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ÚLTIMAS<br />
A TALHE DE FOICE<br />
• Anabela Fino<br />
31-3-2016<br />
Jogo sujo<br />
O seminário luso-brasileiro de Direito que hoje<br />
termina em Lisboa com o debate do sugestivo<br />
tema «Constituição e Crise – A Constituição<br />
no contexto das crises política e económica»<br />
provocou um significativo bruaá nos dois lados<br />
do Atlântico e teve a particularidade de ficar<br />
marcado tanto pelas presenças como pelas<br />
ausências registadas.<br />
Apresentado pelos organizadores como sendo<br />
«puramente académico» e não tendo «dimensão<br />
política», como afirmou o constitucionalista<br />
Jorge Miranda, o evento reuniu na Faculdade<br />
de Direito da Universidade de Lisboa algumas<br />
das figuras mais badaladas da direita política<br />
brasileira que nos últimos tempos se destacaram<br />
na sanha contra a presidente Dilma Rousseff,<br />
o que não deixa de ser curioso.<br />
Não menos sui generis é o facto de uma boa<br />
parte dos distintos participantes que acorreram<br />
a Portugal para debitar sobre Direito<br />
e Constituição estarem indiciados pela Justiça<br />
brasileira por crimes de corrupção, entre outros,<br />
e fazerem parte da clique organizada que<br />
à revelia da Constituição do seu país se propõe<br />
levar a cabo um verdadeiro golpe de estado para<br />
destituir a presidente democraticamente eleita<br />
e contra a qual não impende qualquer acusação<br />
de crime de responsabilidade.<br />
Igualmente peculiar é a data escolhida para este<br />
evento «puramente académico» e sem «dimensão<br />
política», a saber, de 29 a 31 de Março. É difícil<br />
de engolir que com tanto académico e tanto<br />
político concentrado por metro quadrado<br />
a nenhum tenha ocorrido a simbologia da data,<br />
mais a mais estando em debate um tema como<br />
«Constituição e crise»: faz hoje precisamente<br />
52 anos que ocorreu o golpe militar que derrubou<br />
o presidente eleito João Goulart e instaurou<br />
no Brasil uma ditadura militar que durante<br />
21 anos prendeu, matou, torturou, explorou<br />
o povo e cerceou os seus mais elementares direitos.<br />
Há quem acredite em coincidências, é certo, mas<br />
quando nas ruas de São Paulo e de outras<br />
grandes metrópoles os «coxinhas» (nome dado<br />
à burguesia) desfilam – com as bábás a reboque<br />
para lhes tomar conta dos filhos ou levar<br />
a lancheira – aos gritos de «golpe militar»,<br />
mandaria o bom senso, no mínimo, evitar<br />
situações de tão evidente paralelismo.<br />
Prudentes foram o Presidente da República,<br />
Marcelo Rebelo de Sousa, e o líder do PSD,<br />
Passos Coelho, que mal deram com o gato<br />
escondido com o rabo de fora deste dito evento<br />
«puramente académico» e «sem dimensão<br />
política» logo foram tirando o cavalinho da<br />
chuva no respeitante à sua participação,<br />
invocando as sempre oportunas dificuldades<br />
de agenda.<br />
Após quatro derrotas eleitorais sucessivas (2002,<br />
2008, 2010 e 2014), a direita brasileira procura<br />
alcançar através do golpe o que não conseguiu<br />
com o voto popular. O que está em causa não são<br />
os problemas – e muitos são – que Brasil enfrenta.<br />
O que está em causa é um projecto neoliberal que<br />
não olha a meios para atingir<br />
os seus fins. Que alguns portugueses se prestem<br />
ao jogo sujo dos golpistas é no mínimo<br />
lamentável.<br />
Manifestação nacional da juventude<br />
Futuro sem precariedade<br />
A Interjovem/CGTP-IN promove esta tarde, em<br />
Lisboa, uma manifestação nacional que assinala o<br />
Dia da Juventude e constitui a primeira acção de<br />
rua da campanha que vai decorrer nos próximos<br />
quatro anos.<br />
O encontro<br />
está marcado<br />
para as 14h30<br />
no Camões<br />
Anteontem, numa conferência<br />
de imprensa em<br />
que foi chamada a atenção<br />
para os motivos que justificam<br />
uma forte participação<br />
na manifestação de hoje, a<br />
CGTP-IN destacou que «a<br />
precariedade, pelas implicações<br />
que tem na degradação<br />
da qualidade do emprego,<br />
das retribuições, da protecção<br />
social e das reformas,<br />
sendo um problema<br />
dos trabalhadores, particularmente<br />
dos mais jovens, é<br />
simultaneamente um problema<br />
das famílias e da sociedade».<br />
Alarga-se assim o apelo à<br />
participação de todos, nesta<br />
manifestação nacional da<br />
juventude trabalhadora, que<br />
deverá ser também uma demonstração<br />
de solidariedade<br />
intergeracional, como realçou<br />
Arménio Carlos. O Secretário-geral<br />
da CGTP-IN<br />
apresentou aos jornalistas<br />
um documento, intitulado<br />
«Não há futuro com a precariedade.<br />
Os jovens precisam<br />
de estabilidade!», no<br />
qual é feito um retrato da dimensão<br />
actual desta «verdadeira<br />
chaga laboral e social».<br />
A central estima que<br />
os vínculos precários de emprego<br />
atinjam mais de um<br />
milhão de trabalhadores,<br />
número que está a crescer,<br />
sendo que mais de metade<br />
têm menos de 35 anos de<br />
idade.<br />
O que faz falta<br />
«Romper com o modelo<br />
de precariedade e baixos<br />
salários constitui um imperativo<br />
de todos quantos lutam<br />
por um Portugal de progresso<br />
e justiça social», insiste<br />
a Intersindical Nacional,<br />
que defende um conjunto<br />
de medidas e objectivos,<br />
nomeadamente:<br />
– que a cada posto de trabalho<br />
de carácter permanente<br />
corresponda um contrato<br />
de trabalho efectivo;<br />
– a criação de emprego<br />
estável, seguro e com direitos,<br />
que assegure a articulação<br />
da actividade profissional<br />
com a vida pessoal e<br />
familiar, indissociável da valorização<br />
do trabalho e da<br />
dignificação dos trabalhadores;<br />
– a revogação de todas as<br />
medidas gravosas introduzidas<br />
na legislação laboral,<br />
nomeadamente a norma da<br />
caducidade da contratação<br />
colectiva e a reintrodução do<br />
princípio do tratamento mais<br />
favorável;<br />
– a revogação da disposição<br />
legal que permite a contratação<br />
a termo de jovens à<br />
procura do primeiro emprego<br />
e de desempregados de<br />
PCP assinala 40 anos<br />
da Constituição de Abril<br />
Com a presença de Jerónimo de Sousa,<br />
Secretário-geral do PCP, realiza-se, no<br />
próximo sábado, dia 2 de Abril, pelas<br />
15h00, no Fórum Lisboa, uma sessão político-cultural<br />
para assinalar o 40.º aniversário<br />
da aprovação e promulgação da Constituição<br />
da República Portuguesa. Adriana Rocha,<br />
Cláudia Dias, Domingos Lobo, O Grupo Coral<br />
e Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó,<br />
Karma Drums, Luísa Amaro com Alexandre<br />
Branco Weffort, Luísa Basto, Luísa Ortigoso,<br />
Esta luta é de todos, salienta a CGTP-IN<br />
Maria Anadon, MFA – Movimento dos Foles<br />
Arejados, Quinteto Cinco Caminhos, Rita &<br />
o Revólver, e Set, são os artistas que participam<br />
no momento cultural.<br />
Em nota enviada às redacções, o gabinete de<br />
imprensa do PCP sublinha a importância de<br />
«valorizar a Constituição de Abril e os conteúdos<br />
progressistas que mantém, alertar para<br />
as ameaças e atentados constantes de que são<br />
alvo as conquistas e os direitos que nela permanecem<br />
inscritos, e ainda denunciar os perigos<br />
para o regime democrático<br />
de projectos tendentes<br />
para a sua revisão».<br />
A iniciativa é uma de várias<br />
que o Partido está a promover<br />
em torno dos 40 anos do<br />
texto fundamental do nosso<br />
País, em que se incluem o<br />
suplemento sobre a Constituição<br />
neste número do Avante!,<br />
um dossier temático na página<br />
do PCP na Internet, e a edição<br />
de um folheto intitulado<br />
«40.º aniversário da Constituição<br />
– Os Valores de Abril<br />
no Futuro de Portugal».<br />
longa duração, bem como<br />
em outras situações;<br />
– o reforço da actividade<br />
da Autoridade para as Condições<br />
de Trabalho, com<br />
mais meios humanos, técnicos<br />
e jurídicos, com intervenção<br />
e fiscalização mais<br />
eficazes;<br />
– a fiscalização do cumprimento<br />
da legislação dos<br />
apoios ao emprego e medidas<br />
de ocupação (como os<br />
estágios e os contratos emprego-inserção,<br />
usados para<br />
substituir postos de trabalho<br />
no sector privado e na Administração<br />
Pública), assegurando<br />
as medidas necessárias<br />
com vista à integração<br />
dos trabalhadores nessas<br />
situações;<br />
– um melhor e mais célere<br />
funcionamento dos tribunais<br />
de Trabalho, com a atribuição<br />
dos meios necessários.