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Tão delicado e subjetivo quanto acompanhar<br />
o processo criativo de um artista é reunir e<br />
catalogar um acervo, atestar sua veracidade<br />
e, finalmente, mensurar financeiramente o<br />
valor de cada peça. Esse trabalho, que pode<br />
ser definido como um processo de descortinar<br />
a arte, é desenvolvido por Max Perlingeiro há mais de<br />
50 anos. Empresário do ramo da cultura, ele dirige a<br />
Galeria Multiarte, há 33 anos em Fortaleza, a Pinakotheke<br />
Cultural no Rio de Janeiro, e a Pinakotheke em<br />
São Paulo. Entre todas as peculiaridades que cercam<br />
o trabalho do galerista, que vão desde memórias de<br />
momentos vividos com Tarsila do Amaral e Volpi<br />
a descobrir peças raras e expôr em espaços como o<br />
Museu de Arte Moderna de Nova York, um aspecto<br />
segue tendo a mesma essência desafiadora: entender e<br />
concretizar o desejo de quem coleciona e compra arte.<br />
“A gente procura sempre por aquilo que não<br />
existe. Uma obra que não foi vista por absolutamente<br />
ninguém, hoje isso tem um valor imenso. Só você<br />
viu, só você tem. Não é questão de vaidade, é questão<br />
de desejo, e desejo às vezes é algo que você não tem<br />
noção do que é. Tentamos realizar sonhos, geralmente<br />
inatingíveis”, define Max. Entender o desejo do cliente,<br />
compara, é como uma consulta ao psiquiatra, em que<br />
“ele tem que ver se você vai ser o cliente dele”.<br />
Perlingeiro lança mão, ainda, de outra comparação<br />
para definir o relacionamento, no mínimo curioso,<br />
que seu ofício desencadeia. “No dia em que meu filho<br />
nasceu, recebi uma criança, uma caixa de fraldas, entrei<br />
no carro e falei ‘o que eu vou fazer com essa criança?’.<br />
É uma analogia até um pouco exagerada que eu faço,<br />
mas quando o cliente sai com um quadro que ele pagou,<br />
sei lá, R$ 100 mil por ele, pensa ‘o que eu vou fazer<br />
48 <strong>GENTE</strong> MT capa 49