcntos<br />
Auto Industrial, Limitada •<br />
Empresa Fabril da Longra.<br />
Produtos farmacêuticos<br />
Coll Taylor, Limitada .<br />
Davita, Limitada .<br />
Farmácia Rodrigues da S ilva, Limitada<br />
Farmácia Barra!<br />
Instituto Pasteur .<br />
Sociedade de Produtos Lácteos<br />
Termas 1 Aguas Minerais<br />
Termas de Luso<br />
Assinatura anual • { melrópolcJ, colónias, Espanha e Brasil<br />
(pagamento a d iantad o ) outros países. . . . • . • . . •<br />
Número avulso • • • • •<br />
Cobrança pelo correio mais<br />
60$00<br />
80$00<br />
20$00<br />
3$50<br />
PUBLIC A -SE TRIMES T R A LM E NTE
'.!~·.<br />
''<br />
I O D O T E r~ .\ P í \<br />
INDICAÇÕES<br />
ARTERIOSCLEROSE, HIPER-TENSÃO ESSENCIAL,<br />
REUMATISMO CRONICO, LINFATISMO, ESCRO<br />
FULOSE, SlFILIS TERCIÁRIA, ENFISEMA POLMUNAR,<br />
ASMA, BRONQUITE CRONICA, GOTA, ETC.<br />
LABORATÓRIOS<br />
'<br />
BIBLIOTE CA