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<strong>ED</strong>ITORIAL CTA: melhor será se os políticos estiverem fora do seu futuro A atual situação financeira da Companhia Tróleibus Araraquara desenhada pela sua administração, quer nos parecer bem mais grave que a pintura feita. Não é de hoje que a empresa caminha insegura buscando alternativas que possam lhe dar de volta uma vida saudável, mas, deparando com a severidade das leis e ações bem mais políticas que administrativas ou técnicas, a CTA está mergulhada em crise pautada por erros, falhas e até mesmo mazelas que há muitos anos tornam a companhia quase inviável. Pelo menos é o apontamento que se faz, agora que a discussão em torno da venda de suas linhas para a iniciativa privada ganha acelerada dimensão. Verdade seja dita: não somos especialistas em transporte coletivo e nem temos essa pretensão, contudo é nosso dever e quase obrigação evitar que uma empresa de passado digno e honrado fique exposta à ingerência e disputa política. Estes que discutem sobre o que fazer com a CTA já tiveram a oportunidade de mostrar se a companhia nos moldes antigos ou atuais é viável ou não. Se no momento o estado da CTA é pré-falimentar, a coerência indica que algum caminho deve ser buscado o mais rápido possível. Não há, neste caso, como contestar a iniciativa do seu presidente Silvio Prada, que sugere a adoção de medidas urgentes. Ora, o surgimento de políticos “palpitando” que a CTA é lucrativa ou então uma fonte inesgotável de recursos para um transporte coletivo com alto padrão de qualidade, tem passado da conta. A discussão não deveria ser dessa forma. O encaminhamento de sugestões ou soluções deveria vir através de técnicos ou profissionais que vivem única e exclusivamente de procedimentos executados no setor. O jornalista não vai se envolver em questões médicas, um produtor rural não extrairá o dente de ninguém, da mesma forma o político - prefeitos e vereadores - devem passar um “zíper na boca” e deixar que o caso CTA seja discutido por entendidos do setor. Curioso é que muitos dos que falam em preservação, jamais se preocuparam em manter a história da companhia e do tróleibus mesmo que em uma pequena linha como fonte de turismo Há um lado que busca uma reestruturação pontuada pela modernidade, no caso conceder as linhas para uma empresa privada, tornando-se uma agência reguladora; há o outro que mergulha seu conservadorismo por entender que a CTA é um patrimônio da cidade e como tal deve ser preservado. Neste contexto, se voltarmos ao passado, está a retirada dos cabos e rede de energia elétrica que moviam os antigos tróleibus (vendidos de maneira barata), sem a preocupação na época de que pelo menos uma das linhas, mesmo que pequena, fosse mantida para preservar o passado e se transformar em atração para pequenos passeios como acontece em inúmeras cidades da Europa. Ninguém contestou. Aliás, não é de hoje que pouco ou quase nenhum valor tem se dado à conservação dos bens públicos e históricos no município. Nos últimos 30 anos, páginas da nossa história foram trituradas pela inabilidade política de maneira geral. Ao prever o destino da CTA, o prefeito Marcelo Barbieri demonstra bom senso; se futuramente a decisão dos conselheiros da companhia for pela contratação de auditores e profissionais que indiquem soluções confiáveis - melhor ainda. Se a alternativa é negociar as linhas com a certeza de bons frutos que se faça urgentemente, exigindo-se que a população tenha transporte coletivo de alto nível, como o existente em cidades médias do nosso Estado. Para o usuário da CTA que se abstém da discussão pela descrença na classe política, pouco importa se a linha será pública ou privada: ele quer qualidade, conforto e segurança na prestação do serviço. Mas, para que isso aconteça, é imprescindível que ocorra a compreensão de todos permitindo que os especialistas assumam essa discussão. Já não se pode mais confundir a CTA como porto a ancorar os anseios de oportunistas ávidos em dela tirar proveito. 7