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EM PAUTA<br />
COMPARTILHANDO<br />
OPORTUNIDADES<br />
PROJETO CACTUS ESTIMULA ALUNOS DA REDE PÚBLICA DO INTERIOR DO CEARÁ<br />
A CONQUISTAREM BOLSAS EM ESCOLAS E UNIVERSIDADES DO BRASIL E DO MUNDO<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
Era uma vez a vontade de fazer o bem por meio<br />
da educação. Um grupo de jovens, que um dia<br />
teve oportunidade, resolveu se juntar e retribuir<br />
— ato que parece simples quando se resume<br />
numa palavra. No entanto, o universo é bem mais<br />
amplo. O projeto Cactus, embrionário do município<br />
de Tauá, no sertão dos Inhamuns cearense, estimula<br />
jovens a participarem de olimpíadas científicas escolares,<br />
no intuito de conseguirem bolsas de estudos nas melhores<br />
escolas privadas do País.<br />
Tudo começou quando o então ingresso do Instituto de<br />
Tecnologia de Aeronáutica (ITA), o cearense David Araújo,<br />
decidiu retribuir à cidade as oportunidades que havia tido.<br />
Em 2014, surgia a Cactus. Cinco anos depois, a iniciativa<br />
abraçou outros cinco municípios, sendo quatro no Ceará<br />
(Capistrano, Jijoca de Jericoacoara, Acaraú e Cruz) e um<br />
na capital paulista, onde se mantém um projeto piloto.<br />
Hoje, uma equipe robusta coloca a mão na massa e faz<br />
tudo acontecer. “São 46 membros voluntários nas seis áreas<br />
internas: marketing, conteúdos, desenvolvimento interno,<br />
captação, financeiro e pedagógico. Outras 15 pessoas do time<br />
fazem tudo ser possível dentro dos municípios. São gestores<br />
e professores da rede pública que compraram a causa e<br />
atuam através da parceria que fazemos com as Secretarias<br />
de Educação das cidades. É uma forma de otimizarmos os<br />
recursos que já existem nos municípios e tornar a Cactus<br />
mais replicável", esclarece Victor Hill, cofundador e atual<br />
presidente do conselho da Cactus.<br />
Das competições acadêmicas das quais os alunos Cactus<br />
participam, apenas a Olimpíada Canguru de Matemática<br />
teve o resultado divulgado até julho deste ano. Ainda assim,<br />
somente em 2019 já foram 141 alunos premiados, quase o<br />
número total de medalhas em olimpíadas nacionais de 2018.<br />
“Esses números mostram que estamos no caminho certo”,<br />
alegra-se Hill. O mérito, claro, é dividido com toda a equipe.<br />
“Temos um time muito bom, diverso e cheio de vontade de<br />
fazer do Brasil um lugar melhor através da educação”, elogia.<br />
UM PASSO DE CADA VEZ<br />
No ano passado, quando a ONG atuava em apenas três<br />
cidades, foram 145 premiações em olimpíadas nacionais,<br />
207 alunos premiados na Olimpíada Cactus, cinco aprovados<br />
no processo seletivo da Primeira Chance — o que<br />
corresponde à metade dos cearenses aprovados na ONG<br />
que custeia o ensino médio de alunos de baixa renda —,<br />
e dois alunos bolsistas no Sistema Ari de Sá. “Dezenas de<br />
alunos foram buscar um futuro melhor em escolas técnicas<br />
e profissionalizantes do Estado. Existem casos em que a<br />
cidade não tem escola técnica e agora disponibiliza carro<br />
para ir e vir com os alunos que passaram em concurso para<br />
cidades vizinhas”, exemplifica Victor. “Este ano, foram mais<br />
de 6 mil alunos participando da Olimpíada Cactus e cerca<br />
de 500 estão tendo aulas semanais (aos sábados) nas turmas<br />
olímpicas”, completa.<br />
Victor explica que não há, ainda, um processo definido<br />
de voluntariado. “Precisamos estruturar isso, inclusive”,<br />
admite. “Em geral, os voluntários são pessoas apaixonadas<br />
pela causa que chegam até nós, pessoalmente ou enviando<br />
mensagens no nosso Instagram, demonstrando o interesse<br />
em fazer parte”, relata.<br />
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