HISTÓRIAS em construção E u admiro o meu vizinho, um senhor de idade, que acorda todo dia às 6h (horas) da manhã para observar a construção que acontece em frente à sua casa. Religiosamente, assim que o sol aparece por inteiro, ele puxa sua cadeira para a varanda, dá um ou dois passos incertos, ajeita o boné e se senta na posição mais confortável, com apoio da bengala. Acho que, mais do que qualquer arquiteto ou engenheiro que esteja à frente da obra, o meu vizinho é quem mais conhece cada detalhe presente nela. Cada tijolo colocado, cada andaime montado, cada pedreiro e o que cada um deles fez. Eu o admiro mais ainda porque, até onde sei, o trabalho que teve durante toda a vida não envolvia construção civil. O que me fascina nesse hábito não é o interesse por entender o que se constrói ali, mas o prazer contido em contemplar o que acontece ao seu redor. Sem nada a perder e com todo o tempo do mundo disponível, ele se transforma em um observador fiel, como quem acompanha um programa de TV que adora ou uma série cujo final se está curioso para descobrir. Eu, pelo contrário, só percebo a mudança quando ela se torna explícita. Um novo andar, uma nova cor, a fachada ficando pronta. Mal sei eu, e mal sabem as pessoas que em breve vão morar naquele lugar, o quanto de empenho foi investido em cada uma dessas realizações. Mas, assim como os pedreiros da construção, apenas sigo uma rotina de trabalho. E, para mim, é perda de tempo parar e observar quando se tem milhões de afazeres pela frente. É por isso que, todo dia pela manhã, enquanto o meu vizinho se ajeita na cadeira, eu volto meu olhar para baixo e começo a fazer minha lista de tarefas diárias, embora, de vez em quando, sinta vontade de estar naquele lugar e me contentar em ser uma espectadora passiva. Diferentemente dele, preciso resolver problemas diariamente. Como isso já foi feito e refeito por esse senhor durante boa parte da sua vida, até que conquistasse sua casa, sua varanda e sua cadeira, cabe a ele ceder seu lugar de trabalhador a alguém da minha idade e se contentar em aproveitar o início do dia, que chega junto com o sol e com sons de marteladas. Enquanto a obra sobe e se consolida a cada momento que passa, minha lista de tarefas, que fica negativa pela noite, volta a crescer na manhã seguinte. Não vejo grandes mudanças: todo dia é a mesma lista, apenas com um conteúdo diferente, novos itens a serem cumpridos. E isso vai se repetir até que tenha minha própria casa, minha própria varanda, minha própria cadeira e, quem sabe, com sorte, alguém resolva iniciar uma obra por perto. Foto: divulgação Por Talita Souza 82 julho 2019 revistavoi.com.br
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