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Revista Apólice #247

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comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Matrimônio...<br />

ou Patrimônio?<br />

“Matrimônio: é um vínculo estabelecido entre duas pessoas,<br />

mediante o reconhecimento governamental, cultural,<br />

religioso ou social e que pressupõe uma relação interpessoal<br />

de intimidade, cuja representação arquetípica é a coabitação,<br />

embora possa ser visto como um contrato. Normalmente é<br />

marcado por um ato solene.”<br />

A palavra matrimônio, do latim matrimonium, tem<br />

origem em mater, matris, que significa mãe. O sentido<br />

subjacente é que, por meio dessa união, a maternidade se<br />

manifesta, trazendo à vida novas vidas, na bênção dos filhos...<br />

Entretanto, se como expressa a definição acima, matrimônio<br />

é um “vínculo estabelecido entre duas pessoas”,<br />

cuja “representação arquetípica é a coabitação”, uma vez<br />

desfeita esta, desfaz-se também o vínculo. A separação significa<br />

que resolveram pôr fim ao vínculo que unia o casal:<br />

desfeito o matrimônio, cada um vai cuidar de sua vida. Em<br />

geral, procurar um novo matrimônio, outro par com quem<br />

se consorciar. Simples assim...<br />

Só que não!<br />

Alguns indivíduos – demasiado ignorantes para entender<br />

a essência do matrimônio – não admitem que aquela que<br />

tomaram por esposa, e que juraram amar e respeitar, é uma<br />

pessoa com direito de exercer sua vontade e sua liberdade.<br />

E se sua vontade é a de não permanecer em uma união conjugal<br />

que não lhe convém ou agrada mais, tem a liberdade<br />

de rompê-la. Certo?<br />

Não!<br />

Os idiotas não aceitam isso. Sua atitude os liga à raiz<br />

dessa palavra: idiós, cujo sentido é “privado, pessoal”. Na<br />

Grécia antiga, idiotês era o indivíduo privado, isto é que<br />

não exercia um ofício público. Daí, passou a ter o sentido de<br />

“homem comum”, sem distinção especial. Depois passou a<br />

indicar sujeito ignorante, de pouca inteligência e pouco valor.<br />

Para tais ignorantes, a mulher é algo que lhes pertence<br />

privativamente. Suas frases mais recorrentes são: “Ela me<br />

pertence!”; “Ela é minha!” e pior ainda: “Se não for minha,<br />

não vai ser de mais ninguém”! Confundem matrimônio<br />

com...<br />

“Patrimônio: bens, direitos e obrigações de valor econômico<br />

e pertencentes a uma pessoa ou empresa.”<br />

A palavra patrimônio origina-se do termo latino pater,<br />

patris, que significa pai, e do grego nomos, que tem o sentido<br />

de “recebido”. Reporta-se ao conjunto de bens que pertenciam,<br />

na tradição romana, ao pater familias, isto é, ao chefe<br />

do aglomerado familiar, que podia dispor de tudo e de todos<br />

a seu bel prazer. Sua autoridade era indiscutível e soberana:<br />

todos lhe obedeciam.<br />

Em nossos dias, os idiotas de plantão sentem-se “donos”<br />

das pessoas à sua volta. De modo particular, a esposa ou<br />

companheira, que se incorporaria permanentemente ao seu<br />

patrimônio!<br />

Qualquer tentativa de deixá-lo, é punida com a morte,<br />

no que se denomina hoje “feminicídio”!<br />

O mais grave é que essa conduta bestial tem crescido.<br />

Só na Grande São Paulo, de janeiro a outubro de 2018,<br />

nada menos do que 44 mulheres foram assassinadas por<br />

seus namorados, maridos ou companheiros! Isso no Estado<br />

pioneiro no combate a tal monstruosidade: temos 133 Delegacias<br />

de Defesa da Mulher!<br />

É desalentador pensar que aquele que jurou “amar até à<br />

morte”, seja, ele próprio, o autor da morte!<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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