Revista Apólice #242
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esseguro<br />
ALGUNS TEMAS DEBATIDOS<br />
SEGURO-CATÁSTROFE – Rubem Hofliger,<br />
responsável pela área de soluções<br />
para o setor público na América Latina<br />
da SwissRe, defendeu a adoção do seguro<br />
paramétrico para enfrentamento<br />
de catástrofes. “O número de catástrofes<br />
naturais cresce em ritmo muito mais<br />
rápido do que o crescimento do seguro<br />
desses eventos. A cobertura é de cerca<br />
de 40%, o que obriga os governos a<br />
arcar com os custos de reconstrução<br />
e atendimento à população mais<br />
vulnerável”. Hofliger explicou que os<br />
seguros paramétricos estabelecem em<br />
contrato um limite que, quando atingido,<br />
dispara um gatilho de pagamento.<br />
No caso de chuvas, por exemplo, é<br />
possível estabelecer que a partir de<br />
determinado índice de precipitação o<br />
seguro é acionado. “As vantagens desse<br />
produto, ainda pouco usado no Brasil,<br />
são a agilidade e a liberdade para alocar<br />
os recursos de acordo com as necessidades<br />
mais urgentes”, argumentou,<br />
afirmando que, mundialmente, os setores<br />
onde o seguro paramétrico mais<br />
tem crescido são agricultura e energia,<br />
e os governos começam a se interessar<br />
pelo produto.<br />
CONTRATOS - “Princípios da Lei<br />
Contratual de Resseguro” foi o tema<br />
da palestra de Helmut Heiss, professor<br />
do Instituto de Direito de Zurich. Ele<br />
trouxe a metodologia utilizada para<br />
criação dos Princípios da Lei Europeia<br />
de Contratos de Seguros (Pricls), que,<br />
segundo ele, não tem a intenção de ser<br />
uma lei global, o que demoraria muito.<br />
“Há quem diga que ela poderia ser um<br />
exemplo modelo para a lei nacional,<br />
mas não acho que traria as respostas<br />
para tudo. Como a arbitragem pode<br />
escolher as regras de direito, que são<br />
maiores que o direito como um todo,<br />
os Pricls talvez possam ser utilizados,<br />
pois são mais sólidos e, portanto, vão<br />
além das declarações de juízo”.<br />
BLOCKCHAIN - O painel sobre aplicações<br />
de blockchain em seguros e<br />
resseguros teve como palestrante o<br />
chairman da B3i, Anthony Elliott, e<br />
como debatedores Marcelo Hirata, diretor<br />
de Tecnologia e Inovação do IRB Brasil<br />
Re, Keiji Sakaim country head Brazil da<br />
R3, e Adilson Lavrador, diretor executivo<br />
de Operações, Tecnologia e Sinistros da<br />
Tokio Marine Seguradora. Elliott descreveu<br />
os benefícios que o blockchain trará<br />
para o mercado brasileiro: economia de<br />
30% nos custos de transação, mais eficiência,<br />
melhoria na qualidade de informação<br />
e maior transparência. Para Elliott, o<br />
mundo vive um momento de inflexão,<br />
em que “os dados são o novo petróleo”.<br />
RC AMBIENTAL - O painel trouxe a<br />
evolução do setor nos últimos 10 anos,<br />
as mudanças recentes em acionamentos,<br />
as oportunidades existentes, tendo como<br />
parâmetro os mercados americano e<br />
europeu, bem como a complexidade<br />
do conceito que ainda gera barreiras. O<br />
superintendente da HDI Global, Marcio<br />
Guerreiro, mostrou as diversas possibilidades<br />
de classificação e monitoramento<br />
de riscos que facilitam o processo de<br />
subscrição, destacando, sob esse aspecto,<br />
as oportunidades de aproximação das<br />
companhias de resseguros. Já o Latam<br />
Regional Manager da Chubb, Fabio Barreto,<br />
abordou as principais diferenças em<br />
comparação ao mercado americano que<br />
já possui 40 anos. “O mercado de seguros<br />
em riscos ambientais é de US$ 22 milhões,<br />
enquanto o mercado americano, que é o<br />
mais desenvolvido nesse setor, é de US$ 2<br />
bilhões em prêmio”.<br />
MATRIZES ENERGÉTICAS - O crescimento<br />
da participação das energias renováveis<br />
na matriz energética brasileira exige que<br />
seguradoras e resseguradoras se preparem<br />
para ofertar produtos adequados a<br />
esse mercado promissor. Atento a essa<br />
frente de atuação, o setor precisa que<br />
sejam superados entraves legislativos,<br />
regulatórios e, sobretudo, ambientais. A<br />
análise foi feita pelo diretor do Instituto<br />
de Desenvolvimento Estratégico do Setor<br />
Energético (Ilumina), Roberto D’Araújo.<br />
Tiago Correia, sócio-diretor da RegE<br />
Barros Correia Advisers, enfatizou que o<br />
setor energético trabalha com alto risco,<br />
muitas vezes não precificado. Nas energias<br />
alternativas o risco é a oscilação<br />
da capacidade de produção, que varia<br />
de acordo com a disponibilidade de<br />
ventos e luz solar. Segundo Correia, as<br />
mudanças climáticas acrescentam um<br />
risco considerável a esse setor. Araújo<br />
disse que o Brasil tem uma base renovável<br />
expressiva e mundialmente respeitável,<br />
mas ainda promove uma das<br />
maiores emissões de gases no planeta.<br />
“As secas são mais secas; a chuvarada<br />
cada vez mais forte. As consequências<br />
são abruptas e irreversíveis. Vamos precisar<br />
reduzir bastante as emissões de<br />
gás carbônico para começar a pensar<br />
em desenvolvimento sustentável.”<br />
LACUNA DE PROTEÇÃO -<br />
Moses Ojeisekhoba,<br />
CEO Reinsurance da<br />
Swiss Re, trouxe as<br />
principais tendências<br />
globais e os<br />
riscos envolvidos,<br />
como as tendências<br />
geopolíticas, a exemplo<br />
do nacionalismo e<br />
do protecionismo, o rápido<br />
envelhecimento da população em<br />
todo o mundo, a Inteligência Artificial,<br />
suas ramificações e as questões éticas<br />
envolvidas, entre outras.<br />
O executivo também abordou a dimensão<br />
da lacuna de proteção – a diferença<br />
entre as perdas econômicas totais<br />
e as perdas seguradas. Segundo ele, em<br />
2018, apenas um quarto dos US$ 337<br />
bilhões de perdas econômicas estava<br />
assegurado. “A lacuna de proteção existe<br />
em todo o mundo. Portanto, temos<br />
que encontrar maneiras de reduzir essa<br />
brecha. Temos muitas oportunidades<br />
e desafios em muitas áreas, chegando<br />
a um potencial de US$ 800 bilhões<br />
de prêmio, dos quais US$ 100 bilhões<br />
estão na América Latina”, destacou ele,<br />
chamando atenção para o potencial do<br />
Brasil: “A agricultura é muito importante<br />
e tem um potencial de US$ 200 bilhões,<br />
mas menos de 10% das áreas aráveis e<br />
cultiváveis são seguradas”.<br />
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