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PME Magazine - Edição 13 - Julho 2019

Miguel Pina Martins, fundador e CEO da Science4You, é a figura de capa da edição de julho da PME Magazine. Leia a revista na íntegra aqui.

Miguel Pina Martins, fundador e CEO da Science4You, é a figura de capa da edição de julho da PME Magazine. Leia a revista na íntegra aqui.

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C<br />

M<br />

43,5x25.pdf 1 14/12/2018 10:54:38<br />

JULHO <strong>2019</strong> | TRIMESTRAL | EDIÇÃO <strong>13</strong><br />

EDIÇÃO ANO IV - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Miguel<br />

Pina Martins<br />

NA SCIENCE4YOU BRINCAR<br />

CONTINUA A SER UM DESAFIO<br />

INOCROWD<br />

ESTA PLATAFORMA PORTUGUESA AJUDA<br />

AS EMPRESAS A RESOLVEREM OS SEUS<br />

MAIORES PROBLEMAS<br />

BABU<br />

ESCOVAS DE DENTES PORTUGUESAS<br />

SÃO AMIGAS DO AMBIENTE<br />

RENOVA<br />

A IMPORTÂNCIA<br />

DAS MARCAS ÚNICAS


a<br />

FIGURA de DESTAQUE<br />

Índice<br />

p4 | BREVES<br />

p6 | PUBLIRREPORTAGEM<br />

Duplo Prestígio e o sucesso em Portugal<br />

p8 | CASOS DE SUCESSO<br />

Inocrowd e a resolução de problemas das empresas<br />

p10| FISCALIDADE<br />

Ábaco e a nova realidade tributária das empresas<br />

p12| Sandra Laranjeira dos Santos e o nearshore nos Açores<br />

p14| AMBIENTE<br />

Zippy e a eliminação do plástico<br />

p15| Aporfest e os festivais de música mais sustentáveis<br />

p16| RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

Portugal Inovação Social e os novos projetos sociais<br />

p18| GoParity e os projetos de sustentabilidade ambiental<br />

p19| RH<br />

Michael Page e as novas tendências de recrutamento em RH<br />

p20| Ricardo Anastácio assume segurança da informação<br />

da Opensoft<br />

p22| INTERNACIONAL<br />

Resiquímica e a integração no grupo OMNOVA<br />

p24| Grupo Younan e os investimentos de luxo em Portugal<br />

p26| FIGURA DE DESTAQUE<br />

Miguel Pina Martins e a inovação no mercado infantil<br />

p34| EMPREENDORISMO<br />

Babu e as escovas de dentes sustentáveis<br />

p36| Icon-Key e as bebidas artesanais<br />

p38| Cramet e o negócio familiar no feminino<br />

p40| MEDIR PARA GERIR<br />

GSTEP e as ferramentas de orçamentação<br />

p41| Microsoft e o Office365 para empresas<br />

p42| MARKETING<br />

Renova e a inovação de uma marca de sempre<br />

p43| 02 Gym e a aposta no marketing em ginásios<br />

p44| TECNOLOGIA<br />

Bee Engineering e aposta na gamification<br />

p46| Acredita Incubação: a nova incubadora de Gaia<br />

p48| LISPOLIS e o mercado das TIC<br />

p49| AGENDA<br />

StartUp Coaching chega a 19 e 20 de julho<br />

p50| OPINIÃO<br />

AICEP e a transformação digital<br />

Ficha técnica<br />

DIRETORA: Mafalda Marques<br />

EDITORA: Ana Rita Justo<br />

SUB-EDITORA: Denisse Sousa<br />

VÍDEO E FOTOGRAFIA: NortFilmes, João Filipe Aguiar<br />

DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes<br />

DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho<br />

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Cíntia Costa, Luís Castro Henriques, Margarida Gomes,<br />

Pedro Rebordão, Ricardo Bramão, Sandra Laranjeiro dos Santos, Teresa Virgínia e Vasco<br />

Salgueiro<br />

ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em www.pmemagazine.com)<br />

DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques<br />

EMAIL: publicidade@pmemagazine.com<br />

PROPRIEDADE: Massive Media Lda.<br />

NIPC: 510 676 855<br />

MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:<br />

LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />

1900-221 Lisboa<br />

REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />

1900-221 Lisboa<br />

TELEFONE: 211 934 140 | 96 453 31 02 | 934 952 854<br />

EMAIL: info@pmemagazine.com<br />

N. DE REGISTO NA ERC: 126819<br />

EDIÇÃO N.º: <strong>13</strong><br />

DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17<br />

ISSN: 2184-0903<br />

TIRAGEM: 23.000 exemplares<br />

IMPRESSÃO: Lidergraf<br />

Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde<br />

DISTRIBUIÇÃO: Gratuita com o jornal Expresso<br />

PERIODICIDADE: Trimestral<br />

a<br />

Inovar é viver<br />

Editorial<br />

A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> completa três<br />

anos. Têm sido tempos desafiantes,<br />

intensos, em constante<br />

aprendizagem para melhor servir<br />

os nossos leitores e as suas<br />

necessidades. Assumimo-nos<br />

como a revista das <strong>PME</strong> portuguesas,<br />

pois queremos contar as<br />

suas estórias, saber os seus desafios,<br />

as suas dores, angústias<br />

e sucessos. Só assim poderemos<br />

traçar o nosso caminho ao lado<br />

destas empresas e ajudá-las também a fazer melhor.<br />

Se está a ler este texto, desde já lhe agradecemos a atenção<br />

e amabilidade em continuar connosco!<br />

Nesta <strong>13</strong>.ª edição, quisemos continuar a traçar o caminho<br />

da inovação, com negócios criativos. Por isso, convidámos<br />

Miguel Pina Martins, fundador da Science4You, a explicar<br />

como foi possível tornar a ciência divertida para as crianças<br />

e, a partir daí, criar um negócio de sucesso, internacionalizar<br />

e continuar a surpreender. Só fazendo é que se aprende e é<br />

esse, também, o ensinamento que o nosso entrevistado nos<br />

deixa.<br />

Entrevistámos Soraya Gadit, fundadora da Inocrowd, e fomos<br />

perceber a importância desta plataforma portuguesa<br />

que junta investigadores a empresas que precisem de ajuda<br />

a resolver os seus problemas.<br />

Fomos conhecer a Resiquímica e o Grupo Younan e outros<br />

projetos inovadores e sustentáveis, como a Babu, a Cramet e<br />

o novo plano de sustentabilidade da Zippy.<br />

Fomos saber porque é que a Renova se diferencia da concorrência<br />

e fomos conhecer a nova incubadora de Gaia e a Bee<br />

Engineering.<br />

Contamos com artigos de opinião do presidente da AICEP, do<br />

presidente da APORFEST, da Michael Page sobre as novas<br />

tendências dos RH, entre outras excelentes colaborações. A<br />

todos os que contribuíram para que esta edição seja um sucesso<br />

o nosso agradecimento.<br />

Agradecimento maior à ColorADD, que ‘emprestou’ o seu código<br />

de cores para tornar a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> mais inclusiva aos<br />

daltónicos.<br />

ColorADD<br />

na <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />

A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> conta com 14 grandes secções,<br />

que servem de guia estrutural para as temáticas<br />

abordadas. De forma a tornar a revista mais inclusiva,<br />

foi integrado nas secções o sistema de<br />

identificação de cores ColorADD. Assim, cada<br />

secção conta com uma cor diferente, identificada<br />

com um símbolo que permite a pessoas<br />

daltónicas identificarem as cores que estão a<br />

ver.<br />

Desenvolvido com base nas três cores primárias,<br />

representadas através de símbolos gráficos,<br />

o código ColorADD assenta num processo<br />

Vermelho<br />

de associação lógica que permite ao daltónico,<br />

através do conceito da adição das cores, relacionar<br />

os símbolos e facilmente identificar toda<br />

a paleta de cores. O branco e o preto surgem<br />

para orientar as cores para as tonalidades claras<br />

e escuras.<br />

Boas leituras e bons negócios!<br />

Azul<br />

ANA RITA JUSTO | EDITORA<br />

Verde<br />

Roxo<br />

Amarelo<br />

Castanho<br />

Laranja<br />

Tons Claros<br />

Tons Escuros<br />

Branco<br />

Cinza<br />

Claro<br />

Preto<br />

Cinza<br />

Escuro<br />

3


o<br />

Breves<br />

GONDOMAR RECEBEU DDC SAMSYS<br />

O Multiusos de Gondomar recebeu em junho a 8.ª edição<br />

do evento DDC Samsys, que juntou mais de cinco mil<br />

empresários num dia inteiro de histórias inspiradores<br />

e palestras sobre liderança, empreendedorismo,<br />

PNL (programação neurolinguística) e comunicação.<br />

Dedicada ao tema “Vamos Superar Limites”, esta<br />

edição pretendeu desenvolver a capacidade de<br />

“superação”. De salientar que o evento conta, pelo<br />

terceiro ano consecutivo, com a parceria da Câmara<br />

Municipal de Gondomar.<br />

Mais de cinco mil empresários marcaram presença no evento<br />

INVESTIGADORES PORTUGUESES PREMIADOS NO PORTUGAL AIR SUMMIT<br />

O “WattAirWay”, sistema tecnológico para aplicação<br />

em pavimentos de aeroportos e aeródromos que está<br />

a ser desenvolvido por investigadores da Faculdade<br />

de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra,<br />

conquistou o segundo lugar no concurso Portugal Air<br />

Summit <strong>2019</strong>. O projeto centra-se em dois grandes<br />

objetivos: a geração de informação útil para a<br />

administração aeroportuária e a geração de energia<br />

elétrica. Tem como investigador principal Diogo<br />

Correia.<br />

EUROTUX ABRIU NOVA DELEGAÇÃO NO PORTO<br />

Diogo Correia é o investigador principal do projeto<br />

A Eurotux, empresa de informática com sede em Braga,<br />

abriu uma nova delegação no Porto, prosseguindo<br />

a caminhada de expansão estratégica e sustentada.<br />

Localizado junto à Trindade, numa zona nobre da<br />

cidade, o novo escritório visa promover a aproximação<br />

aos clientes daquela cidade, bem como alargar a base<br />

de parceiros numa área geográfica com alto potencial<br />

de negócio.<br />

Empresa quer aproximar-se de clientes na Invicta<br />

ENTRETENIMENTO<br />

É UMA NECESSIDADE VITAL<br />

O estudo “Futuro do Entertenimento”, levado a cabo<br />

pelo Havas Group a mais de 17 mil pessoas em 37<br />

países, revela que as pessoas já não vivem sem<br />

entretenimento. Segundo o mesmo, 83% das pessoas<br />

refere que o entretenimento é uma necessidade vital,<br />

60% não consegue ficar sem conteúdos e 56% abdicaria<br />

de uma noite de sono para poder ver uma série.<br />

Estudo foi feito a mais de 17 mil pessoas<br />

4


CONTAMOS-LHE COMO FOI<br />

João Filipe Aguiar<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

No passado mês de abril, a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> apresentou<br />

a sua 12.ª edição, no Lispolis, com uma palestra da<br />

diretora-geral da Microsoft, Paula Panarra. Aqui ficam<br />

as fotos do evento.<br />

5


a<br />

plubirreportagem<br />

“NÃO VENDEMOS CASAS,<br />

VENDEMOS SONHOS E EXPERIÊNCIAS”<br />

Inês Antunes<br />

Luís e Nuno Lopes são os brokers do Grupo Duplo Prestígio e contam à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> como decorre a sua<br />

aventura pelo mundo imobiliário.<br />

Os brokers da Remax Duplo Prestígio lideram uma equipa de 100 profissionais em quatro lojas<br />

O Grupo Remax Duplo Prestígio dedica-se à mediação<br />

imobiliária e atualmente possui instalações administrativas<br />

e academia de formação na Quinta do Almirante<br />

e mais quatro lojas em Sacavém, Loures (Infantado),<br />

Odivelas e Malveira, além deste vasto conjunto de infraestruturas<br />

possui o mais importante que é um conjunto<br />

de mais de 100 profissionais, que, diariamente,<br />

se preocupam em ajudar a realizar os sonhos das famílias<br />

que os procuram.<br />

Mas nem sempre foi assim, esta atividade surgiu “por<br />

acaso” no final de 2003:<br />

“Na verdade, nós [Luís e Nuno] não éramos do ramo, geríamos<br />

um empresa de máquinas de diversão, do nosso<br />

pai que se encontrava no Brasil a gerir uma outra empresa.<br />

Fomos desafiados pelos proprietários da Duplo<br />

Prestígio, em Torres Vedras, que procuravam alguém<br />

que os ajudasse a crescer e a dinamizar o negócio que<br />

se encontrava no início. Foi desta forma que, passados<br />

6 meses, acabámos por ficar só nós a gerir a empresa”,<br />

explica Luís Lopes.<br />

6<br />

Em meados de 2004, decidiram abrir a loja em Loures<br />

(Infantado). Com o contínuo crescimento, apostaram<br />

em 2006, na abertura de mais uma loja, desta feita na<br />

Malveira e em 2007, por razões estratégicas, fecharam<br />

a loja de Torres Vedras.<br />

Em 2008, com a crise do subprime, o mercado desvalorizou<br />

e muitos proprietários viram-se obrigados a entregar<br />

os seus imóveis à banca, o que fez com que os<br />

imóveis disponíveis no mercado estivessem com valor<br />

desadequado, pois os bancos optaram, pelo volume de<br />

imóveis que tinham em carteira, a baixar os valores dos<br />

mesmos. Estes comportamentos criaram um mercado<br />

paralelo e atrativo de “casas da banca” com condições<br />

favoráveis no acesso ao crédito habitação, cada vez<br />

mais difícil para o comum dos cidadãos.<br />

“Não gostamos da expressão crise associada ao mercado<br />

imobiliário, preferimos desafio profissional", comenta<br />

Luís.<br />

“O empreendedorismo é uma característica que nos


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

distingue e que herdámos do nosso pai, pelo que fomos<br />

de imediato à procura de trabalhar este nicho de<br />

mercado que, com o tempo, evoluiu para quase o único<br />

mercado e, com esse fenómeno, os bancos começaram<br />

a entregar os imóveis às grandes redes imobiliárias.<br />

Apesar da nossa boa reputação e trabalho demonstrado<br />

junto da banca, rapidamente nos apercebemos que<br />

tínhamos de nos associar a uma grande marca para<br />

continuarmos a crescer e foi na Remax, em 2014, que<br />

sentimos encontrar o parceiro certo.”<br />

Assim foi, tanto que rapidamente foi necessário crescer<br />

em número de lojas, pois em consultores já acontecia.<br />

Aí surgiu a oportunidade de adquirirem a Remax<br />

Império em Sacavém, em 2015. Em 2018, compraram a<br />

loja de Odivelas e têm, à data, 100 consultores.<br />

“É com orgulho que dizemos que todos estes investimentos<br />

foram feitos com capitais próprios”, afirma<br />

Luís.<br />

“Não gostamos da expressão crise<br />

associada ao mercado imobiliário,<br />

preferimos desafio profissional"<br />

Mas o que distingue o grupo Duplo Prestígio dos outros<br />

operadores é a cultura: “Todas as lojas têm a sua<br />

própria cultura, pois esta depende dos coordenadores<br />

de loja e de todos os consultores. Tentamos ser genuínos”.<br />

Apesar de esta ser uma empresa familiar, a gestão<br />

sempre foi feita como se de uma multinacional se tratasse,<br />

aprendendo a delegar, recrutar e criar mais estrutura<br />

para que o negócio continuasse sem a presença<br />

dos brokers. Com esta cultura dentro de casa, investem<br />

muito na formação técnica e prática e estimulam<br />

a relação com os clientes que os procuram para vários<br />

efeitos.<br />

"A grande diferença entre nós e os outros é a relação<br />

de confiança pela proximidade e excelência. Os nossos<br />

consultores são únicos, pois têm personalidade e<br />

acompanham as pessoas ao longo de todo o processo",<br />

afirma Luis.<br />

“É com grande orgulho que dizemos<br />

que todos estes investimentos foram<br />

feitos com capitais próprios"<br />

Nuno Lopes | Broker da Remax Duplo Prestígio<br />

Noventa por cento são de habitação e o restante divide-se<br />

entre comércio, serviços e mercado rústico.<br />

"Uma parte significativa do nosso negócio continua a<br />

ser de imóveis da banca para o cliente particular, mas<br />

Nuno e Luís são irmãos e trabalham juntos desde 2003<br />

cada vez mais para o setor empresarial, área onde<br />

estamos a crescer ano após ano. As grandes empresas<br />

trabalham muito diretamente com a banca, sendo<br />

acompanhadas por estas instituições, mas nós também<br />

vendemos lojas, armazéns e terrenos para construção,<br />

pois somos um apoio para pequenas empresas que não<br />

têm esse canal aberto junto da banca, confiando em<br />

nós esse papel", explica.<br />

Atualmente, a rede dispõe de dois consultores especializados<br />

neste segmento para poder dar apoio às<br />

empresas na procura de escritórios na periferia de Lisboa,<br />

lojas e outros espaços comerciais. A Duplo Prestígio<br />

está ainda organizada para assegurar uma maior<br />

rapidez na procura e venda de imóveis, tendo criado<br />

um departamento de qualidade que avalia o índice de<br />

satisfação dos clientes, faz a gestão de reclamações,<br />

controla os procedimentos e faz visitas de cliente mistério.<br />

A qualidade e satisfação dos clientes é apanágio e prova<br />

disso é que, em cinco anos na rede Remax, há dois<br />

anos consecutivos que são premiados com o prémio 5<br />

Estrelas para a qualidade de serviço, há três anos consecutivos<br />

que são premiados como Broker do Ano, entres<br />

outros prémios de reconhecimento. Na base destes<br />

resultados estão os consultores que todos os anos<br />

são reconhecidos pelo seu desempenho excecional<br />

tendo 28 deles sido premiados no ano de 2018.<br />

Há dois anos consecutivos<br />

que o grupo Duplo Prestígio<br />

é premiado pela qualidade<br />

dos seus serviços<br />

Questionados sobre qual o futuro do grupo, respondem<br />

querer "continuar a investir e diversificar".<br />

"Prova disso é que acabámos de investir numa franquia<br />

com a Maxfinance e assim asseguramos todo o apoio<br />

na gestão de crédito."<br />

“Voltar às origens faz parte dos nossos planos”, sorriem.<br />

RE/MAX - Duplo Prestígio<br />

Med Imob. Lda AMI 5864 | www.remax.pt/duploprestigio |<br />

https://www.facebook.com/REMAX.DuploPrestigio/<br />

7


e<br />

CASOS DE SUCESSO<br />

A REDE SOCIAL DA INOVAÇÃO É PORTUGUESA<br />

Ana Rita Justo<br />

Inocrowd<br />

E saiu também da cabeça de uma mulher. Soraya<br />

Gadit é o motor por detrás da Inocrowd, empresa<br />

que criou para tentar concretizar o sonho de infância<br />

de descobrir as curas para doenças como a malária<br />

e a tuberculose. Hoje, é uma plataforma online com<br />

mais de 1,6 milhões de pessoas empenhadas em<br />

resolver os grandes problemas das empresas. E já<br />

foram vários e grandes os desafios superados.<br />

Soraya Gadit tinha um sonho. Podemos dizer que todas<br />

as estórias de sucesso começam assim e será até um<br />

cliché. Esta começa mesmo assim. Formada em Ciências<br />

Farmacêuticas, desde criança que pensava em,<br />

um dia, encontrar a cura para doenças como a malária,<br />

a tuberculose ou o cancro da mama. Este sonho concretizou-se<br />

com a criação da Inocrowd, uma plataforma<br />

online portuguesa open source, na qual as empresas<br />

podem colocar desafios que não estão a conseguir<br />

resolver internamente para que investigadores de todo<br />

o mundo as possam ajudar.<br />

Trabalhou vários anos na indústria farmacêutica, mas<br />

faltava algo. Decidiu então ingressar num MBA na<br />

AESE, em 2008, no qual, na cadeira de Novas Aventuras<br />

Empresariais, tinha de apresentar um plano de<br />

negócio que, recorda, “tinha de dar dinheiro, ter um<br />

modelo de negócio fidedigno e tinha de, pelo menos,<br />

empregar duas pessoas”. Juntou-se a João Moita e a<br />

Mário Lavado e fizeram o plano.<br />

“Na altura pensei: se toda a gente se liga entre amigos<br />

e familiares no Facebook e entre profissionais no<br />

Linkedin, vou criar uma rede que possa ligar investigadores,<br />

por um lado, e organizações que necessitem de<br />

soluções inovadoras por outro”, recorda.<br />

O plano mereceu um terceiro lugar na respetiva cadeira<br />

e recebeu investimento da própria AESE, através da<br />

sua sociedade de capital de risco, Naves, e da Portugal<br />

Ventures. Em 2011, nasce, assim, a Inocrowd.<br />

A ideia, como indica a fundadora e CEO, era ter uma<br />

rede social para a inovação. Para isso, foram contactadas<br />

todas as universidades portuguesas de forma a<br />

trazer os chamados solvers para a plataforma. Estes<br />

solvers são, segundo a responsável, “59% das áreas<br />

das engenharias informática e de telecomunicações,<br />

mas também muitos matemáticos, muitas pessoas da<br />

área da estatística, da química e da física”.<br />

8<br />

Soraya Gadit fundou Inocrowd em 2011<br />

“Andamos todos à procura do mesmo: algoritmos, melhorar<br />

processos, otimização e isto é transversal a todas<br />

as indústrias. É onde a plataforma é mais útil”, sublinha.<br />

CONHECIMENTO INOVADOR<br />

Como funciona, então, a plataforma da Inocrowd? Os<br />

solvers, como já foi referido, são as pessoas presentes<br />

na plataforma aptas a resolver os problemas das<br />

empresas. Estas últimas chamam-se seekers. O seeker<br />

lança o seu desafio na plataforma, que é avaliado pela<br />

Inocrowd e depois tornado público para os solvers. O<br />

desafio fica online na plataforma durante 60 dias e, no<br />

final, são apresentadas as soluções à empresa que as<br />

requereu.<br />

Recentemente, a Inocrowd apresentou uma nova plataforma,<br />

melhorada e disponível em cinco línguas (português,<br />

francês, inglês, alemão e mandarim), através da<br />

qual, no final do processo, há um evaluator, dotado de<br />

inteligência artificial e machine learning, que vai analisar<br />

todas as propostas e dizer quais cumprem os critérios<br />

pretendidos.<br />

“Este evaluator é um instrumento que damos aos seekers<br />

e que os vai ajudar, dizendo: ‘O solver número 1, 2, 3, 4,<br />

e 5 cumpriram 100% com os requisitos’”, explica Soraya<br />

Gadit.<br />

Mas, como em qualquer negócio, tudo tem um preço.<br />

Caso uma empresa queira colocar um desafio na plataforma<br />

da Inocrowd terá de pagar cinco mil euros, valor<br />

que funciona como uma espécie de caução, pois se não<br />

houver soluções o valor é devolvido – algo que até hoje<br />

ainda não aconteceu. Passado o período do desafio, e<br />

caso a empresa queira ver todas as soluções encontradas,<br />

terá de pagar 10 mil euros à Inocrowd. No caso de


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

OS DESAFIOS<br />

Conheça alguns dos problemas que já foram colocados na plataforma<br />

da Inocrowd e as soluções encontradas.<br />

Desafio: Encontrar uma solução para<br />

a perda de sinal de GPS das aeronaves<br />

que aterravam no Aeroporto Sá<br />

Carneiro, no Porto.<br />

Solução: A solução foi encontrada<br />

pelo Instituto de Telecomunicações,<br />

por uma equipa liderada pelos professores<br />

António Rodrigues, Francisco<br />

Cercas, José Sanguino e Pedro<br />

Sebastião, que consistia em rodar<br />

uma antena do Porto de Leixões para<br />

deixar de interferir com o sinal de<br />

GPS das aeronaves.<br />

Prémio: 5.000 euros.<br />

Desafio: Arranjar uma solução em<br />

que não fosse preciso destruir seis<br />

veículos por ano na Autoeuropa, para<br />

avaliar a qualidade das soldaduras<br />

dos carros fabricados, bem como<br />

otimizar o tempo de análise da qualidade<br />

das soldaduras.<br />

Solução: A solução foi fornecida<br />

pela equipa dos professores Telmo<br />

Santos e Rosa Miranda, da Faculdade<br />

de Ciência e Tecnologia da Universidade<br />

Nova de Lisboa, que trouxeram<br />

tecnologia usada nas asas de aviões<br />

e a adaptaram ao fabrico automóvel,<br />

através de correntes induzidas.<br />

Prémio: 5.000 euros.<br />

Desafio: Encontrar uma solução para<br />

minorar a fraude na utilização do<br />

Metro do Porto, que conta com um<br />

sistema aberto, respeitando o Regulamento<br />

Geral de Proteção de Dados.<br />

Solução: Duas soluções venceram o<br />

desafio e serão agora implementadas.<br />

Uma solução da francesa Thales<br />

e outra da japonesa Hitachi, ambas<br />

tendo por base sensores, com tecnologia<br />

lidar, de forma a perceber,<br />

através do movimento, quem tem e<br />

não tem título válido.<br />

Prémio: 7.500€ cada.<br />

escolher uma ou várias das soluções apresentadas, os<br />

solvers recebem um prémio, entre cinco mil a 15 mil euros<br />

e a Inocrowd recebe 10% de royalties de cada uma<br />

das soluções.<br />

“Se tiver patente, o solver terá de assinar um documento<br />

assim que se inscreve na plataforma para, se for<br />

ganhador, garantir a venda da patente ao seeker. Se<br />

não quiser vender a patente, tem de informar que está<br />

disposto a licenciar a patente por 5, 10 ou 20 anos por<br />

um valor. Se não tiver patente, tem de colocar um valor<br />

de venda ou transferência de conhecimento”, adianta<br />

Soraya Gadit, lamentando que em Portugal haja poucas<br />

patentes registadas.<br />

RESOLVER COM “ZERO EUROS”<br />

“Portugal acaba por não dar prioridade à inovação, dá<br />

prioridade a outras coisas.”<br />

Ao todo, a Inocrowd conta, atualmente, com 1,6<br />

milhões de solvers, fruto também da parceria com a<br />

HeroX, plataforma congénere líder nos Estados Unidos<br />

que já resolveu desafios da NASA, entre outras grandes<br />

empresas. A parceria prevê a partilha de desafios, bem<br />

como de solvers entre plataformas, que até então eram<br />

600 mil para a empresa portuguesa.<br />

Todos os anos, a Inocrowd resolve entre 20 a 30 desafios.<br />

Trocando por miúdos, o que pode e é comummente<br />

resolvido através desta plataforma? Soraya Gadit<br />

refere que a maior parte dos desafios colocados estão<br />

relacionados com a “transformação digital, less paper,<br />

melhoria de processos”.<br />

“Se vou a uma fábrica, como é que se consegue fazer<br />

visualização artificial de defeitos, ou falhas em peças…<br />

Se vou a uma empresa de logística, como é que consigo<br />

fazer integração de sistemas de georreferenciação, algoritmos<br />

de entregas de forma a conseguir fazer a entrega<br />

mais rápida. Os desafios vêm de todas as áreas,<br />

mas têm um objetivo comum, que é a transformação<br />

digital e a indústria 4.0”, aponta.<br />

Várias são as grandes empresas que já recorreram à<br />

Inocrowd para resolverem problemas de fundo [ver<br />

caixa], uma delas foi a ANA Aeroportos, para perceber<br />

porque é que algumas aeronaves, quando aterravam<br />

no Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, perdiam sinal de<br />

GPS. Às vezes há soluções que podem significar milhares<br />

ou milhões de euros. Esta, explica a CEO, “custava<br />

zero euros”, e consistia apenas em rodar uma antena<br />

do Porto de Leixões em 15 graus para deixar de interferir<br />

com o GPS do aeroporto.<br />

EXPANDIR E VOLTAR À BASE<br />

A nova plataforma vem potenciar um novo objetivo<br />

para a empresa: apostar na internacionalização e fazer<br />

com que, nos próximos três anos, 70% do negócio<br />

da Inocrowd venha de fora de Portugal. Para isso,<br />

a responsável adianta estar também à procura de<br />

parceiros que queiram ser franchisados da empresa<br />

fora de Portugal.<br />

O futuro passa, ainda, pelo regresso às origens e àquilo<br />

que levou à criação da empresa na sua génese: a criação<br />

de um departamento que desenvolva apenas investigação<br />

na área da saúde para descobrir as curas da<br />

malária, tuberculose e cancro da mama.<br />

“Todo o meu negócio é virado para a tecnologia, é verdade,<br />

mas as pessoas é que fazem a diferença.”<br />

9


p<br />

fiscalidade<br />

“STARTUPS E <strong>PME</strong> QUE TÊM CUMPRIDO A LEI NÃO<br />

PRECISAM DE SE PREOCUPAR” - NUNO<br />

Ana Rita Justo<br />

Ábaco Consulting<br />

Figueiredo<br />

A nova Lei 87/2018 de 31 de outubro representa uma<br />

profunda reforma no envio da informação contabilística<br />

para a Autoridade Tributária (AT) no que respeita<br />

ao preenchimento da Informação Empresarial<br />

Simplificada (IES). Esta nova lei automatiza processos<br />

e permite à AT ter acesso a toda a informação<br />

sobre a empresa. Nuno Figueiredo, board member da<br />

Ábaco Consulting, diz-nos o que muda para as empresas.<br />

<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Como é que a reforma do envio de<br />

informação contabilística à AT está a impactar as<br />

empresas em Portugal?<br />

Nuno Figueiredo – O Decreto-Lei 87/2018 de 31 de<br />

Outubro veio obrigar a que a Informação Anual Simplificada<br />

(IES) passe a ser pré-preenchida através do<br />

ficheiro SAF-T de contabilidade extraído automaticamente<br />

pelo ERP da Empresa, que até hoje era apenas<br />

solicitado em sede de inspeção. Tal vem transformar<br />

profundamente o formato de reporte da informação<br />

contabilista das empresas, não só pela automatização<br />

do reporte a partir do sistema, mas também pelo<br />

detalhe rico de informações que constam no SAF-T<br />

de contabilidade e que passa a ser reportado obrigatoriamente<br />

para a AT. Trata-se de um processo mais<br />

trabalhoso inicialmente, mas que traz eficiências e<br />

utilizações muito interessantes às empresas no médio<br />

e longo prazo. O SAF-T não deverá ser encarado<br />

pelas empresas somente como um mero processo de<br />

report, mas também como uma alavanca potenciadora<br />

da automatização de processos internos, da adoção de<br />

analytics e do incremento do nível de controlo interno.<br />

10<br />

<strong>PME</strong> Mag. – As startups e <strong>PME</strong> têm mais dificuldades<br />

nesta matéria? Estão preparadas?<br />

N. F. – Penso que terão menos dificuldades. O ficheiro<br />

SAF-T de contabilidade é já obrigatório ser gerado<br />

pelo ERP das empresas desde 2008, podendo ser solicitado<br />

pela AT a qualquer momento em sede de inspeção.<br />

A única alteração é que o ficheiro passa a ser<br />

reportado anualmente para a AT. As startups e <strong>PME</strong> que<br />

têm cumprido a lei nesse sentido não precisam de se<br />

preocupar. Por outro lado, este tipo de empresas possui<br />

uma dimensão mais reduzida e uma complexidade<br />

de negócio mais simples, pelo que os problemas que<br />

eventualmente tenham no seu SAF-T de contabilidade<br />

não deverão ser difíceis de corrigir. Na maior parte<br />

destes casos, a contabilidade é efetuada por um contabilista<br />

certificado externo, pelo que este tem um papel<br />

fundamental no sentido de garantir o compliance do<br />

SAF-T de contabilidade da empresa.<br />

“Trata-se de um processo mais<br />

trabalhoso inicialmente, mas que<br />

traz eficiências e utilizações muito<br />

interessantes às empresas no médio<br />

e longo prazo"<br />

<strong>PME</strong> Mag. – No fundo, o objetivo foi simplificar o<br />

processo. Considera que está a ser alcançado?<br />

N. F. – É um processo. Tal como foi a implementação<br />

do e-fatura em 20<strong>13</strong> relativamente aos elementos de<br />

faturação, a implementação do reporte dos elementos<br />

contabilísticos através do SAF-T de contabilidade<br />

trata-se de um processo mais trabalhoso inicialmente,<br />

mas que traz simplificação a todos os níveis. Aos poucos,<br />

diversas declarações periódicas serão eliminadas<br />

ou pré-preenchidas através da informação contida nos<br />

SAF-T, tal como está a acontecer com a IES onde serão<br />

eliminados 2.700 campos que até hoje eram de preenchimento<br />

manual e moroso. Tudo será via SAF-T futuramente.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – A nova lei coloca em causa o RGPD?<br />

N. F. – Considero que não. Novamente, o SAF-T de<br />

contabilidade é já obrigatório ser gerado pelas empresas<br />

desde 2008, além de que a identificação dos clientes<br />

é já uma das estruturas obrigatórias do e-fatura. A<br />

nova lei vem apenas requerer o reporte regular de informações<br />

que já eram obrigatórias estarem disponíveis<br />

para a AT.


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

à estrutura do ficheiro, ao seu conteúdo, integridade de<br />

dados, etecetera, aplicando uma diversidade de regras<br />

de auditoria e validação para identificação de red flags.<br />

A plataforma também disponibiliza a indicação do grau<br />

de criticidade de cada problema que é detetado em<br />

quatro níveis, fundamental para a empresa priorizar<br />

as suas atividades no âmbito do processo corretivo<br />

dos SAF-T. Desta forma, a empresa poderá antecipar<br />

e corrigir eventuais problemas ou incongruências em<br />

toda a informação que é reportada para a AT através dos<br />

seus SAF-T e não só. É uma verdadeira plataforma de<br />

gestão e correção de erros, que garante o compliance<br />

fiscal dos seus SAF-T a 100%.<br />

“A profissão da contabilidade tem<br />

sofrido muitas alterações ao longo<br />

do tempo, devido aos processos<br />

de digitalização"<br />

Nuno Figueiredo, board member da Ábaco Consulting<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Há já uma petição da Associação Nacional<br />

de Contabilistas no sentido de impedir esse<br />

acesso. O que está, aqui, realmente em causa?<br />

N. F. – Diria que é uma reação normal. A profissão da<br />

contabilidade tem sofrido muitas alterações ao longo<br />

do tempo, nomeadamente devido aos processos de<br />

digitalização o que significa um elevado esforço de<br />

adaptação por parte destes profissionais face a estes<br />

desafios e às oportunidades que surgem. Neste contexto,<br />

importa relembrar um estudo desenvolvido por<br />

uma consultora multinacional que indica que 80% das<br />

posições hoje existentes nas denominadas big four poderão<br />

serão extintas ou modificadas na próxima década.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Para uma empresa que está agora a começar,<br />

que passos deve tomar para entregar toda a<br />

informação contabilística em conformidade?<br />

N. F. – Deverá efetuar um diagnóstico completo a todos<br />

os seus ficheiros de SAF-T. Só assim terá a visão completa<br />

dos problemas que precisam ser corrigidos para<br />

que a informação seja corretamente reportada para a<br />

AT. O SAF-T de contabilidade em particular, apesar de<br />

obrigatório desde 2008, está “adormecido” na maioria<br />

das empresas, pelo que quase sempre possui um elevado<br />

número de anomalias e incongruências. É muito<br />

importante que as empresas saibam os problemas que<br />

têm para os corrigir o quanto antes. A “nova lei” entrou<br />

em vigor com a referência a registos iniciados a 1 de janeiro<br />

de <strong>2019</strong>. A nossa equipa é especialista nesta interpretação<br />

e correção dos problemas dos SAF-T.<br />

“A nova lei vem apenas requerer o<br />

reporte regular de informações que<br />

já eram obrigatórias estarem disponíveis<br />

para a AT"<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como é que se assegura a integridade<br />

dos dados aquando do envio à AT?<br />

N. F. – Através de ferramentas de diagnóstico aos<br />

SAF-T. Nós próprios antecipámo-nos e estabelecemos,<br />

recentemente, uma parceria com o fabricante do<br />

software de auditoria digital que hoje é utilizado<br />

por equipas de inspeção em diversas Autoridades<br />

Tributárias e que agora está a ser utilizada de forma mais<br />

massificada pelas empresas como uma solução de tax<br />

compliance. Na prática, a plataforma permite analisar<br />

qualquer tipo de SAF-T de uma forma eficiente e<br />

profunda, identificando rapidamente anomalias quanto<br />

Nuno Figueiredo defende auditoria a ficheiros SAF-T<br />

11


p<br />

fiscalidade<br />

BENEFÍCIOS AO INVESTIMENTO:<br />

OS AÇORES COMO 'NEARSHORE'<br />

Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, RL<br />

LS Advogados, RL RE/MAX - Duplo Prestígio<br />

Falar de Açores e de nearshore é como juntar a um bolo<br />

perfeito uma cereja: um paraíso natural, que está decididamente<br />

na moda, para muitos a Nova Zelândia da<br />

Europa, em que o desenvolvimento sustentável passa<br />

não só pelo respeito pela natureza, pelas raízes e pela<br />

terra, mas também pelo impulsionar da economia regional,<br />

e local, sendo que o arquipélago é um dos pontos<br />

mais centrais para unir os continentes europeu e<br />

americano.<br />

Portugal teve, recentemente, várias distinções no turismo,<br />

em que os Açores se destacaram de forma ímpar,<br />

mas também foi o país que acolheu a Eurovisão<br />

da Canção, e que os fundadores do Web Summit escolheram<br />

para ser “a sua casa”, todos estes marcos<br />

importantes colocaram Portugal na agenda mediática<br />

global e, ao mesmo tempo, têm vindo a incentivar as<br />

organizações a deslocarem as suas operações para cá,<br />

fazendo com que Portugal seja assim um dos locais de<br />

excelência para se investir.<br />

E é precisamente para falar de investimento que nos<br />

propusemos abordar o tema dos benefícios nos Açores.<br />

Aberto em 31 de maio de <strong>2019</strong>, com candidaturas até<br />

31 de dezembro de 2020, está o concurso de fomento a<br />

iniciativas de I&D de contexto empresarial – reconhecendo<br />

que o fomento dos níveis de inovação requer um<br />

reforço da interligação e das sinergias entre as empresas<br />

regionais, os centros de I&D e o ensino superior,<br />

com o intuito de alargar as capacidades instaladas em<br />

investigação e inovação (I&I), mais fortemente orientadas<br />

para a promoção do investimento das empresas<br />

em inovação, em especial no desenvolvimento de novos<br />

processos, produtos e serviços.<br />

Com os apoios a prestar neste domínio pretende-se<br />

dinamizar a investigação em consórcio promovida e<br />

desenvolvida por empresas e instituições científicas e<br />

lançar as bases para a generalização e intensificação<br />

das relações de índole científica e técnica entre as diferentes<br />

instituições de ID&I.<br />

Recorde-se que o Governo Regional através do projeto<br />

“Terceira Tech Island” ambiciona transformar a ilha<br />

Terceira num centro de empresas tecnológicas. Para<br />

tal, foram criadas condições para atrair empresas de<br />

TI para a Ilha Terceira, através da disponibilização de<br />

12<br />

Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, RL<br />

infraestruturas, apoiando a formação e recrutamento<br />

de recursos humanos qualificados e oferecendo incentivos<br />

financeiros ao investimento – este é um desses<br />

exemplos.<br />

As empresas da área das TI encontram aqui a possibilidade<br />

de desenvolverem a sua atividade com reduzidos<br />

custos operacionais, pois beneficiam de instalações<br />

para escritórios gratuitas, bem como outras infraestruturas<br />

relacionadas com as atividades empresariais,<br />

habitações gratuitas para programadores seniores, e<br />

formação Intensiva em java/java script totalmente subsidiada.<br />

Uma pérola no oceano, que é, de facto, uma cereja num<br />

bolo perfeito, sendo que o apoio ao desenvolvimento<br />

sustentável encontra neste tipo de incentivos um forte<br />

apadrinhamento.<br />

Há ainda que reconhecer que a região autónoma dos<br />

Açores tem um “regime próprio” a nível laboral, com<br />

diferenças no que se refere a valores de retribuições<br />

mínimas (630 euros) e ainda portarias de extensão que<br />

regulam a atividade de alguns setores da economia de<br />

forma diferente do que ocorre em Portugal continental,<br />

bem como cargas fiscais mais suaves (menos 5 pontos<br />

percentuais por referência à taxa máxima de IVA, e<br />

em média menos 4,2 por cento em referência ao IRC,<br />

por exemplo). Por isso, um investimento estruturado e<br />

sustentado requer um planeamento jurídico das operações.<br />

Os Açores como nearshore, acredito que ainda iremos<br />

muito falar nisto…


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

<strong>13</strong> PT-BIO-03<br />

Agricultura Portugal


AMBIENTE<br />

ZIPPY ADOTA POLÍTICA SUSTENTÁVEL<br />

Denisse Sousa<br />

Zippy<br />

Este ano, a marca portuguesa Zippy deu um passo na longa caminhada<br />

da sustentabilidade ambiental. Falámos com Joana Ribeiro da Silva,<br />

administradora da Zippy, sobre estas medidas mais verdes.<br />

Novos sacos de papel da Zippy<br />

A Zippy tem vindo a adotar iniciativas que promovem a<br />

melhoria da pegada ecológica e uma maior consciencialização<br />

dos consumidores. Sendo uma marca com fortes<br />

preocupações ambientais e de sustentabilidade no<br />

desenvolvimento do negócio, acredita que as empresas<br />

devem dar o exemplo e contribuir para a adoção de<br />

comportamentos mais responsáveis.<br />

A mais importante consiste em substituir os sacos e envelopes<br />

de plástico atualmente utilizados para colocar<br />

o vestuário. Cerca de 1,7 milhões de unidades por ano<br />

de plástico que serão substituídas até 2021, de forma<br />

faseada e gradual, por sacos e envelopes de papel reciclado.<br />

Nos produtos em que a eliminação total do plástico não<br />

é viável, a empresa irá adotar soluções que misturam<br />

plástico reciclado na sua composição, uma alternativa<br />

mais amiga do ambiente.<br />

“Além desta iniciativa, que começou a ser implementada<br />

no final de 2018, a Zippy já disponibiliza sacos de pano<br />

reutilizáveis, que os clientes podem usar nas suas visitas<br />

às nossas lojas, há alguns anos”, acrescenta Joana<br />

Ribeiro da Silva, administradora da Zippy.<br />

A Zippy irá, também, gradualmente abolir os balões de<br />

plástico que oferece aos clientes que visitam as suas lojas.<br />

Noutra vertente, a marca continuará a trabalhar na melhoria<br />

da eficiência energética, trabalhando no projeto<br />

interno “Plano de Poupança Energética”.<br />

“Estamos a falar de um projeto lançado em 2017 e que<br />

consistiu na monitorização em tempo real do consumo<br />

das lojas e na renovação da iluminação de lojas para<br />

tecnologia LED. Com esta iniciativa, a Zippy já conseguiu<br />

reduzir em <strong>13</strong>% o consumo energético em base<br />

comparável”, ressalva a administradora.<br />

UMA ZIPPY MAIS CONSCIENTE<br />

“Além de medidas direcionadas para a consciencialização<br />

dos consumidores, atuamos igualmente junto dos<br />

nossos parceiros e fornecedores de forma a promover<br />

a adoção de comportamentos cada vez mais sustentáveis,<br />

como por exemplo procurando reduzir ao máximo<br />

14<br />

a utilização do plástico no embalamento e no envio das<br />

mercadorias”, destaca.<br />

Segundo Joana Ribeiro, a Zippy procura, primeiramente,<br />

envolver e consciencializar todas as entidades externas<br />

que detêm relações com a empresa, nomeadamente<br />

os fornecedores, nas mais diversas áreas geográficas.<br />

Internamente, a Zippy promove, sempre que possível,<br />

iniciativas enquadradas na consciencialização ambiental.<br />

“Dentro do universo Sonae, onde se inclui a Zippy, temos<br />

vindo a perceber que, cada vez mais, os nossos<br />

colaboradores se preocupam com estas questões e<br />

promovem muito proativamente algumas iniciativas internas”,<br />

revela.<br />

1,7<br />

ATÉ 2021, CERCA DE 1,7 MILHÕES DE<br />

UNIDADES DE SACOS E ENVELOPES<br />

DE PLÁSTICO SERÃO SUBSTITUÍDAS<br />

POR OUTRAS DE PAPEL RECICLADO.<br />

Para a Zippy, a retirada gradual do plástico é o caminho<br />

certo. A administradora acredita que a marca irá continuar<br />

empenhada na melhoria da pegada ecológica,<br />

através de medidas de eficiência e comunicando os impactos<br />

de uma forma clara e transparente.<br />

“Esta cultura, que pretende contribuir para uma melhoria<br />

contínua da pegada ecológica, trará também consigo<br />

importantes poupanças que podem ser canalizadas<br />

para o desenvolvimento do negócio, beneficiando colaboradores<br />

e clientes, mas também toda a comunidade”,<br />

conclui Joana Ribeiro.<br />

Joana Ribeiro da Silva, administradora da Zippy


AMBIENTE<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

A NOVA ERA DOS FESTIVAIS DE MÚSICA<br />

Ricardo Bramão, presidente da APORFEST<br />

Associação Portuguesa Festivais Música<br />

Inês Antunes<br />

Nos últimos anos, a tendência dos festivais de música<br />

e dos seus promotores foi a de criar novas formas<br />

de motivar o seu público e conseguir diferenciar-se da<br />

concorrência. Existiram, no último ano, segundo o estudo<br />

da APORFEST - Associação Portuguesa Festivais<br />

Música, 311 festivais de música a ocorrer em Portugal<br />

de janeiro a dezembro (estes são, cada vez mais, um<br />

produto turístico e de fidelização de novas gerações<br />

de público e, por isso, todos querem estar envolvidos,<br />

nomeadamente os municípios) e, por isso, dar apenas<br />

música não é sinónimo de sucesso, importando criar<br />

pontos de atração e diferenciação daquilo que os pares<br />

e concorrentes estão a realizar.<br />

A sustentabilidade é um desses pontos, a par da introdução<br />

de novas tecnologias, que está a alterar esta<br />

área e a incutir novos comportamentos no seu público<br />

e na sociedade. Hoje, os copos reutilizáveis/biodegradáveis<br />

são uma realidade (que permitem a redução de<br />

plástico), algo que começou a ser visto no nosso principal<br />

evento, o Talkfest - International Music Festivals<br />

Forum, em 2012, mas que hoje é algo estandardizado<br />

tanto do lado do promotor como das cervejeiras – vemos<br />

os mesmos em qualquer tipo de festival, independentemente<br />

da sua dimensão.<br />

“Dar apenas música não é sinónimo<br />

de sucesso, importando criar pontos<br />

de atração e diferenciação daquilo<br />

que os pares e concorrentes estão a<br />

realizar "<br />

Vemos o desaparecimento de palhinhas nos bares e<br />

zona de restauração e a introdução de material comestível<br />

ou biodegradável em substituição do material<br />

descartável. Assistimos, ainda, a comportamentos que<br />

envolvem mais trabalho e com intenção a longo prazo,<br />

como a produção de energia verde através de células<br />

fotovoltaicas (alimentadas a energia solar) ou disponibilização<br />

de água potável (de forma eficiente com sensor,<br />

de modo a mitigar perdas e desperdício), para o<br />

qual o Festival Med é um exemplo, tendo ganho inclusivé<br />

o prémio ibérico de contributo para a sustentabilidade<br />

nos últimos Iberian Festival Awards; assim como<br />

o Boom Festival, que é um exemplo deste tipo de comportamentos<br />

desde a sua primeira edição, em 1997.<br />

Para esta maior recorrência muito contribuiu a existência<br />

de apoios governamentais, nos últimos três anos,<br />

Ricardo Bramão, presidente da APORFEST<br />

através do Sê-lo Verde (com o objetivo de permitir<br />

a valorização e promoção da vertente ambiental dos<br />

eventos, junto do público nacional e internacional, incentivando<br />

a adoção de critérios ambientais que contribuam<br />

para uma redução de impactos e promovam o<br />

uso eficiente de recursos materiais e energéticos) e a<br />

democratização da aceitação da necessidade de novos<br />

comportamentos sustentáveis em que os festivais<br />

como eventos de massas e facilmente aglutinadores de<br />

novas tendências deverão ser e dar um exemplo.<br />

De futuro, os festivais tornar-se-ão menos dependentes<br />

de rede elétrica e, com isso, menos poluidores do<br />

ambiente também e serão claros educadores de bons<br />

comportamentos nesta área em virtude da necessidade<br />

de novas estratégias de combate ao desgaste do<br />

planeta Terra e das alterações climáticas.<br />

“De futuro, os festivais tornar-se-ão<br />

menos dependentes de rede elétrica<br />

e menos poluidores do ambiente"<br />

Embora estejamos num bom caminho e em Portugal<br />

os festivais sejam precursores desta indução de novos<br />

comportamentos, ainda estamos distantes daquilo<br />

que congéneres fazem na Europa do Norte e Centro e,<br />

por isso, há que replicar e aprender com o que é feito<br />

nesse contexto, pois o público também hoje já está<br />

muito mais exigente. A sustentabilidade de um festival<br />

não está apenas no cariz ambiental, ecológico, mas<br />

também na parte financeira e se estas se juntarem<br />

teremos qualidade no futuro garantida. Conto com o<br />

seu feedback!<br />

15


i<br />

RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

INOVAÇÃO SOCIAL EM PORTUGUÊS<br />

Denisse Sousa<br />

Portugal Inovação Social<br />

A Portugal Inovação Social foi criada no âmbito do acordo de parceria com a Comissão Europeia designado<br />

Portugal 2020, que reservou 150 milhões de euros de fundos da União Europeia para promover projetos de<br />

inovação social em Portugal. Conversámos com Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social sobre<br />

como este projeto está a desenvolver-se em Portugal.<br />

Criado no âmbito do acordo de parceria com a Comissão<br />

Europeia, a Portugal Inovação Social procura projetos<br />

que visem responder a problemas sociais concretos,<br />

como o desemprego jovem ou o isolamento de idosos,<br />

de forma inovadora e complementar.<br />

Da mesma forma, procura a dinamização do mercado de<br />

investimento social em Portugal através da promoção<br />

de parcerias entre investidores públicos, privados e as<br />

organizações que desenvolvem projetos inovadores.<br />

“Criámos, inclusivamente, uma equipa de ativação, ela<br />

própria com características muito inovadoras no seio da<br />

Administração Pública, cuja função é estar no terreno,<br />

diariamente, a prestar esclarecimentos e a promover<br />

redes colaborativas entre empreendedores e organizações<br />

sociais que querem desenvolver projetos e potenciais<br />

investidores sociais que pretendam financiá-los”,<br />

explica Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação<br />

Social.<br />

Pela primeira vez, fundos da União Europeia são utilizados<br />

para promover a inovação e o empreendedorismo<br />

social.<br />

Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social<br />

Desde 2014, são mais de 120 empresas investidoras em<br />

projetos de inovação social, em vários setores e dimensões<br />

desde grandes grupos económicos, banca, indústria,<br />

comércio e até <strong>PME</strong> prestadoras de serviço.<br />

Neste momento, estão abertos quatro concursos aos<br />

quais as entidades da economia social ou <strong>PME</strong> podem<br />

candidatar-se: dois de Parcerias para o Impacto (um<br />

para a região do Algarve e outro para as regiões Norte,<br />

ALGUNS PROJETOS FINANCIADOS PELO PORTUGAL INOVAÇÃO SOCIAL<br />

PAVILHÃO MOZART<br />

O Pavilhão Mozart é um projeto de inovação social<br />

que promove a inclusão social dos reclusos<br />

através da participação no processo de criação<br />

de uma ópera em conjunto com os guardas prisionais,<br />

familiares e amigos, e da gestão de um<br />

novo espaço dentro da prisão.<br />

Investimento total: 175,674 €<br />

Investimento social (entidades<br />

públicas e/ou privadas): 52.702,20 €<br />

Financiamento público através da<br />

Portugal Inovação Social:<br />

122.971,80 €<br />

16<br />

Com o título "Pavilhão Mozart - Só Zerlina<br />

ou Così fan tutte?", este projeto consiste na<br />

segunda fase da iniciativa "Ópera na Prisão:<br />

D. Giovanni 1003-Leporello 2015", criada<br />

pela SAMP - Sociedade Artística Musical dos<br />

Pousos, no Estabelecimento Prisional de Leiria.<br />

O financiamento do Portugal Inovação Social<br />

tem como objetivo apoiar o desenvolvimento<br />

desta segunda fase do projeto.<br />

Investimento total: 175,674 €<br />

Investimento social (entidades<br />

públicas e/ou privadas): 52.702,20 €<br />

Financiamento público através da<br />

Portugal Inovação Social:<br />

122.971,80 €


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Centro e Alentejo), outro para Títulos de Impacto Social<br />

e outro para o FIS Capital.<br />

Aqui as empresas podem entrar como investidores sociais,<br />

investindo em projetos inovadores com impacto<br />

social em áreas como a educação, saúde, emprego ou<br />

inclusão social, ou podem ser das próprias a implementar<br />

projetos nessas áreas.<br />

“A Portugal Inovação Social contribui para uma mudança<br />

de paradigma na forma como as empresas organizam<br />

a sua filantropia, facilitando a evolução da lógica<br />

de donativo não estratégico e descontinuado para uma<br />

perspetiva de investimento social com envolvimento nos<br />

processos empreendedores que propõem respostas<br />

inovadoras para problemas sociais”, acrescenta o responsável.<br />

O PAPEL DAS EMPRESAS<br />

De momento, a associação detém 218 projetos aprovados,<br />

totalizando cerca de 30 milhões de euros de financiamento<br />

público, aos quais se acrescentam cerca de <strong>13</strong><br />

milhões de euros de investimento social mobilizado no<br />

mercado.<br />

“Temos projetos que pretendem resolver ou mitigar problemas<br />

sociais de forma diferenciada. Um projeto que<br />

se propõe dar ferramentas de reintegração a reclusos<br />

através da ópera, uma metodologia inovadora que ensina<br />

crianças com necessidades educativas especiais<br />

a ler e a escrever em simultâneo com crianças sem necessidades<br />

educativas especiais, uma aldeia que combate<br />

o isolamento e a solidão dos idosos, potenciando<br />

os seus saberes e ofícios e tornando-os guias turísticos,<br />

ou um projeto que permite reabilitar a dentição de pessoas<br />

com poucos recursos económicos, acompanhando<br />

em simultâneo o seu processo de integração social. São<br />

alguns dos exemplos de iniciativas de inovação e empreendedorismo<br />

social que estamos a apoiar de norte a<br />

sul do país”, revela.<br />

Atualmente, a Portugal Inovação Social gere quatro instrumentos<br />

de financiamento que acompanham o ciclo<br />

de vida dos projetos de inovação social.<br />

O primeiro, Capacitação para o Investimento Social, financia<br />

o reforço de competências de gestão das equipas<br />

que nas organizações sociais estão a implementar<br />

os projetos.<br />

O segundo, Parcerias para o Impacto, cofinancia o desenvolvimento<br />

dos projetos em conjunto com investidores<br />

sociais públicos ou privados. Neste caso, 70% das<br />

necessidades de financiamento dos projetos são asseguradas<br />

por verbas públicas, sendo os restantes 30%<br />

assegurados pelos investidores sociais.<br />

O terceiro instrumento, Títulos de Impacto Social reembolsa<br />

os investidores mediante o alcance de resultados<br />

sociais previamente contratualizados.<br />

“Por fim, o Fundo para a Inovação Social (FIS) é um instrumento<br />

financeiro para facilitar o acesso a crédito e o<br />

investimento em organizações e empresas com projetos<br />

mais consolidados e em fase de expansão, atuando<br />

através da concessão de garantias e bonificação de juros<br />

(FIS Crédito) e através do coinvestimento no capital<br />

de <strong>PME</strong> (FIS Capital). O FIS Capital permitirá que empresas<br />

que têm negócios de impacto possam expandi-<br />

-los significativamente”, termina o presidente.<br />

Qualquer entidade que tenha um projeto com características<br />

semelhantes poderá concorrer ao financiamento<br />

disponível. As empresas, no quadro do instrumento de<br />

financiamento Títulos de Impacto Social, detêm benefícios<br />

fiscais. O investimento em projetos através deste<br />

instrumento permite ao investidor social reconhecer<br />

como gasto <strong>13</strong>0% do valor total investido.<br />

ESCOLINHA DE RUGBY DA TROFA<br />

DA TROFA<br />

A Escolinha de Rugby da Trofa pretende promover<br />

o sucesso escolar e reduzir as taxas de<br />

retenção, prevenindo o abandono escolar precoce.<br />

O projeto promove a igualdade de oportunidades<br />

de género numa intervenção focada<br />

na prevenção, para todos, independentemente<br />

da sua cor, etnia ou classe social.<br />

A intervenção é realizada seis dias por semana,<br />

numa filosofia pedagógica assente em<br />

processos de repetição de comportamentos,<br />

normas e regras.<br />

Investimento total: 465.585,65 €<br />

Investimento social (entidades<br />

públicas e/ou privadas): <strong>13</strong>9.675,70 €<br />

Financiamento público através da<br />

Portugal Inovação Social:<br />

325.909,95€.<br />

À BARCA! À BARCA!<br />

O projeto À barca! À barca! pretende,<br />

através do teatro e suas<br />

respetivas práticas e metodologias,<br />

promover o sucesso escolar<br />

dos alunos do ensino básico e um<br />

maior domínio do português em<br />

escolas de todos os municípios<br />

da Área Metropolitana do Porto<br />

durante três anos (2018-<strong>2019</strong>).<br />

Prevê-se que sejam abrangidos<br />

cerca de 19.000 alunos, integrados<br />

em 900 turmas.<br />

17


i<br />

RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

MODA COM UM PENSAMENTO MAIS SUSTENTÁVEL<br />

Denisse Sousa<br />

GoParity<br />

A GoParity faz uma curadoria de projetos que financia<br />

nas mais diversas indústrias desde que tenham<br />

uma preocupação dentro dos Objetivos de Desenvolvimento<br />

Sustentável das Nações Unidas. O mais<br />

recente projeto liga a sustentabilidade ambiental à<br />

indústria da moda, num esforço para tornar esta indústria<br />

mais amiga do ambiente.<br />

A GoParity lançou recentemente uma linha de financiamento<br />

para projetos de sustentabilidade ambiental e<br />

social na indústria da moda. Sejam projetos de economia<br />

circular em empresas têxteis ou no lançamento de novas<br />

linhas sustentáveis, qualquer projeto que demonstre ser<br />

ecológico, social e financeiramente sustentável pode<br />

ser financiado pelos mais de 2200 investidores com impacto<br />

da plataforma de crowdfunding.<br />

Nesta linha de financiamento, a GoParity utiliza os Objetivos<br />

de Desenvolvimento Sustentável das Nações<br />

Unidas como guia para definir se um projeto é ou não<br />

sustentável.<br />

O critério aplica-se a todas as empresas ou organizações<br />

da indústria da moda com um projeto de economia<br />

circular (aproveitamento e reintrodução de materiais no<br />

processo produtivo), alteração dos processos de fabrico<br />

ou materiais utilizados para alternativas mais sustentáveis,<br />

ou até para marcas de roupa cuja principal<br />

proposta de valor é a de trazer sustentabilidade para a<br />

indústria.<br />

Carolina Ribeiro, gestora da GoParity<br />

Fashion Revolution Week, movimento internacional que<br />

o ano passado juntou mais de três milhões de pessoas<br />

em mais de 1000 eventos em todo o mundo.<br />

Ao juntar-se a este evento, a GoParity procurou criar visibilidade<br />

e proximidade entre duas indústrias que, em<br />

Portugal, são pouco próximas: a moda e as finanças.<br />

Apesar de ser impossível revolucionar a economia de um<br />

dia para outro, é necessária uma metamorfose para se<br />

adaptar às novas condicionantes.<br />

“A médio-longo prazo, e aproveitando a tendência de<br />

impacto e sustentabilidade que se começa a sentir na<br />

sociedade, queremos atuar como agente disseminador<br />

de novas soluções para a inclusão financeira, a redução<br />

do empobrecimento energético, o consumo mais sustentável<br />

e consciente e a democratização do acesso ao<br />

A Balluta é uma marca portuguesa de sapatos vegan<br />

“Há um grande potencial em empresas da indústria têxtil<br />

já estabelecidas há vários anos em Portugal, e que<br />

estão a posicionar-se como fornecedores sustentáveis<br />

para grandes marcas europeias, mas que não estão tão<br />

dentro do ecossistema da inovação e, portanto, onde a<br />

nossa mensagem demora mais a chegar”, lamenta Carolina<br />

Ribeiro, gestora da GoParity.<br />

O PALADINO DA MODA SUSTENTÁVEL<br />

Recentemente, a GoParity juntou-se à Fashion Revolution<br />

Portugal, um evento de sensibilização integrado na<br />

18<br />

investimento com rendibilidade e impacto sustentável.<br />

Queremos fazê-lo, tanto ao nível da educação, com escolas<br />

e universidades, como ao nível corporativo e comunitário.”<br />

Mais recentemente, a GoParity financiou o projeto<br />

Balluta, marca portuguesa de sapatos vegan. Em sete<br />

dias angariaram 25.000 euros para a expansão da<br />

marca a nível internacional, mais especificamente para<br />

o mercado de Nova Iorque.


q<br />

RH<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

TENDÊNCIAS DO RECRUTAMENTO<br />

DE PROFISSIONAIS DE RECURSOS HUMANOS<br />

Vasco Salgueiro, executive manager da Michael Page<br />

Human Resources<br />

Michael Page Human Resources<br />

Historicamente, a área de recursos humanos sempre<br />

foi vista como responsável por processos burocráticos<br />

e técnicos, com pouco ou nenhum conteúdo estratégico<br />

para o sucesso empresarial, pouco orientada para<br />

resultados e que pouco contribuía para a criação de<br />

valor.<br />

Contudo, no atual contexto empresarial, esse conceito<br />

tornou-se redutor para uma organização que pretende<br />

conquistar “o seu lugar ao sol”, que pretende destacar-se<br />

da concorrência e que deseja ampliar a sua influência<br />

no mercado.<br />

Hoje, juntamente com a mudança verificada no perfil<br />

da generalidade dos trabalhadores de uma organização<br />

— de quem se exige cada vez mais uma postura<br />

criativa, proativa e inovadora — também houve uma<br />

substancial modificação de atribuições, visão e importância<br />

das funções de recursos humanos dentro das<br />

organizações.<br />

Como consultores de recrutamento da Michael Page,<br />

temos o privilégio de vivenciar, e participar ativamente<br />

em processos de transformação organizacional que<br />

materializam a mudança de perfil requerido para as posições<br />

de recursos humanos.<br />

As organizações estão a percecionar a necessidade de<br />

alteração de paradigma da missão dos recursos humanos<br />

nas organizações.<br />

Neste contexto, temos cada vez mais solicitações para<br />

desenvolvimentos de processos de recrutamento para<br />

as posições de Formação, Desenvolvimento profissional,<br />

Retenção e Mentoria, Indução, Employer Branding,<br />

Relatórios e Análise de RH, Gestor de Compensação e<br />

Benefícios, Comunicação Interna (integrada em RH),<br />

Especialistas Financeiros de Payroll, Relações Profissionais<br />

e Gestão de Tecnologias na ótica dos Recursos<br />

Humanos.<br />

Paralelamente, continuamos a desenvolver processos<br />

de recrutamento nas funções tradicionais de RH, mas<br />

mesmo estas têm sofrido alterações da sua essência e<br />

ADN:<br />

◊<br />

◊<br />

◊<br />

Diretor de Recursos Humanos – perfil generalista,<br />

mas com maior experiência em Desenvolvimento<br />

Organizacional, Formação e Recrutamento;<br />

HR Business Partner – função cada vez mais especializada<br />

e segmentada nas áreas de Desenvolvimento<br />

Organizacional, Formação e Recrutamento;<br />

Gestor de Payroll– perfil mais analítico que vai<br />

muito além das funções operacionais conexas com<br />

o processamento salarial.<br />

Vasco Salgueiro, executive manager da Michael Page Human Resources<br />

Adicionalmente, nos processos de recrutamento para<br />

posições de recursos humanos, temos sentido uma tendência<br />

para uma valorização de profissionais do setor<br />

para o qual estamos a recrutar. Por exemplo, num recrutamento<br />

para Hotelaria e Turismo existe uma preferência<br />

clara por candidatos com experiência neste setor. O<br />

mesmo se verifica em processos para Indústria, Retalho,<br />

Serviços, Logística, Engenharia, etecetera. Por vezes,<br />

tentamos contrariar esta tendência, mas nem sempre é<br />

fácil. Confiamos que, em determinados casos, um profissional<br />

de recurso humanos que tenha uma experiência<br />

num setor diferente pode ser uma mais-valia para a<br />

posição e organização por “romper” com o perfil tradicional<br />

esperado, pela visão externa que detém e pelas<br />

boas práticas que se aplicam noutros domínios.<br />

Importa também destacar a importância crescente dos<br />

idiomas no contexto das funções de recursos humanos.<br />

Em organizações cada vez mais globais, que integram<br />

profissionais de diferentes nacionalidades, o domínio de<br />

mais do que um idioma é sem dúvida um fator diferenciador.<br />

O inglês, francês e castelhano já não são suficientes.<br />

A aposta em idiomas como o alemão, mandarim,<br />

italiano, grego ou mesmo russo pode fazer toda a diferença<br />

na valorização e performance profissional.<br />

Finalmente, e porque este é um mundo em constante<br />

mutação e adaptação, seguem aquelas que considero<br />

serem as principais tendências da gestão de recursos<br />

humanos nos próximos anos: automatização dos<br />

processos de gestão de RH; contratação por atitudes<br />

e comportamentos em vez de qualificações; aplicação<br />

da inteligência artificial nos RH; utilização de people<br />

analytics; desenvolvimento de competências; aumento<br />

da “gamificação” na formação; utilização da realidade<br />

virtual na formação, recrutamento e processo de integração;<br />

maior preocupação com a retenção de talentos;<br />

maior focus na formação dos líderes; flexibilidade de local<br />

e horário de trabalho; diversificação e flexibilização<br />

das retribuições; inclusão e diversidade.<br />

19


BI<br />

q<br />

Ana Rita Justo<br />

Divulgação<br />

Ricardo Anastácio<br />

assume segurança da informação da Opensoft<br />

A Opensoft, empresa portuguesa especializada no desenvolvimento<br />

de soluções tecnológicas, nomeou Ricardo<br />

Anastácio como Chief Information Security Officer (CISO).<br />

Trata-se de uma nova função que acrescenta mais um passo<br />

na formalização dos procedimentos de segurança da empresa<br />

e que vem responder à criticidade desta área na economia<br />

atual, em que a proteção de dados está no topo das<br />

prioridades das organizações.<br />

Na empresa desde 2003, Ricardo Anastácio será responsável<br />

pela implementação da política de segurança da informação<br />

da Opensoft. Terá também a seu cargo a gestão de<br />

incidentes de cibersegurança e o desenvolvimento de uma<br />

cultura organizacional que ajude a proteger a informação<br />

através de iniciativas de consciencialização.<br />

Ricardo Anastásio integra a equipa da Opensoft desde 2003<br />

Paulo Andrade<br />

lidera EAD nos Açores<br />

A EAD, Empresa de Arquivo de Documentação,<br />

contratou Paulo César<br />

Andrade como novo responsável pelo<br />

Centro de Operações nos Açores.<br />

Paulo César Andrade chega ao Grupo<br />

EAD com vasta experiência na área<br />

comercial, de formação e apoio ao<br />

cliente.<br />

Filipa Soares no marketing da<br />

Eaton para Portugal e Espanha<br />

A Eaton anunciou a nomeação de<br />

Filipa Soares como especialista<br />

de marketing e comunicação para<br />

Portugal e Espanha, reportando diretamente<br />

a Aurélien Dur, o novo<br />

marketing manager ibérico da Eaton<br />

Industries. Nas suas novas funções,<br />

será responsável pela gestão de<br />

projetos da equipa a nível ibérico e<br />

internacional.<br />

António Ferreira lidera Claranet na<br />

Península Ibérica e América Latina<br />

O Grupo Claranet nomeou António<br />

Miguel Ferreira como diretor regional<br />

para a Península Ibérica e América<br />

Latina. Até agora presidente da<br />

empresa em Portugal, António Miguel<br />

Ferreira vai continuar a liderar a<br />

estratégia de expansão do grupo no<br />

Brasil, estando previstas ainda este<br />

ano aquisições de outras empresas<br />

que já estejam a operar no mercado<br />

brasileiro.<br />

20


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Celestino Silva gere Dachser<br />

na Península Ibérica<br />

Marta Pinto nos RH da SCC<br />

José Luís Silva responsável<br />

pela segurança da S21sec<br />

O português Celestino Silva foi nomeado<br />

diretor da Dachser European<br />

Logistics Iberia. O gestor, que iniciou<br />

a sua atividade profissional na<br />

Azkar – com a implementação da<br />

empresa em Portugal há mais de 20<br />

anos –, irá contribuir para este novo<br />

cargo com a sua vasta experiência<br />

em logística.<br />

Marta Pinto é a nova diretora de<br />

Recursos Humanos da Sociedade<br />

Central de Cervejas e Bebidas<br />

(SCC), passando a integrar a comissão<br />

executiva da empresa. Ocupa<br />

o lugar de Ricardo Peres, que foi<br />

nomeado diretor de recursos humanos<br />

da Lagunitas, cervejeira do grupo<br />

Heineken sedeada em Petaluma,<br />

na Califórnia.<br />

A S21sec, empresa de serviços de<br />

cibersegurança, contratou José Luís<br />

Silva para gestão da área de integração<br />

de soluções de segurança<br />

em Portugal. Com mais de 20 anos<br />

de experiência na área, José Luís<br />

Silva integrou a Multicert, Compta,<br />

MEO/Altice, Sol-S & Solsuni, entre<br />

outras.<br />

21


INTERNACIONAL<br />

RESIQUÍMICA INTEGRA GRUPO<br />

OMNOVA SOLUTIONS<br />

Mafalda Marques<br />

Inês Antunes<br />

A Resiquímica faz agora parte da OMNOVA Solutions, líder global em especialidades químicas. Juntos,<br />

combinam o seu potencial e valor acrescentado em soluções especializadas, para apoiar uma inovação e<br />

crescimento continuados.<br />

A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> foi recebida pela atual administração<br />

da empresa, que, outrora foi uma <strong>PME</strong> e soube reinventar-se<br />

para crescer. Esta história de sucesso remonta a<br />

62 anos atrás e serve de exemplo pela resiliência associada.<br />

Tudo começou na Resintela – Resinas Sintéticas, Lda.,<br />

empresa antecessora da Resiquímica, constituída em<br />

1957, com sede em Lisboa. O Grupo Socer participava<br />

em 25% do capital. Em abril de 1961, constituiu-se<br />

a Resiquímica – Resinas Químicas, S.A. com o objetivo<br />

de promover um maior valor acrescentado ao produto<br />

de base da sua atividade de extração da resina do<br />

pinheiro: a colofónia. Para isso, aliou-se a parceiros<br />

internacionais na área química dos polímeros. Salienta-se<br />

a ligação à Hoechst AG, em 1966, à data a maior<br />

empresa química mundial, que durante mais de 30 anos<br />

deteve dois terços do capital da Resiquímica.<br />

“Foi aqui que a Resiquímica deu o grande passo. Assim<br />

passou a produzir não só resina derivada da resina<br />

dos pinheiros, baseada em solventes orgânicos, como<br />

também emulsões e resinas sintéticas” , explica Jaime<br />

Carvalho, diretor da Fábrica.<br />

A Hoechst AG detinha dois terços das ações e a Socer<br />

tinha um terço, uma parceria que corria bem, até a Hoechst<br />

decidir vender a sua parte no negócio em 1997. Em<br />

30 anos, a fábrica mudou bastante, tendo uma unidade<br />

para os solventes e outra para as emulsões, a produção<br />

evoluiu para novos produtos e foi criado um laboratório<br />

de I&D, tornando-se um ponto forte de apoio ao mercado<br />

português.<br />

Em 1997, a Hoechst AG decide vender o seu negócio<br />

vendendo os dois terços da Resiquímica a uma empresa<br />

suíça chamada Clariant. Em 2002, a Clariant decidiu<br />

vender o negócio a nível europeu, e o sócio fundador<br />

da Socer, grupo familiar na sua 3.ª e 4.ª geração, adquire<br />

os 100% da empresa, tornando-se na única detentora<br />

da Resiquímica 35 anos depois.<br />

Sendo 100% portuguesa e operando apenas cá, na al-<br />

22<br />

tura, tomaram três grandes decisões que reverteram<br />

todo o ciclo: investir na fábrica, em especial dos solventes,<br />

investir no laboratório e o início da exportação.<br />

“Ao olharmos para trás, entre 2002 e 2009, os resultados<br />

da empresa eram ótimos pois o mercado da construção<br />

corria bem em Portugal”, explica Filipe Nicolau,<br />

diretor financeiro e jurídico.<br />

“Em 2004 começámos a abordar novos mercados,<br />

começámos por Espanha e Norte de África. A nossa<br />

estratégia foi procurar agentes e parceiros locais. Em<br />

meados de 2009, estabelecemos uma importante parceria<br />

com uma empresa francesa, o que nos permitiu<br />

sobreviver nos anos de crise no setor da construção civil",<br />

relembra.<br />

A partir de 2007/2008, a crise europeia também assolou<br />

a Resiquímica e fomos forçados a exportar, senão<br />

não tínhamos sobrevivido”, acrescenta.<br />

O desempenho económico-financeiro da Resiquímica<br />

em 2009 e 2010 demonstrou que esta estratégia abriu<br />

o caminho para a internacionalização de forma sólida e<br />

duradoura.<br />

“De 2009 a 20<strong>13</strong> conseguimos manter a empresa como<br />

estava, sem despedimentos nem cortes em regalias,<br />

mas os resultados eram maus, mesmo exportando.<br />

Passámos maus momentos, mas não dispensámos<br />

ninguém”, relembra Filipe Nicolau.<br />

Em 20<strong>13</strong> e 2014, a economia começou a recuperar muito<br />

lentamente dada a dependência do setor da construção.<br />

“Procurámos novos mercados e, por exemplo, agora<br />

vendemos para marcação de estradas. Também vendemos<br />

poliéster - botões, e aplicação em telhados.<br />

Agora que temos algum espaço no mercado, desenvolvemos<br />

soluções à medida através do nosso laboratório”,<br />

adianta Jaime Carvalho, diretor da fábrica.


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

“Foi de interesse mútuo esta aquisição e vai ao encontro<br />

da nossa estratégia de internacionalização da empresa”,<br />

especifica.<br />

Sede da Resiquímica, em Mem Martins<br />

“O nosso negócio nos dias de hoje tem quatro vertentes:<br />

marcação de estradas, poliéster, pinturas solventes decorativas<br />

e as pinturas decorativas à base de água. Com<br />

estas áreas sempre conseguimos equilibrar o negócio<br />

da empresa. Mas a fonte principal é a exportação, que<br />

representa dois terços da faturação da empresa. Apenas<br />

um terço é nacional.”<br />

“Já estamos na Europa com uma fábrica e laboratórios<br />

em França, mas esta aquisição traz-nos tecnologia, uma<br />

localização privilegiada para mercados onde exportamos<br />

e uma plataforma fabril que nos permite produzir<br />

produtos para consumo próprio e para vender na Europa<br />

a outros mercados, ao invés de os importarmos”, esclarece.<br />

O facto de a empresa já ter sido privada e ter sido gerida<br />

como uma multinacional durante 35 anos facilitou muito<br />

o processo de aquisição.<br />

Um terço em Portugal, outro terço em Espanha e o último<br />

terço em outros países como França, Síria, Líbano,<br />

sempre através de agentes e parceiros.<br />

“Por vezes, temos de adaptar as resinas aos mercados<br />

onde operamos através do feedback dos nossos agentes,<br />

seja ao calor ou à humidade e, neste momento, é o<br />

que distingue a OMNOVA no mercado”, adiantam com<br />

orgulho.<br />

MAS ONDE ENTRA A OMNOVA?<br />

Um grupo americano sólido com operações na América<br />

do Norte, Europa e Ásia, com centros de tecnologia<br />

próprios, viu na Resiquímica uma oportunidade para se<br />

complementar com inovação. Andrew Higgin, diretor de<br />

vendas para EMEA e Índia e responsável pela Integração<br />

das duas empresas explica o que encontrou na Resiquímica<br />

em setembro de 2018:<br />

“A aquisição foi transparente desde o início e a comunicação<br />

interna facilitou o processo. Fomos sinceros<br />

nas nossas intenções: investir na fábrica, crescer no<br />

mercado e manter a equipa”, explica.<br />

CRONOLOGIA<br />

Teresa Pina, Jaime Carvalho, Andrew Higgin, Susana Carvalho e Filipe Nicolau<br />

“A aceitação do nome foi rápida a nível interno e externo<br />

pois foi respeitado o ADN da Resiquímica, juntando<br />

o melhor de cada uma das empresas”, explica Teresa<br />

Pina, diretora de Recursos Humanos. “O desafio da integração<br />

é manter as pessoas informadas, confiantes,<br />

motivadas e focadas no negócio”, adianta.<br />

A Resiquímica foi durante 15 anos uma <strong>PME</strong> (de 2002<br />

a 2017), segundo o certificado IA<strong>PME</strong>I. Todos os anos<br />

concorre a certificação <strong>PME</strong> Invest ou Capitalizar para<br />

beneficiar dos apoios possíveis à sua atividade. Em<br />

2005, conseguiu incentivos em alguns projetos para entrarem<br />

em novos mercados. Uma história com passado,<br />

mas sempre a apontar para o futuro, com inovação.<br />

23


INTERNACIONAL<br />

YOUNAN, UMA APOSTA<br />

DE LUXO EM PORTUGAL<br />

Denisse Sousa<br />

Grupo Younan<br />

O americano Grupo Younan, especializado em<br />

aquisições e gestão de vários ativos e empresas<br />

no espaço do consumo de luxo, tem planeado um<br />

investimento mínimo de 50 milhões de euros para<br />

futuras aquisições em território nacional. Para já,<br />

está à procura de potenciais candidatos em Lisboa,<br />

Porto, Braga e outras localizações chave.<br />

Portugal está na moda e cada vez mais torna-se um<br />

destino turístico global, conhecido pela excelente localização,<br />

clima e segurança. Por estes motivos, La<br />

Grande Maison Younan Collection, subsidiária do Grupo<br />

Younan Collection, comprou o hotel Sweet Residence<br />

& Gardens na Figueira da Foz. A unidade foi alvo<br />

de uma remodelação e de um rebranding, assumindo o<br />

nome Malibu Foz Hotel & Resort.<br />

Mas porquê a Figueira da Foz? Para o CEO, Zaya S.<br />

Younan, a Figueira da Foz é ideal pelas suas características<br />

e pelo facto de em tempos ter sido um local<br />

de eleição para férias de portugueses e estrangeiros.<br />

Com esta renovada unidade hoteleira pretende-se trazer<br />

essa dinâmica de volta à Figueira, conhecida pelas<br />

condições excelentes para turistas, boa oferta hoteleira,<br />

praias e bons restaurantes.<br />

Para o responsável, comprar ativos e melhorá-los é<br />

sempre mais económico do que uma construção de raiz<br />

no mercado.<br />

“Por agora, penso que a oferta de hotéis em Portugal<br />

é suficiente. Alguns poderão necessitar de melhorias,<br />

mas julgo que o mercado não precisa de mais,” afirma.<br />

Figueira da Foz escolhida<br />

pelo Grupo Younan por ter sido<br />

um local de eleição das férias<br />

dos portugueses<br />

Remodelar um hotel em apenas três meses foi um desafio<br />

intenso, mas alcançado com sucesso. A infraestrutura<br />

do hotel foi melhorada, transformando-se num<br />

hotel de quatro estrelas, com maior oferta de serviços,<br />

o que irá traduzir-se na contratação de mais funcionários.<br />

Apesar do investimento na casa dos 6,5 milhões de euros,<br />

Zaya Younan prefere manter o mistério e o charme<br />

24<br />

O novo hotel na Figureira da Foz irá charmar-se Malibu Foz Hotel & Resort<br />

de como será o futuro hotel Malibu Foz Hotel & Resort.<br />

“Ótima ocupação e preços competitivos, pois estaremos<br />

a prestar serviços que outros hotéis da região não<br />

oferecem. Para já, prefiro não quero levantar muito o<br />

véu sobre as novidades que vamos trazer, mas será um<br />

hotel único na região e no país”, acrescenta o CEO.<br />

LUXO COM CARIMBO PORTUGUÊS<br />

O investimento na Figueira da Foz não será o único do<br />

grupo em Portugal. De momento, há planos para expandir<br />

a rede de hotéis de luxo, bem como outros produtos<br />

e serviços associados, a outras zonas do país. Só<br />

para este ano, o grupo já tem planeado um investimento<br />

mínimo de cerca de 50 milhões de euros alocado a<br />

aquisições e renovações.<br />

Remodelar um hotel em apenas três<br />

meses foi um desafio intenso<br />

Para o grupo, um investimento desta ordem faz todo o<br />

sentido, tendo em conta o atual crescimento do segmento<br />

de luxo no país, que também obtém estes resultados<br />

graças ao crescimento de Portugal como local<br />

turístico.<br />

“Só em Portugal, os turistas norte-americanos aumentaram<br />

em 32,2%, seguidos pelos irlandeses e chineses.<br />

Estes dados confirmam que estamos no momento certo<br />

para investir no turismo em Portugal. Mais do que uma<br />

necessidade estratégica, trata-se de uma aposta segura<br />

de valor acrescentado para quem chega do outro<br />

lado do Atlântico”, sublinha.<br />

Com isto em mente, o grupo não planeia ter um ou dois<br />

hotéis, mas sim adquirir unidades hoteleiras no país,<br />

todas no segmento de luxo, com um mínimo de 100 e<br />

máximo de 200 quartos, nas principais áreas estratégicas<br />

do turismo.<br />

“O objetivo é fazer crescer a nossa marca em Portugal.<br />

Queremos, acima de tudo, ter um portefólio diversifi-


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

cado de hotéis, resorts e também campos de golfe, vinhas<br />

e outras áreas de negócio no segmento de luxo<br />

que possam complementar a nossa oferta.”<br />

O grupo Younan foi fundado em 2002 nos Estados Unidos<br />

por Zaya Younan. Nesse ano, o empresário americano<br />

de origem iraniana criou a Younan Properties,<br />

uma empresa de investimento imobiliário comercial.<br />

Em 2015, o empresário criou uma subsidiária, a La<br />

Grande Maison Younan Collection (LGMYC), para entrar<br />

no mercado europeu de hotelaria de luxo, tendo<br />

apostado em França. Atualmente, a LGMYC possui<br />

sete hotéis e chateaux, quatro campos de golfe e duas<br />

vinhas em França.<br />

Só para este ano, o grupo tem<br />

planeado um investimento mínimo<br />

de cerca de 50 milhões de euros<br />

alocado a aquisições e renovações<br />

Mais recentemente, a empresa alargou as áreas de<br />

negócio e adquiriu a agência criativa MPA Communication,<br />

especializada no segmento de luxo, e comprou<br />

também a marca de tabaco e charutos El Septimo, sediada<br />

na Suíça, para reforçar o portefólio de produtos e<br />

serviços de luxo.<br />

Zaya Younan CEO do Grupo Younan<br />

QUEM É ZAYA YOUNAN?<br />

Zaya S. Younan fundou a Younan Properties em 2002,<br />

grupo do qual é presidente e CEO. Conta quase com<br />

três décadas de experiência em gestão executiva de<br />

empresas cotadas na Fortune 500, incluindo a General<br />

Motors, Johnson Controls e TRW, entre outras nos<br />

Estados Unidos, Ásia e Europa.<br />

Younan acompanhou o crescimento da empresa,<br />

desde a sua origem até ao que conhecemos hoje em<br />

dia. Um grupo avaliado em 2,8 mil milhões de dólares.<br />

Atualmente, o Grupo Younan Properties é constituído<br />

por empreendimentos de classe alta, distribuídos nos<br />

seis maiores mercados da América do Norte.<br />

Zaya Younan foi membro do quadro executivo<br />

de diretores do Lusk Center for Real Estate, na<br />

Universidade da Califórnia do Sul. Foi também membro<br />

do quadro de diretores do Instituto Smithsonian<br />

Frontiers of Museum em Dalas, no Texas, e ainda<br />

membro do Conselho da Oaks Christian School em<br />

Westlake Village, na Califórnia.<br />

Zaya Younan apoia diversas entidades de cariz social e<br />

sem fins lucrativos, como a The Boys and Girls Clubs,<br />

Wounded Warrior Project, Oaks Christian School, Red<br />

Cross e A Child’s Hope Fund.<br />

O investimento na remodelação do hotel ronda os 6,5 milhões de euros<br />

25


a<br />

figura de destaque<br />

“<br />

Quando estamos<br />

a fazer bem<br />

não estamos<br />

a aprender<br />

MigueL<br />

Pina Martins<br />

“<br />

Miguel Pina Martins fundou a Science4You em 2008<br />

26


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Ana Rita Justo<br />

João Filipe Aguiar<br />

Um projeto universitário pouco desejado acabou por tornar-se num gigante da venda de brinquedos. Onze anos<br />

depois, a Science4You quer continuar internacional a crescer e a inovar, mantendo a máxima inicial: aprender a<br />

brincar. Dos desafios, aos erros, o fundador Miguel Pina Martins conta à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> os porquês do sucesso<br />

desta empresa portuguesa.<br />

<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Já partilhou muitas vezes esta história.<br />

Como é que foi para si passar deste projeto<br />

universitário para um negócio a sério?<br />

Miguel Pina Martins – Foi uma passagem longa, já lá<br />

vai mais de uma década e tem sido um desafio bastante<br />

grande, porque aquilo que começa com o projeto<br />

académico não tem rigorosamente nada a ver com<br />

aquilo que a Science4You é hoje. Há várias passagens,<br />

vários desafios completamente diferentes. Uma coisa<br />

é começar um negócio, as primeiras vendas, começar<br />

a escalar, equipar a fábrica, exportar, vender internamente,<br />

abrir lojas... Tem sido, realmente, um processo<br />

de grande aprendizagem e que, acima de tudo, é como<br />

nós o vemos e faz parte destas coisas que se criam do<br />

nada – haver uma aprendizagem muito grande, com<br />

sucessos e também com muitos erros cometidos pelo<br />

caminho, que, felizmente até agora têm sido menores<br />

do que os sucessos. É um caminho de grande aprendizagem.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Onde é que começou exatamente a<br />

Science4You?<br />

M.P.M. – A Science4You começa na minha sala de<br />

aula, no ISCTE, na altura estava a estudar Finanças. O<br />

ISCTE tinha uma parceria com a Faculdade de Ciências<br />

em que a Faculdade de Ciências dava as ideias e o<br />

ISCTE, enquanto escola de gestão, montava os planos<br />

de negócio. Tive a sorte de ter rifado a Science4You.<br />

O professor tinha um chapelinho, punha lá as ideias e<br />

nós íamos tirando os papéis. Eu, por acaso, tirei o papelinho<br />

que dizia kits de física, que nos deixou bastante<br />

tristes, porque olhámos à nossa volta e vimos um tipo<br />

à frente que tinha um camião do lixo com um sistema<br />

especial com enzimas que tinha de fazer menos de 30%<br />

de viagens de regresso, porque ia consumindo o lixo,<br />

atrás tínhamos um campo de golfe que tinha uma bactéria<br />

que permitia que se poupasse 20 a 30% da água,<br />

coisas realmente extraordinárias. E nós tínhamos os<br />

kits de física e, nesta revolta, fomos falar com o professor<br />

e dizer que não queríamos fazer isto. E o professor<br />

disse: “Tem de ser” e nós dizíamos que não. Até que<br />

o professor disse: “Temos duas hipóteses: ou fazem o<br />

projeto, ou não acabam o curso. O que é que vai ser?”.<br />

E aí convenceu-nos. Então, começámos, já estávamos<br />

em modo revolução, mas fomos e ainda ficámos mais,<br />

porque quando vimos o material vimos coisas de cinco,<br />

seis mil euros para vender a escolas. Até que pensámos<br />

que tínhamos de fazer os kits, mas isso não impede que<br />

não façamos outras coisas ao lado. E na altura vimos<br />

uma coisa que foi o nosso life changing event: vimos o<br />

símbolo da Faculdade de Ciências que certificava os<br />

kits. Se isto é certificado pela faculdade, o que é que<br />

a faculdade pode certificar mais além disto? Foi aí que<br />

vieram os brinquedos. Além dos brinquedos, também<br />

certificava as festas de aniversário de ciência que eram<br />

feitas na Faculdade de Ciências e os Campos de Férias<br />

de Ciências da Faculdade de Ciências. E aí a coisa começou<br />

a rolar e é aí, então, que nasce a Science4You.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Precisou de investimento inicial?<br />

M.P.M. – Na altura, ainda estive a trabalhar quatro<br />

meses na banca de investimento, que acabou por ser<br />

interessante, mas acima de tudo tivemos de ir buscar<br />

investimento, pegar naquele business plan e transformá-lo<br />

numa empresa. Foi isso que aconteceu. Quatro<br />

meses depois, saí da banca de investimento e voltámos<br />

para tentar levantar dinheiro. Na altura conseguimos<br />

50 mil euros numa capital de risco, hoje é a Portugal<br />

Ventures, que ainda é acionista da Science4You e investimos,<br />

eu em particular, 1125 euros.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – O conceito de aprender a brincar foi fácil<br />

de vender?<br />

M.P.M. – O conceito de aprender a brincar foi fácil de<br />

vender, é um conceito relativamente fácil de vender,<br />

sem dúvida. A questão é conseguir operacionalizar isto<br />

tudo e colocar isto a funcionar. Isso, sim. O grande desafio<br />

foi esse e foi o que nós acabámos por ir fazendo e<br />

conseguir depois encontrar o balanço entre educação<br />

e diversão. Esse é o grande desafio, porque muitas vezes<br />

a questão educativa está focada na educação e as<br />

crianças perdem-se e a questão diversão está demasiado<br />

focada na diversão e os pais perdem-se, porque<br />

não querem. E a chave do sucesso, acreditamos nós,<br />

é conseguir ter crianças felizes e pais felizes. Quando<br />

isso acontece, funciona muito melhor e toda a gente<br />

fica feliz em casa e há uma predisposição para comprar<br />

mais brinquedos Science4You do que se só estiver<br />

a criança feliz ou só os pais felizes. Acreditamos que<br />

essa é a chave do sucesso.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quando é que aprendeu a delegar?<br />

M.P.M. – Quando começámos, é verdade, tivemos de<br />

aprender muito. Comecei sozinho, a Science4You era<br />

só eu e isso obviamente não dá para delegar nada. A<br />

empresa foi crescendo e, à medida que foi crescendo, o<br />

tipo de liderança foi mudando, o tipo de abordagem foi<br />

mudando, a forma de delegar foi mudando, fui aprendendo<br />

tudo aqui, o bom e o mau, mas acaba por ser<br />

uma evolução bastante grande do que tínhamos e do<br />

27


a<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais são os maiores<br />

desafios que enfrenta?<br />

M.P.M. – O maior desafio continua<br />

sempre a ser a questão da internacionalização,<br />

apesar de, neste<br />

momento, mais de 70% das vendas<br />

da Science4You serem para fora. O<br />

grande desafio é, realmente, conseguir<br />

internacionalizar e que a<br />

marca tenha uma presença lá fora.<br />

É onde se consegue ganhar escala,<br />

obviamente onde há mais concorrência<br />

e uma série de coisas que<br />

não há cá em Portugal, mas esse é<br />

o desafio e vai ser sempre o grande<br />

desafio, continuar a crescer internacionalmente<br />

e conseguir manter<br />

esta conquista do mercado, como<br />

temos vindo a fazer, sempre tentando<br />

inovar, porque, para o bem<br />

e para o mal, o negócio dos brinquedos<br />

é moda. Hoje, o slime venfigura<br />

de destaque<br />

que hoje temos, que não tem nada<br />

que ver com a empresa que nasceu<br />

e nos três primeiros anos de vida.<br />

“A chave do sucesso,<br />

acreditamos nós,<br />

é conseguir ter<br />

crianças felizes<br />

e pais felizes"<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Portanto, do seu grupo<br />

de trabalho na faculdade, só<br />

o Miguel é que prosseguiu com a<br />

empresa?<br />

M.P.M. – Sim, só eu é que fiquei<br />

a trabalhar realmente na Science4You,<br />

houve mais fundadores:<br />

dos oito [do grupo] houve quatro<br />

que investiram dinheiro na Science4You<br />

e que ainda hoje são acionistas,<br />

mas eu fui o único que, realmente,<br />

fiquei a trabalhar.<br />

de muito bem, mas daqui a um ano<br />

pode vender zero, por isso, temos<br />

de estar sempre a inovar, sempre<br />

a trazer coisas novas ao mercado<br />

para continuarmos as vendas.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – E quais os principais<br />

marcos nestes 11 anos?<br />

M.P.M. – Temos vários, obviamente:<br />

a abertura da primeira loja<br />

acaba por ser importante, a entrada<br />

em Espanha, a passagem para distribuidor<br />

e começar a trabalhar com<br />

distribuidores de primeira linha é<br />

importante; vir para o MARL [n. d. r.<br />

Mercado Abastecedor da Região de<br />

Lisboa] acaba também por ser um<br />

ponto importante; o crescimento<br />

imenso das vendas no e-commerce<br />

e na Amazon… Temos vários marcos,<br />

mas acho que aquele que se<br />

evidencia mais é o crescimento e<br />

a passagem dos 50% de vendas lá<br />

fora, passarmos a vender mais lá<br />

fora do que em Portugal.<br />

“MARL TROUXE DIMENSÃO”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Porque é que decidiram<br />

ir para o MARL?<br />

M.P.M. – Decidimos, vai fazer<br />

quatro anos em setembro, porque<br />

precisávamos de expandir. Estávamos<br />

no Prior Velho, quase em<br />

garagens, e precisávamos realmente<br />

de passar ao nível a seguir e<br />

foi o que aconteceu. O MARL trouxe-nos<br />

uma dimensão de fábrica<br />

completamente diferente daquela<br />

que tínhamos na anterior operação.<br />

Estamos a falar de 12 mil metros<br />

quadrados, já é uma área interessante<br />

para a nossa dimensão.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual a produção diária,<br />

atualmente, nesta fábrica?<br />

M.P.M. – O máximo de produção<br />

que temos instalado é de 30 mil<br />

brinquedos por dia quando estamos<br />

em pico de produção. Depois<br />

depende: nesta altura do ano, não<br />

estamos em pico, mas lá chegaremos,<br />

mais perto do Natal.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Falou há pouco da<br />

concorrência no exterior, como é<br />

que lidam com isso?<br />

M.P.M. – A única forma de lidar<br />

com a concorrência é continuar a<br />

inovar e fazer o melhor, eles também<br />

estão a fazer o mesmo, é assim<br />

que funciona. É um desafio.<br />

Boa concorrência também traz melhores<br />

produtos, traz mais desafio,<br />

mais inovação e é isso que temos<br />

vindo a fazer: tentar inovar, fazer<br />

diferente e não estar só à espera<br />

que as vendas aconteçam.<br />

“O MARL trouxe-nos<br />

uma dimensão<br />

de fábrica<br />

completamente<br />

diferente daquela<br />

que tínhamos<br />

na anterior operação"<br />

Projeto universitário durante o curso resultou na criação da Science4You<br />

28<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como é que se desenvolve<br />

esse processo?<br />

M.P.M. – Temos uma equipa de<br />

R&D [n. d. r. Research & Development,<br />

em português pesquisa e<br />

desenvolvimento] que tem quatro


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

tamos que há um potencial muito<br />

grande, vai haver uma parte muito<br />

significativa dos brinquedos que vai<br />

ser vendida online e isso vai acontecer<br />

no espaço de dois, três anos,<br />

apesar de o maior canal de vendas<br />

individual já ser o online em relação<br />

aos brinquedos. Acreditamos que<br />

vai continuar a crescer e que essa<br />

tendência vai chegar a Portugal.<br />

Em Portugal ainda não tem uma expressão<br />

tão grande como noutros<br />

países.<br />

cientistas que estão o dia inteiro a<br />

fazer e a pensar novos produtos.<br />

Também temos a parte das vendas,<br />

do marketing, todos eles dão<br />

contributos para a inovação, para<br />

o produto, que é o que é realmente<br />

importante.<br />

APRENDER COM OS ERROS<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais foram os erros<br />

que mais o fizeram aprender?<br />

M.P.M. – Tantos erros. Acredito<br />

que aprendemos, acima de tudo,<br />

com os erros. Quando estamos a<br />

fazer bem não estamos a aprender.<br />

Mas há muitos erros: a forma como<br />

começámos o processo de internacionalização.<br />

Eu pegava no carro,<br />

tínhamos uma estagiária espanhola<br />

e íamos os dois fazer Espanha<br />

inteira porta a porta aos clientes,<br />

não funcionou. Abrimos sucursal<br />

e começámos com pessoas espanholas,<br />

não estava a funcionar, não<br />

estavam a conseguir ter a cultura<br />

Science4You. Então, passámos a<br />

ter pessoas portuguesas na sucursal.<br />

No final, acabámos por passar<br />

por um modelo em que passamos<br />

as coisas a distribuidor, ou seja, há<br />

uma evolução muito grande e obviamente<br />

se começássemos hoje<br />

tínhamos se calhar ido diretamente<br />

ao distribuidor, apesar de não ser<br />

possível, porque é preciso dimensão<br />

para entrar em empresas com<br />

maior dimensão, mas foi esse o desafio.<br />

Marca portuguesa já exporta para mais de 50 países<br />

<strong>PME</strong> Mag. – As lojas Science4You<br />

também já tiveram vários formatos,<br />

porquê?<br />

M.P.M. – Vamos aprendendo<br />

também. O formato que acreditamos<br />

que funciona melhor são lojas<br />

muito pequeninas, porque também<br />

não temos muitos produtos,<br />

mas acreditamos que o quiosque<br />

é onde funciona melhor, tem uma<br />

exposição grande de comunicação<br />

que não acontece em loja e, acima<br />

de tudo, o nosso espaço comercial<br />

também serve para comunicar a<br />

marca e para dar a conhecer a marca<br />

às pessoas.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Algum momento caricato<br />

nestes 11 anos que goste de<br />

partilhar?<br />

M.P.M. – A dificuldade de uma<br />

startup começar a vender, essa é<br />

que é a grande questão. Foi isso que<br />

fomos sentindo sempre ao longo do<br />

tempo: é que era realmente difícil<br />

conseguir vender e fomos aprendendo<br />

com isso. Isto também nos<br />

trouxe uma série de vantagens que<br />

não tínhamos, mas é essa aprendizagem<br />

que acreditamos que faz<br />

sentido.<br />

“E-COMMERCE TEM<br />

POTENCIAL GRANDE”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual a percentagem<br />

de vendas a partir de e-commerce?<br />

M.P.M. – O e-commerce já anda à<br />

volta dos 20% de vendas e acredi-<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Em quantos mercados<br />

já está a Science4You?<br />

M.P.M. – Temos os nossos produtos<br />

em mais de 50 países, com mais<br />

força na Europa, porque é onde temos<br />

a vantagem competitiva grande<br />

que é ter aqui a fábrica, e Estados<br />

Unidos e Canadá. Estamos, depois,<br />

espalhados, desde a República<br />

Dominicana, passando pela Nova<br />

Zelândia… É possível encontrar os<br />

produtos da Science4You em todo<br />

o lado, genericamente, pelo menos<br />

nos países com maior dimensão já é<br />

possível encontrar.<br />

“O e-commerce<br />

já anda à volta<br />

dos 20% de vendas<br />

e acreditamos que há um<br />

potencial muito grande"<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Têm muito feedback<br />

de pais e crianças?<br />

M.P.M. – Temos muito, muito<br />

feedback, porque como temos<br />

depois a componente de festas<br />

de aniversário e de campos de<br />

férias, esse feedback acaba por ser<br />

muito grande. Isso vai continuar<br />

a acontecer, acreditamos nós.<br />

Conseguir falar com as pessoas<br />

diretamente é algo muito positivo<br />

e fazemos questão que continue a<br />

acontecer.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quantos trabalhadores<br />

têm, atualmente?<br />

M.P.M. – Andamos à volta dos<br />

300, mas chegamos a ter picos de<br />

ter 600 na altura do Natal, em que a<br />

fábrica tem mais pessoas e há mais<br />

pontos de venda próprios.<br />

29


a<br />

figura de destaque<br />

“TIMING FALHOU”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Porque é que falhou a operação em Bolsa?<br />

M.P.M. – Há quem diga que é timing, acima de tudo,<br />

dizem que o timing é tudo. Também falhou a [Oferta Pública<br />

Inicial] da Sonae, falhou a da Vista Alegre, da Lease<br />

Plan, da Cepsa, falharam várias, não fomos a única.<br />

Há quem diga que essa é a maior razão. Depois, pode<br />

haver outras: se calhar não foi tão interessante como<br />

nós achávamos que era, no final do dia não conseguimos,<br />

ninguém conseguiu também, genericamente os<br />

IPO foram cancelados pelo mundo, mas faz parte. Tivemos<br />

azar nós e estes todos que falharam, porque são<br />

empresas belíssimas. Todos falhámos, agora, acredito<br />

que o timing tenha sido um fator decisivo, porque os<br />

mercados não estavam propriamente a olhar para as<br />

IPO. Se calhar, se fosse hoje, até funcionava melhor,<br />

porque estamos outra vez numa curva bastante positiva,<br />

mas faz parte da vida. Vamos ver. Quando houver<br />

outra oportunidade, certamente que lá estaremos para<br />

continuar.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Não descarta, então, tentar de novo?<br />

M.P.M. – Sim, faz parte do leque de opções que existe.<br />

Não num curto espaço de tempo, não vai acontecer<br />

nos próximos seis meses, nem provavelmente num<br />

ano, mas é uma possibilidade que, como qualquer outra,<br />

será considerada.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Que conselhos pode partilhar com outros<br />

empresários?<br />

M.P.M. – Façam! É muito importante fazer. Às vezes<br />

temos muito medo de arriscar, mas é aí que se aprende<br />

e isso é sempre aquilo que digo, não só a empresários,<br />

mas a pessoas que queiram ser empresários. Façam<br />

acontecer, porque pode haver várias oportunidades no<br />

meio disso tudo.<br />

“Acredito que o timing tenha sido<br />

decisivo, porque os mercados<br />

não estavam propriamente a olhar<br />

para as IPO. Se calhar, se fosse hoje,<br />

até funcionava melhor"<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como é que conjuga a vida pessoal com<br />

a profissional? Tem algum hobby?<br />

M.P.M. – O meu hobby principal são os filhos e a família,<br />

porque tenho três filhos e são todos pequeninos:<br />

dois têm três anos e o outro tem oito meses, por isso<br />

o meu hobby principal acaba por ser brincar com eles<br />

[risos], estar com eles e aproveitar o tempo que não<br />

estou aqui com eles. Depois, quando consigo, gosto<br />

muito de correr e de jogar padel, quando tenho tempo.<br />

Agora, também, temos o futebol semanal aqui, mas<br />

isso conta quase como trabalho. É um desafio, porque<br />

é muita coisa e, nesta fase, o work-life balance é um<br />

desafio grande que tentamos que seja uma prioridade<br />

da empresa, porque também acreditamos que pessoas<br />

felizes trabalham muito mais, mesmo que tenham de<br />

trabalhar um bocadinho menos. É esse equilíbrio que,<br />

hoje em dia, toda a gente procura. Nós não somos certamente<br />

exceção.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Que políticas têm para potenciar esse<br />

equilíbrio?<br />

M.P.M. – Temos isenção de horário, que ajuda bastante<br />

se as pessoas tiverem de chegar mais tarde, sair<br />

mais cedo, funciona bastante bem, genericamente falando,<br />

e esse é o ponto maior que temos, é essa flexibilidade:<br />

se a pessoa tem uma consulta, se tiver de<br />

chegar mais tarde por outra razão, jogamos muito nessa<br />

flexibilidade. Depois, vamos tendo outras políticas<br />

para quem tem filhos para poderem ter um bocadinho<br />

mais de tempo, estamos agora a implementar políticas<br />

de teletrabalho para permitir que as pessoas consigam<br />

trabalhar de casa enquanto têm os filhos doentes. A<br />

Science4You muda muito nesse sentido: quando começámos<br />

éramos todos muito mais jovens e, hoje, temos<br />

todos muito mais família e isso também obriga a<br />

empresa a mudar esses hábitos e essa forma de estar<br />

e de ver a vida.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais são os planos da empresa para os<br />

próximos tempos?<br />

M.P.M. – O objetivo é crescer e continuar o crescimento<br />

internacional, que é a nossa prioridade máxima,<br />

e continuar a vender cada vez mais lá fora.<br />

Slime é um dos produtos mais vendidos da Science4You<br />

30


Transmissões<br />

em Direto<br />

Filmes<br />

Corporativos<br />

Cobertura<br />

de Eventos<br />

Vídeo<br />

Marketing<br />

C r i e o s s e u s c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o n a i n t e r n e t ,<br />

f i q u e m a i s p e r t o d o s s e u s c l i e n t e s .<br />

www.nortfilmes.pt


a<br />

figura de destaque<br />

CONSELHOS PARA:<br />

Delegar<br />

“Confiar a vários ‘braços-direitos’<br />

as tarefas que há anos eram concentradas numa<br />

única pessoa não é fácil, mas é necessário para o bom<br />

crescimento da organização, evitando também a acumulação<br />

de tarefas e a desorganização.”<br />

Decidir<br />

“Decidir atempadamente quaisquer<br />

eventos, negócios e ideias é, sem dúvida, uma<br />

grande arma para qualquer empreendedor. Muitas<br />

vezes, as decisões tomadas não são as melhores para<br />

todos os departamentos, mas podem ser grandiosas<br />

para a empresa. Termos uma visão de 360 graus e conseguirmos<br />

manter-nos distantes é o maior truque que<br />

podemos adotar para o sucesso.”<br />

Contratar<br />

“Costumo dizer que é preciso<br />

ter um certo feeling na contratação. É necessário existir<br />

um sonar para apostarmos nas pessoas. Sem dúvida<br />

que a base, o CV, neste caso, é importante numa triagem,<br />

mas as vivências, experiências e práticas profissionais<br />

são o que mais pesa no momento da contratação.”<br />

Despedir<br />

“É para mim difícil e não sou<br />

de desistir de ninguém. Creio que as pessoas podem<br />

sempre ser ’trabalhadas’ e que qualquer indivíduo tem<br />

uma enorme capacitação de evolução e melhoramento<br />

profissional, caso queira. Se existir um evento mais<br />

nefasto, despedir deve ser rápido e muito focado em<br />

razões concisas. Não devemos enrolar e a sinceridade<br />

e transparência devem ser a base do momento.”<br />

Planear<br />

"Esta é a chave de sucesso para<br />

qualquer organização. Não devemos planear o amanhã,<br />

mas sim o ano que vem. Devemos olhar em frente<br />

com uma grande capacidade de decidir onde queremos<br />

chegar? Como é que vamos lá chegar? Onde queremos<br />

estar daqui a um ano? Desta forma, planear exige muita<br />

organização, meditação e foco.”<br />

Executar<br />

"Não devemos manter-nos na<br />

indecisão de querermos que tudo seja perfeito, pois<br />

mais vale não fazer perfeito e aprender com os erros<br />

do que, muitas vezes, empatar e as decisões não serem<br />

tomadas. O importante é as decisões irem sendo<br />

executadas.”<br />

Fiscalizar<br />

“Este é um tema chave para a<br />

organização. Devemos ter pontos de contacto muito<br />

fortes que nos permitam receber reports adequados e<br />

que reflitam o estado da nação da entidade. Devemos<br />

sempre ir fiscalizando e monitorizando os objetivos<br />

com tempos de monitorização bastante curtos.“<br />

32<br />

Miguel Pina Martins exorta empresários a não terem medo de falhar<br />

Partilhar Ӄ extremamente importante<br />

sermos transparentes com a organização e conseguirmos<br />

partilhar atempadamente com os órgãos de gestão<br />

as decisões, eventos e ideias que estão constantemente<br />

a surgir. Só desta forma os outros se sentem<br />

próximos e conseguem dar feedbacks que podem ser<br />

muito vantajosos para os decisores.”<br />

Motivar<br />

“É um enorme desafio. Este é<br />

um tema diário que exige um enorme foco. Pessoas<br />

motivadas refletem felicidade no trabalho e, consequentemente,<br />

vendas realizadas.”


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Miguel<br />

Pina Martins<br />

Equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um dos objetivos da empresa<br />

Miguel Pina Martins é fundador e CEO da Science4you.<br />

É licenciado em Finanças, pelo ISCTE, com<br />

mestrado de Gestão na mesma instituição. Desde<br />

cedo, a política e a possibilidade de encabeçar os<br />

seus próprios projetos foram algo que o cativaram<br />

tendo, desde os 18 anos, liderado projetos concelhios<br />

e distritais e sido eleito deputado municipal no<br />

Seixal aos 19 anos de idade.<br />

Depois de uma breve passagem pela banca de investimento,<br />

sentiu a necessidade de controlar a sua<br />

carreira e de definir o seu percurso profissional e,<br />

aos 22 anos, passou a liderar um projeto que podia<br />

controlar por completo e que representava os valores<br />

corporativos e organizacionais em que acreditava.<br />

Em 2008, nasce oficialmente a Science4you S.A.,<br />

uma empresa portuguesa de brinquedos científicos e<br />

educativos que, hoje em dia, é a primeira a nível nacional,<br />

a terceira maior do seu setor a nível Ibérico e<br />

com uma presença em mais de 50 países.<br />

Foi já distinguido com vários prémios: Empreendedor<br />

do Ano 2010 (Comissão Europeia); Empreendedor<br />

Finicia Jovem 2009 IA<strong>PME</strong>I; 1.º Prémio da European<br />

Entrepise Awards na categoria de Internacionalização<br />

a nível Nacional em 2011; Empreendedor nos Prémios<br />

Novos 20<strong>13</strong>; Business Internalization Awards<br />

em 20<strong>13</strong>, por parte do governo britânico; medalha de<br />

Mérito Empresarial pela Câmara Municipal de Loures<br />

em 2014. Em 2015, foi condecorado pelo Presidente<br />

da República com a Ordem de Mérito Empresarial.<br />

33


h<br />

empreendedorismo<br />

BABU, ESCOVAR OS DENTES DE FORMA<br />

SUSTENTÁVEL<br />

Denisse Sousa<br />

Babu<br />

A Babu nasce em 2017 da crença de que se pode criar soluções<br />

para as necessidades de todos. Pensada de forma sustentável,<br />

por forma a não prejudicar a biodiversidade e a preservação<br />

do ecossistema, estas escovas de dentes modernas são<br />

amigas dos dentes e do nosso ambiente, pensando num futuro<br />

mais sustentável. Conversámos com João Jerónimo, fundador<br />

da Babu, sobre o que significa dar um twist sustentável a<br />

um produto tão arcaico como uma escova de dentes.<br />

A Babu acredita que se pode e deve criar soluções para<br />

problemas atuais, aplicada a todos os produtos utilizados<br />

diariamente, como é o caso de uma simples escova<br />

de dentes. Ao fazer este upgrade a um produto já conhecido<br />

por todos, a mudança de hábitos e consciência<br />

faz-se facilmente e vai muito mais além do que simplesmente<br />

comprar uma escova de dentes nova.<br />

A Babu aparece como forma de contribuir para a mudança<br />

que todos queremos ver e vivenciar. Mobilizar os<br />

consumidores para explorarem outras alternativas ao<br />

plástico constituiu o maior desafio da marca.<br />

Babu são feitas de bambu da espécie Phyllostachys edulis, uma espécie endémica da Ásia<br />

O bambu é totalmente biodegradável, ao contrário das<br />

escovas de dentes tradicionais que demoram mais de<br />

400 anos a decompor-se. Aqui, os consumidores estão<br />

a utilizar um produto vindo da natureza.<br />

“Sempre foi nosso objetivo deslocar uma maior percentagem<br />

do fabrico para Portugal, como por exemplo<br />

o fabrico dos cabos das escovas ou o enchimento das<br />

cerdas, contudo, e após várias tentativas com potenciais<br />

parceiros, não nos foi ainda possível concretizar<br />

tal ambição. No entanto, em Portugal é feito todo o processo<br />

logístico, controlo de qualidade, atendimento ao<br />

cliente e divulgação da marca”, acrescenta o fundador.<br />

Apesar de a produção ser feita internacionalmente, a<br />

marca tem como ambição tornar-se ainda mais nacional,<br />

com previsão de lançamentos durante os próximos<br />

anos de novos produtos totalmente feitos em Portugal.<br />

João Jerónimo, fundador da Babu<br />

“A realidade tem vindo gradualmente a alterar-se com<br />

cada vez mais pessoas conscientes e conhecedoras<br />

do impacto do plástico não reciclado e não reciclável,<br />

como é o caso das escovas de dentes e cotonetes, por<br />

exemplo. São produtos consumidos em larga escala<br />

que, mesmo que colocados no ecoponto, simplesmente<br />

não são reaproveitados, pelo que geram um enorme<br />

impacto ambiental”, começa por explicar João Jerónimo,<br />

fundador da Babu.<br />

O primeiro investimento foi na ordem dos 50 mil euros.<br />

As escovas, essas, são feitas em bambu da espécie<br />

Phyllostachys edulis, espécie característica da Ásia, local<br />

onde estão os parceiros da Babu que participam no<br />

processo de fabrico.<br />

34<br />

UM NEGÓCIO FEITO POR REVENDEDORES<br />

Ao contrário de outras marcas que vendem os seus<br />

produtos nas suas próprias lojas, este não é o caso da<br />

Babu. O modelo de negócio, centrado em revendedores,<br />

privilegia o crescimento da marca e dá oportunidade<br />

aos seus parceiros de se tornarem embaixadores<br />

da marca.<br />

“Está na nossa filosofia defender os nossos revendedores<br />

e isso será algo que iremos sempre manter. No<br />

entanto, e fruto de uma crescente procura pelos nossos<br />

produtos em mercados que ainda não temos distribuidores,<br />

bem como devido à expansão da gama de<br />

artigos conduzir a que os nossos revendedores possam<br />

não dispor de toda a nossa oferta, iremos dentro em<br />

breve dar a possibilidade de se adquirir qualquer artigo<br />

Babu também no nosso site”, revelaJoão Jerónimo.


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

rosidade que evita assim a contaminação por fungos e<br />

bactérias, contribuindo para que a sua higiene oral seja<br />

mais saudável.<br />

Além do fator ecológico, o formato das cerdas da Babu<br />

foi desenhado para dar uma boa higiene oral e chegar<br />

às zonas mais difíceis, daí a marca deter de uma patente<br />

internacional sobre o produto.<br />

“O aconselhável é trocar passados dois a três meses<br />

de utilização ou quando as cerdas já estão desgastadas<br />

o suficiente para que a sua escovagem já não seja<br />

eficiente. Mas não só o tempo de utilização é relevante<br />

para a decidir substituir. Em caso de gripe, infeções<br />

orais ou outras doenças que afetem a sua higiene oral<br />

é altamente recomendável que troque por uma nova”,<br />

sublinha João Jerónimo.<br />

Encontram-se em lojas bio, mas também já em farmácias,<br />

sendo a primeira e única marca de escova de dentes<br />

em bambu com presença em toda a rede nacional<br />

da Associação Nacional de Farmácias, cerca de 2800<br />

espalhadas pelo país.<br />

O seu público alvo inicialmente era visto como “alguém<br />

muito ligado aos temas da ecologia e preservação ambiental”.<br />

Contudo, hoje, o leque de consumidores é<br />

muito mais alargado, sendo maioritariamente feminino,<br />

entre os 25 e 45 anos de idade. Atualmente, encontram-se<br />

no Brasil, Itália e Espanha, mercados próximos<br />

do nacional tanto na língua como na cultura.<br />

O modelo de negócio, centrado<br />

em revendedores, privilegia<br />

o crescimento da marca<br />

e dá oportunidade<br />

aos parceiros de se tornarem embaixadores<br />

da marca<br />

“Durante este e no próximo ano temos definida uma<br />

estratégia de internacionalização que passa por fazer<br />

crescer a nossa presença noutros países da Europa,<br />

bem como aumentar a nossa presença no Brasil, pois é<br />

um mercado muito grande, e em países de língua portuguesa”,<br />

acrescenta o fundador.<br />

As escovas de dentes Babu são 99% biodegradáveis<br />

NÃO SE ESQUEÇA DA ESCOVA DE DENTES!<br />

A principal e grande diferença é que a escovas de dentes<br />

da Babu são 99% biodegradáveis, pois, à exceção<br />

das cerdas, que são em nylon, todo o cabo é em bambu<br />

e degrada-se naturalmente. Para a sua preservação,<br />

são necessários cuidados especiais: devido ao material<br />

do cabo, é aconselhável deixar a Babu num local seco,<br />

sem contacto com a água.<br />

Como antibacteriano natural que é, o bambu tem na<br />

sua constituição agentes que previnem a proliferação<br />

de bactérias nocivas. É também um material sem po-<br />

Marca apoia-se em revendedores<br />

35


h<br />

empreendedorismo<br />

"SOMOS A EMPRESA DE MAIOR CRESCIMENTO NO SETOR<br />

ALIMENTAR" - BRUNO Amaral<br />

Ana Rita Justo<br />

Icon Key<br />

A Icon Key é uma startup portuguesa apostada na<br />

produção e representação de bebidas alcoólicas<br />

artesanais premium. Em março, tornou-se na primeira<br />

empresa do setor a recorrer a uma plataforma<br />

de equity funding, a Seeders, na qual conseguiu<br />

captar meio milhão de euros. Presente em 24 mercados<br />

e com um valor líquido de 4,4 milhões de euros,<br />

a Icon Key foi considerada pelo Financial Times<br />

como uma das empresas com o crescimento mais<br />

rápido na Europa e espera agora chegar a um total<br />

de 50 mercados. Bruno Amaral, chief commercial officer<br />

(CMO) da Icon Key, explica como.<br />

<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Como nasceu a Icon Key?<br />

Bruno Amaral – A Icon Key nasceu em 2008 como uma<br />

empresa de trading internacional. Evoluiu no início de<br />

2014 para a construção, produção, representação e<br />

distribuição de bebidas alcoólicas portuguesas artesanais.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – O que torna esta empresa única?<br />

B. A. – O facto de ser uma empresa familiar, portuguesa,<br />

focada na construção de marcas em categoria<br />

de bebidas alcoólicas onde Portugal não possuía uma<br />

oferta que reunisse inovação, modernidade, design e<br />

autenticidade nomeadamente o gin, o rum, a cerveja,<br />

os licores de fruta, e as<br />

aguardentes de fruta<br />

e vínicas.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como é que<br />

se insere neste mercado<br />

das bebidas espirituosas<br />

premium?<br />

B. A. – A Icon Key<br />

é a única empresa<br />

portuguesa do ramo<br />

alimentar que foi<br />

selecionada para<br />

o ranking das 1.000<br />

empresas de maior<br />

crescimento na Europa. Portanto, somos, com grande<br />

distância, a empresa de maior crescimento no setor<br />

alimentar em Portugal, pesando já 3% das exportações<br />

deste setor, e uma quota de mercado de 1%, ao fim de<br />

apenas quatro anos.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Porquê a decisão de avançarem para<br />

uma ronda de equity funding?<br />

B. A. – Com vista a financiar de forma independente<br />

a expansão da pegada internacional de 30 para 50<br />

36<br />

Cerveja Maldita é uma das bebidas representada pela Icon Key<br />

Bruno Amaral, CMO da Icon Key<br />

mercados internacionais, e o lançamento de oito novas<br />

marcas inovadoras, com o objetivo de quase triplicar a<br />

faturação líquida até 2023.<br />

.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual a estratégia da empresa para a internacionalização<br />

e quais os mercados alvo?<br />

B. A. – O apoio do Portugal 2020 foi muito importante<br />

para estarmos presentes nas feiras internacionais mais<br />

relevantes deste setor, a partir das quais construímos<br />

uma rede de importadores exclusivos na Europa, onde<br />

estamos bem representados. A prioridade para os próximos<br />

quatro anos é, além de consolidar a rede europeia,<br />

construir uma rede semelhante nos Estados Unidos.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Foram considerados pelo Financial Times<br />

como uma das empresas com o crescimento mais rápido<br />

na Europa. Que estratégia para manterem este<br />

estatuto?<br />

B. A. – A estratégia é executar o nosso plano de negócios<br />

para o período <strong>2019</strong>-2023, ou seja, quase triplicar<br />

a faturação neste período, com base na inovação, com<br />

oito novas marcas de posicionamentos diferenciadores<br />

e únicos, a consolidação do relacionamento com os<br />

clientes europeus e a expansão para os Estados Unidos<br />

da América.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais os planos para os tempos mais<br />

próximos?<br />

B. A. – Neste segundo semestre, estamos focados<br />

em lançar o nosso Vermute Português Moot, elaborado<br />

com Vinho da Vadeira, e o nosso gin ultra-premium<br />

Tróia, elaborado com infusão de vinho moscatel da<br />

península de Setúbal, cujos lucros serão alocados em<br />

20% à Ocean Alive – ao seu projeto Guardiãs do Mar –<br />

que contribui ativamente para a manutenção da comunidade<br />

de golfinhos roazes no Rio Sado e Tróia.


O mundo está em constante evolução e a transformação digital das empresas e organizações<br />

é inevitável se pretendem ter um futuro com sucesso. Conte com a experiência, conhecimento<br />

e inovação da PT Empresas para a modernização da sua atividade.<br />

Ligue-se à PT Empresas e projete um futuro melhor.<br />

16 206 | Gestor | ptempresas.pt<br />

UMA REDE DE POSSIBILIDADES


h<br />

empreendedorismo<br />

MACRAMÉ VIRA NEGÓCIO DE FAMÍLIA NO FEMININO<br />

Ana Rita Justo<br />

Cramet<br />

A Cramet nasceu em 2016 e é um autêntico negócio<br />

de família. Do crochet da avô Zulmira, ao macramé<br />

da mãe Emília e com a ajuda das filhas Sol e Diana,<br />

o negócio vai de vento em popa, sem nunca perder a<br />

autenticidade.<br />

É costume dizer-se que a necessidade aguça o engenho.<br />

Solange, que prefere ser tratada por Sol, saiu de<br />

casa, em agosto 2016, e disse à mãe que adoraria ter<br />

peças em macramé na sua nova casa. Só custou o primeiro.<br />

A partir daí, o boca a boca levou a mais e mais<br />

pedidos e assim nasceu a Cramet, uma marca de família<br />

com a mãe, Emília Cabrita, de 56 anos, à cabeça,<br />

as filhas Sol (28) e Diana (24) na fotografia, design e<br />

marketing, e a avó Zulmira, que aos 80 anos ainda produz<br />

peças em crochet.<br />

“Os meus amigos começaram a ir a minha casa e a perguntar-me<br />

de onde era aquele macramé e começaram<br />

aí os pedidos. Toda a gente queria peças assim. Eu sou<br />

designer, o meu namorado também, e a minha irmã é<br />

de marketing. Então, decidimos criar o site da Cramet<br />

como prenda de aniversário para a minha mãe. Assim<br />

surgiu a nossa marca”, recorda Sol.<br />

Com uma base boho, a Cramet surge com várias peças<br />

de decoração, entre peças de parede, porta-vazos, cabeceiras<br />

de cama, peças para decoração de casamentos,<br />

mas não só. Há dois anos, foi a grande responsável<br />

pela decoração das lojas da marca de calçado Zilian<br />

e, mais recentemente, esteve envolvida na decoração<br />

dos hotéis Selina do Porto, Ericeira e Lisboa. Até um<br />

vestido em macramé já foi feito.<br />

Da esquerda para a direita, Diana, a mãe Emília, a avó Zulmira e Solange<br />

“O prazer que dou a alguém quando estou a fazer um<br />

espetáculo é imediato, mas quando fazemos uma<br />

peça para ir para casa de alguém a responsabilidade<br />

é acrescida. Vai estar sempre ali, visível, portanto, tem<br />

de ser feito com carinho para que a felicidade seja prolongada”,<br />

sublinha a matriarca.<br />

A inspiração vem do “dia-a-dia”, refere Sol, mas também<br />

de outras culturas, acrescenta Emília: das tribos<br />

das mulheres-girafa, dos torés indígenas (ritual), da<br />

natureza. Todo o algodão utilizado na conceção das<br />

peças é português, as madeiras utilizadas são, na maior<br />

parte das vezes, aproveitadas do que vão encontrando<br />

na praia ou no campo.<br />

Cada peça é pensada individualmente para cada cliente<br />

e dois dias é o tempo médio para a criação de uma<br />

peça de parede.<br />

Uma peça de parede em macramé pode levar dois dias a ser feita<br />

Tudo é pensado em família, mas a grande artesã das<br />

peças é a mãe Emília. Professora de música de profissão,<br />

dedica-se agora ao negócio da família, que vai<br />

conciliando com a paixão musical, que lhe trouxe a responsabilidade<br />

acrescida de fazer peças com significado.<br />

38<br />

“Não fazemos peças em série, temos algumas peças<br />

repetidas, mas aquilo que gostamos mesmo de fazer<br />

são peças únicas e específicas para determinados ambientes”,<br />

acrescenta Emília.<br />

UM NEGÓCIO FAMILIAR MODERNO<br />

A Cramet vive online e 70% das encomendas surgem<br />

via redes sociais. Também é possível encontrar algumas<br />

peças em lojas multimarca, como é o caso da In


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Lisbon, em Lisboa, e da Casa Mãe, em Lagos (Algarve).<br />

Para uma família com backgrounds nas áreas das artes<br />

e do marketing, não foi fácil iniciar a gestão deste negócio,<br />

como comenta Sol.<br />

“Foi difícil perceber, no início, quanto é que uma peça<br />

podia valer, como é que conseguíamos, de alguma<br />

forma, contabilizar as nossas horas de trabalho. Felizmente,<br />

temos amigos na área de gestão que nos conseguiram<br />

ajudar”, ressalva.<br />

Já Emília sublinha que não é objetivo “fazer peças para<br />

um público elitista”, mas sim chegar ao maior número<br />

de pessoas possível.<br />

No ano passado, a marca produziu perto de 270 peças,<br />

cada uma com uma história para contar.<br />

Para breve, está o lançamento da loja online da marca,<br />

mais um passo na profissionalização e modernização<br />

do negócio.<br />

“EMPRESA ESPECIAL”<br />

Aumentar o número de colaboradores não é, para já,<br />

uma opção. Emília quer manter a empresa “familiar e<br />

especial”, pois diz que é esta a essência da Cramet.<br />

Contudo, o futuro pode tomar vários rumos e a família<br />

já está a pensar nisso. Apostar na Cramet como uma<br />

marca de decoração e não só de macramé, mas há mais.<br />

Aos 56 anos, Emília Cabrita é a grande mentora da Cramet<br />

“A moda é, provavelmente, uma área que vamos explorar<br />

um pouco mais: o vestuário e os adereços. Queremos<br />

fazer peças diferentes e com mais qualidade do<br />

que aquelas que, muitas vezes, encontramos nas lojas”,<br />

aponta a mãe Emília.<br />

Apostar no mercado internacional também é um dos<br />

objetivos com a nova loja online, nomeadamente no<br />

mercado europeu, uma vez que para outros mercados<br />

o envio pode não compensar.<br />

“Já nos aconteceu termos uma pessoa a pedir-nos<br />

uma peça e, quando percebemos, essa pessoa estava<br />

no Brasil. Tornava-se quase incomportável enviar uma<br />

peça para lá, para pagar quase tanto de portes como o<br />

valor da peça”, explica.<br />

O negócio segue de vento em popa e continua a inspirar<br />

gerações através dos workshops que a Cramet vai<br />

organizando, nos quais, revela Sol, são dados alguns<br />

conselhos para quem quer dedicar-se a esta arte.<br />

Net bags da avó Zulmira são feitos em crochet<br />

“Um dos conselhos que damos é: inspirem-se naquilo<br />

que querem fazer, mas mudem sempre alguma coisa, é<br />

o vosso cartão de visita. Temos já algumas alunas que<br />

vão mostrando trabalho e temos muito orgulho que isso<br />

aconteça.”<br />

39


p<br />

MEDIR PARA GERIR<br />

A IMPORTÂNCIA DAS FERRAMENTAS DE ORÇAMENTAÇÃO<br />

Margarida Gomes, consultora na GSTEP<br />

GSTEP<br />

O controlo orçamental de uma empresa estabelece<br />

orçamentos, relacionando as responsabilidades dos<br />

executivos às exigências de uma política de melhoramento<br />

e monitorização contínua dos resultados reais<br />

com os previsionais, seja para garantir por ação individual<br />

o objetivo delineado, seja para fornecer uma base<br />

para sua revisão periódica.<br />

Perder muito tempo para formular o orçamento de um<br />

só departamento dentro das organizações é algo inconcebível<br />

nos tempos que correm. Uma das formas<br />

de melhorar o controlo orçamental é procurar no mercado<br />

soluções com elevados níveis de performance,<br />

com processos automatizados para tornar ainda mais<br />

eficiente o seu trabalho e mais eficazes as suas análises,<br />

com o objetivo de otimizar os seus processos de<br />

decisão, aumentando o nível e qualidade da gestão das<br />

empresas.<br />

Imaginem um robô de cozinha, concebido “para preparar<br />

refeições saudáveis e deliciosas, com receitas<br />

passo a passo sem ficar o dia todo na cozinha, com<br />

milhares de receitas à escolha”, na realidade, uma solução<br />

para a elaboração do orçamento não está muito<br />

longe disto. Quando pensamos nestes gadgets, sejam<br />

eles de culinária ou de orçamentação, queremos sempre<br />

algo que tenha no package: poupança de tempo, de<br />

dinheiro, várias opções de receitas, ser user-friendly e<br />

que nos dê asas à imaginação.<br />

Analisando cada um destes pontos individualmente<br />

percebemos que o robô de cozinha “pica, tritura e cozinha<br />

para que possa passar mais tempo com a família<br />

e amigos”, as ferramentas de orçamentação subtraem,<br />

somam e calculam para que possam passar mais tempo<br />

com análise de dados e tomada de decisões. O robô<br />

de cozinha “permite-lhe preparar em casa os seus próprios<br />

ingredientes, poupando dinheiro e mantendo a<br />

frescura e o sabor”, com as ferramentas de orçamentação<br />

tem na empresa pessoas formadas na tecnologia,<br />

poupando dinheiro e mantendo o know-how do negócio<br />

dentro das quatro paredes. O robô de cozinha “oferece<br />

milhares de opções para que nunca se canse de comer<br />

de forma saudável”, as ferramentas de orçamentação<br />

são customizáveis, podendo calcular de várias formas<br />

(com base na inflação, na sazonalidade do ano anterior,<br />

etc.). O robô de cozinha “guia-o passo a passo em<br />

cada uma das receitas”, as ferramentas de orçamentação<br />

são intuitivas e de fácil manuseamento. O target do<br />

robô de cozinha é “delegar as tarefas mais monótonas<br />

ao robô e desfrutar da parte mais criativa da cozinha”,<br />

pois escusado será dizer que todo o financeiro/gestor<br />

o que mais quer é não ter tarefas monótonas e de baixo<br />

40<br />

Margarida Gomes, consultora na GSTEP<br />

valor acrescentado e poder investir o tempo em objetivos<br />

mais úteis para a tomada de decisão.<br />

Claro está que a única diferença que existe do robô de<br />

cozinha para as ferramentas de orçamentação é que<br />

estas últimas não consideram só as receitas mas também<br />

as despesas, mostrando assim a importância que<br />

têm na elaboração do controlo orçamental das empresas.<br />

Apenas monitorizando, analisando o desempenho<br />

da empresa em várias etapas, é possível aferir o real<br />

desempenho da mesma a diversos níveis: operacional,<br />

financeiro e económico. A possibilidade de monitorizar<br />

a empresa de perto permite identificar as principais<br />

métricas que estão fora das nossas previsões iniciais,<br />

atuando, tomando decisões e medidas corretivas.<br />

Resumindo, as ferramentas tecnológicas de orçamentação<br />

são uma mais-valia no ciclo de vida das empresas,<br />

sendo soluções completas com funcionalidades<br />

de liderança de mercado muito além das linhas de<br />

negócios das empresas, com opções de flexibilidade<br />

e desenvolvimento em personalizações, não necessitando<br />

de curva de aprendizagem. Utilizam uma engenharia<br />

poderosa de cálculo que pode ser usada para<br />

alcançar um alto nível de lógica de funções de negócios<br />

com rápida performance, gerando análises e relatórios<br />

instantâneos, além de prover tarefas definidas<br />

pelos usuários e fluxos de navegação que podem ser<br />

personalizados com base nas necessidades de uso de<br />

diferentes grupos de usuários.<br />

O requerimento-chave para se ficar à frente da competição<br />

que existe no mercado é entender rapidamente<br />

a volatilidade e o modelo para que as mudanças operacionais<br />

e financeiras sejam rápidas. Estas ferramentas<br />

contêm capacidades de análise sofisticadas de<br />

modelagem e predição que permitem aos usuários criar<br />

múltiplas versões “What If”, conectam uma comunidade<br />

larga de usuários com um interface intuitivo e pronto<br />

para o telemóvel. Além disso, permitem a criação em<br />

minutos de relatórios e painéis de indicadores que exibem<br />

planos, previsões e dados atuais e quaisquer alterações<br />

feitas na ferramenta são instantaneamente<br />

refletidas nestes.


p medir para gerir<br />

MICROSOFT 365 PARA <strong>PME</strong><br />

Teresa Virgínia, diretora da unidade de negócio<br />

de Modern Workplace da Microsoft Portugal<br />

Microsoft Portugal<br />

São Pequenas e Médias Empresas (<strong>PME</strong>), mas os desafios<br />

são grandes e complexos. É com base nesse<br />

pressuposto que as respostas às soluções que acreditamos<br />

que têm de estar acessíveis a esta audiência<br />

são críticas. É isso mesmo que o Microsoft 365 Business<br />

procura endereçar. Com soluções na cloud já com<br />

Inteligência Artificial incorporada nas aplicações Office,<br />

a Microsoft procura capacitar as <strong>PME</strong> para fazerem<br />

mais e melhor, permitir uma colaboração mais rápida,<br />

simples e segura, de forma a revigorar o trabalho em<br />

equipa e aumentar a produtividade, garantindo que os<br />

colaboradores das <strong>PME</strong> se sentem produtivos, onde<br />

quer que estejam e a partir de qualquer dispositivo.<br />

Tendo estudado profundamente as necessidades das<br />

<strong>PME</strong>, identificámos as seguintes questões como sendo<br />

as mais relevantes em termos tecnológicos:<br />

◊ Manter a tecnologia atualizada: é difícil acompanhar<br />

as mudanças na tecnologia, assim como constantemente<br />

necessitar de atualizar os sistemas. Qualquer<br />

renovação requer tempo, dinheiro e esforço, o<br />

que pode impactar no negócio – por isso, é necessário<br />

que a tecnologia seja ágil e esteja sempre atualizada;<br />

◊ Força de trabalho móvel: Segundo um estudo<br />

feito pela Yougov, cerca de 71% dos colaboradores em<br />

<strong>PME</strong> admitem usar os seus dispositivos móveis para<br />

aceder a material de trabalho. Ir ao encontro de uma<br />

força de trabalho móvel e distribuída a nível geográfico<br />

exige funcionalidades de colaboração que vão além<br />

de um só dispositivo e, acima de tudo, que ofereçam a<br />

segurança exigível;<br />

◊ Proteger dados sensíveis: 53% das <strong>PME</strong> recolhem<br />

informação sensível, como o NIF por exemplo, e<br />

uma em cada cinco <strong>PME</strong> recolhem dados bancários. É<br />

crucial ter tecnologia que proteja as transmissões intencionais<br />

(ou acidentais) de dados que podem colocar<br />

as <strong>PME</strong> em não conformidade com RGPD ou ameaçar<br />

o seu negócio;<br />

◊ Ameaças cibernéticas e esquemas de<br />

phishing: 72% das <strong>PME</strong> acreditam que a sua empresa é<br />

muito vulnerável a ser vítima de um ciberataque. É essencial<br />

que as <strong>PME</strong> tenham tecnologia preparada para<br />

evitar ataques de phishing e ramsomware.<br />

O Microsoft 365 Business, que reúne o Office 365<br />

Premium, o Windows 10 e o Enterprise Mobility<br />

+ Security foi criado especificamente para estas<br />

organizações. Além de capacitar os colaboradores<br />

a fazer mais, facilita a gestão de TI e protege toda a<br />

informação e dados relevantes para o seu negócio, na<br />

medida em que é construído para garantir ferramentas<br />

de produtividade e serviços de segurança num único<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Teresa Virgínia, diretora de Modern Workplace da Microsoft Portugal<br />

produto, simples de gerir. Esta solução protege os<br />

dados da empresa, alargando a segurança a usuários,<br />

aplicações e dispositivos; ajuda a assegurar que os<br />

PC estão atualizados e seguros, ajudando a prevenir<br />

vulnerabilidades de segurança que podem ser depois<br />

exploradas por hackers; e permite ainda proteger os<br />

dados da empresa entre vários dispositivos, com a<br />

possibilidade de remover completamente os dados<br />

em caso de perda ou roubo de dispositivos. Capacita<br />

também os seus colaboradores na medida em que lhes<br />

oferece a mobilidade que se coaduna, atualmente, com<br />

organizações mais ágeis e adaptadas ao workplace<br />

moderno.<br />

O Microsoft 365 Business torna possível ser produtivo<br />

em qualquer lugar e a partir de qualquer dispositivo.<br />

Inclui a suite do Office 365 – Word, Excel e PowerPoint<br />

– assim como o Outlook para email; Sharepoint e One-<br />

Drive para partilhar ficheiros com clientes, colegas de<br />

trabalho e fornecedores. E ainda o Microsoft Teams, a<br />

plataforma de colaboração que integra todas as ferramentas<br />

necessárias para o trabalho das equipas internas<br />

ou externas e que atualmente é utilizado já por<br />

mais de 500 mil empresas, incluindo 91 das Fortune 100<br />

e mais de 100 com mais de 10.000 colaboradores. Com<br />

dois anos, o Teams está presente em mais de 180 mercados<br />

e 44 línguas.<br />

O Microsoft 365 Business inclui ainda aplicações de<br />

negócio especificamente desenhadas para ajudar as<br />

<strong>PME</strong> a gerir o seu negócio, tais como o Bookings ou o<br />

Outlook Customer Manager, que o ajudam a conseguir<br />

mais clientes e a melhorar a eficiência das suas operações.<br />

Fundamentalmente, o Microsoft 365 foi criado com o<br />

objetivo de proporcionar soluções tecnológicas, fáceis<br />

de usar, a um custo acessível, com o intuito de promover<br />

o crescimento das <strong>PME</strong>. O objetivo é disponibilizar<br />

tecnologia capaz de garantir vantagem competitiva à<br />

quase totalidade do tecido empresarial português, sem<br />

necessidade de grande investimento em infraestrutura<br />

ou sistemas, numa era em que a inovação tecnológica<br />

é garantia de crescimento económico, independentemente<br />

da dimensão das organizações.<br />

41


o<br />

Marketing<br />

A IMPORTÂNCIA DAS MARCAS GLOBAIS<br />

Mafalda Marques<br />

Creatina e CCIP<br />

O lançamento da gama de papel higiénico Renova<br />

Paper Pack foi distinguido na 41.ª edição da<br />

competição “100 Melhores Ideias do Ano”. Paulo<br />

Pereira da Silva falou à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> sobre a<br />

importância das marcas globais, no Growth Forum,<br />

promovido pela CCIP.<br />

O prémio “100 Melhores Ideias do Ano” é promovido<br />

pela Atualidad Económica, em Madrid e visa reconhecer<br />

marcas, produtos e serviços disponíveis no mercado<br />

espanhol, em áreas de atividades distintas. No caso<br />

da Renova, o galardão chega na categoria referente a<br />

sustentabilidade, pois substitui a embalagem de plástico<br />

por papel, sendo, por isso, uma opção mais sustentável<br />

para todos os consumidores.<br />

Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova, explica que, em<br />

Portugal, não há marcas globais, à exceção de Cristiano<br />

Ronaldo, e partilha algumas ideias que desenvolve:<br />

“O valor criado pelas marcas é muito importante para<br />

o país. Tem que ver, sobretudo, com a reputação, com<br />

algo que as torne únicas. As marcas devem ser vistas<br />

com atenção, por algo que seja medido e gerido. O meu<br />

trabalho é esse na Renova, principalmente, encontrar<br />

algo disruptivo que a distinga, que seja valorizado e<br />

que permita captar valor através das pessoas. A imagem<br />

do papel higiénico preto mudou a imagem da Renova<br />

no mundo, aí sim, mudámos a perceção e a legitimidade<br />

neste setor, pois somos a companhia do papel<br />

higiénico preto [risos].”<br />

A Renova sempre operou em Portugal e tinha uma gestão<br />

muito parecida com a gestão de uma multinacional.<br />

Foi uma grande mais-valia para a gestão da empresa.<br />

Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova<br />

Lá fora, não foi possível fazer isso, tiveram de criar uma<br />

startup para se fixarem. Mas Paulo defende que uma<br />

marca para se desenvolver tem de existir enquanto<br />

empresa. Deve interferir com as pessoas, ter uma proposta<br />

credível, se não não é uma marca.<br />

“Temos de ter coragem para criar uma startup, permitir<br />

o erro e falhar, não penalizar o erro, apenas aprender<br />

com ele e arriscar.”<br />

A história da Renova retrata bem o percurso que uma<br />

marca pode fazer ao longo da sua existência e Paulo<br />

Pereira da Silva explica como: “A empresa Renova<br />

existe desde 1939 e a marca existe desde 1818, sem<br />

uma estrutura por trás. A marca antecede a existência<br />

da empresa, o que não é muito normal”.<br />

O core business da empresa é criar soluções de produtos<br />

de consumo onde a maioria dos materiais são fibras<br />

de celulose, mas não só, pois a Renova não se considera<br />

uma “papeleira”.<br />

A internacionalização começou logo quando deixaram<br />

de existir barreiras alfandegárias entre Portugal e Espanha<br />

e, na altura, alguns concorrentes fundiram-se<br />

com multinacionais norte-americanas.<br />

“Achámos que estar apenas em Portugal era uma posição<br />

extremamente vulnerável, que era preciso internacionalizar<br />

pelo menos para Espanha e essa decisão<br />

aconteceu nos anos 90”.<br />

42<br />

Renova sempre operou em Portugal<br />

Em Espanha, a primeira grande dificuldade foram as<br />

cadeias de distribuição. Aí sentiram que a solução era a<br />

diferenciação a partir soluções que não existiam, como<br />

soluções logísticas, de decoração, sempre com coisas<br />

diferentes. Essa foi a estratégia para todos os países.<br />

Todos os países foram desafiantes e diferentes, mas o<br />

mais difícil foi Espanha por ter sido a sua primeira experiência<br />

internacional.<br />

“Imagine termos de reaprender a apresentar os nossos<br />

produtos em Espanha, onde ninguém nos conhecia,<br />

quando em Portugal éramos a marca das avós e tínhamos<br />

uma reputação elevadíssima”, confessa.


o<br />

marketing<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Cada vez mais as cadeias de distribuição têm necessidades<br />

específicas e a Renova tem tido a capacidade de<br />

apresentar soluções à medida. As suas dores de crescimento<br />

foram graduais e a equipa comercial foi reforçada<br />

e conseguiu ser flexível nessa visão.<br />

Há três anos, a empresa decidiu investir industrialmente<br />

em Vichy, França, tendo a sua primeira experiência<br />

industrial internacional naquele país.<br />

A internacionalização começou<br />

logo quando deixaram de existir<br />

barreiras alfandegárias<br />

entre Portugal e Espanha<br />

“Neste momento, exportamos mais do que vendemos<br />

cá, mais de 50%. Os nossos crescimentos são muito<br />

grandes fora, mas a nossa humildade permite-nos ver<br />

a dimensão das coisas e da realidade”, adianta.<br />

A relação do produto, neste caso do papel higiénico,<br />

com o consumidor mudou, o que é raro acontecer, razão<br />

pela qual conseguiram proteger a marca e a cor em<br />

relação ao produto. O valor do papel higiénico mudou e<br />

lançaram linhas com cores mais vibrantes e outra com<br />

cores mais suaves. Toda a exportação fora da Europa<br />

reside nestes produtos.<br />

“Se me perguntar se o [papel] preto conta muito, não<br />

conta, por isso o retirámos da grande distribuição. Foi<br />

um erro que conseguimos corrigir rapidamente. Como<br />

é um produto protegido e premium, achamos que devemos<br />

vendê-lo como um produto de luxo associado a<br />

uma estratégia própria que chamamos ‘Renova Luxury’,<br />

produtos com maior valor acrescentado”, explica.<br />

Um rolo de papel higiénico custa cerca de 0,10 euros,<br />

mas se vendem um pacote com três rolos pretos a 9<br />

euros, este valor no produto é abissal. Paulo explica o<br />

segredo:<br />

“Quando falamos de marcas é muito importante desenvolver<br />

a diferenciação e mantê-la. É preciso ser<br />

coerente e ter ambição em sacrificar o curto prazo pelo<br />

médio prazo para toda a marca e não só para aquele<br />

produto. Se fizemos bem ou mal? Não sei, mas é esta a<br />

nossa estratégia e somos quem somos por isso”.<br />

TREINAR COM OS OLHOS POSTOS NAS MARCAS<br />

Mafalda Marques<br />

O2 Gym Activation<br />

A O2 Gym Activation chega ao mercado, consolidando<br />

um percurso que começou em 2008, com Filipe Capela,<br />

fundador da O2 Produções Audiovisuais e que há 11<br />

anos iniciou a comunicação de marcas em 18 clubes<br />

Holmes Place, na altura mais focada em circuitos internos<br />

audiovisuais.<br />

O acordo de parceria estabelecido no início do ano<br />

<strong>2019</strong> com a SCFitness, empresa do grupo Sonae, aumentou<br />

a cobertura da rede de ginásios e reforçou a<br />

necessidade de criar a O2 Gym Activation. Esta concebe<br />

e implementa ativações de marca em 92 ginásios,<br />

de norte a sul do país.<br />

Ativação feita para a Fructis<br />

Nestes locais, estão os microinfluenciadores que podem<br />

viver a experiência que a marca propõe.<br />

Ativação do Millennium BCP num dos ginásios da marca<br />

“As pessoas que frequentam o ginásio querem sentir-<br />

-se bem, produtivas, e as marcas que encontram nestes<br />

espaços vão estar associadas a estes pensamentos<br />

positivos. A O2 Gym Activation tem ainda a capacidade<br />

de segmentá-los em função do posicionamento da<br />

marca”, refere Inês Cavazzini, advertising manager da<br />

O2 Gym Activation.<br />

“Temos objetivos ambiciosos para <strong>2019</strong> que passam<br />

por mostrar à marca as diferentes potencialidades que<br />

têm ao apostar no canal ginásio enquanto comunicador<br />

de excelência com o seu público. Nesta nova forma de<br />

comunicar, somos, acima de tudo, parceiros da marca”,<br />

acrescenta.<br />

Leia esta entrevista na íntegra em www.pmemagazine.com<br />

43


o<br />

tecnologia<br />

“QUEREMOS TRAÇAR AS LINHAS PELAS QUAIS<br />

O MERCADO DAS TIC EVOLUI”-<br />

Ana Rita Justo<br />

Bee Engineering<br />

A Bee Engineering está em Portugal desde 20<strong>13</strong> e<br />

trabalha a partir de Lisboa, Porto e Amesterdão para<br />

o grande mercado europeu, africano e Médio Oriente.<br />

Em 2018, superou os cinco milhões de euros em<br />

faturação, abriu nova sede em Lisboa e reforçou a<br />

aposta na gamificação. Falámos com o diretor executivo,<br />

José Leal e Silva, que nos fez um retrato do<br />

trabalho desenvolvido pela consultora.<br />

JOSÉ Leal eSilva<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como nasceu a Bee Engineering?<br />

José Leal e Silva – A Bee Engineering nasce em França<br />

em 2010. Inaugura a atividade ao nível de Tecnologias<br />

da Informação e Comunicação (TIC) no ano de 20<strong>13</strong><br />

em Lisboa, diversificando serviços e o seu alcance. Temos,<br />

atualmente, oito escritórios em diferentes localizações<br />

estratégicas na Europa, sendo três – Lisboa,<br />

Porto e Amesterdão – na vertente das TIC e geridos a<br />

partir de Portugal. Somos já mais de 180 apaixonados<br />

por tecnologia, entre projetos no território nacional e<br />

além-fronteiras. A paixão pela tecnologia é o que nos<br />

une e a aprendizagem acontece através do núcleo de<br />

R&D [n. d. r. Research and Development, pesquisa e desenvolvimento]<br />

e da nossa área de training.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como se posiciona no mercado?<br />

J. L. S. – Como a extensão tecnológica dos nossos<br />

clientes e parceiros. Existem vários modelos de atuação<br />

associados, que podem ir desde o outsourcing, projetos<br />

turn-key (de âmbito fechado), produtos, advisory e<br />

game development. As áreas de R&D e training acabam<br />

por suportar a evolução das áreas mencionadas.<br />

.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais os maiores desafios que vos são<br />

colocados?<br />

J. L. S. – O maior desafio que enfrentamos é o de crescer<br />

e evoluir o modo de atuar – num mercado cada vez<br />

mais competitivo – respeitando sempre os nossos valores<br />

core. Por outras palavras, manter a honestidade,<br />

lealdade e exigência, ainda assim, oferecendo o melhor<br />

serviço. O resto, são desafios tecnológicos, são os<br />

desafios que nos fazem ser melhores e abraçamo-los<br />

com gosto, empenho e dedicação.<br />

44<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Porquê a aposta no GameLAB?<br />

J. L. S. – Acreditamos na diversificação e inovação na<br />

forma como nos apresentamos ao mercado e à nossa<br />

equipa interna. Queremos ser pioneiros e ajudar a<br />

traçar as linhas pelas quais o mercado das TIC evolui.<br />

Nesse sentido, decidimos apostar numa forma diferente<br />

de fazer gamification, suportada numa equipa<br />

com forte experiência na área de game development. É<br />

esta uma das razões pela qual, hoje, esta divisão tem<br />

oferta associada ao desenvolvimento de videojogos. A<br />

área nasceu de um projeto na área da logística que tinha<br />

uma componente de gamification, mas acabou por<br />

ultrapassar o projeto em si. Paralelamente, é uma vertente<br />

passível de expansão internacional, o que está<br />

alinhado com a estratégia global da marca.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quais os passos que uma empresa tem<br />

de dar para criar uma solução de gamification?<br />

J. L. S. – Uma empresa deve ter uma estrutura corporativa<br />

predisposta a aceitar uma transformação digital.<br />

Não existe uma solução milagrosa que transforme por<br />

completo processos rudimentares e que resulte numa<br />

melhoria imediata visível. Esta solução digital deve antes<br />

acompanhar uma forte iniciativa na modernização e<br />

uma visão a longo prazo. Uma solução de gamification<br />

tem um forte impacto na forma de trabalhar dos colaboradores,<br />

porque assenta nos valores e indicadores<br />

de performance já utilizados e acaba por, muitas vezes,<br />

originar uma nova métrica que agrega toda a evolução<br />

de uma estrutura num único indicador. O objetivo de<br />

uma solução deste tipo é o de facilitar o acesso e tornar<br />

transparente o sucesso ou insucesso de uma organização.<br />

É fundamental que este trabalho seja feito de forma<br />

sinérgica entre a Bee Engineering e o parceiro, em<br />

vez de ser apenas mais uma ferramenta que é utilizada<br />

e que adiciona pouco valor. Assim, podemos criar algo<br />

que faz sentido para todos e que aponta para um ROI<br />

mais imediato.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Fale-nos sobre o vosso departamento<br />

de R&D.<br />

J. L. S. – A diversificação da oferta da Bee Engineering


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

<strong>PME</strong> Mag. – A aposta em Portugal é para manter?<br />

J. L. S. – A aposta em Portugal é para crescer ainda<br />

mais e não apenas manter. Portugal assume-me como<br />

o alicerce tecnológico das várias geografias da empresa,<br />

assegurando que a qualidade e estrutura existentes<br />

no nosso país serão levadas ao resto da Europa (e<br />

não só) da melhor forma possível. Portugal é um local<br />

de excelência não apenas geográfico, mas fundamentalmente<br />

de conhecimento tecnológico e também das<br />

fortes competências pessoais (soft-skills).<br />

José Leal e Silva diretor executivo da Bee Engineering<br />

passa pela criação de soluções digitais. Esta assenta<br />

no investimento em R&D e do crescimento de um<br />

programa de ativação de talento, a Bee Academy. Este<br />

investimento é feito desde 2016 e crescerá 60% este<br />

ano. A aposta passou pelo reforço das competências<br />

técnicas e organizacionais de R&D, bem como da<br />

redefinição das áreas técnicas nas quais iremos<br />

centralizar o trabalho de investigação, que potencia<br />

depois a maturação dos produtos já existentes e criação<br />

de novos. Foi dado um sinal claro no investimento ao<br />

inaugurarmos, em 2018, uma nova sede em Lisboa.<br />

A Bee Engineering mudou os seus serviços centrais<br />

para um novo espaço de 650 metros quadrados,<br />

sensivelmente o triplo dos escritórios anteriores. Com<br />

a nova sede, foi possível criar condições para investir<br />

com mais robustez no desenvolvimento de consultores<br />

juniores, academistas e alunos que nos procuram para<br />

estágios. Tornou-se imperativo apostar na formação de<br />

novos talentos, sendo este um dos eixos determinantes<br />

para o futuro da consultora.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Em que geografias está presente?<br />

J. L. S. – Estamos em Lisboa, Porto e Amesterdão<br />

com escritórios. A nossa área de atuação estendese<br />

por toda a região EMEA [Europa, Médio Oriente e<br />

África]. Em 2018, 10% da faturação proveio de serviços<br />

realizados para clientes e parceiros de França,<br />

Reino Unido e Irlanda em setores como government,<br />

governance, mobile, fintech e logística, envolvendo<br />

60 colaboradores. Este ano, estamos a apostar no<br />

crescimento da faturação internacional com o objetivo<br />

de duplicar os resultados. Este objetivo segue em<br />

paralelo com a meta de assegurar novos talentos nas<br />

geografias servidas e de chegar a novos setores de<br />

atividade.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como valorizam os vossos colaboradores?<br />

J. L. S. – A nossa estratégia de desenvolvimento está<br />

centrada no potencial humano, na diversificação e inclusão.<br />

Na Bee Engineering, o todo é mais do que a<br />

soma das partes. O departamento de RH da Bee Engineering<br />

ICT foi carinhosamente apelidado de “Bee Together”<br />

pelos colaboradores, uma vez que a nossa estratégia<br />

está centrada no potencial humano e nas suas<br />

singularidades. Garantimos que os nossos valores se<br />

traduzem em políticas de gestão de pessoas, que são<br />

transmitidas desde a fase do recrutamento e acolhimento<br />

de novos colaboradores, mas também ao longo<br />

da sua evolução na empresa. Temos a preocupação de<br />

fornecer feedback constante, pois este é visto como<br />

uma forma de fazer evoluir os nossos colaboradores. O<br />

nosso propósito é que os nossos colaboradores sintam<br />

orgulho em fazer parte da “Bee Team”. Reter talento<br />

faz-se ao proporcionarmos aos nossos elementos um<br />

ambiente que fomente a sua realização profissional e<br />

os desafie continuamente. Fomentamos o crescimento<br />

e a união através de iniciativas de lazer e de desenvolvimento<br />

profissional. Consideramos, igualmente, que a<br />

diversidade é uma mais-valia que nos leva mais longe.<br />

Queremos que as pessoas possam crescer e serem uma<br />

referência nos projetos que desempenham, independentemente<br />

do seu género, crenças ou qualquer outro<br />

fator externo à competência e relacionamento pessoal.<br />

Somos uma empresa inclusiva onde existe igualdade<br />

de oportunidades e meritocracia.<br />

“Bee Engineering ICT foi carinhosamente<br />

apelidado de “Bee Together”"<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Que planos para o futuro?<br />

J. L. S. – Estamos a capitalizar a consolidação registada<br />

no ano passado. Em <strong>2019</strong> estamos: a aumentar a<br />

implementação internacional, afirmando-nos em países<br />

de mercados EMEA com serviços de TIC, tanto em<br />

regime local como em nearshore; a consolidar a operação<br />

no Norte de Portugal, a partir do espaço central<br />

do Porto; a afirmar o know-how em gamificação e expansão<br />

da vertente de game development; a estabelecer<br />

uma divisão de produtos baseada num ecossistema<br />

já existente, beneficiando do investimento em R&D e<br />

da criação de soluções próprias; a aumentar o número<br />

de formandos nas Bee Academy, estreitando ligações<br />

com novos talentos.<br />

45


o<br />

tecnologia<br />

ACREDITAR NO EMPREENDEDORISMO A NORTE<br />

Denisse Sousa<br />

Acredita Incubação<br />

O projeto Acredita Incubação nasce em Vila Nova de Gaia como forma de providenciar um acompanhamento<br />

mais próximo a empreendedores cujos projetos serão incubados pela Associação Acredita Portugal. Dando<br />

esta oportunidade a futuros empresários, a associação espera ser o fertilizante para uma nova geração de<br />

empresas a Norte que irão dinamizar a economia portuguesa.<br />

Acredita Incubação é o novo passo da Acredita Portugal,<br />

que ajuda anualmente mais de 10 mil empreendedores<br />

na fase de ignição dos seus projetos e possui as<br />

ferramentas para prestar um apoio mais personalizado<br />

a projetos mais maduros. Com o apoio da Câmara Municipal<br />

de Vila Nova de Gaia, este projeto disponibiliza<br />

suporte e ferramentas aos empreendedores da zona<br />

Norte do país.<br />

Neste momento, o Acredita Incubação dispõe de dois<br />

espaços: o Pólo Casa dos Ferradores e o Pólo da República.<br />

O Pólo Casa dos Ferradores, localizado junto ao Cais<br />

de Gaia, é direcionado sobretudo para as indústrias<br />

criativas com capacidade para cerca de 25 lugares. É<br />

um espaço com potencial empresarial e que a organização<br />

espera abrir ao público, através de formações,<br />

workshops e talks que irão permitir atrair a comunidade<br />

empreendedora local.<br />

Já o Pólo da República, junto à Avenida da República,<br />

serve os empreendedores tecnológicos e projetos de<br />

empreendedorismo social. A localização estratégica<br />

é fundamental e o espaço pode albergar cerca de 40<br />

pessoas.<br />

Acredita Incubação é o novo passo<br />

da Acredita Portugal,<br />

que ajuda anualmente mais<br />

de 10 mil empreendedores<br />

como a Birds & Trees (consultoria estratégica) e a<br />

Digital On (outdoors digitais), entre outros”, refere<br />

Fernando Fraga, diretor de inovação.<br />

Desta forma, o Acredita Incubação consegue ter um<br />

impacto mais direto com os 21 finalistas do concurso<br />

Acredita Portugal, através das cinco semanas de pré-<br />

-aceleração, em que se ligam empreendedores a mentores,<br />

investidores e especialistas.<br />

O processo de seleção de candidatos para a incubação<br />

passa por uma entrevista de forma a avaliar as necessidades,<br />

principais dificuldades e perceber onde é que<br />

a incubadora pode ajudar.<br />

APOSTA NA INCUBAÇÃO É O FUTURO<br />

“Para os candidatos que passam nesse processo criamos<br />

um plano de trabalho e alinhamos objetivos: onde<br />

é que aquela empresa quer estar daqui a um ano? E<br />

três? Quais os passos necessários para lá chegar? Depois<br />

de definirmos tudo isto, vamos trabalhando com<br />

as empresas: ligamos o projeto a mentores, trazemos<br />

especialistas de diferentes áreas para talks, workshops<br />

ou formações que também serão abertas ao público”,<br />

explica o responsável.<br />

Para Fernando Fraga, o maior desafio nesta fase inicial<br />

tem sido a gestão de expectativas e a personalização<br />

do apoio a cada tipo de projeto.<br />

As empresas incubadas contam com o apoio da equipa<br />

que organiza o maior concurso de empreendedorismo<br />

do país. Os projetos serão ligados à rede de mentores<br />

que a associação dispõe e terão direito a pacotes de<br />

serviços disponibilizados pelos parceiros da Acredita<br />

Incubação com condições especiais de acesso.<br />

“Estes parceiros incluem entidades já conhecidas<br />

com quem já trabalhamos, como o Banco Montepio,<br />

Cron.Studio (startup studio), Inventa International<br />

(propriedade intelectual) e a Say U Consulting<br />

(comunicação), mas também novos parceiros locais<br />

46


JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Fernando Fraga, diretor de inovação da Acredita Portugal<br />

Se, por um lado, é um desafio constante mostrar às<br />

pessoas que nem todas as ideias são possíveis e que,<br />

muitas vezes, falhar faz parte do processo, “por outro<br />

lado, existem tantas ideias tão diferentes que é um<br />

desafio criar um caminho comum de mentoria que se<br />

adapte a todas”, confessa.<br />

“Ainda assim, estamos confiantes de que estes problemas<br />

irão ser ultrapassados com o tempo e graças ao<br />

espírito dos nossos empreendedores.”<br />

Fundamentalmente quer-se que as empresas interajam<br />

entre si, para criar um sentimento de comunidade<br />

e, principalmente, oportunidades de negócio.<br />

“O empreendedor que começou um negócio de fotografia<br />

360º pode fazer uma parceria com a nova empresa<br />

de e-commerce e ajudá-la a fotografar produtos,<br />

por exemplo. Estamos também a montar uma forma de<br />

conseguir ligar os empreendedores incubados com os<br />

melhores projetos dos 10 mil que passam pelo Concurso<br />

Montepio Acredita Portugal”, acrescenta.<br />

PROMOVER O ESPÍRITO EMPREENDEDOR<br />

Além do projeto de incubação apoiado pela Câmara<br />

Municipal de Vila Nova de Gaia, o Acredita Incubação<br />

detém parcerias de formação com o IEFP Gaia e a Graph<br />

Lab. Ao longo de 10 semanas, os profissionais do<br />

Acredita Incubação acompanham as turmas desde a<br />

ideação, às entrevistas de empatia, criação de plano de<br />

marketing e estruturação de um plano financeiro.<br />

Objetivo do programa é promover a<br />

interação e o espítio de comunidade<br />

entre as empresas<br />

“A formação que fazemos em parceria com o IEFP de<br />

Gaia consiste num programa de 200 horas orientado<br />

para os desempregados da região. O objetivo é levar<br />

os formandos, todos eles potenciais empreendedores,<br />

a estruturar uma ideia de negócio e a criar o seu próprio<br />

emprego”, explica.<br />

São, ainda, convidados diferentes especialistas de outras<br />

entidades a falar sobre vários temas como o microcrédito,<br />

como fazer pitch a investidores, marketing,<br />

bases legais para startups, proteção da propriedade<br />

intelectual, programas de apoio à criação de empresa,<br />

entre ouros.<br />

“Diria que dar acesso a este tipo de formação aos desempregados<br />

está muito no nosso ADN e muito alinhado<br />

com a nossa missão, nos últimos 10 anos, de libertar<br />

o potencial empreendedor e dar oportunidade a todos,<br />

independentemente da sua idade ou formação.”<br />

Com o Graph Lab a parceria é centrada num dos espaços,<br />

no Pólo Casa dos Ferradores, como forma de<br />

aproveitar os materiais já existentes como impressoras<br />

Riso e uma letterpress. Aqui, a organização aproveitou<br />

a maquinaria já existente para potenciar um laboratório<br />

de criação, rentabilizando assim o espaço e atraindo a<br />

comunidade criativa local.<br />

Inauguração do novo espaço da Acredita Portugal<br />

47


o<br />

tecnologia<br />

TIC: UM MERCADO EM CONSTANTE EXPANSÃO<br />

Cíntia Costa e Pedro Rebordão, LISPOLIS<br />

LISPOLIS<br />

O setor das Tecnologias de Informação e Comunicação<br />

(TIC) tem mudado drasticamente ao longo dos anos.<br />

Contudo, tem-se verificado uma constante: o crescimento<br />

exponencial desta área.<br />

De acordo com a IDC, o mercado das TIC em Portugal<br />

vai crescer 2,2% e atingir, em <strong>2019</strong>, 8.240 milhões de<br />

euros. Em três anos, prevê-se que o mercado das TIC<br />

em Portugal atinja 8.586 milhões de euros, um número<br />

da maior importância para o LISPOLIS, que acolhe<br />

mais de 50 empresas que prestam serviços e desenvolvem<br />

produtos neste setor.<br />

De acordo ainda com o mesmo estudo, a previsão das<br />

tecnologias com maior crescimento aponta para as<br />

tecnologias cloud, Internet of Things, Big Data e cibersegurança.<br />

O desenvolvimento destas áreas tem sido<br />

crucial para sustentar a inovação e as propostas em<br />

conceitos relativamente recentes, como:<br />

◊ Smart Cities: o conceito de smart cities, as ditas<br />

“Cidades Inteligentes”, é cada vez mais corrente,<br />

pois existem grandes desafios para serem resolvidos,<br />

seja ao nível da mobilidade, da qualidade do ar, da habitação,<br />

da ecologia, entre outros. E o Portugal Smart<br />

Cities Summit, evento organizado pela Fundação AIP<br />

com o apoio da Associação Nacional de Municípios<br />

Portugueses (ANMP), contou com a participação de<br />

mais de <strong>13</strong>0 expositores, entre municípios e empresas,<br />

que aproveitaram a oportunidade para apresentar as<br />

suas soluções que podem ou já estão a dar resposta<br />

aos desafios das suas cidades, contribuindo para o aumento<br />

da qualidade de vida dos seus cidadãos. Entre<br />

os expositores estiveram cinco empresas LISPOLIS:<br />

Algardata, EPL - Mecatrónica & Robótica, FocusBC,<br />

IDMind e Six-Factor;<br />

48<br />

Cíntia Costa e Pedro Rebordão, LISPOLIS<br />

◊ Gamificação: é um conceito na moda, pois todos,<br />

ou pelo menos a maior parte das pessoas, gostam<br />

de jogos. Se podemos associar o seu início sobretudo a<br />

atividades de marketing, hoje é possível encontrar gamificação<br />

em todas as atividades desenvolvidas pelas<br />

empresas: a capacidade de envolver colaboradores e<br />

clientes, de obter feedback, de funcionar numa lógica<br />

de cocriação, de reconhecer esforços e promover<br />

a competição saudável, de motivar e oferecer autonomia<br />

aos colaboradores e de criar um novo mundo numa<br />

lógica de “jogo” que vem ajudar a quebrar a rotina e<br />

a aumentar os níveis de satisfação de todos. E sem o<br />

desenvolvimento de novas tecnologias, seria impossível<br />

criar soluções ou conceitos de gamificação como<br />

aqueles que vimos apresentados no Gamify Europe<br />

<strong>2019</strong> – Made of Outliers, evento internacional promovido<br />

pela Fractal Mind, empresa instalada no LISPO-<br />

LIS, que decorreu no Fórum Tecnológico;<br />

◊ E-commerce: ainda a dar os primeiros passos<br />

em Portugal, onde apenas 39% das pessoas compra<br />

online face a 87% no Reino Unido, o e-commerce permite<br />

que uma empresa portuguesa tenha como mercado<br />

o mundo e não os 10 milhões de portugueses. E<br />

é por esse motivo que a AICEP, o Google e o E-Commerce<br />

Brasil se juntaram ao LISPOLIS na promoção do<br />

primeiro programa de aceleração em Portugal focado<br />

no retalho: o E-commerce Experience. Após um evento<br />

de kick-off com mais de 700 pessoas, este programa<br />

de seis meses contou com 20 empresas de diferentes<br />

dimensões e realizou 25 encontros semanais que envolveram<br />

mais de 50 oradores e mentores, e ainda cinco<br />

visitas técnicas.<br />

A Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR)<br />

são também tecnologias que têm ganho destaque nos<br />

últimos anos para objetivos de marketing e para utilização<br />

no terreno. De modo a acompanhar esta tendência,<br />

o LISPOLIS juntou-se à Vrara para promover meetups<br />

mensais sobre o tema, com diversos convidados do setor<br />

e uma área de exposição em que são apresentadas<br />

as novas tecnologias.<br />

O setor das TIC sempre foi predominante no LISPOLIS,<br />

e é expectável que assim continue a ser, independentemente<br />

de se tratar de uma startup, de uma <strong>PME</strong> ou de<br />

uma grande empresa ou multinacional. É neste setor<br />

que o LISPOLIS vai continuar a investir para estar presente,<br />

sobretudo quando estão envolvidas empresas e<br />

projetos que acolhe, com especial enfoque na área da<br />

saúde e da automação e robótica.


f<br />

Agenda<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Ana Rita Justo<br />

19 E 20<br />

JULHO<br />

STARTUP<br />

COACHING<br />

Centro de Formação<br />

Empresarial da ANJE, Porto<br />

O "StartUp Coaching" resulta de<br />

uma parceria entre a ANJE e a<br />

International Coaching University<br />

e é uma experiência transformadora<br />

de alto impacto, onde<br />

serão criadas as condições para<br />

que os participantes possam<br />

desenvolver competências de<br />

liderança, acelerar processos de<br />

mudança e explorar eficientemente<br />

os seus skills e recursos<br />

pessoais.<br />

29 JULHO A 2 AGOSTO<br />

15.º CONGRESSO ECOLÓGICO<br />

EUROPEU<br />

Faculdade de Ciências da Universidade<br />

de Lisboa<br />

O 15.º Congresso Ecológico Europeu,<br />

organizado pela Federação<br />

Ecológica Europeia, decorre<br />

em Lisboa, sob o mote “Integrar<br />

a ecologia em objetivos de desenvolvimento<br />

sustentável”. O<br />

evento destina-se a estudantes,<br />

investigadores e representantes<br />

de empresas públicas e privadas<br />

interessados na temática.<br />

Saiba mais em:<br />

eeflisbon<strong>2019</strong>.org<br />

12<br />

SETEMBRO<br />

TECH JOBS FAIR<br />

ETIC, Lisboa<br />

Para quem procura um emprego em<br />

tecnologia, ou para empregadores<br />

à procura de talento tecnológico, a<br />

Tech Jobs Fair é o evento perfeito.<br />

Saiba mais em: www.eventbrite.com<br />

5 A 6<br />

Chama-se Connect Fest e é o novo<br />

evento de tecnologia que pretende<br />

afirmar-se como um dos maiores a<br />

norte de Portugal, tendo como objetivo<br />

de promover o debate e a partilha<br />

de conhecimento sobre as principais<br />

tendências tenológicas do futuro.<br />

Saiba mais em:<br />

connectfest.pt<br />

SETEMBRO<br />

CONNECT FEST<br />

Ordem dos Contabilistas, Porto<br />

Mais informações em:<br />

www.anje.pt<br />

49


x<br />

OPINIÃO<br />

AICEP MAIS DIGITAL:<br />

UM NOVO CAMINHO PARA O MUNDO<br />

Luís Castro Henriques, presidente da AICEP Portugal<br />

Global<br />

AICEP<br />

A AICEP lançou o Portugal Exporta, a nova plataforma<br />

tecnológica dedicada às exportações, no passado<br />

dia 15 de abril. Mais do que o começo de uma nova era<br />

na AICEP, é uma reestruturação total na forma como a<br />

agência contacta e apoia as empresas, nomeadamente<br />

no seu esforço de internacionalização.<br />

A partir de agora, boa parte da interação com as empresas<br />

será feita de forma mais simples e eficaz através<br />

de uma plataforma tecnológica com novos produtos e<br />

serviços de maior valor acrescentado e completamente<br />

customizados, que vai ao encontro das expectativas e<br />

necessidades específicas de cada empresa, tendo em<br />

conta o seu grau de maturidade para a internacionalização,<br />

setor de atividade e produtos.<br />

E como é que a AICEP está a fazer isso? Através do recurso<br />

a inteligência artificial. A plataforma disponibiliza<br />

ferramentas com múltiplas facilidades: matching entre<br />

empresas e mercados, importadores e parceiros, indicação<br />

de oportunidades de negócio, ações comerciais<br />

e de capacitação, desenho de planos de ação de internacionalização<br />

à medida, diagnósticos de maturidade<br />

da empresa, sugestão de notícias, eventos, alertas e<br />

outros conteúdos e informações relevantes para o dia-<br />

-a-dia das empresas.<br />

Mas a AICEP vai deixar de ter gestores de cliente e<br />

delegados em mais de 50 mercados no mundo? Não.<br />

Acontece que os especialistas da AICEP farão um<br />

aconselhamento mais dirigido a cada empresa. Vão<br />

concentrar-se nos processos mais complexos e criar,<br />

continuamente, novos produtos e serviços, sempre<br />

atualizados face às necessidades e tendências do contexto<br />

económico e empresarial, nacional e internacional.<br />

O primeiro setor em foco do Portugal Exporta foi o calçado<br />

e, nos próximos 12 meses, todos os setores da<br />

economia portuguesa estarão cobertos.<br />

O principal objetivo da AICEP com esta plataforma é<br />

apoiar cada vez mais empresas no seu processo de internacionalização,<br />

desde aquelas que dão os primeiros<br />

passos, até às que precisam de um apoio mais próximo<br />

e personalizado. Esperamos contribuir, assim, para o<br />

alargamento da base exportadora nacional.<br />

50<br />

Luís Castro Henriques, presidente da AICEP<br />

Comprometemo-nos a atingir 50% do peso das exportações<br />

no PIB até 2025 e acreditamos que esta nova<br />

plataforma tecnológica vai gerar um impacto positivo<br />

na internacionalização e aumento das exportações,<br />

ajudando as empresas a exportar mais e, consequentemente,<br />

a AICEP a alcançar esse desígnio.<br />

O Portugal Exporta é apenas o primeiro pilar da transformação<br />

digital que a AICEP está a levar a cabo e que<br />

vai impactar a vida das empresas. No prazo de um ano,<br />

iremos lançar: um portal dedicado ao Investimento,<br />

o Business Match Making, que pretende ligar as empresas<br />

aos fornecedores nos diferentes mercados, o<br />

Acelerador da Internacionalização Online, dedicado ao<br />

e-commerce, e o Optimizador do Investimento, que sugere<br />

a localização recomendada para grandes projetos<br />

de investimento.<br />

A transformação digital da AICEP foi pensada e trabalhada<br />

para e com as empresas, principalmente as <strong>PME</strong>,<br />

de modo a garantir que responderá em pleno às suas<br />

necessidades. A plataforma é user friendly e inspirou-<br />

-se nas melhores práticas a nível internacional.<br />

Acreditamos que o Portugal Exporta e os restantes<br />

pilares da transformação digital da AICEP vão ter<br />

um impacto muito positivo na vida das empresas e<br />

o feedback que temos tido por parte das empresas<br />

envolvidas, neste primeiro momento, faz-nos acreditar<br />

que estamos no caminho certo. Num novo caminho<br />

para o mundo.


APRESENTAÇÃO DA <strong>13</strong>.ª EDIÇÃO<br />

DA <strong>PME</strong> MAGAZINE COM A PALESTRA DE<br />

MIgueL<br />

4 de julho | DAS 9h30 àS 11h30<br />

FÓRUM TECNOLÓGICO | Lispolis<br />

Estrada Paço do Lumiar 44, 1600-546 Lisboa<br />

| ENTRADA GRATUITA<br />

Para participar e divulgar a sua <strong>PME</strong> na revista,<br />

contacte: publicidade@pmemagazine.com<br />

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