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4 SEMANA<br />

3 1 -3 -2 01 6<br />

O<br />

terrorismo<br />

ACTUAL<br />

«Tantas histórias. Quantas perguntas»<br />

• Manuel Rodrigues<br />

é uma velha arma<br />

das classes dominantes. Sob as<br />

formas mais diversas, foi usado para<br />

«justificar» guerras, invasões, ocupações,<br />

colonizações, operações de<br />

saque e os processos mais bárbaros<br />

de centralização e concentração da<br />

riqueza nas mãos dos monopólios.<br />

Foi um fenómeno desta natureza que<br />

levou o PCP a definir o fascismo em<br />

Portugal como «ditadura terrorista<br />

dos monopólios (associados ao imperialismo)<br />

e dos latifundiários». Assume<br />

as facetas mais diversas conforme<br />

os tempos, circunstâncias e lugares<br />

para ocultar a sua real natureza<br />

e objectivos. Manifesta-se também<br />

nas violentas explosões que provocam<br />

destruição, caos, sofrimento e<br />

morte. Ceifa vidas às dezenas, centenas<br />

ou milhares, das formas mais<br />

impiedosas e cruéis, incluindo nas<br />

guerras que promove. Não selecciona<br />

idade, género, credo. O seu fim<br />

Apoucos dias de se assinalar o<br />

quadragésimo aniversário da<br />

aprovação da Constituição da República<br />

Portuguesa na Assembleia Constituinte<br />

e da sua promulgação, de seguida,<br />

pelo Presidente da República,<br />

General Costa Gomes, muito ouviremos<br />

falar desse documento fundamental,<br />

garante de direitos do povo<br />

português, o mais avançado de quantos<br />

há na Europa, e que por isso foi<br />

atacada, mutilada e merece,<br />

ainda hoje, a atenção e<br />

o ódio dos que querem<br />

parar a roda da história.<br />

Marcelo Rebelo de<br />

Sousa, que continua a<br />

preencher tempo de antena<br />

nas televisões, rádios e<br />

até nas revistas cor-de-rosa,<br />

procurando agradar a<br />

gregos e troianos, não<br />

apenas porque goste de<br />

é fomentar o medo que sirva de terreno<br />

fértil ao irracional germinar de<br />

atitudes de desistência e afastamento<br />

da política e de aceitação acrítica<br />

e passiva da ordem estabelecida tornada<br />

mais agressiva com a liquidação<br />

das liberdades e garantias individuais<br />

e colectivas. Em nome duma<br />

suposta «segurança», que afinal<br />

mais não é do que uma ordem<br />

antidemocrática, repressiva e<br />

xenófoba.<br />

Face da mesma moeda são<br />

as manifestações de força da extrema<br />

direita, dos grupos nazis, neonazis,<br />

fascistas e protofascistas (que as<br />

classes e os poderes dominantes<br />

apoiam de forma mais encoberta ou<br />

aberta conforme as suas necessidades<br />

e conveniências no momento).<br />

Criado o «clima político» propício,<br />

seguem-se geralmente as invasões e<br />

ocupações; as violações à soberania<br />

e independência nacionais; as pressões<br />

e ingerências nos assuntos internos<br />

e a desestabilização política<br />

dos estados.<br />

Não foi isto que vimos na actuação<br />

da rede terrorista-bombista em Portugal<br />

contra a nossa Revolução de<br />

Abril e para tentar impedir a consagração<br />

das suas conquistas na nossa<br />

Constituição?<br />

Não será isto que estamos<br />

a ver nas medidas securitárias<br />

na França e na Bélgica?<br />

Não será isto que «justifica»<br />

o tratamento cruel e desumano dado<br />

aos refugiados pela UE e pela NA-<br />

TO? Não foi isto que já vimos no<br />

bombardeamento da Jugoslávia, na<br />

invasão do Afeganistão e do Iraque,<br />

na agressão à Líbia, nos avanços do<br />

fascismo na Ucrânia, na ocupação<br />

da Palestina por Israel, nos ataques<br />

à Síria?<br />

Lembrando Brecht, «tantas histórias,<br />

quantas perguntas».<br />

Para que serve uma privatização<br />

• Margarida Botelho<br />

A Constituição<br />

AAmarsul é uma empresa criada em 1997, com capitais<br />

exclusivamente públicos, com 51 por cento<br />

do Estado português, através da EGF, e 49 por cento<br />

dos nove municípios da Península de Setúbal, para a valorização<br />

e tratamento de resíduos sólidos urbanos.<br />

Em Julho do ano passado, o governo PSD-CDS vendeu<br />

a EGF a um grupo privado onde pontuam<br />

as empresas Mota-Engil e SUMA, entre outras.<br />

Além da privatização, prolongou o prazo de exploração<br />

da empresa até 2034.<br />

Os novos donos da Amarsul impuseram desde<br />

a primeira hora um modelo de gestão que<br />

piora o serviço e dificulta a relação com os municípios,<br />

que são simultaneamente accionistas<br />

com praticamente metade da empresa e os únicos clientes.<br />

Ontem, dia 30, realizou-se a Assembleia-geral de accionistas.<br />

À hora do fecho da edição do Avante! não se<br />

sabe ainda como decorreu. Mas o que se sabe é suficiente:<br />

no relatório e contas de 2015 da empresa, a Mota-Engil<br />

levou a proposta de repartir os lucros da empresa,<br />

qualquer coisa à volta de seis milhões de euros.<br />

Lucros para os quais praticamente não contribuiu, porque<br />

geriu a empresa menos de metade do ano, lucros<br />

ganhos à custa dos trabalhadores e das populações.<br />

Lucros que ao longo dos 17 anos de vida da Amarsul<br />

foram sempre reinvestidos na empresa: ou contribuindo<br />

para não aumentar as tarifas pagas pelos municípios e<br />

utentes, ou investidos em melhorias de serviços, instalações,<br />

equipamentos e segurança dos trabalhadores.<br />

Os municípios da Península de Setúbal recusam<br />

essa redistribuição de lucros. Defendem<br />

que, à semelhança dos anos anteriores, sejam<br />

usados para melhorar o serviço e impedir o<br />

crescimento da tarifa. Dizem os novos donos da<br />

Amarsul que a lei impede que os lucros sejam<br />

usados para esse fim. Uma lei à sua medida, feita pelo<br />

governo que diligentemente os serviu.<br />

No fundo, aqui está um belo exemplo da diferença<br />

entre a gestão pública e a gestão privada. De um lado,<br />

a «gestão» de um gigante económico, que quer lucro e<br />

depressa. Do outro, o interesse público, defendido por<br />

municípios comprometidos com os trabalhadores e as<br />

populações. A luta contra a privatização da EGF continua!<br />

• João Frazão<br />

ver os os seus índices de popularidade<br />

em alta, mas antes porque sabe<br />

que isso pode tornar a sua voz inquestionável<br />

para as amplas massas populares,<br />

também se pronunciou sobre<br />

esse acontecimento maior da democracia<br />

portuguesa.<br />

No passado domingo, num texto publicado<br />

no DN, Marcelo tece considerações<br />

sobre a Constituição da República<br />

Portuguesa que não podem deixar<br />

de causar estranheza,<br />

designadamente as referências<br />

de que «a vida de um<br />

Estado não se esgota na sua<br />

Constituição, nem deve mitificar<br />

uma obra que como<br />

qualquer outra realização<br />

humana, é imperfeita», ou<br />

a saudação aos que ele apelida<br />

de «reconstituintes», ou<br />

seja os que nestes 40 anos<br />

tudo fizeram para a descaracterizar.<br />

Estranheza porque o que deve ser<br />

salientado é que a vida de um Estado<br />

e a acção dos seus agentes encontra<br />

os seus limites e deve ser orientada<br />

por essa mesma Constituição, a lei<br />

das leis que, não sendo intocável, deve<br />

ser defendida por todos e, em primeiro<br />

lugar pelo primeiro magistrado<br />

na nação.<br />

Declarações estranhas também porque<br />

escritas pouco mais de 15 dias<br />

depois de ter jurado defender, cumprir<br />

e fazer cumprir a Constituição.<br />

Marcelo pode achar que a CRP é mais<br />

ou menos perfeita, mas a ele, enquanto<br />

Presidente da República, que até<br />

jurou a sua tomada de posse sobre a<br />

versão original, aprovada em 1976,<br />

cumpre, não enaltecer aqueles que a<br />

amputaram nas sucessivas revisões,<br />

ou abrir portas a novos recortes, mas<br />

honrar aquele juramento!<br />

FRASES<br />

“<br />

[Passos Coelho] é o líder ideal agora,<br />

daqui por um ano não sei.<br />

”(Morais Sarmento,<br />

Antena 1, 24.3.16)<br />

“<br />

Com enorme dificuldade poderá ser<br />

candidato a primeiro-ministro daqui a três<br />

anos.<br />

”<br />

(Idem, ibidem)<br />

“[Assunção] Cristas é uma espécie de<br />

tranquilizante entre duas lideranças políticas:<br />

Portas e Nuno Melo. Nuno Melo é um<br />

líder claro, Cristas é uma coisa simpática,<br />

in between.<br />

”<br />

(Idem, Ibidem)<br />

“<br />

A liderança do dr. Ricardo Salgado vai<br />

dar-nos em Portugal uma situação parecida<br />

com o caso 'Lava-Jato' no Brasil. Depois<br />

irão ver quem foram os responsáveis,<br />

se eu, o BdP ou o ex-primeiro-ministro.<br />

(José Maria Ricciardi, ”<br />

Expresso, 25.3.16)<br />

“<br />

A 'Lava-Jato' é necessária, importante<br />

e não deve ser paralisada em hipótese nenhuma,<br />

doa a quem doer.<br />

” (Frei Beto,<br />

Público, 26.3.16)<br />

“<br />

Mas não concordo com os métodos autoritários<br />

do juiz Sérgio Moro. Ele trata<br />

suspeitos como criminosos, adora ser mediático<br />

e age como se fosse a encarnação<br />

da Justiça brasileira.<br />

”<br />

“<br />

(Idem, ibidem)<br />

Portugal perdeu em quatro anos 1100<br />

professores no Ensino Superior, que se reformaram<br />

ou emigrara.<br />

” (Manuel Heitor,<br />

Expresso, 25.3.16)<br />

“<br />

Bancos têm dinheiro a custo zero do<br />

BCE mas travam empréstimos às empresas.<br />

”<br />

(Título do Diário de Notícias,<br />

27.3.16)<br />

“<br />

Insto o Governo e a administração pública<br />

a serem muito rigorosos na execução<br />

do Orçamento (...) é esse rigor que pode<br />

fazer face a uma evolução económica menos<br />

positiva.<br />

” (Marcelo Rebelo de Sousa,<br />

TSF, 28.3.16)<br />

“<br />

O Presidente demarcou-se em demasia<br />

do PSD, o que pode dificultar a sua relação<br />

com a oposição, que vai estar crispada,<br />

ou os seus apelos aos consensos.<br />

(Cristina Azevedo, ”<br />

RTP2, 28.3.16)<br />

“[Cavaco Silva] foi uma pessoa de enorme<br />

importância para o PSD e faz todo o<br />

sentido homenageá-lo no congresso.<br />

(Joaquim Ferreira do Amaral, ”<br />

Diário de Notícias, 29.3.16)

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