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REVISTA GENTE MÁRCIA TRAVESSONI

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Uma poltrona, um abajour e<br />

livros: é assim que Max Perlingeiro<br />

descreve a casa onde<br />

mora quando está no Rio de<br />

Janeiro. “É o lugar onde estudo,<br />

e estou sempre sozinho”,<br />

justifica. A decisão de ter<br />

poucas obras de arte em casa,<br />

lembra, aconteceu há muito<br />

tempo, quando ele levou um<br />

cliente para jantar na própria<br />

residência e o convidado disse<br />

que iria comprar certo quadro<br />

exposto na parede. “Era um<br />

quadro que eu tinha dado<br />

de presente pra minha filha,<br />

ela tinha oito anos. O cliente<br />

tirou da parede e mandou que<br />

eu faturasse. Quando ele foi<br />

embora, minha filha falou: ‘Mas<br />

papai, aquele quadro não era<br />

meu?’. A partir daquele dia,<br />

decidi que iria separar minha<br />

casa do trabalho e não teria<br />

coleção”, recorda.<br />

as exposição são acompanhadas de um livro e um diálogo<br />

com o público”, detalha. “O que a cidade nos dá em troca?<br />

200 pessoas circulando aqui dentro, semanalmente”,<br />

contabiliza, satisfeito.<br />

"CONFESSO QUE VIVI"<br />

Embora a fala de Max Perlingeiro traga sempre um<br />

“nós”, em referência ao trabalho coletivo realizado com os<br />

colaboradores e parceiros, a trajetória pessoal do galerista<br />

merece destaque, e já conquistou diversos reconhecimentos.<br />

Um deles é o Prêmio Ciccillo Matarazzo, concedido a ele<br />

em 2019, considerado o mais importante da Associação<br />

Brasileira dos Críticos de Arte (ABCA). “É um prêmio que<br />

nunca imaginei ganhar”, resume, ao falar do título que foi<br />

de personalidades como Roberto Marinho e Olavo Setúbal.<br />

A oportunidade de conhecer Tarsila do Amaral, Volpi,<br />

Bruno Giorgi e o privilégio de “viver intensamente” o Rio<br />

de Janeiro nos anos 1960, época de efervescência cultural,<br />

artística e política foram, na opinião dele, presenciar a<br />

história no momento exato. “É como diz Pablo Neruda,<br />

‘confesso que vivi’”, brinca.<br />

Mesmo com mais de meio século de ofício ligado às<br />

artes, a sensação de surpresa ao descobrir uma peça rara,<br />

garante Max, ainda é a mesma, assim como a difícil separação<br />

de uma obra que ele adquiriu para algum cliente.<br />

“É um parto da montanha”, compara. A gestão das galerias<br />

está, aos poucos, passando para os filhos, que abraçaram<br />

o negócio com maestria, segundo o próprio empresário<br />

descreve; enquanto ele voltou recentemente a dar aulas.<br />

A mudança, contudo, passa longe de indicar uma desaceleração.<br />

“Vou viver até os 150 anos, e isso só na primeira<br />

infância”, projeta. ¤<br />

54 <strong>GENTE</strong> MT capa 55

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