RCIA - ED. 107 - JUNHO 2014
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<strong>ED</strong>ITORIAL<br />
CTA: melhor será se os políticos<br />
estiverem fora do seu futuro<br />
A atual situação financeira da Companhia Tróleibus<br />
Araraquara desenhada pela sua administração, quer nos<br />
parecer bem mais grave que a pintura feita. Não é de hoje<br />
que a empresa caminha insegura buscando alternativas<br />
que possam lhe dar de volta uma vida saudável, mas,<br />
deparando com a severidade das leis e ações bem mais<br />
políticas que administrativas ou técnicas, a CTA está mergulhada<br />
em crise pautada por erros, falhas e até mesmo<br />
mazelas que há muitos anos tornam a companhia quase<br />
inviável. Pelo menos é o apontamento que se faz, agora<br />
que a discussão em torno da venda de suas linhas para a<br />
iniciativa privada ganha acelerada dimensão.<br />
Verdade seja dita: não somos especialistas em transporte<br />
coletivo e nem temos essa pretensão, contudo é<br />
nosso dever e quase obrigação evitar que uma empresa<br />
de passado digno e honrado fique exposta à ingerência e<br />
disputa política. Estes que discutem sobre o que fazer com<br />
a CTA já tiveram a oportunidade de mostrar se a companhia<br />
nos moldes antigos ou atuais é viável ou não. Se no<br />
momento o estado da CTA é pré-falimentar, a coerência<br />
indica que algum caminho deve ser buscado o mais rápido<br />
possível. Não há, neste caso, como contestar a iniciativa<br />
do seu presidente Silvio Prada, que sugere a adoção de<br />
medidas urgentes.<br />
Ora, o surgimento de políticos “palpitando” que a CTA<br />
é lucrativa ou então uma fonte inesgotável de recursos para<br />
um transporte coletivo com alto padrão de qualidade, tem<br />
passado da conta. A discussão não deveria ser dessa forma.<br />
O encaminhamento de sugestões ou soluções deveria<br />
vir através de técnicos ou profissionais que vivem única e<br />
exclusivamente de procedimentos executados no setor. O<br />
jornalista não vai se envolver em questões médicas, um<br />
produtor rural não extrairá o dente de<br />
ninguém, da mesma forma o político<br />
- prefeitos e vereadores - devem passar<br />
um “zíper na boca” e deixar que o<br />
caso CTA seja discutido por entendidos<br />
do setor.<br />
Curioso é que muitos dos que falam em preservação, jamais se<br />
preocuparam em manter a história da companhia e do tróleibus<br />
mesmo que em uma pequena linha como fonte de turismo<br />
Há um lado que busca uma reestruturação pontuada pela<br />
modernidade, no caso conceder as linhas para uma empresa<br />
privada, tornando-se uma agência reguladora; há o outro que<br />
mergulha seu conservadorismo por entender que a CTA é um<br />
patrimônio da cidade e como tal deve ser preservado. Neste<br />
contexto, se voltarmos ao passado, está a retirada dos cabos e<br />
rede de energia elétrica que moviam os antigos tróleibus (vendidos<br />
de maneira barata), sem a preocupação na época de<br />
que pelo menos uma das linhas, mesmo que pequena, fosse<br />
mantida para preservar o passado e se transformar em atração<br />
para pequenos passeios como acontece em inúmeras cidades<br />
da Europa. Ninguém contestou. Aliás, não é de hoje que pouco<br />
ou quase nenhum valor tem se dado à conservação dos bens<br />
públicos e históricos no município. Nos últimos 30 anos, páginas<br />
da nossa história foram trituradas pela inabilidade política<br />
de maneira geral.<br />
Ao prever o destino da CTA, o prefeito Marcelo Barbieri demonstra<br />
bom senso; se futuramente a decisão dos conselheiros<br />
da companhia for pela contratação de auditores e profissionais<br />
que indiquem soluções confiáveis - melhor ainda. Se a alternativa<br />
é negociar as linhas com a certeza de bons frutos que se faça<br />
urgentemente, exigindo-se que a população tenha transporte<br />
coletivo de alto nível, como o existente em cidades médias do<br />
nosso Estado.<br />
Para o usuário da CTA que se abstém da discussão pela<br />
descrença na classe política, pouco importa se a linha será pública<br />
ou privada: ele quer qualidade, conforto e segurança na<br />
prestação do serviço. Mas, para que isso aconteça, é imprescindível<br />
que ocorra a compreensão de todos permitindo que<br />
os especialistas assumam essa discussão. Já não se pode mais<br />
confundir a CTA como porto a ancorar os anseios de oportunistas<br />
ávidos em dela tirar proveito.<br />
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