PME Magazine - Edição 13 - Julho 2019
Miguel Pina Martins, fundador e CEO da Science4You, é a figura de capa da edição de julho da PME Magazine. Leia a revista na íntegra aqui.
Miguel Pina Martins, fundador e CEO da Science4You, é a figura de capa da edição de julho da PME Magazine. Leia a revista na íntegra aqui.
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C<br />
M<br />
43,5x25.pdf 1 14/12/2018 10:54:38<br />
JULHO <strong>2019</strong> | TRIMESTRAL | EDIÇÃO <strong>13</strong><br />
EDIÇÃO ANO IV - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K<br />
DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Miguel<br />
Pina Martins<br />
NA SCIENCE4YOU BRINCAR<br />
CONTINUA A SER UM DESAFIO<br />
INOCROWD<br />
ESTA PLATAFORMA PORTUGUESA AJUDA<br />
AS EMPRESAS A RESOLVEREM OS SEUS<br />
MAIORES PROBLEMAS<br />
BABU<br />
ESCOVAS DE DENTES PORTUGUESAS<br />
SÃO AMIGAS DO AMBIENTE<br />
RENOVA<br />
A IMPORTÂNCIA<br />
DAS MARCAS ÚNICAS
a<br />
FIGURA de DESTAQUE<br />
Índice<br />
p4 | BREVES<br />
p6 | PUBLIRREPORTAGEM<br />
Duplo Prestígio e o sucesso em Portugal<br />
p8 | CASOS DE SUCESSO<br />
Inocrowd e a resolução de problemas das empresas<br />
p10| FISCALIDADE<br />
Ábaco e a nova realidade tributária das empresas<br />
p12| Sandra Laranjeira dos Santos e o nearshore nos Açores<br />
p14| AMBIENTE<br />
Zippy e a eliminação do plástico<br />
p15| Aporfest e os festivais de música mais sustentáveis<br />
p16| RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
Portugal Inovação Social e os novos projetos sociais<br />
p18| GoParity e os projetos de sustentabilidade ambiental<br />
p19| RH<br />
Michael Page e as novas tendências de recrutamento em RH<br />
p20| Ricardo Anastácio assume segurança da informação<br />
da Opensoft<br />
p22| INTERNACIONAL<br />
Resiquímica e a integração no grupo OMNOVA<br />
p24| Grupo Younan e os investimentos de luxo em Portugal<br />
p26| FIGURA DE DESTAQUE<br />
Miguel Pina Martins e a inovação no mercado infantil<br />
p34| EMPREENDORISMO<br />
Babu e as escovas de dentes sustentáveis<br />
p36| Icon-Key e as bebidas artesanais<br />
p38| Cramet e o negócio familiar no feminino<br />
p40| MEDIR PARA GERIR<br />
GSTEP e as ferramentas de orçamentação<br />
p41| Microsoft e o Office365 para empresas<br />
p42| MARKETING<br />
Renova e a inovação de uma marca de sempre<br />
p43| 02 Gym e a aposta no marketing em ginásios<br />
p44| TECNOLOGIA<br />
Bee Engineering e aposta na gamification<br />
p46| Acredita Incubação: a nova incubadora de Gaia<br />
p48| LISPOLIS e o mercado das TIC<br />
p49| AGENDA<br />
StartUp Coaching chega a 19 e 20 de julho<br />
p50| OPINIÃO<br />
AICEP e a transformação digital<br />
Ficha técnica<br />
DIRETORA: Mafalda Marques<br />
EDITORA: Ana Rita Justo<br />
SUB-EDITORA: Denisse Sousa<br />
VÍDEO E FOTOGRAFIA: NortFilmes, João Filipe Aguiar<br />
DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes<br />
DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho<br />
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Cíntia Costa, Luís Castro Henriques, Margarida Gomes,<br />
Pedro Rebordão, Ricardo Bramão, Sandra Laranjeiro dos Santos, Teresa Virgínia e Vasco<br />
Salgueiro<br />
ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em www.pmemagazine.com)<br />
DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques<br />
EMAIL: publicidade@pmemagazine.com<br />
PROPRIEDADE: Massive Media Lda.<br />
NIPC: 510 676 855<br />
MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:<br />
LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />
1900-221 Lisboa<br />
REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />
1900-221 Lisboa<br />
TELEFONE: 211 934 140 | 96 453 31 02 | 934 952 854<br />
EMAIL: info@pmemagazine.com<br />
N. DE REGISTO NA ERC: 126819<br />
EDIÇÃO N.º: <strong>13</strong><br />
DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17<br />
ISSN: 2184-0903<br />
TIRAGEM: 23.000 exemplares<br />
IMPRESSÃO: Lidergraf<br />
Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde<br />
DISTRIBUIÇÃO: Gratuita com o jornal Expresso<br />
PERIODICIDADE: Trimestral<br />
a<br />
Inovar é viver<br />
Editorial<br />
A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> completa três<br />
anos. Têm sido tempos desafiantes,<br />
intensos, em constante<br />
aprendizagem para melhor servir<br />
os nossos leitores e as suas<br />
necessidades. Assumimo-nos<br />
como a revista das <strong>PME</strong> portuguesas,<br />
pois queremos contar as<br />
suas estórias, saber os seus desafios,<br />
as suas dores, angústias<br />
e sucessos. Só assim poderemos<br />
traçar o nosso caminho ao lado<br />
destas empresas e ajudá-las também a fazer melhor.<br />
Se está a ler este texto, desde já lhe agradecemos a atenção<br />
e amabilidade em continuar connosco!<br />
Nesta <strong>13</strong>.ª edição, quisemos continuar a traçar o caminho<br />
da inovação, com negócios criativos. Por isso, convidámos<br />
Miguel Pina Martins, fundador da Science4You, a explicar<br />
como foi possível tornar a ciência divertida para as crianças<br />
e, a partir daí, criar um negócio de sucesso, internacionalizar<br />
e continuar a surpreender. Só fazendo é que se aprende e é<br />
esse, também, o ensinamento que o nosso entrevistado nos<br />
deixa.<br />
Entrevistámos Soraya Gadit, fundadora da Inocrowd, e fomos<br />
perceber a importância desta plataforma portuguesa<br />
que junta investigadores a empresas que precisem de ajuda<br />
a resolver os seus problemas.<br />
Fomos conhecer a Resiquímica e o Grupo Younan e outros<br />
projetos inovadores e sustentáveis, como a Babu, a Cramet e<br />
o novo plano de sustentabilidade da Zippy.<br />
Fomos saber porque é que a Renova se diferencia da concorrência<br />
e fomos conhecer a nova incubadora de Gaia e a Bee<br />
Engineering.<br />
Contamos com artigos de opinião do presidente da AICEP, do<br />
presidente da APORFEST, da Michael Page sobre as novas<br />
tendências dos RH, entre outras excelentes colaborações. A<br />
todos os que contribuíram para que esta edição seja um sucesso<br />
o nosso agradecimento.<br />
Agradecimento maior à ColorADD, que ‘emprestou’ o seu código<br />
de cores para tornar a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> mais inclusiva aos<br />
daltónicos.<br />
ColorADD<br />
na <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> conta com 14 grandes secções,<br />
que servem de guia estrutural para as temáticas<br />
abordadas. De forma a tornar a revista mais inclusiva,<br />
foi integrado nas secções o sistema de<br />
identificação de cores ColorADD. Assim, cada<br />
secção conta com uma cor diferente, identificada<br />
com um símbolo que permite a pessoas<br />
daltónicas identificarem as cores que estão a<br />
ver.<br />
Desenvolvido com base nas três cores primárias,<br />
representadas através de símbolos gráficos,<br />
o código ColorADD assenta num processo<br />
Vermelho<br />
de associação lógica que permite ao daltónico,<br />
através do conceito da adição das cores, relacionar<br />
os símbolos e facilmente identificar toda<br />
a paleta de cores. O branco e o preto surgem<br />
para orientar as cores para as tonalidades claras<br />
e escuras.<br />
Boas leituras e bons negócios!<br />
Azul<br />
ANA RITA JUSTO | EDITORA<br />
Verde<br />
Roxo<br />
Amarelo<br />
Castanho<br />
Laranja<br />
Tons Claros<br />
Tons Escuros<br />
Branco<br />
Cinza<br />
Claro<br />
Preto<br />
Cinza<br />
Escuro<br />
3
o<br />
Breves<br />
GONDOMAR RECEBEU DDC SAMSYS<br />
O Multiusos de Gondomar recebeu em junho a 8.ª edição<br />
do evento DDC Samsys, que juntou mais de cinco mil<br />
empresários num dia inteiro de histórias inspiradores<br />
e palestras sobre liderança, empreendedorismo,<br />
PNL (programação neurolinguística) e comunicação.<br />
Dedicada ao tema “Vamos Superar Limites”, esta<br />
edição pretendeu desenvolver a capacidade de<br />
“superação”. De salientar que o evento conta, pelo<br />
terceiro ano consecutivo, com a parceria da Câmara<br />
Municipal de Gondomar.<br />
Mais de cinco mil empresários marcaram presença no evento<br />
INVESTIGADORES PORTUGUESES PREMIADOS NO PORTUGAL AIR SUMMIT<br />
O “WattAirWay”, sistema tecnológico para aplicação<br />
em pavimentos de aeroportos e aeródromos que está<br />
a ser desenvolvido por investigadores da Faculdade<br />
de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra,<br />
conquistou o segundo lugar no concurso Portugal Air<br />
Summit <strong>2019</strong>. O projeto centra-se em dois grandes<br />
objetivos: a geração de informação útil para a<br />
administração aeroportuária e a geração de energia<br />
elétrica. Tem como investigador principal Diogo<br />
Correia.<br />
EUROTUX ABRIU NOVA DELEGAÇÃO NO PORTO<br />
Diogo Correia é o investigador principal do projeto<br />
A Eurotux, empresa de informática com sede em Braga,<br />
abriu uma nova delegação no Porto, prosseguindo<br />
a caminhada de expansão estratégica e sustentada.<br />
Localizado junto à Trindade, numa zona nobre da<br />
cidade, o novo escritório visa promover a aproximação<br />
aos clientes daquela cidade, bem como alargar a base<br />
de parceiros numa área geográfica com alto potencial<br />
de negócio.<br />
Empresa quer aproximar-se de clientes na Invicta<br />
ENTRETENIMENTO<br />
É UMA NECESSIDADE VITAL<br />
O estudo “Futuro do Entertenimento”, levado a cabo<br />
pelo Havas Group a mais de 17 mil pessoas em 37<br />
países, revela que as pessoas já não vivem sem<br />
entretenimento. Segundo o mesmo, 83% das pessoas<br />
refere que o entretenimento é uma necessidade vital,<br />
60% não consegue ficar sem conteúdos e 56% abdicaria<br />
de uma noite de sono para poder ver uma série.<br />
Estudo foi feito a mais de 17 mil pessoas<br />
4
CONTAMOS-LHE COMO FOI<br />
João Filipe Aguiar<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
No passado mês de abril, a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> apresentou<br />
a sua 12.ª edição, no Lispolis, com uma palestra da<br />
diretora-geral da Microsoft, Paula Panarra. Aqui ficam<br />
as fotos do evento.<br />
5
a<br />
plubirreportagem<br />
“NÃO VENDEMOS CASAS,<br />
VENDEMOS SONHOS E EXPERIÊNCIAS”<br />
Inês Antunes<br />
Luís e Nuno Lopes são os brokers do Grupo Duplo Prestígio e contam à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> como decorre a sua<br />
aventura pelo mundo imobiliário.<br />
Os brokers da Remax Duplo Prestígio lideram uma equipa de 100 profissionais em quatro lojas<br />
O Grupo Remax Duplo Prestígio dedica-se à mediação<br />
imobiliária e atualmente possui instalações administrativas<br />
e academia de formação na Quinta do Almirante<br />
e mais quatro lojas em Sacavém, Loures (Infantado),<br />
Odivelas e Malveira, além deste vasto conjunto de infraestruturas<br />
possui o mais importante que é um conjunto<br />
de mais de 100 profissionais, que, diariamente,<br />
se preocupam em ajudar a realizar os sonhos das famílias<br />
que os procuram.<br />
Mas nem sempre foi assim, esta atividade surgiu “por<br />
acaso” no final de 2003:<br />
“Na verdade, nós [Luís e Nuno] não éramos do ramo, geríamos<br />
um empresa de máquinas de diversão, do nosso<br />
pai que se encontrava no Brasil a gerir uma outra empresa.<br />
Fomos desafiados pelos proprietários da Duplo<br />
Prestígio, em Torres Vedras, que procuravam alguém<br />
que os ajudasse a crescer e a dinamizar o negócio que<br />
se encontrava no início. Foi desta forma que, passados<br />
6 meses, acabámos por ficar só nós a gerir a empresa”,<br />
explica Luís Lopes.<br />
6<br />
Em meados de 2004, decidiram abrir a loja em Loures<br />
(Infantado). Com o contínuo crescimento, apostaram<br />
em 2006, na abertura de mais uma loja, desta feita na<br />
Malveira e em 2007, por razões estratégicas, fecharam<br />
a loja de Torres Vedras.<br />
Em 2008, com a crise do subprime, o mercado desvalorizou<br />
e muitos proprietários viram-se obrigados a entregar<br />
os seus imóveis à banca, o que fez com que os<br />
imóveis disponíveis no mercado estivessem com valor<br />
desadequado, pois os bancos optaram, pelo volume de<br />
imóveis que tinham em carteira, a baixar os valores dos<br />
mesmos. Estes comportamentos criaram um mercado<br />
paralelo e atrativo de “casas da banca” com condições<br />
favoráveis no acesso ao crédito habitação, cada vez<br />
mais difícil para o comum dos cidadãos.<br />
“Não gostamos da expressão crise associada ao mercado<br />
imobiliário, preferimos desafio profissional", comenta<br />
Luís.<br />
“O empreendedorismo é uma característica que nos
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
distingue e que herdámos do nosso pai, pelo que fomos<br />
de imediato à procura de trabalhar este nicho de<br />
mercado que, com o tempo, evoluiu para quase o único<br />
mercado e, com esse fenómeno, os bancos começaram<br />
a entregar os imóveis às grandes redes imobiliárias.<br />
Apesar da nossa boa reputação e trabalho demonstrado<br />
junto da banca, rapidamente nos apercebemos que<br />
tínhamos de nos associar a uma grande marca para<br />
continuarmos a crescer e foi na Remax, em 2014, que<br />
sentimos encontrar o parceiro certo.”<br />
Assim foi, tanto que rapidamente foi necessário crescer<br />
em número de lojas, pois em consultores já acontecia.<br />
Aí surgiu a oportunidade de adquirirem a Remax<br />
Império em Sacavém, em 2015. Em 2018, compraram a<br />
loja de Odivelas e têm, à data, 100 consultores.<br />
“É com orgulho que dizemos que todos estes investimentos<br />
foram feitos com capitais próprios”, afirma<br />
Luís.<br />
“Não gostamos da expressão crise<br />
associada ao mercado imobiliário,<br />
preferimos desafio profissional"<br />
Mas o que distingue o grupo Duplo Prestígio dos outros<br />
operadores é a cultura: “Todas as lojas têm a sua<br />
própria cultura, pois esta depende dos coordenadores<br />
de loja e de todos os consultores. Tentamos ser genuínos”.<br />
Apesar de esta ser uma empresa familiar, a gestão<br />
sempre foi feita como se de uma multinacional se tratasse,<br />
aprendendo a delegar, recrutar e criar mais estrutura<br />
para que o negócio continuasse sem a presença<br />
dos brokers. Com esta cultura dentro de casa, investem<br />
muito na formação técnica e prática e estimulam<br />
a relação com os clientes que os procuram para vários<br />
efeitos.<br />
"A grande diferença entre nós e os outros é a relação<br />
de confiança pela proximidade e excelência. Os nossos<br />
consultores são únicos, pois têm personalidade e<br />
acompanham as pessoas ao longo de todo o processo",<br />
afirma Luis.<br />
“É com grande orgulho que dizemos<br />
que todos estes investimentos foram<br />
feitos com capitais próprios"<br />
Nuno Lopes | Broker da Remax Duplo Prestígio<br />
Noventa por cento são de habitação e o restante divide-se<br />
entre comércio, serviços e mercado rústico.<br />
"Uma parte significativa do nosso negócio continua a<br />
ser de imóveis da banca para o cliente particular, mas<br />
Nuno e Luís são irmãos e trabalham juntos desde 2003<br />
cada vez mais para o setor empresarial, área onde<br />
estamos a crescer ano após ano. As grandes empresas<br />
trabalham muito diretamente com a banca, sendo<br />
acompanhadas por estas instituições, mas nós também<br />
vendemos lojas, armazéns e terrenos para construção,<br />
pois somos um apoio para pequenas empresas que não<br />
têm esse canal aberto junto da banca, confiando em<br />
nós esse papel", explica.<br />
Atualmente, a rede dispõe de dois consultores especializados<br />
neste segmento para poder dar apoio às<br />
empresas na procura de escritórios na periferia de Lisboa,<br />
lojas e outros espaços comerciais. A Duplo Prestígio<br />
está ainda organizada para assegurar uma maior<br />
rapidez na procura e venda de imóveis, tendo criado<br />
um departamento de qualidade que avalia o índice de<br />
satisfação dos clientes, faz a gestão de reclamações,<br />
controla os procedimentos e faz visitas de cliente mistério.<br />
A qualidade e satisfação dos clientes é apanágio e prova<br />
disso é que, em cinco anos na rede Remax, há dois<br />
anos consecutivos que são premiados com o prémio 5<br />
Estrelas para a qualidade de serviço, há três anos consecutivos<br />
que são premiados como Broker do Ano, entres<br />
outros prémios de reconhecimento. Na base destes<br />
resultados estão os consultores que todos os anos<br />
são reconhecidos pelo seu desempenho excecional<br />
tendo 28 deles sido premiados no ano de 2018.<br />
Há dois anos consecutivos<br />
que o grupo Duplo Prestígio<br />
é premiado pela qualidade<br />
dos seus serviços<br />
Questionados sobre qual o futuro do grupo, respondem<br />
querer "continuar a investir e diversificar".<br />
"Prova disso é que acabámos de investir numa franquia<br />
com a Maxfinance e assim asseguramos todo o apoio<br />
na gestão de crédito."<br />
“Voltar às origens faz parte dos nossos planos”, sorriem.<br />
RE/MAX - Duplo Prestígio<br />
Med Imob. Lda AMI 5864 | www.remax.pt/duploprestigio |<br />
https://www.facebook.com/REMAX.DuploPrestigio/<br />
7
e<br />
CASOS DE SUCESSO<br />
A REDE SOCIAL DA INOVAÇÃO É PORTUGUESA<br />
Ana Rita Justo<br />
Inocrowd<br />
E saiu também da cabeça de uma mulher. Soraya<br />
Gadit é o motor por detrás da Inocrowd, empresa<br />
que criou para tentar concretizar o sonho de infância<br />
de descobrir as curas para doenças como a malária<br />
e a tuberculose. Hoje, é uma plataforma online com<br />
mais de 1,6 milhões de pessoas empenhadas em<br />
resolver os grandes problemas das empresas. E já<br />
foram vários e grandes os desafios superados.<br />
Soraya Gadit tinha um sonho. Podemos dizer que todas<br />
as estórias de sucesso começam assim e será até um<br />
cliché. Esta começa mesmo assim. Formada em Ciências<br />
Farmacêuticas, desde criança que pensava em,<br />
um dia, encontrar a cura para doenças como a malária,<br />
a tuberculose ou o cancro da mama. Este sonho concretizou-se<br />
com a criação da Inocrowd, uma plataforma<br />
online portuguesa open source, na qual as empresas<br />
podem colocar desafios que não estão a conseguir<br />
resolver internamente para que investigadores de todo<br />
o mundo as possam ajudar.<br />
Trabalhou vários anos na indústria farmacêutica, mas<br />
faltava algo. Decidiu então ingressar num MBA na<br />
AESE, em 2008, no qual, na cadeira de Novas Aventuras<br />
Empresariais, tinha de apresentar um plano de<br />
negócio que, recorda, “tinha de dar dinheiro, ter um<br />
modelo de negócio fidedigno e tinha de, pelo menos,<br />
empregar duas pessoas”. Juntou-se a João Moita e a<br />
Mário Lavado e fizeram o plano.<br />
“Na altura pensei: se toda a gente se liga entre amigos<br />
e familiares no Facebook e entre profissionais no<br />
Linkedin, vou criar uma rede que possa ligar investigadores,<br />
por um lado, e organizações que necessitem de<br />
soluções inovadoras por outro”, recorda.<br />
O plano mereceu um terceiro lugar na respetiva cadeira<br />
e recebeu investimento da própria AESE, através da<br />
sua sociedade de capital de risco, Naves, e da Portugal<br />
Ventures. Em 2011, nasce, assim, a Inocrowd.<br />
A ideia, como indica a fundadora e CEO, era ter uma<br />
rede social para a inovação. Para isso, foram contactadas<br />
todas as universidades portuguesas de forma a<br />
trazer os chamados solvers para a plataforma. Estes<br />
solvers são, segundo a responsável, “59% das áreas<br />
das engenharias informática e de telecomunicações,<br />
mas também muitos matemáticos, muitas pessoas da<br />
área da estatística, da química e da física”.<br />
8<br />
Soraya Gadit fundou Inocrowd em 2011<br />
“Andamos todos à procura do mesmo: algoritmos, melhorar<br />
processos, otimização e isto é transversal a todas<br />
as indústrias. É onde a plataforma é mais útil”, sublinha.<br />
CONHECIMENTO INOVADOR<br />
Como funciona, então, a plataforma da Inocrowd? Os<br />
solvers, como já foi referido, são as pessoas presentes<br />
na plataforma aptas a resolver os problemas das<br />
empresas. Estas últimas chamam-se seekers. O seeker<br />
lança o seu desafio na plataforma, que é avaliado pela<br />
Inocrowd e depois tornado público para os solvers. O<br />
desafio fica online na plataforma durante 60 dias e, no<br />
final, são apresentadas as soluções à empresa que as<br />
requereu.<br />
Recentemente, a Inocrowd apresentou uma nova plataforma,<br />
melhorada e disponível em cinco línguas (português,<br />
francês, inglês, alemão e mandarim), através da<br />
qual, no final do processo, há um evaluator, dotado de<br />
inteligência artificial e machine learning, que vai analisar<br />
todas as propostas e dizer quais cumprem os critérios<br />
pretendidos.<br />
“Este evaluator é um instrumento que damos aos seekers<br />
e que os vai ajudar, dizendo: ‘O solver número 1, 2, 3, 4,<br />
e 5 cumpriram 100% com os requisitos’”, explica Soraya<br />
Gadit.<br />
Mas, como em qualquer negócio, tudo tem um preço.<br />
Caso uma empresa queira colocar um desafio na plataforma<br />
da Inocrowd terá de pagar cinco mil euros, valor<br />
que funciona como uma espécie de caução, pois se não<br />
houver soluções o valor é devolvido – algo que até hoje<br />
ainda não aconteceu. Passado o período do desafio, e<br />
caso a empresa queira ver todas as soluções encontradas,<br />
terá de pagar 10 mil euros à Inocrowd. No caso de
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
OS DESAFIOS<br />
Conheça alguns dos problemas que já foram colocados na plataforma<br />
da Inocrowd e as soluções encontradas.<br />
Desafio: Encontrar uma solução para<br />
a perda de sinal de GPS das aeronaves<br />
que aterravam no Aeroporto Sá<br />
Carneiro, no Porto.<br />
Solução: A solução foi encontrada<br />
pelo Instituto de Telecomunicações,<br />
por uma equipa liderada pelos professores<br />
António Rodrigues, Francisco<br />
Cercas, José Sanguino e Pedro<br />
Sebastião, que consistia em rodar<br />
uma antena do Porto de Leixões para<br />
deixar de interferir com o sinal de<br />
GPS das aeronaves.<br />
Prémio: 5.000 euros.<br />
Desafio: Arranjar uma solução em<br />
que não fosse preciso destruir seis<br />
veículos por ano na Autoeuropa, para<br />
avaliar a qualidade das soldaduras<br />
dos carros fabricados, bem como<br />
otimizar o tempo de análise da qualidade<br />
das soldaduras.<br />
Solução: A solução foi fornecida<br />
pela equipa dos professores Telmo<br />
Santos e Rosa Miranda, da Faculdade<br />
de Ciência e Tecnologia da Universidade<br />
Nova de Lisboa, que trouxeram<br />
tecnologia usada nas asas de aviões<br />
e a adaptaram ao fabrico automóvel,<br />
através de correntes induzidas.<br />
Prémio: 5.000 euros.<br />
Desafio: Encontrar uma solução para<br />
minorar a fraude na utilização do<br />
Metro do Porto, que conta com um<br />
sistema aberto, respeitando o Regulamento<br />
Geral de Proteção de Dados.<br />
Solução: Duas soluções venceram o<br />
desafio e serão agora implementadas.<br />
Uma solução da francesa Thales<br />
e outra da japonesa Hitachi, ambas<br />
tendo por base sensores, com tecnologia<br />
lidar, de forma a perceber,<br />
através do movimento, quem tem e<br />
não tem título válido.<br />
Prémio: 7.500€ cada.<br />
escolher uma ou várias das soluções apresentadas, os<br />
solvers recebem um prémio, entre cinco mil a 15 mil euros<br />
e a Inocrowd recebe 10% de royalties de cada uma<br />
das soluções.<br />
“Se tiver patente, o solver terá de assinar um documento<br />
assim que se inscreve na plataforma para, se for<br />
ganhador, garantir a venda da patente ao seeker. Se<br />
não quiser vender a patente, tem de informar que está<br />
disposto a licenciar a patente por 5, 10 ou 20 anos por<br />
um valor. Se não tiver patente, tem de colocar um valor<br />
de venda ou transferência de conhecimento”, adianta<br />
Soraya Gadit, lamentando que em Portugal haja poucas<br />
patentes registadas.<br />
RESOLVER COM “ZERO EUROS”<br />
“Portugal acaba por não dar prioridade à inovação, dá<br />
prioridade a outras coisas.”<br />
Ao todo, a Inocrowd conta, atualmente, com 1,6<br />
milhões de solvers, fruto também da parceria com a<br />
HeroX, plataforma congénere líder nos Estados Unidos<br />
que já resolveu desafios da NASA, entre outras grandes<br />
empresas. A parceria prevê a partilha de desafios, bem<br />
como de solvers entre plataformas, que até então eram<br />
600 mil para a empresa portuguesa.<br />
Todos os anos, a Inocrowd resolve entre 20 a 30 desafios.<br />
Trocando por miúdos, o que pode e é comummente<br />
resolvido através desta plataforma? Soraya Gadit<br />
refere que a maior parte dos desafios colocados estão<br />
relacionados com a “transformação digital, less paper,<br />
melhoria de processos”.<br />
“Se vou a uma fábrica, como é que se consegue fazer<br />
visualização artificial de defeitos, ou falhas em peças…<br />
Se vou a uma empresa de logística, como é que consigo<br />
fazer integração de sistemas de georreferenciação, algoritmos<br />
de entregas de forma a conseguir fazer a entrega<br />
mais rápida. Os desafios vêm de todas as áreas,<br />
mas têm um objetivo comum, que é a transformação<br />
digital e a indústria 4.0”, aponta.<br />
Várias são as grandes empresas que já recorreram à<br />
Inocrowd para resolverem problemas de fundo [ver<br />
caixa], uma delas foi a ANA Aeroportos, para perceber<br />
porque é que algumas aeronaves, quando aterravam<br />
no Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, perdiam sinal de<br />
GPS. Às vezes há soluções que podem significar milhares<br />
ou milhões de euros. Esta, explica a CEO, “custava<br />
zero euros”, e consistia apenas em rodar uma antena<br />
do Porto de Leixões em 15 graus para deixar de interferir<br />
com o GPS do aeroporto.<br />
EXPANDIR E VOLTAR À BASE<br />
A nova plataforma vem potenciar um novo objetivo<br />
para a empresa: apostar na internacionalização e fazer<br />
com que, nos próximos três anos, 70% do negócio<br />
da Inocrowd venha de fora de Portugal. Para isso,<br />
a responsável adianta estar também à procura de<br />
parceiros que queiram ser franchisados da empresa<br />
fora de Portugal.<br />
O futuro passa, ainda, pelo regresso às origens e àquilo<br />
que levou à criação da empresa na sua génese: a criação<br />
de um departamento que desenvolva apenas investigação<br />
na área da saúde para descobrir as curas da<br />
malária, tuberculose e cancro da mama.<br />
“Todo o meu negócio é virado para a tecnologia, é verdade,<br />
mas as pessoas é que fazem a diferença.”<br />
9
p<br />
fiscalidade<br />
“STARTUPS E <strong>PME</strong> QUE TÊM CUMPRIDO A LEI NÃO<br />
PRECISAM DE SE PREOCUPAR” - NUNO<br />
Ana Rita Justo<br />
Ábaco Consulting<br />
Figueiredo<br />
A nova Lei 87/2018 de 31 de outubro representa uma<br />
profunda reforma no envio da informação contabilística<br />
para a Autoridade Tributária (AT) no que respeita<br />
ao preenchimento da Informação Empresarial<br />
Simplificada (IES). Esta nova lei automatiza processos<br />
e permite à AT ter acesso a toda a informação<br />
sobre a empresa. Nuno Figueiredo, board member da<br />
Ábaco Consulting, diz-nos o que muda para as empresas.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Como é que a reforma do envio de<br />
informação contabilística à AT está a impactar as<br />
empresas em Portugal?<br />
Nuno Figueiredo – O Decreto-Lei 87/2018 de 31 de<br />
Outubro veio obrigar a que a Informação Anual Simplificada<br />
(IES) passe a ser pré-preenchida através do<br />
ficheiro SAF-T de contabilidade extraído automaticamente<br />
pelo ERP da Empresa, que até hoje era apenas<br />
solicitado em sede de inspeção. Tal vem transformar<br />
profundamente o formato de reporte da informação<br />
contabilista das empresas, não só pela automatização<br />
do reporte a partir do sistema, mas também pelo<br />
detalhe rico de informações que constam no SAF-T<br />
de contabilidade e que passa a ser reportado obrigatoriamente<br />
para a AT. Trata-se de um processo mais<br />
trabalhoso inicialmente, mas que traz eficiências e<br />
utilizações muito interessantes às empresas no médio<br />
e longo prazo. O SAF-T não deverá ser encarado<br />
pelas empresas somente como um mero processo de<br />
report, mas também como uma alavanca potenciadora<br />
da automatização de processos internos, da adoção de<br />
analytics e do incremento do nível de controlo interno.<br />
10<br />
<strong>PME</strong> Mag. – As startups e <strong>PME</strong> têm mais dificuldades<br />
nesta matéria? Estão preparadas?<br />
N. F. – Penso que terão menos dificuldades. O ficheiro<br />
SAF-T de contabilidade é já obrigatório ser gerado<br />
pelo ERP das empresas desde 2008, podendo ser solicitado<br />
pela AT a qualquer momento em sede de inspeção.<br />
A única alteração é que o ficheiro passa a ser<br />
reportado anualmente para a AT. As startups e <strong>PME</strong> que<br />
têm cumprido a lei nesse sentido não precisam de se<br />
preocupar. Por outro lado, este tipo de empresas possui<br />
uma dimensão mais reduzida e uma complexidade<br />
de negócio mais simples, pelo que os problemas que<br />
eventualmente tenham no seu SAF-T de contabilidade<br />
não deverão ser difíceis de corrigir. Na maior parte<br />
destes casos, a contabilidade é efetuada por um contabilista<br />
certificado externo, pelo que este tem um papel<br />
fundamental no sentido de garantir o compliance do<br />
SAF-T de contabilidade da empresa.<br />
“Trata-se de um processo mais<br />
trabalhoso inicialmente, mas que<br />
traz eficiências e utilizações muito<br />
interessantes às empresas no médio<br />
e longo prazo"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – No fundo, o objetivo foi simplificar o<br />
processo. Considera que está a ser alcançado?<br />
N. F. – É um processo. Tal como foi a implementação<br />
do e-fatura em 20<strong>13</strong> relativamente aos elementos de<br />
faturação, a implementação do reporte dos elementos<br />
contabilísticos através do SAF-T de contabilidade<br />
trata-se de um processo mais trabalhoso inicialmente,<br />
mas que traz simplificação a todos os níveis. Aos poucos,<br />
diversas declarações periódicas serão eliminadas<br />
ou pré-preenchidas através da informação contida nos<br />
SAF-T, tal como está a acontecer com a IES onde serão<br />
eliminados 2.700 campos que até hoje eram de preenchimento<br />
manual e moroso. Tudo será via SAF-T futuramente.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A nova lei coloca em causa o RGPD?<br />
N. F. – Considero que não. Novamente, o SAF-T de<br />
contabilidade é já obrigatório ser gerado pelas empresas<br />
desde 2008, além de que a identificação dos clientes<br />
é já uma das estruturas obrigatórias do e-fatura. A<br />
nova lei vem apenas requerer o reporte regular de informações<br />
que já eram obrigatórias estarem disponíveis<br />
para a AT.
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
à estrutura do ficheiro, ao seu conteúdo, integridade de<br />
dados, etecetera, aplicando uma diversidade de regras<br />
de auditoria e validação para identificação de red flags.<br />
A plataforma também disponibiliza a indicação do grau<br />
de criticidade de cada problema que é detetado em<br />
quatro níveis, fundamental para a empresa priorizar<br />
as suas atividades no âmbito do processo corretivo<br />
dos SAF-T. Desta forma, a empresa poderá antecipar<br />
e corrigir eventuais problemas ou incongruências em<br />
toda a informação que é reportada para a AT através dos<br />
seus SAF-T e não só. É uma verdadeira plataforma de<br />
gestão e correção de erros, que garante o compliance<br />
fiscal dos seus SAF-T a 100%.<br />
“A profissão da contabilidade tem<br />
sofrido muitas alterações ao longo<br />
do tempo, devido aos processos<br />
de digitalização"<br />
Nuno Figueiredo, board member da Ábaco Consulting<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Há já uma petição da Associação Nacional<br />
de Contabilistas no sentido de impedir esse<br />
acesso. O que está, aqui, realmente em causa?<br />
N. F. – Diria que é uma reação normal. A profissão da<br />
contabilidade tem sofrido muitas alterações ao longo<br />
do tempo, nomeadamente devido aos processos de<br />
digitalização o que significa um elevado esforço de<br />
adaptação por parte destes profissionais face a estes<br />
desafios e às oportunidades que surgem. Neste contexto,<br />
importa relembrar um estudo desenvolvido por<br />
uma consultora multinacional que indica que 80% das<br />
posições hoje existentes nas denominadas big four poderão<br />
serão extintas ou modificadas na próxima década.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Para uma empresa que está agora a começar,<br />
que passos deve tomar para entregar toda a<br />
informação contabilística em conformidade?<br />
N. F. – Deverá efetuar um diagnóstico completo a todos<br />
os seus ficheiros de SAF-T. Só assim terá a visão completa<br />
dos problemas que precisam ser corrigidos para<br />
que a informação seja corretamente reportada para a<br />
AT. O SAF-T de contabilidade em particular, apesar de<br />
obrigatório desde 2008, está “adormecido” na maioria<br />
das empresas, pelo que quase sempre possui um elevado<br />
número de anomalias e incongruências. É muito<br />
importante que as empresas saibam os problemas que<br />
têm para os corrigir o quanto antes. A “nova lei” entrou<br />
em vigor com a referência a registos iniciados a 1 de janeiro<br />
de <strong>2019</strong>. A nossa equipa é especialista nesta interpretação<br />
e correção dos problemas dos SAF-T.<br />
“A nova lei vem apenas requerer o<br />
reporte regular de informações que<br />
já eram obrigatórias estarem disponíveis<br />
para a AT"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que se assegura a integridade<br />
dos dados aquando do envio à AT?<br />
N. F. – Através de ferramentas de diagnóstico aos<br />
SAF-T. Nós próprios antecipámo-nos e estabelecemos,<br />
recentemente, uma parceria com o fabricante do<br />
software de auditoria digital que hoje é utilizado<br />
por equipas de inspeção em diversas Autoridades<br />
Tributárias e que agora está a ser utilizada de forma mais<br />
massificada pelas empresas como uma solução de tax<br />
compliance. Na prática, a plataforma permite analisar<br />
qualquer tipo de SAF-T de uma forma eficiente e<br />
profunda, identificando rapidamente anomalias quanto<br />
Nuno Figueiredo defende auditoria a ficheiros SAF-T<br />
11
p<br />
fiscalidade<br />
BENEFÍCIOS AO INVESTIMENTO:<br />
OS AÇORES COMO 'NEARSHORE'<br />
Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, RL<br />
LS Advogados, RL RE/MAX - Duplo Prestígio<br />
Falar de Açores e de nearshore é como juntar a um bolo<br />
perfeito uma cereja: um paraíso natural, que está decididamente<br />
na moda, para muitos a Nova Zelândia da<br />
Europa, em que o desenvolvimento sustentável passa<br />
não só pelo respeito pela natureza, pelas raízes e pela<br />
terra, mas também pelo impulsionar da economia regional,<br />
e local, sendo que o arquipélago é um dos pontos<br />
mais centrais para unir os continentes europeu e<br />
americano.<br />
Portugal teve, recentemente, várias distinções no turismo,<br />
em que os Açores se destacaram de forma ímpar,<br />
mas também foi o país que acolheu a Eurovisão<br />
da Canção, e que os fundadores do Web Summit escolheram<br />
para ser “a sua casa”, todos estes marcos<br />
importantes colocaram Portugal na agenda mediática<br />
global e, ao mesmo tempo, têm vindo a incentivar as<br />
organizações a deslocarem as suas operações para cá,<br />
fazendo com que Portugal seja assim um dos locais de<br />
excelência para se investir.<br />
E é precisamente para falar de investimento que nos<br />
propusemos abordar o tema dos benefícios nos Açores.<br />
Aberto em 31 de maio de <strong>2019</strong>, com candidaturas até<br />
31 de dezembro de 2020, está o concurso de fomento a<br />
iniciativas de I&D de contexto empresarial – reconhecendo<br />
que o fomento dos níveis de inovação requer um<br />
reforço da interligação e das sinergias entre as empresas<br />
regionais, os centros de I&D e o ensino superior,<br />
com o intuito de alargar as capacidades instaladas em<br />
investigação e inovação (I&I), mais fortemente orientadas<br />
para a promoção do investimento das empresas<br />
em inovação, em especial no desenvolvimento de novos<br />
processos, produtos e serviços.<br />
Com os apoios a prestar neste domínio pretende-se<br />
dinamizar a investigação em consórcio promovida e<br />
desenvolvida por empresas e instituições científicas e<br />
lançar as bases para a generalização e intensificação<br />
das relações de índole científica e técnica entre as diferentes<br />
instituições de ID&I.<br />
Recorde-se que o Governo Regional através do projeto<br />
“Terceira Tech Island” ambiciona transformar a ilha<br />
Terceira num centro de empresas tecnológicas. Para<br />
tal, foram criadas condições para atrair empresas de<br />
TI para a Ilha Terceira, através da disponibilização de<br />
12<br />
Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, RL<br />
infraestruturas, apoiando a formação e recrutamento<br />
de recursos humanos qualificados e oferecendo incentivos<br />
financeiros ao investimento – este é um desses<br />
exemplos.<br />
As empresas da área das TI encontram aqui a possibilidade<br />
de desenvolverem a sua atividade com reduzidos<br />
custos operacionais, pois beneficiam de instalações<br />
para escritórios gratuitas, bem como outras infraestruturas<br />
relacionadas com as atividades empresariais,<br />
habitações gratuitas para programadores seniores, e<br />
formação Intensiva em java/java script totalmente subsidiada.<br />
Uma pérola no oceano, que é, de facto, uma cereja num<br />
bolo perfeito, sendo que o apoio ao desenvolvimento<br />
sustentável encontra neste tipo de incentivos um forte<br />
apadrinhamento.<br />
Há ainda que reconhecer que a região autónoma dos<br />
Açores tem um “regime próprio” a nível laboral, com<br />
diferenças no que se refere a valores de retribuições<br />
mínimas (630 euros) e ainda portarias de extensão que<br />
regulam a atividade de alguns setores da economia de<br />
forma diferente do que ocorre em Portugal continental,<br />
bem como cargas fiscais mais suaves (menos 5 pontos<br />
percentuais por referência à taxa máxima de IVA, e<br />
em média menos 4,2 por cento em referência ao IRC,<br />
por exemplo). Por isso, um investimento estruturado e<br />
sustentado requer um planeamento jurídico das operações.<br />
Os Açores como nearshore, acredito que ainda iremos<br />
muito falar nisto…
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
<strong>13</strong> PT-BIO-03<br />
Agricultura Portugal
AMBIENTE<br />
ZIPPY ADOTA POLÍTICA SUSTENTÁVEL<br />
Denisse Sousa<br />
Zippy<br />
Este ano, a marca portuguesa Zippy deu um passo na longa caminhada<br />
da sustentabilidade ambiental. Falámos com Joana Ribeiro da Silva,<br />
administradora da Zippy, sobre estas medidas mais verdes.<br />
Novos sacos de papel da Zippy<br />
A Zippy tem vindo a adotar iniciativas que promovem a<br />
melhoria da pegada ecológica e uma maior consciencialização<br />
dos consumidores. Sendo uma marca com fortes<br />
preocupações ambientais e de sustentabilidade no<br />
desenvolvimento do negócio, acredita que as empresas<br />
devem dar o exemplo e contribuir para a adoção de<br />
comportamentos mais responsáveis.<br />
A mais importante consiste em substituir os sacos e envelopes<br />
de plástico atualmente utilizados para colocar<br />
o vestuário. Cerca de 1,7 milhões de unidades por ano<br />
de plástico que serão substituídas até 2021, de forma<br />
faseada e gradual, por sacos e envelopes de papel reciclado.<br />
Nos produtos em que a eliminação total do plástico não<br />
é viável, a empresa irá adotar soluções que misturam<br />
plástico reciclado na sua composição, uma alternativa<br />
mais amiga do ambiente.<br />
“Além desta iniciativa, que começou a ser implementada<br />
no final de 2018, a Zippy já disponibiliza sacos de pano<br />
reutilizáveis, que os clientes podem usar nas suas visitas<br />
às nossas lojas, há alguns anos”, acrescenta Joana<br />
Ribeiro da Silva, administradora da Zippy.<br />
A Zippy irá, também, gradualmente abolir os balões de<br />
plástico que oferece aos clientes que visitam as suas lojas.<br />
Noutra vertente, a marca continuará a trabalhar na melhoria<br />
da eficiência energética, trabalhando no projeto<br />
interno “Plano de Poupança Energética”.<br />
“Estamos a falar de um projeto lançado em 2017 e que<br />
consistiu na monitorização em tempo real do consumo<br />
das lojas e na renovação da iluminação de lojas para<br />
tecnologia LED. Com esta iniciativa, a Zippy já conseguiu<br />
reduzir em <strong>13</strong>% o consumo energético em base<br />
comparável”, ressalva a administradora.<br />
UMA ZIPPY MAIS CONSCIENTE<br />
“Além de medidas direcionadas para a consciencialização<br />
dos consumidores, atuamos igualmente junto dos<br />
nossos parceiros e fornecedores de forma a promover<br />
a adoção de comportamentos cada vez mais sustentáveis,<br />
como por exemplo procurando reduzir ao máximo<br />
14<br />
a utilização do plástico no embalamento e no envio das<br />
mercadorias”, destaca.<br />
Segundo Joana Ribeiro, a Zippy procura, primeiramente,<br />
envolver e consciencializar todas as entidades externas<br />
que detêm relações com a empresa, nomeadamente<br />
os fornecedores, nas mais diversas áreas geográficas.<br />
Internamente, a Zippy promove, sempre que possível,<br />
iniciativas enquadradas na consciencialização ambiental.<br />
“Dentro do universo Sonae, onde se inclui a Zippy, temos<br />
vindo a perceber que, cada vez mais, os nossos<br />
colaboradores se preocupam com estas questões e<br />
promovem muito proativamente algumas iniciativas internas”,<br />
revela.<br />
1,7<br />
ATÉ 2021, CERCA DE 1,7 MILHÕES DE<br />
UNIDADES DE SACOS E ENVELOPES<br />
DE PLÁSTICO SERÃO SUBSTITUÍDAS<br />
POR OUTRAS DE PAPEL RECICLADO.<br />
Para a Zippy, a retirada gradual do plástico é o caminho<br />
certo. A administradora acredita que a marca irá continuar<br />
empenhada na melhoria da pegada ecológica,<br />
através de medidas de eficiência e comunicando os impactos<br />
de uma forma clara e transparente.<br />
“Esta cultura, que pretende contribuir para uma melhoria<br />
contínua da pegada ecológica, trará também consigo<br />
importantes poupanças que podem ser canalizadas<br />
para o desenvolvimento do negócio, beneficiando colaboradores<br />
e clientes, mas também toda a comunidade”,<br />
conclui Joana Ribeiro.<br />
Joana Ribeiro da Silva, administradora da Zippy
AMBIENTE<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
A NOVA ERA DOS FESTIVAIS DE MÚSICA<br />
Ricardo Bramão, presidente da APORFEST<br />
Associação Portuguesa Festivais Música<br />
Inês Antunes<br />
Nos últimos anos, a tendência dos festivais de música<br />
e dos seus promotores foi a de criar novas formas<br />
de motivar o seu público e conseguir diferenciar-se da<br />
concorrência. Existiram, no último ano, segundo o estudo<br />
da APORFEST - Associação Portuguesa Festivais<br />
Música, 311 festivais de música a ocorrer em Portugal<br />
de janeiro a dezembro (estes são, cada vez mais, um<br />
produto turístico e de fidelização de novas gerações<br />
de público e, por isso, todos querem estar envolvidos,<br />
nomeadamente os municípios) e, por isso, dar apenas<br />
música não é sinónimo de sucesso, importando criar<br />
pontos de atração e diferenciação daquilo que os pares<br />
e concorrentes estão a realizar.<br />
A sustentabilidade é um desses pontos, a par da introdução<br />
de novas tecnologias, que está a alterar esta<br />
área e a incutir novos comportamentos no seu público<br />
e na sociedade. Hoje, os copos reutilizáveis/biodegradáveis<br />
são uma realidade (que permitem a redução de<br />
plástico), algo que começou a ser visto no nosso principal<br />
evento, o Talkfest - International Music Festivals<br />
Forum, em 2012, mas que hoje é algo estandardizado<br />
tanto do lado do promotor como das cervejeiras – vemos<br />
os mesmos em qualquer tipo de festival, independentemente<br />
da sua dimensão.<br />
“Dar apenas música não é sinónimo<br />
de sucesso, importando criar pontos<br />
de atração e diferenciação daquilo<br />
que os pares e concorrentes estão a<br />
realizar "<br />
Vemos o desaparecimento de palhinhas nos bares e<br />
zona de restauração e a introdução de material comestível<br />
ou biodegradável em substituição do material<br />
descartável. Assistimos, ainda, a comportamentos que<br />
envolvem mais trabalho e com intenção a longo prazo,<br />
como a produção de energia verde através de células<br />
fotovoltaicas (alimentadas a energia solar) ou disponibilização<br />
de água potável (de forma eficiente com sensor,<br />
de modo a mitigar perdas e desperdício), para o<br />
qual o Festival Med é um exemplo, tendo ganho inclusivé<br />
o prémio ibérico de contributo para a sustentabilidade<br />
nos últimos Iberian Festival Awards; assim como<br />
o Boom Festival, que é um exemplo deste tipo de comportamentos<br />
desde a sua primeira edição, em 1997.<br />
Para esta maior recorrência muito contribuiu a existência<br />
de apoios governamentais, nos últimos três anos,<br />
Ricardo Bramão, presidente da APORFEST<br />
através do Sê-lo Verde (com o objetivo de permitir<br />
a valorização e promoção da vertente ambiental dos<br />
eventos, junto do público nacional e internacional, incentivando<br />
a adoção de critérios ambientais que contribuam<br />
para uma redução de impactos e promovam o<br />
uso eficiente de recursos materiais e energéticos) e a<br />
democratização da aceitação da necessidade de novos<br />
comportamentos sustentáveis em que os festivais<br />
como eventos de massas e facilmente aglutinadores de<br />
novas tendências deverão ser e dar um exemplo.<br />
De futuro, os festivais tornar-se-ão menos dependentes<br />
de rede elétrica e, com isso, menos poluidores do<br />
ambiente também e serão claros educadores de bons<br />
comportamentos nesta área em virtude da necessidade<br />
de novas estratégias de combate ao desgaste do<br />
planeta Terra e das alterações climáticas.<br />
“De futuro, os festivais tornar-se-ão<br />
menos dependentes de rede elétrica<br />
e menos poluidores do ambiente"<br />
Embora estejamos num bom caminho e em Portugal<br />
os festivais sejam precursores desta indução de novos<br />
comportamentos, ainda estamos distantes daquilo<br />
que congéneres fazem na Europa do Norte e Centro e,<br />
por isso, há que replicar e aprender com o que é feito<br />
nesse contexto, pois o público também hoje já está<br />
muito mais exigente. A sustentabilidade de um festival<br />
não está apenas no cariz ambiental, ecológico, mas<br />
também na parte financeira e se estas se juntarem<br />
teremos qualidade no futuro garantida. Conto com o<br />
seu feedback!<br />
15
i<br />
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
INOVAÇÃO SOCIAL EM PORTUGUÊS<br />
Denisse Sousa<br />
Portugal Inovação Social<br />
A Portugal Inovação Social foi criada no âmbito do acordo de parceria com a Comissão Europeia designado<br />
Portugal 2020, que reservou 150 milhões de euros de fundos da União Europeia para promover projetos de<br />
inovação social em Portugal. Conversámos com Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social sobre<br />
como este projeto está a desenvolver-se em Portugal.<br />
Criado no âmbito do acordo de parceria com a Comissão<br />
Europeia, a Portugal Inovação Social procura projetos<br />
que visem responder a problemas sociais concretos,<br />
como o desemprego jovem ou o isolamento de idosos,<br />
de forma inovadora e complementar.<br />
Da mesma forma, procura a dinamização do mercado de<br />
investimento social em Portugal através da promoção<br />
de parcerias entre investidores públicos, privados e as<br />
organizações que desenvolvem projetos inovadores.<br />
“Criámos, inclusivamente, uma equipa de ativação, ela<br />
própria com características muito inovadoras no seio da<br />
Administração Pública, cuja função é estar no terreno,<br />
diariamente, a prestar esclarecimentos e a promover<br />
redes colaborativas entre empreendedores e organizações<br />
sociais que querem desenvolver projetos e potenciais<br />
investidores sociais que pretendam financiá-los”,<br />
explica Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação<br />
Social.<br />
Pela primeira vez, fundos da União Europeia são utilizados<br />
para promover a inovação e o empreendedorismo<br />
social.<br />
Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social<br />
Desde 2014, são mais de 120 empresas investidoras em<br />
projetos de inovação social, em vários setores e dimensões<br />
desde grandes grupos económicos, banca, indústria,<br />
comércio e até <strong>PME</strong> prestadoras de serviço.<br />
Neste momento, estão abertos quatro concursos aos<br />
quais as entidades da economia social ou <strong>PME</strong> podem<br />
candidatar-se: dois de Parcerias para o Impacto (um<br />
para a região do Algarve e outro para as regiões Norte,<br />
ALGUNS PROJETOS FINANCIADOS PELO PORTUGAL INOVAÇÃO SOCIAL<br />
PAVILHÃO MOZART<br />
O Pavilhão Mozart é um projeto de inovação social<br />
que promove a inclusão social dos reclusos<br />
através da participação no processo de criação<br />
de uma ópera em conjunto com os guardas prisionais,<br />
familiares e amigos, e da gestão de um<br />
novo espaço dentro da prisão.<br />
Investimento total: 175,674 €<br />
Investimento social (entidades<br />
públicas e/ou privadas): 52.702,20 €<br />
Financiamento público através da<br />
Portugal Inovação Social:<br />
122.971,80 €<br />
16<br />
Com o título "Pavilhão Mozart - Só Zerlina<br />
ou Così fan tutte?", este projeto consiste na<br />
segunda fase da iniciativa "Ópera na Prisão:<br />
D. Giovanni 1003-Leporello 2015", criada<br />
pela SAMP - Sociedade Artística Musical dos<br />
Pousos, no Estabelecimento Prisional de Leiria.<br />
O financiamento do Portugal Inovação Social<br />
tem como objetivo apoiar o desenvolvimento<br />
desta segunda fase do projeto.<br />
Investimento total: 175,674 €<br />
Investimento social (entidades<br />
públicas e/ou privadas): 52.702,20 €<br />
Financiamento público através da<br />
Portugal Inovação Social:<br />
122.971,80 €
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Centro e Alentejo), outro para Títulos de Impacto Social<br />
e outro para o FIS Capital.<br />
Aqui as empresas podem entrar como investidores sociais,<br />
investindo em projetos inovadores com impacto<br />
social em áreas como a educação, saúde, emprego ou<br />
inclusão social, ou podem ser das próprias a implementar<br />
projetos nessas áreas.<br />
“A Portugal Inovação Social contribui para uma mudança<br />
de paradigma na forma como as empresas organizam<br />
a sua filantropia, facilitando a evolução da lógica<br />
de donativo não estratégico e descontinuado para uma<br />
perspetiva de investimento social com envolvimento nos<br />
processos empreendedores que propõem respostas<br />
inovadoras para problemas sociais”, acrescenta o responsável.<br />
O PAPEL DAS EMPRESAS<br />
De momento, a associação detém 218 projetos aprovados,<br />
totalizando cerca de 30 milhões de euros de financiamento<br />
público, aos quais se acrescentam cerca de <strong>13</strong><br />
milhões de euros de investimento social mobilizado no<br />
mercado.<br />
“Temos projetos que pretendem resolver ou mitigar problemas<br />
sociais de forma diferenciada. Um projeto que<br />
se propõe dar ferramentas de reintegração a reclusos<br />
através da ópera, uma metodologia inovadora que ensina<br />
crianças com necessidades educativas especiais<br />
a ler e a escrever em simultâneo com crianças sem necessidades<br />
educativas especiais, uma aldeia que combate<br />
o isolamento e a solidão dos idosos, potenciando<br />
os seus saberes e ofícios e tornando-os guias turísticos,<br />
ou um projeto que permite reabilitar a dentição de pessoas<br />
com poucos recursos económicos, acompanhando<br />
em simultâneo o seu processo de integração social. São<br />
alguns dos exemplos de iniciativas de inovação e empreendedorismo<br />
social que estamos a apoiar de norte a<br />
sul do país”, revela.<br />
Atualmente, a Portugal Inovação Social gere quatro instrumentos<br />
de financiamento que acompanham o ciclo<br />
de vida dos projetos de inovação social.<br />
O primeiro, Capacitação para o Investimento Social, financia<br />
o reforço de competências de gestão das equipas<br />
que nas organizações sociais estão a implementar<br />
os projetos.<br />
O segundo, Parcerias para o Impacto, cofinancia o desenvolvimento<br />
dos projetos em conjunto com investidores<br />
sociais públicos ou privados. Neste caso, 70% das<br />
necessidades de financiamento dos projetos são asseguradas<br />
por verbas públicas, sendo os restantes 30%<br />
assegurados pelos investidores sociais.<br />
O terceiro instrumento, Títulos de Impacto Social reembolsa<br />
os investidores mediante o alcance de resultados<br />
sociais previamente contratualizados.<br />
“Por fim, o Fundo para a Inovação Social (FIS) é um instrumento<br />
financeiro para facilitar o acesso a crédito e o<br />
investimento em organizações e empresas com projetos<br />
mais consolidados e em fase de expansão, atuando<br />
através da concessão de garantias e bonificação de juros<br />
(FIS Crédito) e através do coinvestimento no capital<br />
de <strong>PME</strong> (FIS Capital). O FIS Capital permitirá que empresas<br />
que têm negócios de impacto possam expandi-<br />
-los significativamente”, termina o presidente.<br />
Qualquer entidade que tenha um projeto com características<br />
semelhantes poderá concorrer ao financiamento<br />
disponível. As empresas, no quadro do instrumento de<br />
financiamento Títulos de Impacto Social, detêm benefícios<br />
fiscais. O investimento em projetos através deste<br />
instrumento permite ao investidor social reconhecer<br />
como gasto <strong>13</strong>0% do valor total investido.<br />
ESCOLINHA DE RUGBY DA TROFA<br />
DA TROFA<br />
A Escolinha de Rugby da Trofa pretende promover<br />
o sucesso escolar e reduzir as taxas de<br />
retenção, prevenindo o abandono escolar precoce.<br />
O projeto promove a igualdade de oportunidades<br />
de género numa intervenção focada<br />
na prevenção, para todos, independentemente<br />
da sua cor, etnia ou classe social.<br />
A intervenção é realizada seis dias por semana,<br />
numa filosofia pedagógica assente em<br />
processos de repetição de comportamentos,<br />
normas e regras.<br />
Investimento total: 465.585,65 €<br />
Investimento social (entidades<br />
públicas e/ou privadas): <strong>13</strong>9.675,70 €<br />
Financiamento público através da<br />
Portugal Inovação Social:<br />
325.909,95€.<br />
À BARCA! À BARCA!<br />
O projeto À barca! À barca! pretende,<br />
através do teatro e suas<br />
respetivas práticas e metodologias,<br />
promover o sucesso escolar<br />
dos alunos do ensino básico e um<br />
maior domínio do português em<br />
escolas de todos os municípios<br />
da Área Metropolitana do Porto<br />
durante três anos (2018-<strong>2019</strong>).<br />
Prevê-se que sejam abrangidos<br />
cerca de 19.000 alunos, integrados<br />
em 900 turmas.<br />
17
i<br />
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
MODA COM UM PENSAMENTO MAIS SUSTENTÁVEL<br />
Denisse Sousa<br />
GoParity<br />
A GoParity faz uma curadoria de projetos que financia<br />
nas mais diversas indústrias desde que tenham<br />
uma preocupação dentro dos Objetivos de Desenvolvimento<br />
Sustentável das Nações Unidas. O mais<br />
recente projeto liga a sustentabilidade ambiental à<br />
indústria da moda, num esforço para tornar esta indústria<br />
mais amiga do ambiente.<br />
A GoParity lançou recentemente uma linha de financiamento<br />
para projetos de sustentabilidade ambiental e<br />
social na indústria da moda. Sejam projetos de economia<br />
circular em empresas têxteis ou no lançamento de novas<br />
linhas sustentáveis, qualquer projeto que demonstre ser<br />
ecológico, social e financeiramente sustentável pode<br />
ser financiado pelos mais de 2200 investidores com impacto<br />
da plataforma de crowdfunding.<br />
Nesta linha de financiamento, a GoParity utiliza os Objetivos<br />
de Desenvolvimento Sustentável das Nações<br />
Unidas como guia para definir se um projeto é ou não<br />
sustentável.<br />
O critério aplica-se a todas as empresas ou organizações<br />
da indústria da moda com um projeto de economia<br />
circular (aproveitamento e reintrodução de materiais no<br />
processo produtivo), alteração dos processos de fabrico<br />
ou materiais utilizados para alternativas mais sustentáveis,<br />
ou até para marcas de roupa cuja principal<br />
proposta de valor é a de trazer sustentabilidade para a<br />
indústria.<br />
Carolina Ribeiro, gestora da GoParity<br />
Fashion Revolution Week, movimento internacional que<br />
o ano passado juntou mais de três milhões de pessoas<br />
em mais de 1000 eventos em todo o mundo.<br />
Ao juntar-se a este evento, a GoParity procurou criar visibilidade<br />
e proximidade entre duas indústrias que, em<br />
Portugal, são pouco próximas: a moda e as finanças.<br />
Apesar de ser impossível revolucionar a economia de um<br />
dia para outro, é necessária uma metamorfose para se<br />
adaptar às novas condicionantes.<br />
“A médio-longo prazo, e aproveitando a tendência de<br />
impacto e sustentabilidade que se começa a sentir na<br />
sociedade, queremos atuar como agente disseminador<br />
de novas soluções para a inclusão financeira, a redução<br />
do empobrecimento energético, o consumo mais sustentável<br />
e consciente e a democratização do acesso ao<br />
A Balluta é uma marca portuguesa de sapatos vegan<br />
“Há um grande potencial em empresas da indústria têxtil<br />
já estabelecidas há vários anos em Portugal, e que<br />
estão a posicionar-se como fornecedores sustentáveis<br />
para grandes marcas europeias, mas que não estão tão<br />
dentro do ecossistema da inovação e, portanto, onde a<br />
nossa mensagem demora mais a chegar”, lamenta Carolina<br />
Ribeiro, gestora da GoParity.<br />
O PALADINO DA MODA SUSTENTÁVEL<br />
Recentemente, a GoParity juntou-se à Fashion Revolution<br />
Portugal, um evento de sensibilização integrado na<br />
18<br />
investimento com rendibilidade e impacto sustentável.<br />
Queremos fazê-lo, tanto ao nível da educação, com escolas<br />
e universidades, como ao nível corporativo e comunitário.”<br />
Mais recentemente, a GoParity financiou o projeto<br />
Balluta, marca portuguesa de sapatos vegan. Em sete<br />
dias angariaram 25.000 euros para a expansão da<br />
marca a nível internacional, mais especificamente para<br />
o mercado de Nova Iorque.
q<br />
RH<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
TENDÊNCIAS DO RECRUTAMENTO<br />
DE PROFISSIONAIS DE RECURSOS HUMANOS<br />
Vasco Salgueiro, executive manager da Michael Page<br />
Human Resources<br />
Michael Page Human Resources<br />
Historicamente, a área de recursos humanos sempre<br />
foi vista como responsável por processos burocráticos<br />
e técnicos, com pouco ou nenhum conteúdo estratégico<br />
para o sucesso empresarial, pouco orientada para<br />
resultados e que pouco contribuía para a criação de<br />
valor.<br />
Contudo, no atual contexto empresarial, esse conceito<br />
tornou-se redutor para uma organização que pretende<br />
conquistar “o seu lugar ao sol”, que pretende destacar-se<br />
da concorrência e que deseja ampliar a sua influência<br />
no mercado.<br />
Hoje, juntamente com a mudança verificada no perfil<br />
da generalidade dos trabalhadores de uma organização<br />
— de quem se exige cada vez mais uma postura<br />
criativa, proativa e inovadora — também houve uma<br />
substancial modificação de atribuições, visão e importância<br />
das funções de recursos humanos dentro das<br />
organizações.<br />
Como consultores de recrutamento da Michael Page,<br />
temos o privilégio de vivenciar, e participar ativamente<br />
em processos de transformação organizacional que<br />
materializam a mudança de perfil requerido para as posições<br />
de recursos humanos.<br />
As organizações estão a percecionar a necessidade de<br />
alteração de paradigma da missão dos recursos humanos<br />
nas organizações.<br />
Neste contexto, temos cada vez mais solicitações para<br />
desenvolvimentos de processos de recrutamento para<br />
as posições de Formação, Desenvolvimento profissional,<br />
Retenção e Mentoria, Indução, Employer Branding,<br />
Relatórios e Análise de RH, Gestor de Compensação e<br />
Benefícios, Comunicação Interna (integrada em RH),<br />
Especialistas Financeiros de Payroll, Relações Profissionais<br />
e Gestão de Tecnologias na ótica dos Recursos<br />
Humanos.<br />
Paralelamente, continuamos a desenvolver processos<br />
de recrutamento nas funções tradicionais de RH, mas<br />
mesmo estas têm sofrido alterações da sua essência e<br />
ADN:<br />
◊<br />
◊<br />
◊<br />
Diretor de Recursos Humanos – perfil generalista,<br />
mas com maior experiência em Desenvolvimento<br />
Organizacional, Formação e Recrutamento;<br />
HR Business Partner – função cada vez mais especializada<br />
e segmentada nas áreas de Desenvolvimento<br />
Organizacional, Formação e Recrutamento;<br />
Gestor de Payroll– perfil mais analítico que vai<br />
muito além das funções operacionais conexas com<br />
o processamento salarial.<br />
Vasco Salgueiro, executive manager da Michael Page Human Resources<br />
Adicionalmente, nos processos de recrutamento para<br />
posições de recursos humanos, temos sentido uma tendência<br />
para uma valorização de profissionais do setor<br />
para o qual estamos a recrutar. Por exemplo, num recrutamento<br />
para Hotelaria e Turismo existe uma preferência<br />
clara por candidatos com experiência neste setor. O<br />
mesmo se verifica em processos para Indústria, Retalho,<br />
Serviços, Logística, Engenharia, etecetera. Por vezes,<br />
tentamos contrariar esta tendência, mas nem sempre é<br />
fácil. Confiamos que, em determinados casos, um profissional<br />
de recurso humanos que tenha uma experiência<br />
num setor diferente pode ser uma mais-valia para a<br />
posição e organização por “romper” com o perfil tradicional<br />
esperado, pela visão externa que detém e pelas<br />
boas práticas que se aplicam noutros domínios.<br />
Importa também destacar a importância crescente dos<br />
idiomas no contexto das funções de recursos humanos.<br />
Em organizações cada vez mais globais, que integram<br />
profissionais de diferentes nacionalidades, o domínio de<br />
mais do que um idioma é sem dúvida um fator diferenciador.<br />
O inglês, francês e castelhano já não são suficientes.<br />
A aposta em idiomas como o alemão, mandarim,<br />
italiano, grego ou mesmo russo pode fazer toda a diferença<br />
na valorização e performance profissional.<br />
Finalmente, e porque este é um mundo em constante<br />
mutação e adaptação, seguem aquelas que considero<br />
serem as principais tendências da gestão de recursos<br />
humanos nos próximos anos: automatização dos<br />
processos de gestão de RH; contratação por atitudes<br />
e comportamentos em vez de qualificações; aplicação<br />
da inteligência artificial nos RH; utilização de people<br />
analytics; desenvolvimento de competências; aumento<br />
da “gamificação” na formação; utilização da realidade<br />
virtual na formação, recrutamento e processo de integração;<br />
maior preocupação com a retenção de talentos;<br />
maior focus na formação dos líderes; flexibilidade de local<br />
e horário de trabalho; diversificação e flexibilização<br />
das retribuições; inclusão e diversidade.<br />
19
BI<br />
q<br />
Ana Rita Justo<br />
Divulgação<br />
Ricardo Anastácio<br />
assume segurança da informação da Opensoft<br />
A Opensoft, empresa portuguesa especializada no desenvolvimento<br />
de soluções tecnológicas, nomeou Ricardo<br />
Anastácio como Chief Information Security Officer (CISO).<br />
Trata-se de uma nova função que acrescenta mais um passo<br />
na formalização dos procedimentos de segurança da empresa<br />
e que vem responder à criticidade desta área na economia<br />
atual, em que a proteção de dados está no topo das<br />
prioridades das organizações.<br />
Na empresa desde 2003, Ricardo Anastácio será responsável<br />
pela implementação da política de segurança da informação<br />
da Opensoft. Terá também a seu cargo a gestão de<br />
incidentes de cibersegurança e o desenvolvimento de uma<br />
cultura organizacional que ajude a proteger a informação<br />
através de iniciativas de consciencialização.<br />
Ricardo Anastásio integra a equipa da Opensoft desde 2003<br />
Paulo Andrade<br />
lidera EAD nos Açores<br />
A EAD, Empresa de Arquivo de Documentação,<br />
contratou Paulo César<br />
Andrade como novo responsável pelo<br />
Centro de Operações nos Açores.<br />
Paulo César Andrade chega ao Grupo<br />
EAD com vasta experiência na área<br />
comercial, de formação e apoio ao<br />
cliente.<br />
Filipa Soares no marketing da<br />
Eaton para Portugal e Espanha<br />
A Eaton anunciou a nomeação de<br />
Filipa Soares como especialista<br />
de marketing e comunicação para<br />
Portugal e Espanha, reportando diretamente<br />
a Aurélien Dur, o novo<br />
marketing manager ibérico da Eaton<br />
Industries. Nas suas novas funções,<br />
será responsável pela gestão de<br />
projetos da equipa a nível ibérico e<br />
internacional.<br />
António Ferreira lidera Claranet na<br />
Península Ibérica e América Latina<br />
O Grupo Claranet nomeou António<br />
Miguel Ferreira como diretor regional<br />
para a Península Ibérica e América<br />
Latina. Até agora presidente da<br />
empresa em Portugal, António Miguel<br />
Ferreira vai continuar a liderar a<br />
estratégia de expansão do grupo no<br />
Brasil, estando previstas ainda este<br />
ano aquisições de outras empresas<br />
que já estejam a operar no mercado<br />
brasileiro.<br />
20
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Celestino Silva gere Dachser<br />
na Península Ibérica<br />
Marta Pinto nos RH da SCC<br />
José Luís Silva responsável<br />
pela segurança da S21sec<br />
O português Celestino Silva foi nomeado<br />
diretor da Dachser European<br />
Logistics Iberia. O gestor, que iniciou<br />
a sua atividade profissional na<br />
Azkar – com a implementação da<br />
empresa em Portugal há mais de 20<br />
anos –, irá contribuir para este novo<br />
cargo com a sua vasta experiência<br />
em logística.<br />
Marta Pinto é a nova diretora de<br />
Recursos Humanos da Sociedade<br />
Central de Cervejas e Bebidas<br />
(SCC), passando a integrar a comissão<br />
executiva da empresa. Ocupa<br />
o lugar de Ricardo Peres, que foi<br />
nomeado diretor de recursos humanos<br />
da Lagunitas, cervejeira do grupo<br />
Heineken sedeada em Petaluma,<br />
na Califórnia.<br />
A S21sec, empresa de serviços de<br />
cibersegurança, contratou José Luís<br />
Silva para gestão da área de integração<br />
de soluções de segurança<br />
em Portugal. Com mais de 20 anos<br />
de experiência na área, José Luís<br />
Silva integrou a Multicert, Compta,<br />
MEO/Altice, Sol-S & Solsuni, entre<br />
outras.<br />
21
INTERNACIONAL<br />
RESIQUÍMICA INTEGRA GRUPO<br />
OMNOVA SOLUTIONS<br />
Mafalda Marques<br />
Inês Antunes<br />
A Resiquímica faz agora parte da OMNOVA Solutions, líder global em especialidades químicas. Juntos,<br />
combinam o seu potencial e valor acrescentado em soluções especializadas, para apoiar uma inovação e<br />
crescimento continuados.<br />
A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> foi recebida pela atual administração<br />
da empresa, que, outrora foi uma <strong>PME</strong> e soube reinventar-se<br />
para crescer. Esta história de sucesso remonta a<br />
62 anos atrás e serve de exemplo pela resiliência associada.<br />
Tudo começou na Resintela – Resinas Sintéticas, Lda.,<br />
empresa antecessora da Resiquímica, constituída em<br />
1957, com sede em Lisboa. O Grupo Socer participava<br />
em 25% do capital. Em abril de 1961, constituiu-se<br />
a Resiquímica – Resinas Químicas, S.A. com o objetivo<br />
de promover um maior valor acrescentado ao produto<br />
de base da sua atividade de extração da resina do<br />
pinheiro: a colofónia. Para isso, aliou-se a parceiros<br />
internacionais na área química dos polímeros. Salienta-se<br />
a ligação à Hoechst AG, em 1966, à data a maior<br />
empresa química mundial, que durante mais de 30 anos<br />
deteve dois terços do capital da Resiquímica.<br />
“Foi aqui que a Resiquímica deu o grande passo. Assim<br />
passou a produzir não só resina derivada da resina<br />
dos pinheiros, baseada em solventes orgânicos, como<br />
também emulsões e resinas sintéticas” , explica Jaime<br />
Carvalho, diretor da Fábrica.<br />
A Hoechst AG detinha dois terços das ações e a Socer<br />
tinha um terço, uma parceria que corria bem, até a Hoechst<br />
decidir vender a sua parte no negócio em 1997. Em<br />
30 anos, a fábrica mudou bastante, tendo uma unidade<br />
para os solventes e outra para as emulsões, a produção<br />
evoluiu para novos produtos e foi criado um laboratório<br />
de I&D, tornando-se um ponto forte de apoio ao mercado<br />
português.<br />
Em 1997, a Hoechst AG decide vender o seu negócio<br />
vendendo os dois terços da Resiquímica a uma empresa<br />
suíça chamada Clariant. Em 2002, a Clariant decidiu<br />
vender o negócio a nível europeu, e o sócio fundador<br />
da Socer, grupo familiar na sua 3.ª e 4.ª geração, adquire<br />
os 100% da empresa, tornando-se na única detentora<br />
da Resiquímica 35 anos depois.<br />
Sendo 100% portuguesa e operando apenas cá, na al-<br />
22<br />
tura, tomaram três grandes decisões que reverteram<br />
todo o ciclo: investir na fábrica, em especial dos solventes,<br />
investir no laboratório e o início da exportação.<br />
“Ao olharmos para trás, entre 2002 e 2009, os resultados<br />
da empresa eram ótimos pois o mercado da construção<br />
corria bem em Portugal”, explica Filipe Nicolau,<br />
diretor financeiro e jurídico.<br />
“Em 2004 começámos a abordar novos mercados,<br />
começámos por Espanha e Norte de África. A nossa<br />
estratégia foi procurar agentes e parceiros locais. Em<br />
meados de 2009, estabelecemos uma importante parceria<br />
com uma empresa francesa, o que nos permitiu<br />
sobreviver nos anos de crise no setor da construção civil",<br />
relembra.<br />
A partir de 2007/2008, a crise europeia também assolou<br />
a Resiquímica e fomos forçados a exportar, senão<br />
não tínhamos sobrevivido”, acrescenta.<br />
O desempenho económico-financeiro da Resiquímica<br />
em 2009 e 2010 demonstrou que esta estratégia abriu<br />
o caminho para a internacionalização de forma sólida e<br />
duradoura.<br />
“De 2009 a 20<strong>13</strong> conseguimos manter a empresa como<br />
estava, sem despedimentos nem cortes em regalias,<br />
mas os resultados eram maus, mesmo exportando.<br />
Passámos maus momentos, mas não dispensámos<br />
ninguém”, relembra Filipe Nicolau.<br />
Em 20<strong>13</strong> e 2014, a economia começou a recuperar muito<br />
lentamente dada a dependência do setor da construção.<br />
“Procurámos novos mercados e, por exemplo, agora<br />
vendemos para marcação de estradas. Também vendemos<br />
poliéster - botões, e aplicação em telhados.<br />
Agora que temos algum espaço no mercado, desenvolvemos<br />
soluções à medida através do nosso laboratório”,<br />
adianta Jaime Carvalho, diretor da fábrica.
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
“Foi de interesse mútuo esta aquisição e vai ao encontro<br />
da nossa estratégia de internacionalização da empresa”,<br />
especifica.<br />
Sede da Resiquímica, em Mem Martins<br />
“O nosso negócio nos dias de hoje tem quatro vertentes:<br />
marcação de estradas, poliéster, pinturas solventes decorativas<br />
e as pinturas decorativas à base de água. Com<br />
estas áreas sempre conseguimos equilibrar o negócio<br />
da empresa. Mas a fonte principal é a exportação, que<br />
representa dois terços da faturação da empresa. Apenas<br />
um terço é nacional.”<br />
“Já estamos na Europa com uma fábrica e laboratórios<br />
em França, mas esta aquisição traz-nos tecnologia, uma<br />
localização privilegiada para mercados onde exportamos<br />
e uma plataforma fabril que nos permite produzir<br />
produtos para consumo próprio e para vender na Europa<br />
a outros mercados, ao invés de os importarmos”, esclarece.<br />
O facto de a empresa já ter sido privada e ter sido gerida<br />
como uma multinacional durante 35 anos facilitou muito<br />
o processo de aquisição.<br />
Um terço em Portugal, outro terço em Espanha e o último<br />
terço em outros países como França, Síria, Líbano,<br />
sempre através de agentes e parceiros.<br />
“Por vezes, temos de adaptar as resinas aos mercados<br />
onde operamos através do feedback dos nossos agentes,<br />
seja ao calor ou à humidade e, neste momento, é o<br />
que distingue a OMNOVA no mercado”, adiantam com<br />
orgulho.<br />
MAS ONDE ENTRA A OMNOVA?<br />
Um grupo americano sólido com operações na América<br />
do Norte, Europa e Ásia, com centros de tecnologia<br />
próprios, viu na Resiquímica uma oportunidade para se<br />
complementar com inovação. Andrew Higgin, diretor de<br />
vendas para EMEA e Índia e responsável pela Integração<br />
das duas empresas explica o que encontrou na Resiquímica<br />
em setembro de 2018:<br />
“A aquisição foi transparente desde o início e a comunicação<br />
interna facilitou o processo. Fomos sinceros<br />
nas nossas intenções: investir na fábrica, crescer no<br />
mercado e manter a equipa”, explica.<br />
CRONOLOGIA<br />
Teresa Pina, Jaime Carvalho, Andrew Higgin, Susana Carvalho e Filipe Nicolau<br />
“A aceitação do nome foi rápida a nível interno e externo<br />
pois foi respeitado o ADN da Resiquímica, juntando<br />
o melhor de cada uma das empresas”, explica Teresa<br />
Pina, diretora de Recursos Humanos. “O desafio da integração<br />
é manter as pessoas informadas, confiantes,<br />
motivadas e focadas no negócio”, adianta.<br />
A Resiquímica foi durante 15 anos uma <strong>PME</strong> (de 2002<br />
a 2017), segundo o certificado IA<strong>PME</strong>I. Todos os anos<br />
concorre a certificação <strong>PME</strong> Invest ou Capitalizar para<br />
beneficiar dos apoios possíveis à sua atividade. Em<br />
2005, conseguiu incentivos em alguns projetos para entrarem<br />
em novos mercados. Uma história com passado,<br />
mas sempre a apontar para o futuro, com inovação.<br />
23
INTERNACIONAL<br />
YOUNAN, UMA APOSTA<br />
DE LUXO EM PORTUGAL<br />
Denisse Sousa<br />
Grupo Younan<br />
O americano Grupo Younan, especializado em<br />
aquisições e gestão de vários ativos e empresas<br />
no espaço do consumo de luxo, tem planeado um<br />
investimento mínimo de 50 milhões de euros para<br />
futuras aquisições em território nacional. Para já,<br />
está à procura de potenciais candidatos em Lisboa,<br />
Porto, Braga e outras localizações chave.<br />
Portugal está na moda e cada vez mais torna-se um<br />
destino turístico global, conhecido pela excelente localização,<br />
clima e segurança. Por estes motivos, La<br />
Grande Maison Younan Collection, subsidiária do Grupo<br />
Younan Collection, comprou o hotel Sweet Residence<br />
& Gardens na Figueira da Foz. A unidade foi alvo<br />
de uma remodelação e de um rebranding, assumindo o<br />
nome Malibu Foz Hotel & Resort.<br />
Mas porquê a Figueira da Foz? Para o CEO, Zaya S.<br />
Younan, a Figueira da Foz é ideal pelas suas características<br />
e pelo facto de em tempos ter sido um local<br />
de eleição para férias de portugueses e estrangeiros.<br />
Com esta renovada unidade hoteleira pretende-se trazer<br />
essa dinâmica de volta à Figueira, conhecida pelas<br />
condições excelentes para turistas, boa oferta hoteleira,<br />
praias e bons restaurantes.<br />
Para o responsável, comprar ativos e melhorá-los é<br />
sempre mais económico do que uma construção de raiz<br />
no mercado.<br />
“Por agora, penso que a oferta de hotéis em Portugal<br />
é suficiente. Alguns poderão necessitar de melhorias,<br />
mas julgo que o mercado não precisa de mais,” afirma.<br />
Figueira da Foz escolhida<br />
pelo Grupo Younan por ter sido<br />
um local de eleição das férias<br />
dos portugueses<br />
Remodelar um hotel em apenas três meses foi um desafio<br />
intenso, mas alcançado com sucesso. A infraestrutura<br />
do hotel foi melhorada, transformando-se num<br />
hotel de quatro estrelas, com maior oferta de serviços,<br />
o que irá traduzir-se na contratação de mais funcionários.<br />
Apesar do investimento na casa dos 6,5 milhões de euros,<br />
Zaya Younan prefere manter o mistério e o charme<br />
24<br />
O novo hotel na Figureira da Foz irá charmar-se Malibu Foz Hotel & Resort<br />
de como será o futuro hotel Malibu Foz Hotel & Resort.<br />
“Ótima ocupação e preços competitivos, pois estaremos<br />
a prestar serviços que outros hotéis da região não<br />
oferecem. Para já, prefiro não quero levantar muito o<br />
véu sobre as novidades que vamos trazer, mas será um<br />
hotel único na região e no país”, acrescenta o CEO.<br />
LUXO COM CARIMBO PORTUGUÊS<br />
O investimento na Figueira da Foz não será o único do<br />
grupo em Portugal. De momento, há planos para expandir<br />
a rede de hotéis de luxo, bem como outros produtos<br />
e serviços associados, a outras zonas do país. Só<br />
para este ano, o grupo já tem planeado um investimento<br />
mínimo de cerca de 50 milhões de euros alocado a<br />
aquisições e renovações.<br />
Remodelar um hotel em apenas três<br />
meses foi um desafio intenso<br />
Para o grupo, um investimento desta ordem faz todo o<br />
sentido, tendo em conta o atual crescimento do segmento<br />
de luxo no país, que também obtém estes resultados<br />
graças ao crescimento de Portugal como local<br />
turístico.<br />
“Só em Portugal, os turistas norte-americanos aumentaram<br />
em 32,2%, seguidos pelos irlandeses e chineses.<br />
Estes dados confirmam que estamos no momento certo<br />
para investir no turismo em Portugal. Mais do que uma<br />
necessidade estratégica, trata-se de uma aposta segura<br />
de valor acrescentado para quem chega do outro<br />
lado do Atlântico”, sublinha.<br />
Com isto em mente, o grupo não planeia ter um ou dois<br />
hotéis, mas sim adquirir unidades hoteleiras no país,<br />
todas no segmento de luxo, com um mínimo de 100 e<br />
máximo de 200 quartos, nas principais áreas estratégicas<br />
do turismo.<br />
“O objetivo é fazer crescer a nossa marca em Portugal.<br />
Queremos, acima de tudo, ter um portefólio diversifi-
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
cado de hotéis, resorts e também campos de golfe, vinhas<br />
e outras áreas de negócio no segmento de luxo<br />
que possam complementar a nossa oferta.”<br />
O grupo Younan foi fundado em 2002 nos Estados Unidos<br />
por Zaya Younan. Nesse ano, o empresário americano<br />
de origem iraniana criou a Younan Properties,<br />
uma empresa de investimento imobiliário comercial.<br />
Em 2015, o empresário criou uma subsidiária, a La<br />
Grande Maison Younan Collection (LGMYC), para entrar<br />
no mercado europeu de hotelaria de luxo, tendo<br />
apostado em França. Atualmente, a LGMYC possui<br />
sete hotéis e chateaux, quatro campos de golfe e duas<br />
vinhas em França.<br />
Só para este ano, o grupo tem<br />
planeado um investimento mínimo<br />
de cerca de 50 milhões de euros<br />
alocado a aquisições e renovações<br />
Mais recentemente, a empresa alargou as áreas de<br />
negócio e adquiriu a agência criativa MPA Communication,<br />
especializada no segmento de luxo, e comprou<br />
também a marca de tabaco e charutos El Septimo, sediada<br />
na Suíça, para reforçar o portefólio de produtos e<br />
serviços de luxo.<br />
Zaya Younan CEO do Grupo Younan<br />
QUEM É ZAYA YOUNAN?<br />
Zaya S. Younan fundou a Younan Properties em 2002,<br />
grupo do qual é presidente e CEO. Conta quase com<br />
três décadas de experiência em gestão executiva de<br />
empresas cotadas na Fortune 500, incluindo a General<br />
Motors, Johnson Controls e TRW, entre outras nos<br />
Estados Unidos, Ásia e Europa.<br />
Younan acompanhou o crescimento da empresa,<br />
desde a sua origem até ao que conhecemos hoje em<br />
dia. Um grupo avaliado em 2,8 mil milhões de dólares.<br />
Atualmente, o Grupo Younan Properties é constituído<br />
por empreendimentos de classe alta, distribuídos nos<br />
seis maiores mercados da América do Norte.<br />
Zaya Younan foi membro do quadro executivo<br />
de diretores do Lusk Center for Real Estate, na<br />
Universidade da Califórnia do Sul. Foi também membro<br />
do quadro de diretores do Instituto Smithsonian<br />
Frontiers of Museum em Dalas, no Texas, e ainda<br />
membro do Conselho da Oaks Christian School em<br />
Westlake Village, na Califórnia.<br />
Zaya Younan apoia diversas entidades de cariz social e<br />
sem fins lucrativos, como a The Boys and Girls Clubs,<br />
Wounded Warrior Project, Oaks Christian School, Red<br />
Cross e A Child’s Hope Fund.<br />
O investimento na remodelação do hotel ronda os 6,5 milhões de euros<br />
25
a<br />
figura de destaque<br />
“<br />
Quando estamos<br />
a fazer bem<br />
não estamos<br />
a aprender<br />
MigueL<br />
Pina Martins<br />
“<br />
Miguel Pina Martins fundou a Science4You em 2008<br />
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JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Ana Rita Justo<br />
João Filipe Aguiar<br />
Um projeto universitário pouco desejado acabou por tornar-se num gigante da venda de brinquedos. Onze anos<br />
depois, a Science4You quer continuar internacional a crescer e a inovar, mantendo a máxima inicial: aprender a<br />
brincar. Dos desafios, aos erros, o fundador Miguel Pina Martins conta à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> os porquês do sucesso<br />
desta empresa portuguesa.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Já partilhou muitas vezes esta história.<br />
Como é que foi para si passar deste projeto<br />
universitário para um negócio a sério?<br />
Miguel Pina Martins – Foi uma passagem longa, já lá<br />
vai mais de uma década e tem sido um desafio bastante<br />
grande, porque aquilo que começa com o projeto<br />
académico não tem rigorosamente nada a ver com<br />
aquilo que a Science4You é hoje. Há várias passagens,<br />
vários desafios completamente diferentes. Uma coisa<br />
é começar um negócio, as primeiras vendas, começar<br />
a escalar, equipar a fábrica, exportar, vender internamente,<br />
abrir lojas... Tem sido, realmente, um processo<br />
de grande aprendizagem e que, acima de tudo, é como<br />
nós o vemos e faz parte destas coisas que se criam do<br />
nada – haver uma aprendizagem muito grande, com<br />
sucessos e também com muitos erros cometidos pelo<br />
caminho, que, felizmente até agora têm sido menores<br />
do que os sucessos. É um caminho de grande aprendizagem.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Onde é que começou exatamente a<br />
Science4You?<br />
M.P.M. – A Science4You começa na minha sala de<br />
aula, no ISCTE, na altura estava a estudar Finanças. O<br />
ISCTE tinha uma parceria com a Faculdade de Ciências<br />
em que a Faculdade de Ciências dava as ideias e o<br />
ISCTE, enquanto escola de gestão, montava os planos<br />
de negócio. Tive a sorte de ter rifado a Science4You.<br />
O professor tinha um chapelinho, punha lá as ideias e<br />
nós íamos tirando os papéis. Eu, por acaso, tirei o papelinho<br />
que dizia kits de física, que nos deixou bastante<br />
tristes, porque olhámos à nossa volta e vimos um tipo<br />
à frente que tinha um camião do lixo com um sistema<br />
especial com enzimas que tinha de fazer menos de 30%<br />
de viagens de regresso, porque ia consumindo o lixo,<br />
atrás tínhamos um campo de golfe que tinha uma bactéria<br />
que permitia que se poupasse 20 a 30% da água,<br />
coisas realmente extraordinárias. E nós tínhamos os<br />
kits de física e, nesta revolta, fomos falar com o professor<br />
e dizer que não queríamos fazer isto. E o professor<br />
disse: “Tem de ser” e nós dizíamos que não. Até que<br />
o professor disse: “Temos duas hipóteses: ou fazem o<br />
projeto, ou não acabam o curso. O que é que vai ser?”.<br />
E aí convenceu-nos. Então, começámos, já estávamos<br />
em modo revolução, mas fomos e ainda ficámos mais,<br />
porque quando vimos o material vimos coisas de cinco,<br />
seis mil euros para vender a escolas. Até que pensámos<br />
que tínhamos de fazer os kits, mas isso não impede que<br />
não façamos outras coisas ao lado. E na altura vimos<br />
uma coisa que foi o nosso life changing event: vimos o<br />
símbolo da Faculdade de Ciências que certificava os<br />
kits. Se isto é certificado pela faculdade, o que é que<br />
a faculdade pode certificar mais além disto? Foi aí que<br />
vieram os brinquedos. Além dos brinquedos, também<br />
certificava as festas de aniversário de ciência que eram<br />
feitas na Faculdade de Ciências e os Campos de Férias<br />
de Ciências da Faculdade de Ciências. E aí a coisa começou<br />
a rolar e é aí, então, que nasce a Science4You.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Precisou de investimento inicial?<br />
M.P.M. – Na altura, ainda estive a trabalhar quatro<br />
meses na banca de investimento, que acabou por ser<br />
interessante, mas acima de tudo tivemos de ir buscar<br />
investimento, pegar naquele business plan e transformá-lo<br />
numa empresa. Foi isso que aconteceu. Quatro<br />
meses depois, saí da banca de investimento e voltámos<br />
para tentar levantar dinheiro. Na altura conseguimos<br />
50 mil euros numa capital de risco, hoje é a Portugal<br />
Ventures, que ainda é acionista da Science4You e investimos,<br />
eu em particular, 1125 euros.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – O conceito de aprender a brincar foi fácil<br />
de vender?<br />
M.P.M. – O conceito de aprender a brincar foi fácil de<br />
vender, é um conceito relativamente fácil de vender,<br />
sem dúvida. A questão é conseguir operacionalizar isto<br />
tudo e colocar isto a funcionar. Isso, sim. O grande desafio<br />
foi esse e foi o que nós acabámos por ir fazendo e<br />
conseguir depois encontrar o balanço entre educação<br />
e diversão. Esse é o grande desafio, porque muitas vezes<br />
a questão educativa está focada na educação e as<br />
crianças perdem-se e a questão diversão está demasiado<br />
focada na diversão e os pais perdem-se, porque<br />
não querem. E a chave do sucesso, acreditamos nós,<br />
é conseguir ter crianças felizes e pais felizes. Quando<br />
isso acontece, funciona muito melhor e toda a gente<br />
fica feliz em casa e há uma predisposição para comprar<br />
mais brinquedos Science4You do que se só estiver<br />
a criança feliz ou só os pais felizes. Acreditamos que<br />
essa é a chave do sucesso.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quando é que aprendeu a delegar?<br />
M.P.M. – Quando começámos, é verdade, tivemos de<br />
aprender muito. Comecei sozinho, a Science4You era<br />
só eu e isso obviamente não dá para delegar nada. A<br />
empresa foi crescendo e, à medida que foi crescendo, o<br />
tipo de liderança foi mudando, o tipo de abordagem foi<br />
mudando, a forma de delegar foi mudando, fui aprendendo<br />
tudo aqui, o bom e o mau, mas acaba por ser<br />
uma evolução bastante grande do que tínhamos e do<br />
27
a<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais são os maiores<br />
desafios que enfrenta?<br />
M.P.M. – O maior desafio continua<br />
sempre a ser a questão da internacionalização,<br />
apesar de, neste<br />
momento, mais de 70% das vendas<br />
da Science4You serem para fora. O<br />
grande desafio é, realmente, conseguir<br />
internacionalizar e que a<br />
marca tenha uma presença lá fora.<br />
É onde se consegue ganhar escala,<br />
obviamente onde há mais concorrência<br />
e uma série de coisas que<br />
não há cá em Portugal, mas esse é<br />
o desafio e vai ser sempre o grande<br />
desafio, continuar a crescer internacionalmente<br />
e conseguir manter<br />
esta conquista do mercado, como<br />
temos vindo a fazer, sempre tentando<br />
inovar, porque, para o bem<br />
e para o mal, o negócio dos brinquedos<br />
é moda. Hoje, o slime venfigura<br />
de destaque<br />
que hoje temos, que não tem nada<br />
que ver com a empresa que nasceu<br />
e nos três primeiros anos de vida.<br />
“A chave do sucesso,<br />
acreditamos nós,<br />
é conseguir ter<br />
crianças felizes<br />
e pais felizes"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Portanto, do seu grupo<br />
de trabalho na faculdade, só<br />
o Miguel é que prosseguiu com a<br />
empresa?<br />
M.P.M. – Sim, só eu é que fiquei<br />
a trabalhar realmente na Science4You,<br />
houve mais fundadores:<br />
dos oito [do grupo] houve quatro<br />
que investiram dinheiro na Science4You<br />
e que ainda hoje são acionistas,<br />
mas eu fui o único que, realmente,<br />
fiquei a trabalhar.<br />
de muito bem, mas daqui a um ano<br />
pode vender zero, por isso, temos<br />
de estar sempre a inovar, sempre<br />
a trazer coisas novas ao mercado<br />
para continuarmos as vendas.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – E quais os principais<br />
marcos nestes 11 anos?<br />
M.P.M. – Temos vários, obviamente:<br />
a abertura da primeira loja<br />
acaba por ser importante, a entrada<br />
em Espanha, a passagem para distribuidor<br />
e começar a trabalhar com<br />
distribuidores de primeira linha é<br />
importante; vir para o MARL [n. d. r.<br />
Mercado Abastecedor da Região de<br />
Lisboa] acaba também por ser um<br />
ponto importante; o crescimento<br />
imenso das vendas no e-commerce<br />
e na Amazon… Temos vários marcos,<br />
mas acho que aquele que se<br />
evidencia mais é o crescimento e<br />
a passagem dos 50% de vendas lá<br />
fora, passarmos a vender mais lá<br />
fora do que em Portugal.<br />
“MARL TROUXE DIMENSÃO”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Porque é que decidiram<br />
ir para o MARL?<br />
M.P.M. – Decidimos, vai fazer<br />
quatro anos em setembro, porque<br />
precisávamos de expandir. Estávamos<br />
no Prior Velho, quase em<br />
garagens, e precisávamos realmente<br />
de passar ao nível a seguir e<br />
foi o que aconteceu. O MARL trouxe-nos<br />
uma dimensão de fábrica<br />
completamente diferente daquela<br />
que tínhamos na anterior operação.<br />
Estamos a falar de 12 mil metros<br />
quadrados, já é uma área interessante<br />
para a nossa dimensão.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual a produção diária,<br />
atualmente, nesta fábrica?<br />
M.P.M. – O máximo de produção<br />
que temos instalado é de 30 mil<br />
brinquedos por dia quando estamos<br />
em pico de produção. Depois<br />
depende: nesta altura do ano, não<br />
estamos em pico, mas lá chegaremos,<br />
mais perto do Natal.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Falou há pouco da<br />
concorrência no exterior, como é<br />
que lidam com isso?<br />
M.P.M. – A única forma de lidar<br />
com a concorrência é continuar a<br />
inovar e fazer o melhor, eles também<br />
estão a fazer o mesmo, é assim<br />
que funciona. É um desafio.<br />
Boa concorrência também traz melhores<br />
produtos, traz mais desafio,<br />
mais inovação e é isso que temos<br />
vindo a fazer: tentar inovar, fazer<br />
diferente e não estar só à espera<br />
que as vendas aconteçam.<br />
“O MARL trouxe-nos<br />
uma dimensão<br />
de fábrica<br />
completamente<br />
diferente daquela<br />
que tínhamos<br />
na anterior operação"<br />
Projeto universitário durante o curso resultou na criação da Science4You<br />
28<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que se desenvolve<br />
esse processo?<br />
M.P.M. – Temos uma equipa de<br />
R&D [n. d. r. Research & Development,<br />
em português pesquisa e<br />
desenvolvimento] que tem quatro
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
tamos que há um potencial muito<br />
grande, vai haver uma parte muito<br />
significativa dos brinquedos que vai<br />
ser vendida online e isso vai acontecer<br />
no espaço de dois, três anos,<br />
apesar de o maior canal de vendas<br />
individual já ser o online em relação<br />
aos brinquedos. Acreditamos que<br />
vai continuar a crescer e que essa<br />
tendência vai chegar a Portugal.<br />
Em Portugal ainda não tem uma expressão<br />
tão grande como noutros<br />
países.<br />
cientistas que estão o dia inteiro a<br />
fazer e a pensar novos produtos.<br />
Também temos a parte das vendas,<br />
do marketing, todos eles dão<br />
contributos para a inovação, para<br />
o produto, que é o que é realmente<br />
importante.<br />
APRENDER COM OS ERROS<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais foram os erros<br />
que mais o fizeram aprender?<br />
M.P.M. – Tantos erros. Acredito<br />
que aprendemos, acima de tudo,<br />
com os erros. Quando estamos a<br />
fazer bem não estamos a aprender.<br />
Mas há muitos erros: a forma como<br />
começámos o processo de internacionalização.<br />
Eu pegava no carro,<br />
tínhamos uma estagiária espanhola<br />
e íamos os dois fazer Espanha<br />
inteira porta a porta aos clientes,<br />
não funcionou. Abrimos sucursal<br />
e começámos com pessoas espanholas,<br />
não estava a funcionar, não<br />
estavam a conseguir ter a cultura<br />
Science4You. Então, passámos a<br />
ter pessoas portuguesas na sucursal.<br />
No final, acabámos por passar<br />
por um modelo em que passamos<br />
as coisas a distribuidor, ou seja, há<br />
uma evolução muito grande e obviamente<br />
se começássemos hoje<br />
tínhamos se calhar ido diretamente<br />
ao distribuidor, apesar de não ser<br />
possível, porque é preciso dimensão<br />
para entrar em empresas com<br />
maior dimensão, mas foi esse o desafio.<br />
Marca portuguesa já exporta para mais de 50 países<br />
<strong>PME</strong> Mag. – As lojas Science4You<br />
também já tiveram vários formatos,<br />
porquê?<br />
M.P.M. – Vamos aprendendo<br />
também. O formato que acreditamos<br />
que funciona melhor são lojas<br />
muito pequeninas, porque também<br />
não temos muitos produtos,<br />
mas acreditamos que o quiosque<br />
é onde funciona melhor, tem uma<br />
exposição grande de comunicação<br />
que não acontece em loja e, acima<br />
de tudo, o nosso espaço comercial<br />
também serve para comunicar a<br />
marca e para dar a conhecer a marca<br />
às pessoas.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Algum momento caricato<br />
nestes 11 anos que goste de<br />
partilhar?<br />
M.P.M. – A dificuldade de uma<br />
startup começar a vender, essa é<br />
que é a grande questão. Foi isso que<br />
fomos sentindo sempre ao longo do<br />
tempo: é que era realmente difícil<br />
conseguir vender e fomos aprendendo<br />
com isso. Isto também nos<br />
trouxe uma série de vantagens que<br />
não tínhamos, mas é essa aprendizagem<br />
que acreditamos que faz<br />
sentido.<br />
“E-COMMERCE TEM<br />
POTENCIAL GRANDE”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual a percentagem<br />
de vendas a partir de e-commerce?<br />
M.P.M. – O e-commerce já anda à<br />
volta dos 20% de vendas e acredi-<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Em quantos mercados<br />
já está a Science4You?<br />
M.P.M. – Temos os nossos produtos<br />
em mais de 50 países, com mais<br />
força na Europa, porque é onde temos<br />
a vantagem competitiva grande<br />
que é ter aqui a fábrica, e Estados<br />
Unidos e Canadá. Estamos, depois,<br />
espalhados, desde a República<br />
Dominicana, passando pela Nova<br />
Zelândia… É possível encontrar os<br />
produtos da Science4You em todo<br />
o lado, genericamente, pelo menos<br />
nos países com maior dimensão já é<br />
possível encontrar.<br />
“O e-commerce<br />
já anda à volta<br />
dos 20% de vendas<br />
e acreditamos que há um<br />
potencial muito grande"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Têm muito feedback<br />
de pais e crianças?<br />
M.P.M. – Temos muito, muito<br />
feedback, porque como temos<br />
depois a componente de festas<br />
de aniversário e de campos de<br />
férias, esse feedback acaba por ser<br />
muito grande. Isso vai continuar<br />
a acontecer, acreditamos nós.<br />
Conseguir falar com as pessoas<br />
diretamente é algo muito positivo<br />
e fazemos questão que continue a<br />
acontecer.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quantos trabalhadores<br />
têm, atualmente?<br />
M.P.M. – Andamos à volta dos<br />
300, mas chegamos a ter picos de<br />
ter 600 na altura do Natal, em que a<br />
fábrica tem mais pessoas e há mais<br />
pontos de venda próprios.<br />
29
a<br />
figura de destaque<br />
“TIMING FALHOU”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Porque é que falhou a operação em Bolsa?<br />
M.P.M. – Há quem diga que é timing, acima de tudo,<br />
dizem que o timing é tudo. Também falhou a [Oferta Pública<br />
Inicial] da Sonae, falhou a da Vista Alegre, da Lease<br />
Plan, da Cepsa, falharam várias, não fomos a única.<br />
Há quem diga que essa é a maior razão. Depois, pode<br />
haver outras: se calhar não foi tão interessante como<br />
nós achávamos que era, no final do dia não conseguimos,<br />
ninguém conseguiu também, genericamente os<br />
IPO foram cancelados pelo mundo, mas faz parte. Tivemos<br />
azar nós e estes todos que falharam, porque são<br />
empresas belíssimas. Todos falhámos, agora, acredito<br />
que o timing tenha sido um fator decisivo, porque os<br />
mercados não estavam propriamente a olhar para as<br />
IPO. Se calhar, se fosse hoje, até funcionava melhor,<br />
porque estamos outra vez numa curva bastante positiva,<br />
mas faz parte da vida. Vamos ver. Quando houver<br />
outra oportunidade, certamente que lá estaremos para<br />
continuar.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Não descarta, então, tentar de novo?<br />
M.P.M. – Sim, faz parte do leque de opções que existe.<br />
Não num curto espaço de tempo, não vai acontecer<br />
nos próximos seis meses, nem provavelmente num<br />
ano, mas é uma possibilidade que, como qualquer outra,<br />
será considerada.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Que conselhos pode partilhar com outros<br />
empresários?<br />
M.P.M. – Façam! É muito importante fazer. Às vezes<br />
temos muito medo de arriscar, mas é aí que se aprende<br />
e isso é sempre aquilo que digo, não só a empresários,<br />
mas a pessoas que queiram ser empresários. Façam<br />
acontecer, porque pode haver várias oportunidades no<br />
meio disso tudo.<br />
“Acredito que o timing tenha sido<br />
decisivo, porque os mercados<br />
não estavam propriamente a olhar<br />
para as IPO. Se calhar, se fosse hoje,<br />
até funcionava melhor"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que conjuga a vida pessoal com<br />
a profissional? Tem algum hobby?<br />
M.P.M. – O meu hobby principal são os filhos e a família,<br />
porque tenho três filhos e são todos pequeninos:<br />
dois têm três anos e o outro tem oito meses, por isso<br />
o meu hobby principal acaba por ser brincar com eles<br />
[risos], estar com eles e aproveitar o tempo que não<br />
estou aqui com eles. Depois, quando consigo, gosto<br />
muito de correr e de jogar padel, quando tenho tempo.<br />
Agora, também, temos o futebol semanal aqui, mas<br />
isso conta quase como trabalho. É um desafio, porque<br />
é muita coisa e, nesta fase, o work-life balance é um<br />
desafio grande que tentamos que seja uma prioridade<br />
da empresa, porque também acreditamos que pessoas<br />
felizes trabalham muito mais, mesmo que tenham de<br />
trabalhar um bocadinho menos. É esse equilíbrio que,<br />
hoje em dia, toda a gente procura. Nós não somos certamente<br />
exceção.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Que políticas têm para potenciar esse<br />
equilíbrio?<br />
M.P.M. – Temos isenção de horário, que ajuda bastante<br />
se as pessoas tiverem de chegar mais tarde, sair<br />
mais cedo, funciona bastante bem, genericamente falando,<br />
e esse é o ponto maior que temos, é essa flexibilidade:<br />
se a pessoa tem uma consulta, se tiver de<br />
chegar mais tarde por outra razão, jogamos muito nessa<br />
flexibilidade. Depois, vamos tendo outras políticas<br />
para quem tem filhos para poderem ter um bocadinho<br />
mais de tempo, estamos agora a implementar políticas<br />
de teletrabalho para permitir que as pessoas consigam<br />
trabalhar de casa enquanto têm os filhos doentes. A<br />
Science4You muda muito nesse sentido: quando começámos<br />
éramos todos muito mais jovens e, hoje, temos<br />
todos muito mais família e isso também obriga a<br />
empresa a mudar esses hábitos e essa forma de estar<br />
e de ver a vida.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais são os planos da empresa para os<br />
próximos tempos?<br />
M.P.M. – O objetivo é crescer e continuar o crescimento<br />
internacional, que é a nossa prioridade máxima,<br />
e continuar a vender cada vez mais lá fora.<br />
Slime é um dos produtos mais vendidos da Science4You<br />
30
Transmissões<br />
em Direto<br />
Filmes<br />
Corporativos<br />
Cobertura<br />
de Eventos<br />
Vídeo<br />
Marketing<br />
C r i e o s s e u s c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o n a i n t e r n e t ,<br />
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a<br />
figura de destaque<br />
CONSELHOS PARA:<br />
Delegar<br />
“Confiar a vários ‘braços-direitos’<br />
as tarefas que há anos eram concentradas numa<br />
única pessoa não é fácil, mas é necessário para o bom<br />
crescimento da organização, evitando também a acumulação<br />
de tarefas e a desorganização.”<br />
Decidir<br />
“Decidir atempadamente quaisquer<br />
eventos, negócios e ideias é, sem dúvida, uma<br />
grande arma para qualquer empreendedor. Muitas<br />
vezes, as decisões tomadas não são as melhores para<br />
todos os departamentos, mas podem ser grandiosas<br />
para a empresa. Termos uma visão de 360 graus e conseguirmos<br />
manter-nos distantes é o maior truque que<br />
podemos adotar para o sucesso.”<br />
Contratar<br />
“Costumo dizer que é preciso<br />
ter um certo feeling na contratação. É necessário existir<br />
um sonar para apostarmos nas pessoas. Sem dúvida<br />
que a base, o CV, neste caso, é importante numa triagem,<br />
mas as vivências, experiências e práticas profissionais<br />
são o que mais pesa no momento da contratação.”<br />
Despedir<br />
“É para mim difícil e não sou<br />
de desistir de ninguém. Creio que as pessoas podem<br />
sempre ser ’trabalhadas’ e que qualquer indivíduo tem<br />
uma enorme capacitação de evolução e melhoramento<br />
profissional, caso queira. Se existir um evento mais<br />
nefasto, despedir deve ser rápido e muito focado em<br />
razões concisas. Não devemos enrolar e a sinceridade<br />
e transparência devem ser a base do momento.”<br />
Planear<br />
"Esta é a chave de sucesso para<br />
qualquer organização. Não devemos planear o amanhã,<br />
mas sim o ano que vem. Devemos olhar em frente<br />
com uma grande capacidade de decidir onde queremos<br />
chegar? Como é que vamos lá chegar? Onde queremos<br />
estar daqui a um ano? Desta forma, planear exige muita<br />
organização, meditação e foco.”<br />
Executar<br />
"Não devemos manter-nos na<br />
indecisão de querermos que tudo seja perfeito, pois<br />
mais vale não fazer perfeito e aprender com os erros<br />
do que, muitas vezes, empatar e as decisões não serem<br />
tomadas. O importante é as decisões irem sendo<br />
executadas.”<br />
Fiscalizar<br />
“Este é um tema chave para a<br />
organização. Devemos ter pontos de contacto muito<br />
fortes que nos permitam receber reports adequados e<br />
que reflitam o estado da nação da entidade. Devemos<br />
sempre ir fiscalizando e monitorizando os objetivos<br />
com tempos de monitorização bastante curtos.“<br />
32<br />
Miguel Pina Martins exorta empresários a não terem medo de falhar<br />
Partilhar Ӄ extremamente importante<br />
sermos transparentes com a organização e conseguirmos<br />
partilhar atempadamente com os órgãos de gestão<br />
as decisões, eventos e ideias que estão constantemente<br />
a surgir. Só desta forma os outros se sentem<br />
próximos e conseguem dar feedbacks que podem ser<br />
muito vantajosos para os decisores.”<br />
Motivar<br />
“É um enorme desafio. Este é<br />
um tema diário que exige um enorme foco. Pessoas<br />
motivadas refletem felicidade no trabalho e, consequentemente,<br />
vendas realizadas.”
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Miguel<br />
Pina Martins<br />
Equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um dos objetivos da empresa<br />
Miguel Pina Martins é fundador e CEO da Science4you.<br />
É licenciado em Finanças, pelo ISCTE, com<br />
mestrado de Gestão na mesma instituição. Desde<br />
cedo, a política e a possibilidade de encabeçar os<br />
seus próprios projetos foram algo que o cativaram<br />
tendo, desde os 18 anos, liderado projetos concelhios<br />
e distritais e sido eleito deputado municipal no<br />
Seixal aos 19 anos de idade.<br />
Depois de uma breve passagem pela banca de investimento,<br />
sentiu a necessidade de controlar a sua<br />
carreira e de definir o seu percurso profissional e,<br />
aos 22 anos, passou a liderar um projeto que podia<br />
controlar por completo e que representava os valores<br />
corporativos e organizacionais em que acreditava.<br />
Em 2008, nasce oficialmente a Science4you S.A.,<br />
uma empresa portuguesa de brinquedos científicos e<br />
educativos que, hoje em dia, é a primeira a nível nacional,<br />
a terceira maior do seu setor a nível Ibérico e<br />
com uma presença em mais de 50 países.<br />
Foi já distinguido com vários prémios: Empreendedor<br />
do Ano 2010 (Comissão Europeia); Empreendedor<br />
Finicia Jovem 2009 IA<strong>PME</strong>I; 1.º Prémio da European<br />
Entrepise Awards na categoria de Internacionalização<br />
a nível Nacional em 2011; Empreendedor nos Prémios<br />
Novos 20<strong>13</strong>; Business Internalization Awards<br />
em 20<strong>13</strong>, por parte do governo britânico; medalha de<br />
Mérito Empresarial pela Câmara Municipal de Loures<br />
em 2014. Em 2015, foi condecorado pelo Presidente<br />
da República com a Ordem de Mérito Empresarial.<br />
33
h<br />
empreendedorismo<br />
BABU, ESCOVAR OS DENTES DE FORMA<br />
SUSTENTÁVEL<br />
Denisse Sousa<br />
Babu<br />
A Babu nasce em 2017 da crença de que se pode criar soluções<br />
para as necessidades de todos. Pensada de forma sustentável,<br />
por forma a não prejudicar a biodiversidade e a preservação<br />
do ecossistema, estas escovas de dentes modernas são<br />
amigas dos dentes e do nosso ambiente, pensando num futuro<br />
mais sustentável. Conversámos com João Jerónimo, fundador<br />
da Babu, sobre o que significa dar um twist sustentável a<br />
um produto tão arcaico como uma escova de dentes.<br />
A Babu acredita que se pode e deve criar soluções para<br />
problemas atuais, aplicada a todos os produtos utilizados<br />
diariamente, como é o caso de uma simples escova<br />
de dentes. Ao fazer este upgrade a um produto já conhecido<br />
por todos, a mudança de hábitos e consciência<br />
faz-se facilmente e vai muito mais além do que simplesmente<br />
comprar uma escova de dentes nova.<br />
A Babu aparece como forma de contribuir para a mudança<br />
que todos queremos ver e vivenciar. Mobilizar os<br />
consumidores para explorarem outras alternativas ao<br />
plástico constituiu o maior desafio da marca.<br />
Babu são feitas de bambu da espécie Phyllostachys edulis, uma espécie endémica da Ásia<br />
O bambu é totalmente biodegradável, ao contrário das<br />
escovas de dentes tradicionais que demoram mais de<br />
400 anos a decompor-se. Aqui, os consumidores estão<br />
a utilizar um produto vindo da natureza.<br />
“Sempre foi nosso objetivo deslocar uma maior percentagem<br />
do fabrico para Portugal, como por exemplo<br />
o fabrico dos cabos das escovas ou o enchimento das<br />
cerdas, contudo, e após várias tentativas com potenciais<br />
parceiros, não nos foi ainda possível concretizar<br />
tal ambição. No entanto, em Portugal é feito todo o processo<br />
logístico, controlo de qualidade, atendimento ao<br />
cliente e divulgação da marca”, acrescenta o fundador.<br />
Apesar de a produção ser feita internacionalmente, a<br />
marca tem como ambição tornar-se ainda mais nacional,<br />
com previsão de lançamentos durante os próximos<br />
anos de novos produtos totalmente feitos em Portugal.<br />
João Jerónimo, fundador da Babu<br />
“A realidade tem vindo gradualmente a alterar-se com<br />
cada vez mais pessoas conscientes e conhecedoras<br />
do impacto do plástico não reciclado e não reciclável,<br />
como é o caso das escovas de dentes e cotonetes, por<br />
exemplo. São produtos consumidos em larga escala<br />
que, mesmo que colocados no ecoponto, simplesmente<br />
não são reaproveitados, pelo que geram um enorme<br />
impacto ambiental”, começa por explicar João Jerónimo,<br />
fundador da Babu.<br />
O primeiro investimento foi na ordem dos 50 mil euros.<br />
As escovas, essas, são feitas em bambu da espécie<br />
Phyllostachys edulis, espécie característica da Ásia, local<br />
onde estão os parceiros da Babu que participam no<br />
processo de fabrico.<br />
34<br />
UM NEGÓCIO FEITO POR REVENDEDORES<br />
Ao contrário de outras marcas que vendem os seus<br />
produtos nas suas próprias lojas, este não é o caso da<br />
Babu. O modelo de negócio, centrado em revendedores,<br />
privilegia o crescimento da marca e dá oportunidade<br />
aos seus parceiros de se tornarem embaixadores<br />
da marca.<br />
“Está na nossa filosofia defender os nossos revendedores<br />
e isso será algo que iremos sempre manter. No<br />
entanto, e fruto de uma crescente procura pelos nossos<br />
produtos em mercados que ainda não temos distribuidores,<br />
bem como devido à expansão da gama de<br />
artigos conduzir a que os nossos revendedores possam<br />
não dispor de toda a nossa oferta, iremos dentro em<br />
breve dar a possibilidade de se adquirir qualquer artigo<br />
Babu também no nosso site”, revelaJoão Jerónimo.
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
rosidade que evita assim a contaminação por fungos e<br />
bactérias, contribuindo para que a sua higiene oral seja<br />
mais saudável.<br />
Além do fator ecológico, o formato das cerdas da Babu<br />
foi desenhado para dar uma boa higiene oral e chegar<br />
às zonas mais difíceis, daí a marca deter de uma patente<br />
internacional sobre o produto.<br />
“O aconselhável é trocar passados dois a três meses<br />
de utilização ou quando as cerdas já estão desgastadas<br />
o suficiente para que a sua escovagem já não seja<br />
eficiente. Mas não só o tempo de utilização é relevante<br />
para a decidir substituir. Em caso de gripe, infeções<br />
orais ou outras doenças que afetem a sua higiene oral<br />
é altamente recomendável que troque por uma nova”,<br />
sublinha João Jerónimo.<br />
Encontram-se em lojas bio, mas também já em farmácias,<br />
sendo a primeira e única marca de escova de dentes<br />
em bambu com presença em toda a rede nacional<br />
da Associação Nacional de Farmácias, cerca de 2800<br />
espalhadas pelo país.<br />
O seu público alvo inicialmente era visto como “alguém<br />
muito ligado aos temas da ecologia e preservação ambiental”.<br />
Contudo, hoje, o leque de consumidores é<br />
muito mais alargado, sendo maioritariamente feminino,<br />
entre os 25 e 45 anos de idade. Atualmente, encontram-se<br />
no Brasil, Itália e Espanha, mercados próximos<br />
do nacional tanto na língua como na cultura.<br />
O modelo de negócio, centrado<br />
em revendedores, privilegia<br />
o crescimento da marca<br />
e dá oportunidade<br />
aos parceiros de se tornarem embaixadores<br />
da marca<br />
“Durante este e no próximo ano temos definida uma<br />
estratégia de internacionalização que passa por fazer<br />
crescer a nossa presença noutros países da Europa,<br />
bem como aumentar a nossa presença no Brasil, pois é<br />
um mercado muito grande, e em países de língua portuguesa”,<br />
acrescenta o fundador.<br />
As escovas de dentes Babu são 99% biodegradáveis<br />
NÃO SE ESQUEÇA DA ESCOVA DE DENTES!<br />
A principal e grande diferença é que a escovas de dentes<br />
da Babu são 99% biodegradáveis, pois, à exceção<br />
das cerdas, que são em nylon, todo o cabo é em bambu<br />
e degrada-se naturalmente. Para a sua preservação,<br />
são necessários cuidados especiais: devido ao material<br />
do cabo, é aconselhável deixar a Babu num local seco,<br />
sem contacto com a água.<br />
Como antibacteriano natural que é, o bambu tem na<br />
sua constituição agentes que previnem a proliferação<br />
de bactérias nocivas. É também um material sem po-<br />
Marca apoia-se em revendedores<br />
35
h<br />
empreendedorismo<br />
"SOMOS A EMPRESA DE MAIOR CRESCIMENTO NO SETOR<br />
ALIMENTAR" - BRUNO Amaral<br />
Ana Rita Justo<br />
Icon Key<br />
A Icon Key é uma startup portuguesa apostada na<br />
produção e representação de bebidas alcoólicas<br />
artesanais premium. Em março, tornou-se na primeira<br />
empresa do setor a recorrer a uma plataforma<br />
de equity funding, a Seeders, na qual conseguiu<br />
captar meio milhão de euros. Presente em 24 mercados<br />
e com um valor líquido de 4,4 milhões de euros,<br />
a Icon Key foi considerada pelo Financial Times<br />
como uma das empresas com o crescimento mais<br />
rápido na Europa e espera agora chegar a um total<br />
de 50 mercados. Bruno Amaral, chief commercial officer<br />
(CMO) da Icon Key, explica como.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Como nasceu a Icon Key?<br />
Bruno Amaral – A Icon Key nasceu em 2008 como uma<br />
empresa de trading internacional. Evoluiu no início de<br />
2014 para a construção, produção, representação e<br />
distribuição de bebidas alcoólicas portuguesas artesanais.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – O que torna esta empresa única?<br />
B. A. – O facto de ser uma empresa familiar, portuguesa,<br />
focada na construção de marcas em categoria<br />
de bebidas alcoólicas onde Portugal não possuía uma<br />
oferta que reunisse inovação, modernidade, design e<br />
autenticidade nomeadamente o gin, o rum, a cerveja,<br />
os licores de fruta, e as<br />
aguardentes de fruta<br />
e vínicas.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que<br />
se insere neste mercado<br />
das bebidas espirituosas<br />
premium?<br />
B. A. – A Icon Key<br />
é a única empresa<br />
portuguesa do ramo<br />
alimentar que foi<br />
selecionada para<br />
o ranking das 1.000<br />
empresas de maior<br />
crescimento na Europa. Portanto, somos, com grande<br />
distância, a empresa de maior crescimento no setor<br />
alimentar em Portugal, pesando já 3% das exportações<br />
deste setor, e uma quota de mercado de 1%, ao fim de<br />
apenas quatro anos.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Porquê a decisão de avançarem para<br />
uma ronda de equity funding?<br />
B. A. – Com vista a financiar de forma independente<br />
a expansão da pegada internacional de 30 para 50<br />
36<br />
Cerveja Maldita é uma das bebidas representada pela Icon Key<br />
Bruno Amaral, CMO da Icon Key<br />
mercados internacionais, e o lançamento de oito novas<br />
marcas inovadoras, com o objetivo de quase triplicar a<br />
faturação líquida até 2023.<br />
.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual a estratégia da empresa para a internacionalização<br />
e quais os mercados alvo?<br />
B. A. – O apoio do Portugal 2020 foi muito importante<br />
para estarmos presentes nas feiras internacionais mais<br />
relevantes deste setor, a partir das quais construímos<br />
uma rede de importadores exclusivos na Europa, onde<br />
estamos bem representados. A prioridade para os próximos<br />
quatro anos é, além de consolidar a rede europeia,<br />
construir uma rede semelhante nos Estados Unidos.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Foram considerados pelo Financial Times<br />
como uma das empresas com o crescimento mais rápido<br />
na Europa. Que estratégia para manterem este<br />
estatuto?<br />
B. A. – A estratégia é executar o nosso plano de negócios<br />
para o período <strong>2019</strong>-2023, ou seja, quase triplicar<br />
a faturação neste período, com base na inovação, com<br />
oito novas marcas de posicionamentos diferenciadores<br />
e únicos, a consolidação do relacionamento com os<br />
clientes europeus e a expansão para os Estados Unidos<br />
da América.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais os planos para os tempos mais<br />
próximos?<br />
B. A. – Neste segundo semestre, estamos focados<br />
em lançar o nosso Vermute Português Moot, elaborado<br />
com Vinho da Vadeira, e o nosso gin ultra-premium<br />
Tróia, elaborado com infusão de vinho moscatel da<br />
península de Setúbal, cujos lucros serão alocados em<br />
20% à Ocean Alive – ao seu projeto Guardiãs do Mar –<br />
que contribui ativamente para a manutenção da comunidade<br />
de golfinhos roazes no Rio Sado e Tróia.
O mundo está em constante evolução e a transformação digital das empresas e organizações<br />
é inevitável se pretendem ter um futuro com sucesso. Conte com a experiência, conhecimento<br />
e inovação da PT Empresas para a modernização da sua atividade.<br />
Ligue-se à PT Empresas e projete um futuro melhor.<br />
16 206 | Gestor | ptempresas.pt<br />
UMA REDE DE POSSIBILIDADES
h<br />
empreendedorismo<br />
MACRAMÉ VIRA NEGÓCIO DE FAMÍLIA NO FEMININO<br />
Ana Rita Justo<br />
Cramet<br />
A Cramet nasceu em 2016 e é um autêntico negócio<br />
de família. Do crochet da avô Zulmira, ao macramé<br />
da mãe Emília e com a ajuda das filhas Sol e Diana,<br />
o negócio vai de vento em popa, sem nunca perder a<br />
autenticidade.<br />
É costume dizer-se que a necessidade aguça o engenho.<br />
Solange, que prefere ser tratada por Sol, saiu de<br />
casa, em agosto 2016, e disse à mãe que adoraria ter<br />
peças em macramé na sua nova casa. Só custou o primeiro.<br />
A partir daí, o boca a boca levou a mais e mais<br />
pedidos e assim nasceu a Cramet, uma marca de família<br />
com a mãe, Emília Cabrita, de 56 anos, à cabeça,<br />
as filhas Sol (28) e Diana (24) na fotografia, design e<br />
marketing, e a avó Zulmira, que aos 80 anos ainda produz<br />
peças em crochet.<br />
“Os meus amigos começaram a ir a minha casa e a perguntar-me<br />
de onde era aquele macramé e começaram<br />
aí os pedidos. Toda a gente queria peças assim. Eu sou<br />
designer, o meu namorado também, e a minha irmã é<br />
de marketing. Então, decidimos criar o site da Cramet<br />
como prenda de aniversário para a minha mãe. Assim<br />
surgiu a nossa marca”, recorda Sol.<br />
Com uma base boho, a Cramet surge com várias peças<br />
de decoração, entre peças de parede, porta-vazos, cabeceiras<br />
de cama, peças para decoração de casamentos,<br />
mas não só. Há dois anos, foi a grande responsável<br />
pela decoração das lojas da marca de calçado Zilian<br />
e, mais recentemente, esteve envolvida na decoração<br />
dos hotéis Selina do Porto, Ericeira e Lisboa. Até um<br />
vestido em macramé já foi feito.<br />
Da esquerda para a direita, Diana, a mãe Emília, a avó Zulmira e Solange<br />
“O prazer que dou a alguém quando estou a fazer um<br />
espetáculo é imediato, mas quando fazemos uma<br />
peça para ir para casa de alguém a responsabilidade<br />
é acrescida. Vai estar sempre ali, visível, portanto, tem<br />
de ser feito com carinho para que a felicidade seja prolongada”,<br />
sublinha a matriarca.<br />
A inspiração vem do “dia-a-dia”, refere Sol, mas também<br />
de outras culturas, acrescenta Emília: das tribos<br />
das mulheres-girafa, dos torés indígenas (ritual), da<br />
natureza. Todo o algodão utilizado na conceção das<br />
peças é português, as madeiras utilizadas são, na maior<br />
parte das vezes, aproveitadas do que vão encontrando<br />
na praia ou no campo.<br />
Cada peça é pensada individualmente para cada cliente<br />
e dois dias é o tempo médio para a criação de uma<br />
peça de parede.<br />
Uma peça de parede em macramé pode levar dois dias a ser feita<br />
Tudo é pensado em família, mas a grande artesã das<br />
peças é a mãe Emília. Professora de música de profissão,<br />
dedica-se agora ao negócio da família, que vai<br />
conciliando com a paixão musical, que lhe trouxe a responsabilidade<br />
acrescida de fazer peças com significado.<br />
38<br />
“Não fazemos peças em série, temos algumas peças<br />
repetidas, mas aquilo que gostamos mesmo de fazer<br />
são peças únicas e específicas para determinados ambientes”,<br />
acrescenta Emília.<br />
UM NEGÓCIO FAMILIAR MODERNO<br />
A Cramet vive online e 70% das encomendas surgem<br />
via redes sociais. Também é possível encontrar algumas<br />
peças em lojas multimarca, como é o caso da In
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Lisbon, em Lisboa, e da Casa Mãe, em Lagos (Algarve).<br />
Para uma família com backgrounds nas áreas das artes<br />
e do marketing, não foi fácil iniciar a gestão deste negócio,<br />
como comenta Sol.<br />
“Foi difícil perceber, no início, quanto é que uma peça<br />
podia valer, como é que conseguíamos, de alguma<br />
forma, contabilizar as nossas horas de trabalho. Felizmente,<br />
temos amigos na área de gestão que nos conseguiram<br />
ajudar”, ressalva.<br />
Já Emília sublinha que não é objetivo “fazer peças para<br />
um público elitista”, mas sim chegar ao maior número<br />
de pessoas possível.<br />
No ano passado, a marca produziu perto de 270 peças,<br />
cada uma com uma história para contar.<br />
Para breve, está o lançamento da loja online da marca,<br />
mais um passo na profissionalização e modernização<br />
do negócio.<br />
“EMPRESA ESPECIAL”<br />
Aumentar o número de colaboradores não é, para já,<br />
uma opção. Emília quer manter a empresa “familiar e<br />
especial”, pois diz que é esta a essência da Cramet.<br />
Contudo, o futuro pode tomar vários rumos e a família<br />
já está a pensar nisso. Apostar na Cramet como uma<br />
marca de decoração e não só de macramé, mas há mais.<br />
Aos 56 anos, Emília Cabrita é a grande mentora da Cramet<br />
“A moda é, provavelmente, uma área que vamos explorar<br />
um pouco mais: o vestuário e os adereços. Queremos<br />
fazer peças diferentes e com mais qualidade do<br />
que aquelas que, muitas vezes, encontramos nas lojas”,<br />
aponta a mãe Emília.<br />
Apostar no mercado internacional também é um dos<br />
objetivos com a nova loja online, nomeadamente no<br />
mercado europeu, uma vez que para outros mercados<br />
o envio pode não compensar.<br />
“Já nos aconteceu termos uma pessoa a pedir-nos<br />
uma peça e, quando percebemos, essa pessoa estava<br />
no Brasil. Tornava-se quase incomportável enviar uma<br />
peça para lá, para pagar quase tanto de portes como o<br />
valor da peça”, explica.<br />
O negócio segue de vento em popa e continua a inspirar<br />
gerações através dos workshops que a Cramet vai<br />
organizando, nos quais, revela Sol, são dados alguns<br />
conselhos para quem quer dedicar-se a esta arte.<br />
Net bags da avó Zulmira são feitos em crochet<br />
“Um dos conselhos que damos é: inspirem-se naquilo<br />
que querem fazer, mas mudem sempre alguma coisa, é<br />
o vosso cartão de visita. Temos já algumas alunas que<br />
vão mostrando trabalho e temos muito orgulho que isso<br />
aconteça.”<br />
39
p<br />
MEDIR PARA GERIR<br />
A IMPORTÂNCIA DAS FERRAMENTAS DE ORÇAMENTAÇÃO<br />
Margarida Gomes, consultora na GSTEP<br />
GSTEP<br />
O controlo orçamental de uma empresa estabelece<br />
orçamentos, relacionando as responsabilidades dos<br />
executivos às exigências de uma política de melhoramento<br />
e monitorização contínua dos resultados reais<br />
com os previsionais, seja para garantir por ação individual<br />
o objetivo delineado, seja para fornecer uma base<br />
para sua revisão periódica.<br />
Perder muito tempo para formular o orçamento de um<br />
só departamento dentro das organizações é algo inconcebível<br />
nos tempos que correm. Uma das formas<br />
de melhorar o controlo orçamental é procurar no mercado<br />
soluções com elevados níveis de performance,<br />
com processos automatizados para tornar ainda mais<br />
eficiente o seu trabalho e mais eficazes as suas análises,<br />
com o objetivo de otimizar os seus processos de<br />
decisão, aumentando o nível e qualidade da gestão das<br />
empresas.<br />
Imaginem um robô de cozinha, concebido “para preparar<br />
refeições saudáveis e deliciosas, com receitas<br />
passo a passo sem ficar o dia todo na cozinha, com<br />
milhares de receitas à escolha”, na realidade, uma solução<br />
para a elaboração do orçamento não está muito<br />
longe disto. Quando pensamos nestes gadgets, sejam<br />
eles de culinária ou de orçamentação, queremos sempre<br />
algo que tenha no package: poupança de tempo, de<br />
dinheiro, várias opções de receitas, ser user-friendly e<br />
que nos dê asas à imaginação.<br />
Analisando cada um destes pontos individualmente<br />
percebemos que o robô de cozinha “pica, tritura e cozinha<br />
para que possa passar mais tempo com a família<br />
e amigos”, as ferramentas de orçamentação subtraem,<br />
somam e calculam para que possam passar mais tempo<br />
com análise de dados e tomada de decisões. O robô<br />
de cozinha “permite-lhe preparar em casa os seus próprios<br />
ingredientes, poupando dinheiro e mantendo a<br />
frescura e o sabor”, com as ferramentas de orçamentação<br />
tem na empresa pessoas formadas na tecnologia,<br />
poupando dinheiro e mantendo o know-how do negócio<br />
dentro das quatro paredes. O robô de cozinha “oferece<br />
milhares de opções para que nunca se canse de comer<br />
de forma saudável”, as ferramentas de orçamentação<br />
são customizáveis, podendo calcular de várias formas<br />
(com base na inflação, na sazonalidade do ano anterior,<br />
etc.). O robô de cozinha “guia-o passo a passo em<br />
cada uma das receitas”, as ferramentas de orçamentação<br />
são intuitivas e de fácil manuseamento. O target do<br />
robô de cozinha é “delegar as tarefas mais monótonas<br />
ao robô e desfrutar da parte mais criativa da cozinha”,<br />
pois escusado será dizer que todo o financeiro/gestor<br />
o que mais quer é não ter tarefas monótonas e de baixo<br />
40<br />
Margarida Gomes, consultora na GSTEP<br />
valor acrescentado e poder investir o tempo em objetivos<br />
mais úteis para a tomada de decisão.<br />
Claro está que a única diferença que existe do robô de<br />
cozinha para as ferramentas de orçamentação é que<br />
estas últimas não consideram só as receitas mas também<br />
as despesas, mostrando assim a importância que<br />
têm na elaboração do controlo orçamental das empresas.<br />
Apenas monitorizando, analisando o desempenho<br />
da empresa em várias etapas, é possível aferir o real<br />
desempenho da mesma a diversos níveis: operacional,<br />
financeiro e económico. A possibilidade de monitorizar<br />
a empresa de perto permite identificar as principais<br />
métricas que estão fora das nossas previsões iniciais,<br />
atuando, tomando decisões e medidas corretivas.<br />
Resumindo, as ferramentas tecnológicas de orçamentação<br />
são uma mais-valia no ciclo de vida das empresas,<br />
sendo soluções completas com funcionalidades<br />
de liderança de mercado muito além das linhas de<br />
negócios das empresas, com opções de flexibilidade<br />
e desenvolvimento em personalizações, não necessitando<br />
de curva de aprendizagem. Utilizam uma engenharia<br />
poderosa de cálculo que pode ser usada para<br />
alcançar um alto nível de lógica de funções de negócios<br />
com rápida performance, gerando análises e relatórios<br />
instantâneos, além de prover tarefas definidas<br />
pelos usuários e fluxos de navegação que podem ser<br />
personalizados com base nas necessidades de uso de<br />
diferentes grupos de usuários.<br />
O requerimento-chave para se ficar à frente da competição<br />
que existe no mercado é entender rapidamente<br />
a volatilidade e o modelo para que as mudanças operacionais<br />
e financeiras sejam rápidas. Estas ferramentas<br />
contêm capacidades de análise sofisticadas de<br />
modelagem e predição que permitem aos usuários criar<br />
múltiplas versões “What If”, conectam uma comunidade<br />
larga de usuários com um interface intuitivo e pronto<br />
para o telemóvel. Além disso, permitem a criação em<br />
minutos de relatórios e painéis de indicadores que exibem<br />
planos, previsões e dados atuais e quaisquer alterações<br />
feitas na ferramenta são instantaneamente<br />
refletidas nestes.
p medir para gerir<br />
MICROSOFT 365 PARA <strong>PME</strong><br />
Teresa Virgínia, diretora da unidade de negócio<br />
de Modern Workplace da Microsoft Portugal<br />
Microsoft Portugal<br />
São Pequenas e Médias Empresas (<strong>PME</strong>), mas os desafios<br />
são grandes e complexos. É com base nesse<br />
pressuposto que as respostas às soluções que acreditamos<br />
que têm de estar acessíveis a esta audiência<br />
são críticas. É isso mesmo que o Microsoft 365 Business<br />
procura endereçar. Com soluções na cloud já com<br />
Inteligência Artificial incorporada nas aplicações Office,<br />
a Microsoft procura capacitar as <strong>PME</strong> para fazerem<br />
mais e melhor, permitir uma colaboração mais rápida,<br />
simples e segura, de forma a revigorar o trabalho em<br />
equipa e aumentar a produtividade, garantindo que os<br />
colaboradores das <strong>PME</strong> se sentem produtivos, onde<br />
quer que estejam e a partir de qualquer dispositivo.<br />
Tendo estudado profundamente as necessidades das<br />
<strong>PME</strong>, identificámos as seguintes questões como sendo<br />
as mais relevantes em termos tecnológicos:<br />
◊ Manter a tecnologia atualizada: é difícil acompanhar<br />
as mudanças na tecnologia, assim como constantemente<br />
necessitar de atualizar os sistemas. Qualquer<br />
renovação requer tempo, dinheiro e esforço, o<br />
que pode impactar no negócio – por isso, é necessário<br />
que a tecnologia seja ágil e esteja sempre atualizada;<br />
◊ Força de trabalho móvel: Segundo um estudo<br />
feito pela Yougov, cerca de 71% dos colaboradores em<br />
<strong>PME</strong> admitem usar os seus dispositivos móveis para<br />
aceder a material de trabalho. Ir ao encontro de uma<br />
força de trabalho móvel e distribuída a nível geográfico<br />
exige funcionalidades de colaboração que vão além<br />
de um só dispositivo e, acima de tudo, que ofereçam a<br />
segurança exigível;<br />
◊ Proteger dados sensíveis: 53% das <strong>PME</strong> recolhem<br />
informação sensível, como o NIF por exemplo, e<br />
uma em cada cinco <strong>PME</strong> recolhem dados bancários. É<br />
crucial ter tecnologia que proteja as transmissões intencionais<br />
(ou acidentais) de dados que podem colocar<br />
as <strong>PME</strong> em não conformidade com RGPD ou ameaçar<br />
o seu negócio;<br />
◊ Ameaças cibernéticas e esquemas de<br />
phishing: 72% das <strong>PME</strong> acreditam que a sua empresa é<br />
muito vulnerável a ser vítima de um ciberataque. É essencial<br />
que as <strong>PME</strong> tenham tecnologia preparada para<br />
evitar ataques de phishing e ramsomware.<br />
O Microsoft 365 Business, que reúne o Office 365<br />
Premium, o Windows 10 e o Enterprise Mobility<br />
+ Security foi criado especificamente para estas<br />
organizações. Além de capacitar os colaboradores<br />
a fazer mais, facilita a gestão de TI e protege toda a<br />
informação e dados relevantes para o seu negócio, na<br />
medida em que é construído para garantir ferramentas<br />
de produtividade e serviços de segurança num único<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Teresa Virgínia, diretora de Modern Workplace da Microsoft Portugal<br />
produto, simples de gerir. Esta solução protege os<br />
dados da empresa, alargando a segurança a usuários,<br />
aplicações e dispositivos; ajuda a assegurar que os<br />
PC estão atualizados e seguros, ajudando a prevenir<br />
vulnerabilidades de segurança que podem ser depois<br />
exploradas por hackers; e permite ainda proteger os<br />
dados da empresa entre vários dispositivos, com a<br />
possibilidade de remover completamente os dados<br />
em caso de perda ou roubo de dispositivos. Capacita<br />
também os seus colaboradores na medida em que lhes<br />
oferece a mobilidade que se coaduna, atualmente, com<br />
organizações mais ágeis e adaptadas ao workplace<br />
moderno.<br />
O Microsoft 365 Business torna possível ser produtivo<br />
em qualquer lugar e a partir de qualquer dispositivo.<br />
Inclui a suite do Office 365 – Word, Excel e PowerPoint<br />
– assim como o Outlook para email; Sharepoint e One-<br />
Drive para partilhar ficheiros com clientes, colegas de<br />
trabalho e fornecedores. E ainda o Microsoft Teams, a<br />
plataforma de colaboração que integra todas as ferramentas<br />
necessárias para o trabalho das equipas internas<br />
ou externas e que atualmente é utilizado já por<br />
mais de 500 mil empresas, incluindo 91 das Fortune 100<br />
e mais de 100 com mais de 10.000 colaboradores. Com<br />
dois anos, o Teams está presente em mais de 180 mercados<br />
e 44 línguas.<br />
O Microsoft 365 Business inclui ainda aplicações de<br />
negócio especificamente desenhadas para ajudar as<br />
<strong>PME</strong> a gerir o seu negócio, tais como o Bookings ou o<br />
Outlook Customer Manager, que o ajudam a conseguir<br />
mais clientes e a melhorar a eficiência das suas operações.<br />
Fundamentalmente, o Microsoft 365 foi criado com o<br />
objetivo de proporcionar soluções tecnológicas, fáceis<br />
de usar, a um custo acessível, com o intuito de promover<br />
o crescimento das <strong>PME</strong>. O objetivo é disponibilizar<br />
tecnologia capaz de garantir vantagem competitiva à<br />
quase totalidade do tecido empresarial português, sem<br />
necessidade de grande investimento em infraestrutura<br />
ou sistemas, numa era em que a inovação tecnológica<br />
é garantia de crescimento económico, independentemente<br />
da dimensão das organizações.<br />
41
o<br />
Marketing<br />
A IMPORTÂNCIA DAS MARCAS GLOBAIS<br />
Mafalda Marques<br />
Creatina e CCIP<br />
O lançamento da gama de papel higiénico Renova<br />
Paper Pack foi distinguido na 41.ª edição da<br />
competição “100 Melhores Ideias do Ano”. Paulo<br />
Pereira da Silva falou à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> sobre a<br />
importância das marcas globais, no Growth Forum,<br />
promovido pela CCIP.<br />
O prémio “100 Melhores Ideias do Ano” é promovido<br />
pela Atualidad Económica, em Madrid e visa reconhecer<br />
marcas, produtos e serviços disponíveis no mercado<br />
espanhol, em áreas de atividades distintas. No caso<br />
da Renova, o galardão chega na categoria referente a<br />
sustentabilidade, pois substitui a embalagem de plástico<br />
por papel, sendo, por isso, uma opção mais sustentável<br />
para todos os consumidores.<br />
Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova, explica que, em<br />
Portugal, não há marcas globais, à exceção de Cristiano<br />
Ronaldo, e partilha algumas ideias que desenvolve:<br />
“O valor criado pelas marcas é muito importante para<br />
o país. Tem que ver, sobretudo, com a reputação, com<br />
algo que as torne únicas. As marcas devem ser vistas<br />
com atenção, por algo que seja medido e gerido. O meu<br />
trabalho é esse na Renova, principalmente, encontrar<br />
algo disruptivo que a distinga, que seja valorizado e<br />
que permita captar valor através das pessoas. A imagem<br />
do papel higiénico preto mudou a imagem da Renova<br />
no mundo, aí sim, mudámos a perceção e a legitimidade<br />
neste setor, pois somos a companhia do papel<br />
higiénico preto [risos].”<br />
A Renova sempre operou em Portugal e tinha uma gestão<br />
muito parecida com a gestão de uma multinacional.<br />
Foi uma grande mais-valia para a gestão da empresa.<br />
Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova<br />
Lá fora, não foi possível fazer isso, tiveram de criar uma<br />
startup para se fixarem. Mas Paulo defende que uma<br />
marca para se desenvolver tem de existir enquanto<br />
empresa. Deve interferir com as pessoas, ter uma proposta<br />
credível, se não não é uma marca.<br />
“Temos de ter coragem para criar uma startup, permitir<br />
o erro e falhar, não penalizar o erro, apenas aprender<br />
com ele e arriscar.”<br />
A história da Renova retrata bem o percurso que uma<br />
marca pode fazer ao longo da sua existência e Paulo<br />
Pereira da Silva explica como: “A empresa Renova<br />
existe desde 1939 e a marca existe desde 1818, sem<br />
uma estrutura por trás. A marca antecede a existência<br />
da empresa, o que não é muito normal”.<br />
O core business da empresa é criar soluções de produtos<br />
de consumo onde a maioria dos materiais são fibras<br />
de celulose, mas não só, pois a Renova não se considera<br />
uma “papeleira”.<br />
A internacionalização começou logo quando deixaram<br />
de existir barreiras alfandegárias entre Portugal e Espanha<br />
e, na altura, alguns concorrentes fundiram-se<br />
com multinacionais norte-americanas.<br />
“Achámos que estar apenas em Portugal era uma posição<br />
extremamente vulnerável, que era preciso internacionalizar<br />
pelo menos para Espanha e essa decisão<br />
aconteceu nos anos 90”.<br />
42<br />
Renova sempre operou em Portugal<br />
Em Espanha, a primeira grande dificuldade foram as<br />
cadeias de distribuição. Aí sentiram que a solução era a<br />
diferenciação a partir soluções que não existiam, como<br />
soluções logísticas, de decoração, sempre com coisas<br />
diferentes. Essa foi a estratégia para todos os países.<br />
Todos os países foram desafiantes e diferentes, mas o<br />
mais difícil foi Espanha por ter sido a sua primeira experiência<br />
internacional.<br />
“Imagine termos de reaprender a apresentar os nossos<br />
produtos em Espanha, onde ninguém nos conhecia,<br />
quando em Portugal éramos a marca das avós e tínhamos<br />
uma reputação elevadíssima”, confessa.
o<br />
marketing<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Cada vez mais as cadeias de distribuição têm necessidades<br />
específicas e a Renova tem tido a capacidade de<br />
apresentar soluções à medida. As suas dores de crescimento<br />
foram graduais e a equipa comercial foi reforçada<br />
e conseguiu ser flexível nessa visão.<br />
Há três anos, a empresa decidiu investir industrialmente<br />
em Vichy, França, tendo a sua primeira experiência<br />
industrial internacional naquele país.<br />
A internacionalização começou<br />
logo quando deixaram de existir<br />
barreiras alfandegárias<br />
entre Portugal e Espanha<br />
“Neste momento, exportamos mais do que vendemos<br />
cá, mais de 50%. Os nossos crescimentos são muito<br />
grandes fora, mas a nossa humildade permite-nos ver<br />
a dimensão das coisas e da realidade”, adianta.<br />
A relação do produto, neste caso do papel higiénico,<br />
com o consumidor mudou, o que é raro acontecer, razão<br />
pela qual conseguiram proteger a marca e a cor em<br />
relação ao produto. O valor do papel higiénico mudou e<br />
lançaram linhas com cores mais vibrantes e outra com<br />
cores mais suaves. Toda a exportação fora da Europa<br />
reside nestes produtos.<br />
“Se me perguntar se o [papel] preto conta muito, não<br />
conta, por isso o retirámos da grande distribuição. Foi<br />
um erro que conseguimos corrigir rapidamente. Como<br />
é um produto protegido e premium, achamos que devemos<br />
vendê-lo como um produto de luxo associado a<br />
uma estratégia própria que chamamos ‘Renova Luxury’,<br />
produtos com maior valor acrescentado”, explica.<br />
Um rolo de papel higiénico custa cerca de 0,10 euros,<br />
mas se vendem um pacote com três rolos pretos a 9<br />
euros, este valor no produto é abissal. Paulo explica o<br />
segredo:<br />
“Quando falamos de marcas é muito importante desenvolver<br />
a diferenciação e mantê-la. É preciso ser<br />
coerente e ter ambição em sacrificar o curto prazo pelo<br />
médio prazo para toda a marca e não só para aquele<br />
produto. Se fizemos bem ou mal? Não sei, mas é esta a<br />
nossa estratégia e somos quem somos por isso”.<br />
TREINAR COM OS OLHOS POSTOS NAS MARCAS<br />
Mafalda Marques<br />
O2 Gym Activation<br />
A O2 Gym Activation chega ao mercado, consolidando<br />
um percurso que começou em 2008, com Filipe Capela,<br />
fundador da O2 Produções Audiovisuais e que há 11<br />
anos iniciou a comunicação de marcas em 18 clubes<br />
Holmes Place, na altura mais focada em circuitos internos<br />
audiovisuais.<br />
O acordo de parceria estabelecido no início do ano<br />
<strong>2019</strong> com a SCFitness, empresa do grupo Sonae, aumentou<br />
a cobertura da rede de ginásios e reforçou a<br />
necessidade de criar a O2 Gym Activation. Esta concebe<br />
e implementa ativações de marca em 92 ginásios,<br />
de norte a sul do país.<br />
Ativação feita para a Fructis<br />
Nestes locais, estão os microinfluenciadores que podem<br />
viver a experiência que a marca propõe.<br />
Ativação do Millennium BCP num dos ginásios da marca<br />
“As pessoas que frequentam o ginásio querem sentir-<br />
-se bem, produtivas, e as marcas que encontram nestes<br />
espaços vão estar associadas a estes pensamentos<br />
positivos. A O2 Gym Activation tem ainda a capacidade<br />
de segmentá-los em função do posicionamento da<br />
marca”, refere Inês Cavazzini, advertising manager da<br />
O2 Gym Activation.<br />
“Temos objetivos ambiciosos para <strong>2019</strong> que passam<br />
por mostrar à marca as diferentes potencialidades que<br />
têm ao apostar no canal ginásio enquanto comunicador<br />
de excelência com o seu público. Nesta nova forma de<br />
comunicar, somos, acima de tudo, parceiros da marca”,<br />
acrescenta.<br />
Leia esta entrevista na íntegra em www.pmemagazine.com<br />
43
o<br />
tecnologia<br />
“QUEREMOS TRAÇAR AS LINHAS PELAS QUAIS<br />
O MERCADO DAS TIC EVOLUI”-<br />
Ana Rita Justo<br />
Bee Engineering<br />
A Bee Engineering está em Portugal desde 20<strong>13</strong> e<br />
trabalha a partir de Lisboa, Porto e Amesterdão para<br />
o grande mercado europeu, africano e Médio Oriente.<br />
Em 2018, superou os cinco milhões de euros em<br />
faturação, abriu nova sede em Lisboa e reforçou a<br />
aposta na gamificação. Falámos com o diretor executivo,<br />
José Leal e Silva, que nos fez um retrato do<br />
trabalho desenvolvido pela consultora.<br />
JOSÉ Leal eSilva<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como nasceu a Bee Engineering?<br />
José Leal e Silva – A Bee Engineering nasce em França<br />
em 2010. Inaugura a atividade ao nível de Tecnologias<br />
da Informação e Comunicação (TIC) no ano de 20<strong>13</strong><br />
em Lisboa, diversificando serviços e o seu alcance. Temos,<br />
atualmente, oito escritórios em diferentes localizações<br />
estratégicas na Europa, sendo três – Lisboa,<br />
Porto e Amesterdão – na vertente das TIC e geridos a<br />
partir de Portugal. Somos já mais de 180 apaixonados<br />
por tecnologia, entre projetos no território nacional e<br />
além-fronteiras. A paixão pela tecnologia é o que nos<br />
une e a aprendizagem acontece através do núcleo de<br />
R&D [n. d. r. Research and Development, pesquisa e desenvolvimento]<br />
e da nossa área de training.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como se posiciona no mercado?<br />
J. L. S. – Como a extensão tecnológica dos nossos<br />
clientes e parceiros. Existem vários modelos de atuação<br />
associados, que podem ir desde o outsourcing, projetos<br />
turn-key (de âmbito fechado), produtos, advisory e<br />
game development. As áreas de R&D e training acabam<br />
por suportar a evolução das áreas mencionadas.<br />
.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais os maiores desafios que vos são<br />
colocados?<br />
J. L. S. – O maior desafio que enfrentamos é o de crescer<br />
e evoluir o modo de atuar – num mercado cada vez<br />
mais competitivo – respeitando sempre os nossos valores<br />
core. Por outras palavras, manter a honestidade,<br />
lealdade e exigência, ainda assim, oferecendo o melhor<br />
serviço. O resto, são desafios tecnológicos, são os<br />
desafios que nos fazem ser melhores e abraçamo-los<br />
com gosto, empenho e dedicação.<br />
44<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Porquê a aposta no GameLAB?<br />
J. L. S. – Acreditamos na diversificação e inovação na<br />
forma como nos apresentamos ao mercado e à nossa<br />
equipa interna. Queremos ser pioneiros e ajudar a<br />
traçar as linhas pelas quais o mercado das TIC evolui.<br />
Nesse sentido, decidimos apostar numa forma diferente<br />
de fazer gamification, suportada numa equipa<br />
com forte experiência na área de game development. É<br />
esta uma das razões pela qual, hoje, esta divisão tem<br />
oferta associada ao desenvolvimento de videojogos. A<br />
área nasceu de um projeto na área da logística que tinha<br />
uma componente de gamification, mas acabou por<br />
ultrapassar o projeto em si. Paralelamente, é uma vertente<br />
passível de expansão internacional, o que está<br />
alinhado com a estratégia global da marca.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais os passos que uma empresa tem<br />
de dar para criar uma solução de gamification?<br />
J. L. S. – Uma empresa deve ter uma estrutura corporativa<br />
predisposta a aceitar uma transformação digital.<br />
Não existe uma solução milagrosa que transforme por<br />
completo processos rudimentares e que resulte numa<br />
melhoria imediata visível. Esta solução digital deve antes<br />
acompanhar uma forte iniciativa na modernização e<br />
uma visão a longo prazo. Uma solução de gamification<br />
tem um forte impacto na forma de trabalhar dos colaboradores,<br />
porque assenta nos valores e indicadores<br />
de performance já utilizados e acaba por, muitas vezes,<br />
originar uma nova métrica que agrega toda a evolução<br />
de uma estrutura num único indicador. O objetivo de<br />
uma solução deste tipo é o de facilitar o acesso e tornar<br />
transparente o sucesso ou insucesso de uma organização.<br />
É fundamental que este trabalho seja feito de forma<br />
sinérgica entre a Bee Engineering e o parceiro, em<br />
vez de ser apenas mais uma ferramenta que é utilizada<br />
e que adiciona pouco valor. Assim, podemos criar algo<br />
que faz sentido para todos e que aponta para um ROI<br />
mais imediato.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Fale-nos sobre o vosso departamento<br />
de R&D.<br />
J. L. S. – A diversificação da oferta da Bee Engineering
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A aposta em Portugal é para manter?<br />
J. L. S. – A aposta em Portugal é para crescer ainda<br />
mais e não apenas manter. Portugal assume-me como<br />
o alicerce tecnológico das várias geografias da empresa,<br />
assegurando que a qualidade e estrutura existentes<br />
no nosso país serão levadas ao resto da Europa (e<br />
não só) da melhor forma possível. Portugal é um local<br />
de excelência não apenas geográfico, mas fundamentalmente<br />
de conhecimento tecnológico e também das<br />
fortes competências pessoais (soft-skills).<br />
José Leal e Silva diretor executivo da Bee Engineering<br />
passa pela criação de soluções digitais. Esta assenta<br />
no investimento em R&D e do crescimento de um<br />
programa de ativação de talento, a Bee Academy. Este<br />
investimento é feito desde 2016 e crescerá 60% este<br />
ano. A aposta passou pelo reforço das competências<br />
técnicas e organizacionais de R&D, bem como da<br />
redefinição das áreas técnicas nas quais iremos<br />
centralizar o trabalho de investigação, que potencia<br />
depois a maturação dos produtos já existentes e criação<br />
de novos. Foi dado um sinal claro no investimento ao<br />
inaugurarmos, em 2018, uma nova sede em Lisboa.<br />
A Bee Engineering mudou os seus serviços centrais<br />
para um novo espaço de 650 metros quadrados,<br />
sensivelmente o triplo dos escritórios anteriores. Com<br />
a nova sede, foi possível criar condições para investir<br />
com mais robustez no desenvolvimento de consultores<br />
juniores, academistas e alunos que nos procuram para<br />
estágios. Tornou-se imperativo apostar na formação de<br />
novos talentos, sendo este um dos eixos determinantes<br />
para o futuro da consultora.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Em que geografias está presente?<br />
J. L. S. – Estamos em Lisboa, Porto e Amesterdão<br />
com escritórios. A nossa área de atuação estendese<br />
por toda a região EMEA [Europa, Médio Oriente e<br />
África]. Em 2018, 10% da faturação proveio de serviços<br />
realizados para clientes e parceiros de França,<br />
Reino Unido e Irlanda em setores como government,<br />
governance, mobile, fintech e logística, envolvendo<br />
60 colaboradores. Este ano, estamos a apostar no<br />
crescimento da faturação internacional com o objetivo<br />
de duplicar os resultados. Este objetivo segue em<br />
paralelo com a meta de assegurar novos talentos nas<br />
geografias servidas e de chegar a novos setores de<br />
atividade.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como valorizam os vossos colaboradores?<br />
J. L. S. – A nossa estratégia de desenvolvimento está<br />
centrada no potencial humano, na diversificação e inclusão.<br />
Na Bee Engineering, o todo é mais do que a<br />
soma das partes. O departamento de RH da Bee Engineering<br />
ICT foi carinhosamente apelidado de “Bee Together”<br />
pelos colaboradores, uma vez que a nossa estratégia<br />
está centrada no potencial humano e nas suas<br />
singularidades. Garantimos que os nossos valores se<br />
traduzem em políticas de gestão de pessoas, que são<br />
transmitidas desde a fase do recrutamento e acolhimento<br />
de novos colaboradores, mas também ao longo<br />
da sua evolução na empresa. Temos a preocupação de<br />
fornecer feedback constante, pois este é visto como<br />
uma forma de fazer evoluir os nossos colaboradores. O<br />
nosso propósito é que os nossos colaboradores sintam<br />
orgulho em fazer parte da “Bee Team”. Reter talento<br />
faz-se ao proporcionarmos aos nossos elementos um<br />
ambiente que fomente a sua realização profissional e<br />
os desafie continuamente. Fomentamos o crescimento<br />
e a união através de iniciativas de lazer e de desenvolvimento<br />
profissional. Consideramos, igualmente, que a<br />
diversidade é uma mais-valia que nos leva mais longe.<br />
Queremos que as pessoas possam crescer e serem uma<br />
referência nos projetos que desempenham, independentemente<br />
do seu género, crenças ou qualquer outro<br />
fator externo à competência e relacionamento pessoal.<br />
Somos uma empresa inclusiva onde existe igualdade<br />
de oportunidades e meritocracia.<br />
“Bee Engineering ICT foi carinhosamente<br />
apelidado de “Bee Together”"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Que planos para o futuro?<br />
J. L. S. – Estamos a capitalizar a consolidação registada<br />
no ano passado. Em <strong>2019</strong> estamos: a aumentar a<br />
implementação internacional, afirmando-nos em países<br />
de mercados EMEA com serviços de TIC, tanto em<br />
regime local como em nearshore; a consolidar a operação<br />
no Norte de Portugal, a partir do espaço central<br />
do Porto; a afirmar o know-how em gamificação e expansão<br />
da vertente de game development; a estabelecer<br />
uma divisão de produtos baseada num ecossistema<br />
já existente, beneficiando do investimento em R&D e<br />
da criação de soluções próprias; a aumentar o número<br />
de formandos nas Bee Academy, estreitando ligações<br />
com novos talentos.<br />
45
o<br />
tecnologia<br />
ACREDITAR NO EMPREENDEDORISMO A NORTE<br />
Denisse Sousa<br />
Acredita Incubação<br />
O projeto Acredita Incubação nasce em Vila Nova de Gaia como forma de providenciar um acompanhamento<br />
mais próximo a empreendedores cujos projetos serão incubados pela Associação Acredita Portugal. Dando<br />
esta oportunidade a futuros empresários, a associação espera ser o fertilizante para uma nova geração de<br />
empresas a Norte que irão dinamizar a economia portuguesa.<br />
Acredita Incubação é o novo passo da Acredita Portugal,<br />
que ajuda anualmente mais de 10 mil empreendedores<br />
na fase de ignição dos seus projetos e possui as<br />
ferramentas para prestar um apoio mais personalizado<br />
a projetos mais maduros. Com o apoio da Câmara Municipal<br />
de Vila Nova de Gaia, este projeto disponibiliza<br />
suporte e ferramentas aos empreendedores da zona<br />
Norte do país.<br />
Neste momento, o Acredita Incubação dispõe de dois<br />
espaços: o Pólo Casa dos Ferradores e o Pólo da República.<br />
O Pólo Casa dos Ferradores, localizado junto ao Cais<br />
de Gaia, é direcionado sobretudo para as indústrias<br />
criativas com capacidade para cerca de 25 lugares. É<br />
um espaço com potencial empresarial e que a organização<br />
espera abrir ao público, através de formações,<br />
workshops e talks que irão permitir atrair a comunidade<br />
empreendedora local.<br />
Já o Pólo da República, junto à Avenida da República,<br />
serve os empreendedores tecnológicos e projetos de<br />
empreendedorismo social. A localização estratégica<br />
é fundamental e o espaço pode albergar cerca de 40<br />
pessoas.<br />
Acredita Incubação é o novo passo<br />
da Acredita Portugal,<br />
que ajuda anualmente mais<br />
de 10 mil empreendedores<br />
como a Birds & Trees (consultoria estratégica) e a<br />
Digital On (outdoors digitais), entre outros”, refere<br />
Fernando Fraga, diretor de inovação.<br />
Desta forma, o Acredita Incubação consegue ter um<br />
impacto mais direto com os 21 finalistas do concurso<br />
Acredita Portugal, através das cinco semanas de pré-<br />
-aceleração, em que se ligam empreendedores a mentores,<br />
investidores e especialistas.<br />
O processo de seleção de candidatos para a incubação<br />
passa por uma entrevista de forma a avaliar as necessidades,<br />
principais dificuldades e perceber onde é que<br />
a incubadora pode ajudar.<br />
APOSTA NA INCUBAÇÃO É O FUTURO<br />
“Para os candidatos que passam nesse processo criamos<br />
um plano de trabalho e alinhamos objetivos: onde<br />
é que aquela empresa quer estar daqui a um ano? E<br />
três? Quais os passos necessários para lá chegar? Depois<br />
de definirmos tudo isto, vamos trabalhando com<br />
as empresas: ligamos o projeto a mentores, trazemos<br />
especialistas de diferentes áreas para talks, workshops<br />
ou formações que também serão abertas ao público”,<br />
explica o responsável.<br />
Para Fernando Fraga, o maior desafio nesta fase inicial<br />
tem sido a gestão de expectativas e a personalização<br />
do apoio a cada tipo de projeto.<br />
As empresas incubadas contam com o apoio da equipa<br />
que organiza o maior concurso de empreendedorismo<br />
do país. Os projetos serão ligados à rede de mentores<br />
que a associação dispõe e terão direito a pacotes de<br />
serviços disponibilizados pelos parceiros da Acredita<br />
Incubação com condições especiais de acesso.<br />
“Estes parceiros incluem entidades já conhecidas<br />
com quem já trabalhamos, como o Banco Montepio,<br />
Cron.Studio (startup studio), Inventa International<br />
(propriedade intelectual) e a Say U Consulting<br />
(comunicação), mas também novos parceiros locais<br />
46
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Fernando Fraga, diretor de inovação da Acredita Portugal<br />
Se, por um lado, é um desafio constante mostrar às<br />
pessoas que nem todas as ideias são possíveis e que,<br />
muitas vezes, falhar faz parte do processo, “por outro<br />
lado, existem tantas ideias tão diferentes que é um<br />
desafio criar um caminho comum de mentoria que se<br />
adapte a todas”, confessa.<br />
“Ainda assim, estamos confiantes de que estes problemas<br />
irão ser ultrapassados com o tempo e graças ao<br />
espírito dos nossos empreendedores.”<br />
Fundamentalmente quer-se que as empresas interajam<br />
entre si, para criar um sentimento de comunidade<br />
e, principalmente, oportunidades de negócio.<br />
“O empreendedor que começou um negócio de fotografia<br />
360º pode fazer uma parceria com a nova empresa<br />
de e-commerce e ajudá-la a fotografar produtos,<br />
por exemplo. Estamos também a montar uma forma de<br />
conseguir ligar os empreendedores incubados com os<br />
melhores projetos dos 10 mil que passam pelo Concurso<br />
Montepio Acredita Portugal”, acrescenta.<br />
PROMOVER O ESPÍRITO EMPREENDEDOR<br />
Além do projeto de incubação apoiado pela Câmara<br />
Municipal de Vila Nova de Gaia, o Acredita Incubação<br />
detém parcerias de formação com o IEFP Gaia e a Graph<br />
Lab. Ao longo de 10 semanas, os profissionais do<br />
Acredita Incubação acompanham as turmas desde a<br />
ideação, às entrevistas de empatia, criação de plano de<br />
marketing e estruturação de um plano financeiro.<br />
Objetivo do programa é promover a<br />
interação e o espítio de comunidade<br />
entre as empresas<br />
“A formação que fazemos em parceria com o IEFP de<br />
Gaia consiste num programa de 200 horas orientado<br />
para os desempregados da região. O objetivo é levar<br />
os formandos, todos eles potenciais empreendedores,<br />
a estruturar uma ideia de negócio e a criar o seu próprio<br />
emprego”, explica.<br />
São, ainda, convidados diferentes especialistas de outras<br />
entidades a falar sobre vários temas como o microcrédito,<br />
como fazer pitch a investidores, marketing,<br />
bases legais para startups, proteção da propriedade<br />
intelectual, programas de apoio à criação de empresa,<br />
entre ouros.<br />
“Diria que dar acesso a este tipo de formação aos desempregados<br />
está muito no nosso ADN e muito alinhado<br />
com a nossa missão, nos últimos 10 anos, de libertar<br />
o potencial empreendedor e dar oportunidade a todos,<br />
independentemente da sua idade ou formação.”<br />
Com o Graph Lab a parceria é centrada num dos espaços,<br />
no Pólo Casa dos Ferradores, como forma de<br />
aproveitar os materiais já existentes como impressoras<br />
Riso e uma letterpress. Aqui, a organização aproveitou<br />
a maquinaria já existente para potenciar um laboratório<br />
de criação, rentabilizando assim o espaço e atraindo a<br />
comunidade criativa local.<br />
Inauguração do novo espaço da Acredita Portugal<br />
47
o<br />
tecnologia<br />
TIC: UM MERCADO EM CONSTANTE EXPANSÃO<br />
Cíntia Costa e Pedro Rebordão, LISPOLIS<br />
LISPOLIS<br />
O setor das Tecnologias de Informação e Comunicação<br />
(TIC) tem mudado drasticamente ao longo dos anos.<br />
Contudo, tem-se verificado uma constante: o crescimento<br />
exponencial desta área.<br />
De acordo com a IDC, o mercado das TIC em Portugal<br />
vai crescer 2,2% e atingir, em <strong>2019</strong>, 8.240 milhões de<br />
euros. Em três anos, prevê-se que o mercado das TIC<br />
em Portugal atinja 8.586 milhões de euros, um número<br />
da maior importância para o LISPOLIS, que acolhe<br />
mais de 50 empresas que prestam serviços e desenvolvem<br />
produtos neste setor.<br />
De acordo ainda com o mesmo estudo, a previsão das<br />
tecnologias com maior crescimento aponta para as<br />
tecnologias cloud, Internet of Things, Big Data e cibersegurança.<br />
O desenvolvimento destas áreas tem sido<br />
crucial para sustentar a inovação e as propostas em<br />
conceitos relativamente recentes, como:<br />
◊ Smart Cities: o conceito de smart cities, as ditas<br />
“Cidades Inteligentes”, é cada vez mais corrente,<br />
pois existem grandes desafios para serem resolvidos,<br />
seja ao nível da mobilidade, da qualidade do ar, da habitação,<br />
da ecologia, entre outros. E o Portugal Smart<br />
Cities Summit, evento organizado pela Fundação AIP<br />
com o apoio da Associação Nacional de Municípios<br />
Portugueses (ANMP), contou com a participação de<br />
mais de <strong>13</strong>0 expositores, entre municípios e empresas,<br />
que aproveitaram a oportunidade para apresentar as<br />
suas soluções que podem ou já estão a dar resposta<br />
aos desafios das suas cidades, contribuindo para o aumento<br />
da qualidade de vida dos seus cidadãos. Entre<br />
os expositores estiveram cinco empresas LISPOLIS:<br />
Algardata, EPL - Mecatrónica & Robótica, FocusBC,<br />
IDMind e Six-Factor;<br />
48<br />
Cíntia Costa e Pedro Rebordão, LISPOLIS<br />
◊ Gamificação: é um conceito na moda, pois todos,<br />
ou pelo menos a maior parte das pessoas, gostam<br />
de jogos. Se podemos associar o seu início sobretudo a<br />
atividades de marketing, hoje é possível encontrar gamificação<br />
em todas as atividades desenvolvidas pelas<br />
empresas: a capacidade de envolver colaboradores e<br />
clientes, de obter feedback, de funcionar numa lógica<br />
de cocriação, de reconhecer esforços e promover<br />
a competição saudável, de motivar e oferecer autonomia<br />
aos colaboradores e de criar um novo mundo numa<br />
lógica de “jogo” que vem ajudar a quebrar a rotina e<br />
a aumentar os níveis de satisfação de todos. E sem o<br />
desenvolvimento de novas tecnologias, seria impossível<br />
criar soluções ou conceitos de gamificação como<br />
aqueles que vimos apresentados no Gamify Europe<br />
<strong>2019</strong> – Made of Outliers, evento internacional promovido<br />
pela Fractal Mind, empresa instalada no LISPO-<br />
LIS, que decorreu no Fórum Tecnológico;<br />
◊ E-commerce: ainda a dar os primeiros passos<br />
em Portugal, onde apenas 39% das pessoas compra<br />
online face a 87% no Reino Unido, o e-commerce permite<br />
que uma empresa portuguesa tenha como mercado<br />
o mundo e não os 10 milhões de portugueses. E<br />
é por esse motivo que a AICEP, o Google e o E-Commerce<br />
Brasil se juntaram ao LISPOLIS na promoção do<br />
primeiro programa de aceleração em Portugal focado<br />
no retalho: o E-commerce Experience. Após um evento<br />
de kick-off com mais de 700 pessoas, este programa<br />
de seis meses contou com 20 empresas de diferentes<br />
dimensões e realizou 25 encontros semanais que envolveram<br />
mais de 50 oradores e mentores, e ainda cinco<br />
visitas técnicas.<br />
A Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR)<br />
são também tecnologias que têm ganho destaque nos<br />
últimos anos para objetivos de marketing e para utilização<br />
no terreno. De modo a acompanhar esta tendência,<br />
o LISPOLIS juntou-se à Vrara para promover meetups<br />
mensais sobre o tema, com diversos convidados do setor<br />
e uma área de exposição em que são apresentadas<br />
as novas tecnologias.<br />
O setor das TIC sempre foi predominante no LISPOLIS,<br />
e é expectável que assim continue a ser, independentemente<br />
de se tratar de uma startup, de uma <strong>PME</strong> ou de<br />
uma grande empresa ou multinacional. É neste setor<br />
que o LISPOLIS vai continuar a investir para estar presente,<br />
sobretudo quando estão envolvidas empresas e<br />
projetos que acolhe, com especial enfoque na área da<br />
saúde e da automação e robótica.
f<br />
Agenda<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Ana Rita Justo<br />
19 E 20<br />
JULHO<br />
STARTUP<br />
COACHING<br />
Centro de Formação<br />
Empresarial da ANJE, Porto<br />
O "StartUp Coaching" resulta de<br />
uma parceria entre a ANJE e a<br />
International Coaching University<br />
e é uma experiência transformadora<br />
de alto impacto, onde<br />
serão criadas as condições para<br />
que os participantes possam<br />
desenvolver competências de<br />
liderança, acelerar processos de<br />
mudança e explorar eficientemente<br />
os seus skills e recursos<br />
pessoais.<br />
29 JULHO A 2 AGOSTO<br />
15.º CONGRESSO ECOLÓGICO<br />
EUROPEU<br />
Faculdade de Ciências da Universidade<br />
de Lisboa<br />
O 15.º Congresso Ecológico Europeu,<br />
organizado pela Federação<br />
Ecológica Europeia, decorre<br />
em Lisboa, sob o mote “Integrar<br />
a ecologia em objetivos de desenvolvimento<br />
sustentável”. O<br />
evento destina-se a estudantes,<br />
investigadores e representantes<br />
de empresas públicas e privadas<br />
interessados na temática.<br />
Saiba mais em:<br />
eeflisbon<strong>2019</strong>.org<br />
12<br />
SETEMBRO<br />
TECH JOBS FAIR<br />
ETIC, Lisboa<br />
Para quem procura um emprego em<br />
tecnologia, ou para empregadores<br />
à procura de talento tecnológico, a<br />
Tech Jobs Fair é o evento perfeito.<br />
Saiba mais em: www.eventbrite.com<br />
5 A 6<br />
Chama-se Connect Fest e é o novo<br />
evento de tecnologia que pretende<br />
afirmar-se como um dos maiores a<br />
norte de Portugal, tendo como objetivo<br />
de promover o debate e a partilha<br />
de conhecimento sobre as principais<br />
tendências tenológicas do futuro.<br />
Saiba mais em:<br />
connectfest.pt<br />
SETEMBRO<br />
CONNECT FEST<br />
Ordem dos Contabilistas, Porto<br />
Mais informações em:<br />
www.anje.pt<br />
49
x<br />
OPINIÃO<br />
AICEP MAIS DIGITAL:<br />
UM NOVO CAMINHO PARA O MUNDO<br />
Luís Castro Henriques, presidente da AICEP Portugal<br />
Global<br />
AICEP<br />
A AICEP lançou o Portugal Exporta, a nova plataforma<br />
tecnológica dedicada às exportações, no passado<br />
dia 15 de abril. Mais do que o começo de uma nova era<br />
na AICEP, é uma reestruturação total na forma como a<br />
agência contacta e apoia as empresas, nomeadamente<br />
no seu esforço de internacionalização.<br />
A partir de agora, boa parte da interação com as empresas<br />
será feita de forma mais simples e eficaz através<br />
de uma plataforma tecnológica com novos produtos e<br />
serviços de maior valor acrescentado e completamente<br />
customizados, que vai ao encontro das expectativas e<br />
necessidades específicas de cada empresa, tendo em<br />
conta o seu grau de maturidade para a internacionalização,<br />
setor de atividade e produtos.<br />
E como é que a AICEP está a fazer isso? Através do recurso<br />
a inteligência artificial. A plataforma disponibiliza<br />
ferramentas com múltiplas facilidades: matching entre<br />
empresas e mercados, importadores e parceiros, indicação<br />
de oportunidades de negócio, ações comerciais<br />
e de capacitação, desenho de planos de ação de internacionalização<br />
à medida, diagnósticos de maturidade<br />
da empresa, sugestão de notícias, eventos, alertas e<br />
outros conteúdos e informações relevantes para o dia-<br />
-a-dia das empresas.<br />
Mas a AICEP vai deixar de ter gestores de cliente e<br />
delegados em mais de 50 mercados no mundo? Não.<br />
Acontece que os especialistas da AICEP farão um<br />
aconselhamento mais dirigido a cada empresa. Vão<br />
concentrar-se nos processos mais complexos e criar,<br />
continuamente, novos produtos e serviços, sempre<br />
atualizados face às necessidades e tendências do contexto<br />
económico e empresarial, nacional e internacional.<br />
O primeiro setor em foco do Portugal Exporta foi o calçado<br />
e, nos próximos 12 meses, todos os setores da<br />
economia portuguesa estarão cobertos.<br />
O principal objetivo da AICEP com esta plataforma é<br />
apoiar cada vez mais empresas no seu processo de internacionalização,<br />
desde aquelas que dão os primeiros<br />
passos, até às que precisam de um apoio mais próximo<br />
e personalizado. Esperamos contribuir, assim, para o<br />
alargamento da base exportadora nacional.<br />
50<br />
Luís Castro Henriques, presidente da AICEP<br />
Comprometemo-nos a atingir 50% do peso das exportações<br />
no PIB até 2025 e acreditamos que esta nova<br />
plataforma tecnológica vai gerar um impacto positivo<br />
na internacionalização e aumento das exportações,<br />
ajudando as empresas a exportar mais e, consequentemente,<br />
a AICEP a alcançar esse desígnio.<br />
O Portugal Exporta é apenas o primeiro pilar da transformação<br />
digital que a AICEP está a levar a cabo e que<br />
vai impactar a vida das empresas. No prazo de um ano,<br />
iremos lançar: um portal dedicado ao Investimento,<br />
o Business Match Making, que pretende ligar as empresas<br />
aos fornecedores nos diferentes mercados, o<br />
Acelerador da Internacionalização Online, dedicado ao<br />
e-commerce, e o Optimizador do Investimento, que sugere<br />
a localização recomendada para grandes projetos<br />
de investimento.<br />
A transformação digital da AICEP foi pensada e trabalhada<br />
para e com as empresas, principalmente as <strong>PME</strong>,<br />
de modo a garantir que responderá em pleno às suas<br />
necessidades. A plataforma é user friendly e inspirou-<br />
-se nas melhores práticas a nível internacional.<br />
Acreditamos que o Portugal Exporta e os restantes<br />
pilares da transformação digital da AICEP vão ter<br />
um impacto muito positivo na vida das empresas e<br />
o feedback que temos tido por parte das empresas<br />
envolvidas, neste primeiro momento, faz-nos acreditar<br />
que estamos no caminho certo. Num novo caminho<br />
para o mundo.
APRESENTAÇÃO DA <strong>13</strong>.ª EDIÇÃO<br />
DA <strong>PME</strong> MAGAZINE COM A PALESTRA DE<br />
MIgueL<br />
4 de julho | DAS 9h30 àS 11h30<br />
FÓRUM TECNOLÓGICO | Lispolis<br />
Estrada Paço do Lumiar 44, 1600-546 Lisboa<br />
| ENTRADA GRATUITA<br />
Para participar e divulgar a sua <strong>PME</strong> na revista,<br />
contacte: publicidade@pmemagazine.com<br />
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