AMA_Diagrama_09
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AMET<br />
IPSUM<br />
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CONSEC<br />
AMET<br />
IPSUM<br />
CONSEC<br />
IPSUM<br />
<strong>AMA</strong> — Agência para a Modernização Administrativa, I.P. • ama.gov.pt • ama@ama.pt • facebook.com/ama.gov.pt • twitter.com/ama_gov_pt<br />
SETEMBRO 2019<br />
<strong>09</strong><br />
anos de serviço público<br />
António<br />
Mendonça Mendes<br />
Jorge<br />
Coelho<br />
Anabela<br />
Pedroso<br />
Município<br />
de Idanha-a-Nova<br />
Secretário<br />
de Estado dos<br />
Assuntos Fiscais<br />
Serviços<br />
Públicos<br />
há 20 anos<br />
Lojas<br />
de Cidadão:<br />
20 anos de futuro<br />
Onde se semeia<br />
tradição para<br />
colher inovação<br />
Entrevista<br />
Entrevista<br />
Opinião<br />
Boas Práticas
Ficha técnica<br />
Índice<br />
Propriedade e Edição<br />
<strong>AMA</strong><br />
Agência para a Modernização<br />
Administrativa, I.P.<br />
Direção<br />
Sara Carrasqueiro<br />
Paulo Mauritti<br />
Coordenação Editorial<br />
Comunicação/<strong>AMA</strong><br />
Editores<br />
António Cruz<br />
Diretor de Comunicação/<strong>AMA</strong><br />
Sandra Silva<br />
Chefe de Equipa de Conteúdos<br />
e Espaço Inovação/<strong>AMA</strong><br />
Tiago Vaz Pereira<br />
Regina Araújo<br />
Comunicação/<strong>AMA</strong><br />
Fotografia<br />
Comunicação/<strong>AMA</strong><br />
Projeto gráfico<br />
RPVP Designers<br />
Paginação<br />
Elsa Perdigão<br />
Comunicação/<strong>AMA</strong><br />
Impressão<br />
Palmigráfica<br />
Tiragem<br />
3000 exemplares<br />
Periodicidade<br />
Trimestral<br />
ISSN<br />
2183-9751<br />
Depósito Legal<br />
423678/17<br />
Distribuição Gratuita<br />
<strong>AMA</strong><br />
Agência para a Modernização<br />
Administrativa, I.P.<br />
3 Editorial<br />
Paulo Mauritti<br />
4 Entrevista<br />
Jorge Coelho<br />
8 Projeto <strong>AMA</strong><br />
TicAAP<br />
10 Notícias<br />
12 Timeline<br />
20 anos de Serviço Público<br />
16 Artigo<br />
20 anos de Atendimento<br />
20 Entrevista<br />
António Mendonça Mendes<br />
30 Opinião<br />
Anabela Pedroso<br />
34 Boas Práticas<br />
Município de Idanha-a-Nova<br />
38 Por dentro da AP<br />
Instituto da Segurança Social<br />
42 Loja de Cidadão<br />
20 anos da 1.ª Loja de Cidadão<br />
46 S<strong>AMA</strong>2020<br />
20 anos de Financiamento<br />
48 iSimplex<br />
50 Estatísticas<br />
52 Notícias<br />
55 Números<br />
56 Agenda
Editorial<br />
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 5<br />
Paulo Mauritti<br />
Vogal<br />
Conselho Diretivo — <strong>AMA</strong>, I.P.<br />
M<br />
uito nos orgulhamos<br />
do caminho percorrido<br />
nos últimos 20 anos, em<br />
matéria de modernização<br />
e simplificação<br />
administrativa. Muito<br />
foi feito e de muito nos orgulharemos se, nos<br />
próximos 20 anos, conseguirmos continuar<br />
a mudar a vida dos cidadãos e empresas,<br />
mantendo o empenho e o entusiasmo tido nestas<br />
duas últimas décadas.<br />
A modernização administrativa é um pilar<br />
essencial na construção de um Estado de Direito<br />
que elege a qualidade de vida dos seus cidadãos,<br />
bem como a competitividade das empresas.<br />
Por outro lado, a modernização e a<br />
simplificação administrativas são essenciais para<br />
o efetivo combate às desigualdades, a promoção<br />
do investimento e a redução de encargos<br />
administrativos, os quais devem ser eliminados<br />
ou reduzidos sem colocar em causa a prestação<br />
de um serviço público de qualidade.<br />
O foco no cidadão e nas empresas constituiu,<br />
em abril de 1999, o imperativo que permitiu a<br />
diversas entidades prestar serviços públicos,<br />
ou de utilidade pública, num só espaço, numa<br />
lógica de celeridade.<br />
Assim, surgiram as Lojas de Cidadão.<br />
Ao longo destes 20 anos, a prestação<br />
dos serviços foi sendo construída de forma<br />
sustentada, alicerçando-se nas tecnologias de<br />
informação e comunicação, sem nunca perder o<br />
seu foco: os cidadãos e as empresas.<br />
Hoje, conseguimos disponibilizar diferentes<br />
canais de atendimento, presenciais e<br />
digitais, para cidadãos e empresas cada vez<br />
mais exigentes.<br />
Foi assim que, no último ano do século<br />
XX, surgiu a primeira das quase 60 Lojas<br />
de Cidadão que hoje existem. É, por isso,<br />
este o marco escolhido para registar o início de<br />
uma nova era na relação entre a Administração<br />
Pública, os cidadãos e as empresas.<br />
Desde aí, nas diversas áreas de intervenção do<br />
Governo, como a Saúde, a Educação, a Justiça,<br />
a Economia, a Segurança Social, assim como<br />
na Administração Regional e na Local, temos<br />
assistido a uma evolução sem precedentes<br />
na prestação de serviços de qualidade, cuja<br />
relevância, não só a nível nacional como<br />
internacional, é reconhecida. A integração<br />
de Portugal no Grupo D9 — Leading Digital<br />
Governments, do qual também fazem parte<br />
Canadá, Coreia do Sul, Estónia, Israel, México,<br />
Nova Zelândia, Reino Unido e Uruguai — em<br />
suma, os países que ocupam o topo em matéria<br />
de serviços digitais — é um exemplo desse<br />
reconhecimento.<br />
Temos hoje as Lojas de Cidadão, a Empresa na<br />
Hora, os Espaços Cidadão, a renovação online<br />
do Cartão de Cidadão e da Carta de Condução,<br />
a Chave Móvel Digital, o IRS automático, o SNS<br />
online, o Portal de serviços públicos ePortugal,<br />
entre muitas outras soluções.<br />
Mas se muito foi feito, muito mais temos<br />
para fazer. O futuro, fruto da rápida evolução<br />
da tecnologia, deverá permitir chegar a uma<br />
Administração com reduzidas exigências ou<br />
interações. Caminhamos para o «serviço zero»,<br />
minimizando a interação e indo ao encontro da<br />
satisfação das necessidades que o Estado não pode<br />
deixar de conhecer. ≤
6<br />
Entrevista
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019<br />
7<br />
Serviços Públicos há 20 anos<br />
Esta edição da <strong>Diagrama</strong> é dedicada aos últimos 20 anos de serviço público<br />
em Portugal. Que Administração Pública encontrou quando tomou posse como<br />
Ministro, em 1995? Durante essa legislatura, em 1999, foi aberta a 1.ª Loja do<br />
Cidadão. Quer falar-nos sobre a forma como surgiu este projeto?<br />
Em 1995, o Governo liderado por António Guterres tinha como grande objetivo<br />
estrutural simplificar e agilizar o relacionamento dos cidadãos com os organismos<br />
do Estado. Na qualidade de Ministro-Adjunto, e também responsável pela área da<br />
Administração Pública, liderei esse desafio. Trabalhava comigo nessa área Fausto<br />
Correia, que desempenhou as funções de Secretário de Estado da Administração<br />
Pública e foi um grande profissional e um grande Amigo. Infelizmente, já faleceu.<br />
Nas reuniões que tivemos alargámos a abordagem a especialistas e as primeiras<br />
conclusões a que chegámos foi que a situação, para ser alterada, exigia medidas<br />
absolutamente novas e radicais.<br />
Tivemos conhecimento de uma experiência no Brasil, no Estado da Bahia, que<br />
estava a desenvolver um projeto interessante e com objetivos semelhantes. Fausto<br />
Correia fez um contacto direto e regressou absolutamente conquistado com o<br />
potencial do que viu. De imediato se organizou, com a minha participação, uma<br />
visita oficial ao Estado da Bahia, onde pude observar em pormenor o que estava a<br />
ser feito. Entendemos de imediato que aquele era o conceito de serviços do Estado<br />
que pretendíamos desenvolver em Portugal, com as muitas adaptações que eram<br />
necessárias fazer.<br />
Passou a ser o nosso projeto central. Minimamente estudado, colocava-se a<br />
primeira questão: como o concretizar sem o risco de retrocesso, como era vulgar<br />
suceder em Portugal quando se apostava em iniciativas inovadoras. O passo<br />
determinante foi com o Primeiro-Ministro António Guterres. Conquistei-o de forma<br />
definitiva para o que veio a ser a Loja do Cidadão.<br />
Empenhados em concretizar o projeto assumimos a sua gestão, com uma<br />
liderança forte e autónoma, designadamente com os custos a serem suportados por<br />
verbas fora do orçamento corrente. Como o projeto tinha ligação a quase todos os<br />
ministérios, esta era a única solução. O que foi confirmado nos meses seguintes.<br />
Com muitas dificuldades e muita determinação, tudo foi ultrapassado e assim se<br />
criou a Loja do Cidadão. A todos os que, com um empenho extraordinário, deram o<br />
seu melhor e tudo fizeram para o Projeto se concretizar se deve o seu êxito.<br />
O que hoje designamos «trabalhar em rede»<br />
foi o que, de certa forma, criámos com os<br />
serviços da Loja do Cidadão.
8<br />
Entrevista Jorge Coelho<br />
Recordo-me muito bem da emoção de todos os<br />
que colaborámos na conceção e concretização<br />
do projeto quando o Primeiro-Ministro António<br />
Guterres descerrou a lápide de inauguração.<br />
Na sua opinião, quais foram os maiores<br />
desafios e fatores críticos para o sucesso do<br />
projeto?<br />
Os maiores desafios foram a definição clara<br />
da estrutura a criar, consensualizar os<br />
processos com os outros ministérios e ter os<br />
meios, políticos e financeiros, garantidos. O<br />
que hoje designamos «trabalhar em rede»<br />
foi o que, de certa forma, criámos com os<br />
serviços da Loja do Cidadão. Tendo em conta<br />
este conceito, o principal fator crítico era<br />
a envolvência dos responsáveis de alguns<br />
departamentos e a garantia da eficácia dos<br />
meios de comunicação. Não foi um drama<br />
mas, por vezes, como responsável máximo do<br />
projeto, tive de tomar medidas muito duras<br />
perante alguns Diretores-Gerais de outros<br />
ministérios para que tudo seguisse em frente.<br />
Na verdade, senti mais dificuldades a esse<br />
nível do que com os ministros que tutelavam<br />
esses departamentos.<br />
Recorda-se do dia da inauguração? Nesse dia<br />
teve a perceção da importância que a Loja de<br />
Cidadão teria no futuro?<br />
Recordo-me muito bem da emoção de<br />
todos os que colaborámos na conceção e<br />
concretização do projeto quando o Primeiro-<br />
-Ministro António Guterres descerrou a lápide<br />
de inauguração. Por outro lado, tínhamos a<br />
certeza do efeito que ia ter na melhoria da<br />
qualidade de vida das pessoas e também na<br />
imagem de modernização da Administração<br />
Pública (AP). Estes dois fatores eram seguros<br />
e, por isso, na altura da inauguração já<br />
tínhamos um plano para a criação de mais<br />
Lojas do Cidadão, em todo o País.<br />
Realce-se também o facto de, como<br />
consequência desta autêntica revolução, em<br />
outras áreas do Governo, nomeadamente na<br />
Economia, com o Ministro Augusto Mateus,<br />
foi lançado e executado o Projeto Empresa na<br />
Hora.
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019<br />
9<br />
As novas tecnologias vieram revolucionar a<br />
Administração Pública e hoje são muitos os<br />
serviços que podemos realizar online.<br />
O atendimento presencial pode deixar de<br />
ser necessário?<br />
As novas tecnologias revolucionaram a<br />
Administração Pública e, acima de tudo,<br />
estão a facilitar as nossas vidas e o<br />
relacionamento entre os indivíduos e<br />
as organizações. Sem dúvida que é na<br />
desmaterialização e com serviços digitais<br />
que deve seguir a aposta da AP, o que levará à<br />
necessidade apenas residual do atendimento<br />
presencial.<br />
Já passaram 20 anos. Continua a ver as<br />
Lojas como uma boa aposta?<br />
Indiscutível, e o sucesso obtido nestas duas<br />
décadas é partilhado por toda a sociedade.<br />
No entanto, estes são projetos que em vez de<br />
olharem para o passado devem fixar-se no<br />
futuro. Exigem uma atualização permanente<br />
de processos, métodos e comportamentos.<br />
Hoje não acompanho de perto o<br />
desenvolvimento da Loja do Cidadão, mas<br />
espero que isso esteja a ser feito.<br />
Na sua opinião, quais são os maiores<br />
desafios que se colocam atualmente à<br />
prestação de um bom Serviço Público?<br />
A rapidez e a interação clara e segura<br />
com o cidadão. O que exige um bom<br />
funcionamento das plataformas, a<br />
qualificação dos profissionais da AP e a<br />
perceção permanente e muito exigente de<br />
que «cada caso é um caso».<br />
Já nos contou como era a AP há 20 anos... e<br />
daqui por 20 anos, como gostaria que fosse?<br />
Vou responder com alguma leveza, mas<br />
julgo que traduz o desejo generalizado dos<br />
portugueses: daqui a 20 anos, gostaria de ter<br />
uma Administração Pública pouco ou nada<br />
burocrática, com regras simples que todos<br />
pudessem entender e com pouca intervenção<br />
no dia a dia das pessoas. ≤<br />
é na desmaterialização e com serviços digitais que<br />
deve seguir a aposta da Administração Pública,<br />
o que levará à necessidade apenas residual do<br />
atendimento presencial.
10<br />
Projeto <strong>AMA</strong><br />
Nos últimos anos, a tecnologia tem assumido cada vez mais o papel de protagonista na criação<br />
de oportunidades para novos modelos de negócio, desenvolvimento das organizações e<br />
competitividade da nossa economia.<br />
Esta é uma realidade aplicável não só ao setor privado como também ao setor público, onde a<br />
transformação digital assume um papel preponderante para a otimização de processos, redução<br />
de custos e melhoria da qualidade dos serviços prestados a cidadãos e empresas.<br />
No entanto, levar a cabo tal transformação na Administração Pública é um processo<br />
complexo, devido a inúmeras razões, tais como: grande legado de sistemas e serviços focados<br />
na organização interna do Estado, em vez das necessidades do cidadão; escassez de recursos<br />
humanos com competências em tecnologias emergentes, que constituem aceleradores ao<br />
processo de transformação; conjugação de novas iniciativas com as prioridades nacionais<br />
e das entidades que garantem a operação diária dos serviços; morosidade nos processos de<br />
contratação de serviços para reforço de capacidade interna, face às regras de contratação<br />
existentes; entre outras.<br />
Neste contexto, o Conselho de Ministros (RCM 22/2018) decidiu criar o Centro de<br />
Competências Digitais da Administração Pública (TicAPP), garantindo a sustentabilidade das<br />
iniciativas no âmbito da transformação digital.<br />
O TicAPP é uma unidade orgânica integrada na Agência para a Modernização Administrativa,<br />
I.P. (<strong>AMA</strong>) tendo por missão apoiar as diferentes áreas governativas, no seu processo de<br />
transformação digital, através de recursos humanos especializados em tecnologias emergentes,<br />
desenvolvendo projetos transversais à Administração Pública e melhorando, em simultâneo,<br />
a contratação de serviços externos nas áreas das TIC, com os correspondentes ganhos em<br />
eficiência e eficácia.<br />
De forma a levar a cabo a sua missão, promovendo a inovação e a racionalização de custos, o<br />
TicAPP tem como principais objetivos estratégicos:<br />
a) Integrar serviços centrando-os nas necessidades do utilizador final (User Centric Design).<br />
b) Agilizar e aumentar a eficiência no desenvolvimento de serviços digitais e outras soluções<br />
do Estado, fazendo uso de metodologias ágeis para levantamento de requisitos e otimização<br />
de processos.<br />
c) Promover a utilização e facilitar a integração com as soluções e plataformas tecnológicas<br />
transversais da Administração Pública.<br />
d) Construir plataformas comuns e aceleradores para Análise de Dados e Digitalização de<br />
Serviços.<br />
e) Identificar os principais desafios e fontes de dados, de forma a que, através do uso de<br />
soluções de Data Analytics, possam ser cruzados, explorados e gerar previsões que
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 11<br />
permitam melhorar a qualidade de vida<br />
dos cidadãos e apoiar processos de<br />
decisão dentro do Estado.<br />
f) Desenvolver, formar e disseminar boas<br />
práticas e competências digitais no<br />
serviço público, gerindo o talento neste<br />
domínio e aprofundando capacidades<br />
através do Centro de Competências<br />
TicAPP.<br />
A equipa foi constituída em 2019, mas o<br />
TicAPP conta já com 6 projetos realizados<br />
e outros 3 em curso, em colaboração com<br />
diferentes áreas governativas,<br />
designadamente: Finanças, Cultura,<br />
Planeamento e Modernização Administrativa.<br />
Os primeiros projetos realizados<br />
incidiram na seguinte tipologia de serviços:<br />
Revisão e Desenho de Arquiteturas<br />
Empresariais, tirando partido da reutilização<br />
de componentes já existentes na AP;<br />
Reengenharia de Processos com vista à<br />
otimização da eficiência operacional das<br />
entidades; Elaboração de Cadernos de<br />
Encargos e Apoio à seleção de soluções<br />
tecnológicas, Desenho de Serviços focados<br />
na Experiência do Cidadão/Empresa e<br />
Construção de Protótipos ou Pilotos para<br />
validação de soluções.<br />
Jornada de Transformação Digital - Macroprocesso<br />
Abordagem Metodológica do TicAPP<br />
Tendências, desafios<br />
e prioridades.<br />
Cenários de inovação<br />
e iniciativas de<br />
modernização.<br />
Design Thinking*<br />
Empatia.<br />
Definir o Problema.<br />
Idealizar.<br />
Prototipar.<br />
Testar e avaliar.<br />
Definição da<br />
Iniciativa**<br />
«Business Case».<br />
Definição Funcional<br />
da Iniciativa.<br />
Definição da Solução<br />
Tecnológica.<br />
Planeamento.<br />
Planeamento da<br />
Gestão da Mudança.<br />
Acompanhamento da<br />
execução.<br />
Medição do Valor da<br />
Iniciativa.<br />
~1 semana ~2 semanas ~6 semanas 6 a 8 semanas duração da implementação<br />
DEFINIR<br />
DESCOBRIR TRANSFORMAR ACOMPANHAR<br />
* Para cada Jornada Identificada<br />
** Para cada Iniciativa Gerada com base no processo de Design Thinking da Jornada<br />
Os projetos «Selo Digital» e «Gestão<br />
Inteligente do Atendimento Presencial<br />
(gIAp)» são apenas dois exemplos<br />
dos projetos realizados pelo TicAPP. A<br />
reengenharia do processo de produção e<br />
distribuição de etiquetas de autenticação<br />
IGAC (Projeto «Selo Digital») permitirá<br />
uma redução de custos superior a 50%<br />
por cada etiqueta de autenticação emitida<br />
e melhorias significativas na eficiência da<br />
resposta às empresas. O projeto gIAp, ainda<br />
em fase piloto, tem como objetivo recorrer a<br />
ferramentas de análise de dados e inteligência<br />
artificial para equilibrar a procura e a oferta<br />
de serviços públicos no canal presencial,<br />
implementando mecanismos de simulação<br />
para avaliar o impacto na eficiência do<br />
atendimento, num determinado momento,<br />
permitindo escolher os melhores cenários e<br />
propor soluções de melhoria.<br />
O recém-constituído TICAPP iniciou assim<br />
a sua missão de parceiro das organizações<br />
da Administração Pública para a construção<br />
de um Estado mais moderno e eficiente,<br />
colocando ao seu serviço as suas competências<br />
e todo o entusiasmo de uma equipa que<br />
pretende contribuir para que cidadãos e<br />
empresas sejam cada vez melhor servidos. ≤<br />
Sofia Mota<br />
TicAPP
12<br />
Notícias<br />
Consulta.Lex<br />
mais intuitivo e próximo dos cidadãos<br />
O portal Consulta.Lex surgiu no âmbito do Programa Simplex+ 2018, no decorrer do I Plano<br />
Nacional de Administração Aberta, com o objetivo de aumentar a participação dos cidadãos<br />
no processo legislativo e na tomada de decisões, ao permitir o acesso a consultas públicas que<br />
estejam a decorrer.<br />
Neste sentido, o Consulta.Lex possibilita que os cidadãos enviem os seus contributos e, desta<br />
forma, sejam parte integrante no procedimento normativo, recebendo informações sobre<br />
alterações ao diploma, bem como sobre a apreciação dos contributos que formularam.<br />
A participação pode ser feita através do envio de sugestões e/ou documentos ou do<br />
preenchimento de questionários, dentro das diferentes áreas temáticas em que o portal se<br />
encontra dividido.<br />
Documento<br />
Único Automóvel<br />
tem novo formato<br />
Desde o dia 1 de agosto, outro cartão ganhou um lugar cativo na sua carteira. O Documento<br />
Único Automóvel (DUA) passou a ter uma nova imagem, semelhante a um Cartão de Cidadão.<br />
A medida «DUA na Carteira» integra o Plano Justiça + Próxima, que pretende simplificar,<br />
não só o transporte do documento, como também o conteúdo informativo disponibilizado no<br />
mesmo.<br />
O novo formato do DUA aplica-se, numa primeira fase, a novas matrículas. No entanto, os<br />
atuais DUA permanecerão válidos, não sendo obrigatória a substituição. Em 2020, passa a estar<br />
disponível para todos os veículos.
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 13<br />
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras:<br />
Registo Criminal<br />
Quando efetuarem o pedido de concessão ou renovação do título de residência, os cidadãos<br />
estrangeiros já não precisam de entregar o Registo Criminal em papel no Serviço de Estrangeiros<br />
e Fronteiras (SEF).<br />
No dia designado para dar início ao processo, basta que o requerente autorize o SEF a aceder<br />
ao seu registo pessoal, evitando, desta forma, uma deslocação aos postos de atendimento dos<br />
serviços do registo criminal, tribunais ou Lojas de Cidadão.<br />
O objetivo passa por simplificar o processo, permitindo a redução dos tempos de espera junto<br />
dos diversos balcões de atendimento presencial.<br />
Só no primeiro semestre de 2019, foram registados mais de 118 mil pedidos de registo criminal<br />
de cidadãos estrangeiros.
14<br />
Timeline<br />
20 anos de Serviço Público:<br />
de onde viemos e para onde<br />
caminhamos?<br />
A retrospetiva dos últimos 20 anos de serviço público deixa refletir a exigência do cidadão na<br />
relação com a Administração Pública, ajudando à evolução contínua dos padrões de eficiência<br />
e qualidade nos diversos serviços. Prova disso são os marcos históricos que revelamos na<br />
timeline abaixo.<br />
Os desafios que se colocam, nos dias de hoje, à Administração Pública prendem-se com<br />
a criação de (mais) valor para cidadãos e empresas. A melhoria da qualidade dos serviços<br />
públicos tem sido uma aposta em permanente aperfeiçoamento, e que incorre na necessidade<br />
de aproximar, cada vez mais, os cidadãos dos vários canais que prestem serviço público.<br />
1999 2000 2001<br />
2002 2004<br />
LOJA<br />
DE CIDADÃO<br />
DISPENSA DE<br />
APRESENTAÇÃO DE<br />
ORIGINAIS DE<br />
DOCUMENTOS NOS<br />
PROCEDIMENTOS<br />
ADMINISTRATIVOS<br />
POSTO DE<br />
ATENDIMENTO AO<br />
CIDADÃO<br />
ENTREGA DA<br />
DECLARAÇÃO DE<br />
IRS ONLINE<br />
PORTAL<br />
DE CIDADÃO<br />
DISPENSA DO<br />
RECONHECIMENTO<br />
DE ASSINATURA NOS<br />
PROCEDIMENTOS<br />
ADMINISTRATIVOS<br />
ATENDIMENTO<br />
TRANSFORMAÇÃO<br />
DIGITAL<br />
PARTICIPAÇÃO<br />
PÚBLICA
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 15<br />
CARTÃO DE CIDADÃO<br />
CANDIDATURAS AO<br />
ENSINO SUPERIOR<br />
PÚBLICO ONLINE<br />
PASSAPORTE<br />
ELETRÓNICO<br />
PORTUGUÊS<br />
EMPRESA<br />
NA HORA<br />
DIÁRIO<br />
DA REPÚBLICA<br />
ELETRÓNICO<br />
CASA PRONTA<br />
SUBSÍDIOS DE<br />
PARENTALIDADE<br />
ONLINE<br />
2005 2006 2007 2008 20<strong>09</strong><br />
SEGURANÇA<br />
SOCIAL<br />
DIRETA<br />
PORTAL<br />
DA EMPRESA<br />
BALCÃO<br />
MULTISSERVIÇOS<br />
IAP<br />
INTEROPERABILIDADE<br />
NA ADMINISTRAÇÃO<br />
PÚBLICA<br />
PROVA ESCOLAR<br />
ONLINE<br />
MARCA<br />
NA HORA<br />
NASCER CIDADÃO<br />
SIMPLEX<br />
BALCÃO<br />
PERDI A CARTEIRA
AMET<br />
IPSUM<br />
CONSEC<br />
LOREM<br />
CONSEC<br />
Lorem ipsum dolor sit amet<br />
CONSEC<br />
AMET<br />
IPSUM<br />
CONSEC<br />
IPSUM<br />
16<br />
Timeline 20 anos de Serviço Público<br />
PRESCRIÇÃO<br />
ELETRÓNICA DO<br />
MEDICAMENTO<br />
PORTAL<br />
DE DADOS<br />
ABERTOS<br />
LICENCIAMENTO<br />
ZERO<br />
CHAVE MÓVEL<br />
DIGITAL<br />
2010 2011 2012 2014 2015<br />
RECIBOS<br />
VERDES<br />
ELETRÓNICOS<br />
CENTRO<br />
DE CONTACTO<br />
SNS<br />
NOVO PORTAL<br />
DO UTENTE<br />
ESPAÇO<br />
CIDADÃO<br />
MAPA<br />
DE CIDADÃO<br />
BALCÃO DO<br />
EMPREENDEDOR<br />
ATENDIMENTO<br />
TRANSFORMAÇÃO<br />
DIGITAL<br />
PARTICIPAÇÃO<br />
PÚBLICA
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 17<br />
REGISTO<br />
CRIMINAL ONLINE<br />
ESCOLA 360<br />
TARIFA SOCIAL<br />
DE ENERGIA<br />
AUTOMÁTICA<br />
IRS AUTOMÁTICO<br />
SCAP<br />
SISTEMA DE<br />
CERTIFICAÇÃO DE<br />
ATRIBUTOS<br />
PROFISSIONAIS<br />
TICAPP<br />
DECLARAÇÃO MENSAL<br />
DE REMUNERAÇÕES<br />
ONLINE<br />
RENOVAÇÃO ONLINE<br />
DA CARTA DE CONDUÇÃO<br />
SIMULADOR<br />
DE PENSÕES ONLINE<br />
IDGOV<br />
2016 2017 2018<br />
2019<br />
ESPAÇO<br />
EMPRESA<br />
BOLSA DE ESTUDO<br />
+ SIMPLES<br />
ESPAÇO CIDADÃO<br />
MÓVEL<br />
ePORTUGAL<br />
ORÇAMENTO<br />
PARTICIPATIVO<br />
PORTUGAL<br />
CENTRO<br />
DE ATENDIMENTO<br />
CONSULAR<br />
ESPAÇO<br />
ÓBITO<br />
GOVTECH
18<br />
Artigo<br />
20 anos de Atendimento<br />
Em 2019 comemoramos os 20 anos do início do projeto Lojas de Cidadão.<br />
Com o empenho e dedicação de muitos e obstinação de outros «Iniciámos uma experiência<br />
histórica na Administração Pública Portuguesa» 1 . Conseguimos colocar no mesmo local<br />
os serviços públicos e serviços essenciais com grande procura, cuja dispersão geográfica<br />
constituía um incómodo para o cidadão.<br />
Com instalações físicas preocupadas com os aspetos funcionais e estéticos, primou a<br />
qualidade e a eficiência, tudo para que os cidadãos pudessem, numa única deslocação,<br />
encontrar a resposta da Administração Pública para os seus problemas, em condições de<br />
comodidade, conforto e até de horário, inovadoras na altura.<br />
Com recursos humanos altamente motivados e capacitados para a prestação destes serviços<br />
públicos, foi notória a nova imagem e relacionamento entre o Estado e o cidadão.<br />
O que hoje parece natural não o era. Até então, o relacionamento com a Administração<br />
Pública era essencialmente setorial, havendo necessidade de o cidadão perceber quem era<br />
quem e o que fazia, para conseguir planear o trajeto necessário para a resolução das situações<br />
que careciam de atendimento presencial. Sem as Lojas de Cidadão, tratar de um assunto que<br />
respeita a diversos serviços públicos exige, ainda hoje, muitas deslocações e disponibilidade.<br />
Em duas décadas muitas coisas mudaram, mas o desígnio mantém-se: quebrar as barreiras<br />
existentes entre serviços e organismos públicos e «forçar o diálogo» entre eles, pois o Cidadão,<br />
para interagir com os serviços do Estado, não tem de conhecer a sua organização…<br />
Encontrar num mesmo local os serviços mais procurados pelos cidadãos e empresas com<br />
horários mais alargados, acessíveis a todos, é ainda hoje a missão de muitos e, apesar do<br />
decurso do tempo, continua premente no atendimento.<br />
Se isto é por demais evidente no atendimento presencial, não pode ser descurado a outros<br />
níveis.<br />
Uma das mudanças mais flagrantes destes últimos 20 anos foi a massiva disponibilização de<br />
serviços eletrónicos.<br />
Não pode descurar-se a importância de, em 2007, se fundir o (IGLC) Instituto para a Gestão<br />
das Lojas do Cidadão (IGLC) com a UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, dando<br />
1<br />
Fausto Correia, Secretário de Estado da Administração Pública e da Modernização Administrativa, no discurso de<br />
inauguração da Loja de Cidadão das Laranjeiras.
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019<br />
19<br />
início ao processo de construção de um novo veículo de mudança, juntando as tecnologias<br />
de informação e comunicação ao atendimento, no caminho de uma maior simplificação e<br />
desburocratização das práticas administrativas.<br />
Também no atendimento digital, ao cidadão devia ser indiferente que o serviço de que<br />
necessita seja deste ou daquele organismo, e prestado neste ou naquele portal.<br />
O diálogo entre a Administração Pública é essencial, bem como a integração de sistemas<br />
informáticos, nos diversos domínios setoriais, para promover uma montra única de serviços<br />
disponíveis eletronicamente, facilitando a vida daqueles que escolhem esta interação à<br />
distância.<br />
Para perceber o quanto evoluímos, temos de recordar que muitos dos serviços que, há vinte<br />
anos, eram necessariamente prestados presencialmente podem hoje ser realizados à distância<br />
pelo cidadão, no horário que lhe for mais conveniente e com o conforto que o seu domicílio<br />
permitir. Veja-se, a título meramente exemplificativo, a renovação do Cartão de Cidadão, da<br />
Carta de Condução, o pedido de Certidões de diversa índole, a constituição de uma empresa<br />
ou a entrega periódica dos nossos impostos e tantos outros atos que já não precisam da nossa<br />
deslocação e, muitas vezes, limitamo-nos a confirmar informação e dados.<br />
Temos um longo caminho percorrido, com portais mais amigáveis, mais inclusivos e mais<br />
abrangentes, com cada vez mais serviços disponíveis, onde é possível iniciar e concluir um<br />
serviço, sem tempos de espera e com a segurança de mecanismos de autenticação e assinatura<br />
que atestam a nossa identificação. Aqui também, com a firme intenção de trazer para uma<br />
entrada única os diversos serviços da Administração Pública, para comodidade do cidadão,<br />
onde quer que se encontre.<br />
O diálogo entre a Administração Pública é<br />
essencial, bem como a integração de sistemas<br />
informáticos, nos diversos domínios setoriais, para<br />
promover uma montra única de serviços
20<br />
Artigo 20 anos de Atendimento<br />
o modelo de atendimento teve a necessidade de se<br />
adaptar a esta nova realidade, num formato que<br />
permite ao cidadão presenciar a experiência da<br />
interação digital<br />
A evolução tecnológica não pode, todavia,<br />
esquecer que há uma determinada faixa<br />
da população que não sabe, ou não tem<br />
autonomia suficiente para a realização de<br />
serviços digitais.<br />
Mais uma vez, o modelo de atendimento<br />
teve a necessidade de se adaptar a esta nova<br />
realidade, num formato que permite ao<br />
cidadão presenciar a experiência da interação<br />
digital, permitindo que vá verificando, passo<br />
a passo, a realização do serviço pretendido,<br />
numa vertente de literacia digital, apanágio<br />
da rede de Espaços Cidadão, que conta já com<br />
mais de 600 postos de atendimento, com uma<br />
capilaridade muito acentuada ao nível das<br />
freguesias.<br />
Por outro lado, é crucial manter atenta e<br />
disponível uma rede que auxilie o cidadão nas<br />
dificuldades que possa sentir quando trata<br />
autonomamente dos seus assuntos através<br />
dos canais digitais. Os Centros de Contato<br />
(telefónicos e eletrónicos) desempenham<br />
um papel fundamental no atendimento dos<br />
dias de hoje. Também aqui trabalhamos para<br />
proporcionar canais integrados que possam<br />
esclarecer cidadãos e empresas, no âmbito da<br />
realização dos serviços digitais disponíveis no<br />
Portal dos Serviços Públicos.<br />
Voltando ao início: São 20 anos de<br />
atendimento que nos deixam muito<br />
orgulhosos pelo caminho percorrido, mas<br />
que nos oneram com a responsabilidade<br />
de conseguir corresponder às diferentes<br />
necessidades daqueles que nos procuram nos<br />
diversos canais. É urgente analisar a procura<br />
para estruturar a oferta de serviços, com<br />
preocupações distintas de acordo com os<br />
diferentes canais.<br />
Queremos lojas mais funcionais,<br />
sustentáveis e eficientes; serviços eletrónicos<br />
mais abrangentes, acessíveis e interoperáveis,<br />
promovendo a interação mínima com os<br />
serviços públicos, mas com a satisfação do<br />
público que a eles recorre.<br />
Continua a ser este o desafio maior da<br />
Agência para a Modernização Administrativa:<br />
promover o diálogo dos serviços públicos<br />
a bem da satisfação das necessidades dos<br />
cidadãos e das empresas, pois a mudança,<br />
que se requer estruturada, só é possível com o<br />
envolvimento de todos. ≤<br />
É urgente analisar a<br />
procura para estruturar<br />
a oferta de serviços, com<br />
preocupações distintas<br />
de acordo com os<br />
diferentes canais.<br />
Rita Rei<br />
Agência para a Modernização Administrativa I.P.
2019<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
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6<br />
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11<br />
12<br />
Aderir à Chave Móvel Digital<br />
Renovar o Cartão de Cidadão<br />
Alterar a morada no Cartão de Cidadão<br />
Pedir o Certificado de Registo Criminal<br />
Consultar a Caderneta Predial<br />
Aceder ao Registo Predial<br />
Pagar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)<br />
Requerer Pensão de Velhice – Segurança Social<br />
Simular Pensão de Velhice – Segurança Social<br />
Simular Pensão – Caixa Geral de Aposentações<br />
Revalidar a Carta de Condução<br />
Pedir a Certidão Permanente do Registo Automóvel<br />
Mais informações em:
22<br />
Entrevista
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 23<br />
António Mendonça Mendes<br />
Secretário de Estado dos<br />
Assuntos Fiscais<br />
Nasceu em Coimbra, em 1976.<br />
Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, menção<br />
jurídico-económicas, em 1999.<br />
Foi assessor do Secretário de Estado da Justiça do Governo de<br />
Portugal (1999-2002).<br />
Foi advogado na Gonçalves Pereira, Rato, Ling, Vong & Cunha,<br />
na Região Administrativa Especial de Macau (2003-2005).<br />
Foi Chefe do Gabinete da Secretária de Estado dos Transportes do<br />
Governo de Portugal (2005-2008).<br />
Foi advogado (in house) do grupo empresarial Geocapital<br />
(2008-20<strong>09</strong>).<br />
Foi Chefe do Gabinete da Ministra da Saúde (20<strong>09</strong>-2011).<br />
Foi Diretor da Refer – Rede Ferroviária Nacional, EPE, com<br />
responsabilidades nas áreas de Capital Humano, Assuntos<br />
Jurídicos e Organização (2011-2013).<br />
Desde 2014 foi advogado e sócio da André, Miranda e Associados<br />
– Sociedade de Advogados, em Lisboa.<br />
Desempenhou ainda os cargos de Presidente da Comissão de<br />
Conciliação do Contrato de Exploração Ferroviária do Eixo<br />
Norte-Sul (20<strong>09</strong>) e de Membro designado pela Assembleia da<br />
República no Conselho Superior de Julgados de Paz (desde 2015).
24<br />
Entrevista António Mendonça Mendes<br />
as novas tecnologias vieram mudar o paradigma<br />
do funcionamento da administração fiscal, do<br />
comportamento dos contribuintes e da forma de<br />
relacionamento entre ambos.<br />
Nesta edição da <strong>Diagrama</strong>, tendo como<br />
marco a inauguração da primeira Loja de<br />
Cidadão em 1999, celebramos 20 anos de<br />
serviço público. Atendendo às funções<br />
que desempenha, quais são as principais<br />
diferenças com que se depara, hoje em<br />
dia, tendo como base de comparação os<br />
últimos 20 anos? Mudámos assim tanto de<br />
paradigma?<br />
Sem dúvida. O início do século XXI pautou-se<br />
pelo desenvolvimento exponencial das novas<br />
tecnologias e da forma como as pessoas e as<br />
sociedades se relacionam com estas recentes<br />
realidades. Se tivermos de eleger o grande<br />
elemento diferenciador e impactante na forma<br />
de vida e de relacionamento das pessoas<br />
nestes últimos 20 anos será, sem dúvida, a<br />
tecnologia.<br />
E este raciocínio é válido quer me coloque<br />
na posição de cidadão, quer na posição de<br />
governante. Enquanto Secretário de Estado<br />
dos Assuntos Fiscais, facilmente identifico<br />
de que forma as novas tecnologias vieram<br />
mudar o paradigma do funcionamento da<br />
administração fiscal, do comportamento dos<br />
contribuintes e da forma de relacionamento<br />
entre ambos.<br />
Por um lado, podemos verificar que a<br />
Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) teve<br />
um processo de digitalização que transformou<br />
por completo os seus procedimentos e<br />
valências. Desde a informatização de<br />
processos e desenvolvimento de registos e<br />
bases de dados até aos mecanismos utilizados<br />
no combate à fraude e evasão e na condução<br />
de inspeções tributárias, devemos ter orgulho<br />
no caminho que tem vindo a ser feito e<br />
que deve continuar a ser percorrido. Neste<br />
ponto concreto, permitam-me destacar a<br />
excelência que é genericamente reconhecida<br />
à AT em matéria de informatização, sendo<br />
internacionalmente tida como um bom<br />
exemplo.<br />
Do lado dos contribuintes, o digital veio<br />
revolucionar mercados e criar novas realidades<br />
complexas que constituem um enorme<br />
desafio conceptual para juristas e fiscalistas<br />
e que nos obriga a uma atualização constante<br />
de conhecimentos. Não será por acaso que<br />
aquele que se afigura como o grande desafio<br />
da tributação internacional nos próximos anos<br />
seja, exatamente, a tributação dos serviços<br />
digitais.<br />
Por último, assistimos a uma verdadeira<br />
revolução no relacionamento entre a AT e os<br />
contribuintes. O cumprimento de obrigações<br />
fiscais via eletrónica não é mais do que o<br />
reflexo do desenvolvimento social e digital<br />
que colocou o mundo nas mãos das pessoas<br />
e à distância de um clique. O Portal das<br />
Finanças, servindo aqui meramente como<br />
exemplo, disponibiliza um conjunto de<br />
serviços que outrora tinham de ser prestados<br />
presencialmente nos serviços de finanças. Eu<br />
ainda sou do tempo em que as declarações de<br />
IRS eram entregues em papel, presencialmente<br />
e acompanhadas de uma pilha de documentos<br />
de suporte, sendo necessário aguardar em<br />
filas intermináveis. Hoje em dia, temos o IRS<br />
automático e reembolsos em tempo recorde.<br />
Estas são as possibilidades que o digital nos<br />
confere e, como governante e respondendo à<br />
questão, o paradigma mudou completamente e<br />
seria impossível executar as funções que exerço<br />
sem ser capaz de o reconhecer e de perceber<br />
que o digital representa não só a realidade
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 25<br />
que devo acompanhar, mas também a<br />
oportunidade que tenho de ser capaz de<br />
identificar e aproveitar.<br />
Entre os esforços para tornar o processo<br />
tributário «mais cidadão» consta o<br />
programa Cidadania Fiscal 2.0. Qual a<br />
importância deste programa?<br />
É importante em várias dimensões. Em<br />
primeiro lugar, numa dimensão de estratégia<br />
posicional. Ou seja, o programa Cidadania<br />
Fiscal 2.0 parte da assunção de que a AT<br />
deve ser um serviço do Estado que tem a<br />
responsabilidade da cobrança de impostos,<br />
mas cuja principal missão, na sua execução,<br />
é apoiar os contribuintes no cumprimento<br />
das suas obrigações. Se preferir, é o<br />
assumirmos na sua plenitude o Estado<br />
como elemento facilitador e auxiliador no<br />
cumprimento de obrigações fiscais. O Estado<br />
é uma «pessoa de bem» e é assim que tem<br />
de ser visto e entendido pelo contribuinte,<br />
que não pode sentir que a AT persegue<br />
os contribuintes a partir de uma posição<br />
desigual. É muito uma questão de perceção,<br />
mas não podemos ignorar que há aspetos da<br />
ação que podem e devem ser melhorados.<br />
Em segundo lugar, esta importância<br />
encontra também reflexo numa perspetiva<br />
funcional e substancial naquilo que são as<br />
normas, os procedimentos e a comunicação<br />
da AT. Mais do que um programa, a Cidadania<br />
Fiscal 2.0 é um paradigma. Um paradigma<br />
novo, porventura algo diferente daquele que<br />
existiu durante muito tempo, mas que reflete<br />
aquilo que é esperado da administração fiscal:<br />
que seja certa, justa e próxima.<br />
De que forma poderemos atenuar as<br />
barreiras criadas pela complexidade das<br />
matérias fiscais?<br />
Com espírito crítico, criatividade e rigor.<br />
As matérias fiscais são complexas por<br />
natureza. Acredito que temos percorrido um<br />
caminho de simplificação que traz vantagens<br />
para todas as partes envolvidas na relação<br />
jurídico-tributária. Se criarmos normas mais<br />
simples e facilmente compreendidas pelos<br />
seus destinatários, mais facilmente estes<br />
conhecerão e cumprirão as suas obrigações.<br />
Naturalmente que as normas fiscais não<br />
podem tornar-se repentinamente nos
26<br />
Entrevista António Mendonça Mendes<br />
textos de mais simples compreensão, uma vez que um sistema jurídico é algo minimamente<br />
complexo, mas é com naturalidade que reconhecemos que há muito a melhorar nesta matéria.<br />
Que seja claro para todos que o perfil comum do contribuinte português é o do cumprimento<br />
voluntário das suas obrigações fiscais. Para isso, é essencial que quando o legislador ou a AT<br />
comunicam com o contribuinte o façam de forma a que este compreenda. A par das leis,<br />
posso falar das notificações da AT aos contribuintes. Exatamente por se ter concluído que<br />
nem sempre o conteúdo das notificações era compreendido, a AT encontra-se a efetuar um<br />
estudo aprofundado que permitirá revolucionar o texto das notificações, de forma a que seja<br />
perfeitamente percetível, para alguém que é notificado, o motivo de tal notificação, como deve<br />
proceder e em que prazo.<br />
Num primeiro momento, temos de ter espírito crítico suficiente para sermos capazes de<br />
identificar em que medida e em que momentos a complexidade se torna um problema na<br />
relação com o contribuinte. Depois, temos de ser criativos nas soluções que encontramos, mas<br />
em simultâneo rigorosos, porque a simplificação nunca pode colocar em causa a eficácia ou a<br />
salvaguarda dos direitos e deveres dos contribuintes.<br />
A Autoridade Tributária teve um processo de<br />
digitalização que transformou por completo os seus<br />
procedimentos e valências
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 27<br />
No programa Cidadania Fiscal 2.0, a relação<br />
com o contribuinte coloca em evidência<br />
um conjunto de iniciativas, entre as quais a<br />
eliminação dos focos de tensão que existem<br />
na relação entre a entidade fiscalizadora e<br />
os contribuintes. Qual o impacto imediato da<br />
criação, no seio da AT, de um Serviço de Apoio<br />
e Defesa do Contribuinte? De que forma esta<br />
recomendação pode privilegiar a relação com<br />
o contribuinte?<br />
Traduz-se na materialização orgânica, no<br />
seio da AT, de tudo o que venho a referir<br />
em matéria de melhoria da relação com os<br />
contribuintes.<br />
Termos um serviço cuja principal função<br />
configura a defesa do contribuinte, é assumir<br />
a centralidade da relação com o contribuinte<br />
na missão e na ação da AT, que organicamente<br />
passa a centralizar uma missão que acaba<br />
por ser transversal a todas as suas valências e<br />
áreas de funcionamento, pelo que em termos<br />
de eficiência e eficácia a AT sai fortalecida.<br />
Quanto a resultados imediatos, ainda que<br />
possam existir, não serão com certeza os mais<br />
substanciais e estruturais, pois esses exigirão<br />
estudo, planeamento e execução.<br />
Trata-se de começar do zero ou de mobilizar<br />
os meios que já existem e dar-lhes uma<br />
atuação diferente?<br />
A AT tem um histórico de relacionamento<br />
com o contribuinte que, em momento<br />
algum, deve ser ignorado ou menosprezado.<br />
Os trabalhadores da AT são altamente<br />
qualificados e estão despertos para esta<br />
mudança de paradigma pelo que, se<br />
quisermos mesmo traduzir esta ação num<br />
verbo, talvez devêssemos empregar o verbo<br />
«orientar». Estamos a orientar a AT num<br />
caminho que esta já conhece, mas para o qual<br />
estará agora mais desperta e organicamente<br />
direcionada.<br />
Em que moldes se está a processar a<br />
digitalização da Autoridade Tributária?<br />
Não querendo repetir-me, o processo de<br />
digitalização da AT não vem de ontem. Tem<br />
Hoje em dia, temos o IRS<br />
automático e reembolsos<br />
em tempo recorde.<br />
décadas e é reconhecido o sucesso desse<br />
percurso. Se quisermos desdobrar a função<br />
da digitalização nas diversas valências<br />
da AT, podemos dizer que tem facilitado,<br />
desmaterializado e simplificado a relação com<br />
os contribuintes cumpridores (que muitas<br />
vezes precisam de apoio nesse cumprimento),<br />
tem tornado mais eficiente e célere o processo<br />
de inspeção e de contencioso tributário,<br />
ao mesmo tempo que permite uma maior<br />
capacitação no combate à fraude e à evasão,<br />
não só na identificação destas situações mas<br />
também na dissuasão destes comportamentos.<br />
O processo de digitalização da AT será<br />
tão contínuo como o desenvolvimento<br />
tecnológico, uma vez que a tributação<br />
acompanha o desenvolvimento das<br />
realidades sobre as quais incide. Sabemos das<br />
oportunidades que o digital oferece e estamos<br />
decididos e dedicados a aproveitar as suas<br />
valências, nomeadamente em matéria de<br />
simplificação e melhoria da relação da AT com<br />
o contribuinte.<br />
Uma das abordagens que contempla a<br />
Cidadania Fiscal 2.0 é a aposta na melhoria<br />
dos canais de comunicação entre a AT<br />
e os contribuintes. Como é que se vai<br />
operacionalizar essa atualização?<br />
A AT dispõe de diversos canais de<br />
comunicação com os contribuintes (desde<br />
o atendimento presencial ao telefónico<br />
ou eletrónico). É assumido que queremos<br />
melhorar essa comunicação, mas<br />
consideramos que tal só é possível com um<br />
estudo aprofundado do atual funcionamento<br />
dos canais de comunicação existentes, do<br />
feedback de satisfação dos contribuintes e das<br />
possibilidades que possam existir, sejam elas<br />
alternativas ou de melhoria.
28<br />
Entrevista António Mendonça Mendes<br />
Mais do que um<br />
programa, a Cidadania<br />
Fiscal 2.0 é um<br />
paradigma.<br />
No dia 25 de março de 2019 foi celebrado<br />
um protocolo entre a AT e a Agência para<br />
a Modernização Administrativa para o<br />
desenvolvimento de um projeto que irá<br />
auscultar os destinatários dos serviços<br />
públicos em matéria tributária. De que forma<br />
esta auscultação poderá melhorar o serviço<br />
de atendimento ao contribuinte?<br />
Numa primeira fase foi efetuado um<br />
diagnóstico com base em inquéritos a<br />
contribuintes em diversos serviços de<br />
finanças, de forma a compreender a perceção<br />
que estes têm do funcionamento dos serviços<br />
da AT. Já temos os resultados deste primeiro<br />
relatório e pudemos chegar a conclusões<br />
muito interessantes e que permitirão<br />
estruturar uma política de atuação no futuro.<br />
A título de exemplo, ficámos a saber que<br />
existe uma percentagem significativa de<br />
pessoas que vai a um serviço de finanças mais<br />
do que uma vez para resolver um mesmo<br />
problema. Importa perceber o motivo, uma<br />
vez que tal não só não é aceitável como não<br />
deve ser considerado normal.<br />
Sendo disponibilizado no Portal das<br />
Finanças um conjunto tão elevado de serviços<br />
e de informação, há contribuintes que<br />
continuam a preferir deslocar-se a um serviço<br />
de finanças e esperar na fila para resolver algo<br />
que poderia ser feito muito rapidamente num<br />
smartphone. É importante compreendermos<br />
estes comportamentos para anteciparmos<br />
de que forma nos podemos posicionar e<br />
comunicar, procurando colocar em evidência<br />
junto dos contribuintes que existem formas<br />
mais fáceis de resolver as suas dúvidas e<br />
problemas. Cerca de 30% das pessoas que<br />
vão a um serviço de finanças desconhecem se<br />
existe outra forma de resolver a sua questão.<br />
É um número que nos faz pensar. Não posso<br />
deixar também de partilhar que a grande<br />
maioria dos contribuintes destaca a sua<br />
satisfação com o atendimento prestado pelos<br />
funcionários da AT.<br />
Resumidamente, o trabalho inicial passa<br />
por conhecermos a realidade e os seus<br />
eventuais problemas e desafios. Com a<br />
informação do nosso lado, cabe-nos encontrar<br />
mecanismos que respondam a esses desafios.<br />
Desde o dia 1 de abril de 2019, sempre que<br />
um cidadão submeta uma declaração de<br />
imposto online, o mesmo saberá qual o<br />
destino daquele imposto. Quais serão os<br />
próximos serviços a traduzir esta mesma<br />
leitura?<br />
Dar a conhecer aos contribuintes o destino<br />
dos impostos que pagam insere-se numa<br />
política de proximidade e transparência, pela<br />
qual tentámos sempre pautar a nossa atuação<br />
nesta legislatura.<br />
Todos pagamos impostos e todos<br />
sabemos que nos daria muito jeito não<br />
ter de os pagar, de forma a termos mais<br />
rendimento disponível. Mas todos sabemos<br />
que a organização de vida em sociedade<br />
implica um conjunto de custos: para as<br />
escolas, as estradas, os hospitais, etc. Esta<br />
medida pretende incutir nos contribuintes<br />
o sentimento de responsabilidade que deve
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 29<br />
estar associado ao pagamento de impostos. Pagar impostos é contribuir financeiramente<br />
para o Estado e para a sociedade em que vivemos, com os serviços e as infraestruturas que<br />
lutamos diariamente para serem cada vez mais e melhores. E se, de um lado, o Estado exige<br />
dos cidadãos a contribuição financeira para a melhoria do nosso país, considero ser um direito<br />
essencial dos contribuintes saberem onde foi aplicado esse dinheiro. Por isso, esta é uma<br />
medida de transparência, de prestar contas aos cidadãos, o que são princípios básicos numa<br />
sociedade democrática.<br />
Atualmente, após a submissão online de uma declaração fiscal, é disponibilizada a<br />
visualização de um gráfico circular com a alocação que o Estado faz da receita dos impostos<br />
cobrados às diversas funções da Administração Central (Educação, Segurança, Proteção<br />
Social, Transportes, Saúde, etc.). Acredito que é um primeiro passo em matéria, não só de<br />
transparência (uma vez que esta informação já era pública), mas ao nível da comunicação e da<br />
preocupação que o Estado tem relativamente à perceção que os cidadãos têm da sua atuação<br />
e das suas intenções. Não conseguindo particularizar ou especificar quais os próximos passos,<br />
posso facilmente antecipar que este terá sido um passo importante em matéria de comunicação<br />
com os contribuintes, que queremos conhecedores e conscientes da importância que é todos<br />
nós contribuirmos, dentro da possibilidade e capacidade de cada um, para um Estado melhor.<br />
temos de ter espírito crítico suficiente para<br />
sermos capazes de identificar (...) em que<br />
momentos a complexidade se torna um problema<br />
na relação com o contribuinte.
30<br />
Entrevista António Mendonça Mendes<br />
Como projeta o futuro da fiscalidade?<br />
A História ensinou-nos que mais importante do que tentar antecipar o futuro, importa,<br />
enquanto governantes (sendo o mesmo aplicável a qualquer dirigente), dotar as instituições das<br />
ferramentas (humanas, técnicas e burocráticas) necessárias para fazer face aos desafios mais<br />
inesperados que possam surgir. Mais importante do que tentar saber o que aí vem, é procurar<br />
garantir que, independentemente do que venha, estaremos preparados e iremos estar à altura<br />
do desafio.<br />
Existe uma frase conhecida que diz que só existem duas coisas certas: a morte e os impostos.<br />
Por isso eu diria que aos assuntos fiscais se colocarão novos desafios.<br />
Nos próximos anos teremos a tributação do digital como grande tema da fiscalidade<br />
internacional. Por outro lado, a fiscalidade comunitária e internacional continuarão a<br />
enfrentar os desafios da harmonização (ou falta dela) e continuaremos a debater em torno da<br />
competitividade fiscal dos Estados.<br />
Podia responder à questão do futuro da fiscalidade devolvendo uma dezena de questões<br />
que já existem e relativamente às quais não conheço a resposta, mas prefiro responder com<br />
uma certeza que tenho: a eficácia da atuação das administrações fiscais do futuro passará,<br />
certamente, pela sua capacidade de se relacionar com os contribuintes, de forma simples e<br />
certa, bem como pela capacidade de utilização e aproveitamento do digital, não só no apoio ao<br />
cumprimento voluntário de obrigações, mas também no combate feroz ao fenómeno da fraude<br />
e evasão fiscais que prejudica todos quantos cumprem as suas obrigações e pagam os seus<br />
impostos. ≤<br />
Nos próximos anos teremos a tributação<br />
do digital como grande tema da fiscalidade<br />
internacional.
32<br />
Opinião<br />
Lojas de Cidadão: 20 anos<br />
de futuro<br />
O contexto nacional<br />
Nos inícios dos anos 90 do século passado, Portugal vivia um momento importante de<br />
transformação, fruto da nossa entrada na UE em 1986.<br />
Tomava impulso uma nova dinâmica de abertura e modernidade, da qual a Administração<br />
Pública (AP) portuguesa se encontrava arredada, reorientando-se as políticas públicas para a<br />
chamada «reforma administrativa». Novos conceitos e até palavras poucas vezes proferidas,<br />
como «competitividade», «agilidade» e «desburocratização», passaram a fazer parte do<br />
léxico da modernização, impondo a concretização de ações nesse sentido, numa AP, até então,<br />
fechada, centralista, regulamentar e altamente conservadora.<br />
O primeiro passo já tinha sido dado com a criação do Secretariado para a Modernização<br />
Administrativa, em 1985, sendo que na década de 90, sobretudo a partir de 1995 com o XIII
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 33<br />
Governo Constitucional, assiste-se a um acelerar, focado no «aprofundamento da<br />
cultura do serviço público» e na «qualidade dos serviços prestados» 1 .<br />
É neste contexto que será criada, em meados de 1997, uma equipa de missão com<br />
o objetivo de pensar um novo modelo de atendimento presencial que «aproximasse<br />
o Estado aos Cidadãos».<br />
O início do Projeto Loja de Cidadão<br />
Fiz parte dessa primeira equipa e é bom, hoje, passados mais de 20 anos, recordar e<br />
louvar o papel de políticos que ousaram pensar diferente, desde o Primeiro Ministro<br />
António Guterres ao Ministro Adjunto Jorge Coelho e ao Secretário de Estado da<br />
Administração Pública, Fausto Correia.<br />
Quando se inaugurou a primeira Loja do Cidadão (hoje Loja de Cidadão), em<br />
1999, nas Laranjeiras, nenhum de nós imaginava o impacto que este projeto teria na<br />
mudança de paradigma dos serviços públicos.<br />
Começando pela arquitetura do espaço, aberta, horizontal, atendimento sentado,<br />
«olhos nos olhos» com o Cidadão, ao conceito de serviço público «integrado»,<br />
onde entidades públicas e privadas partilhavam o mesmo espaço físico e a mesma<br />
imagem de atendimento. Romper com estereótipos muito enraizados na AP, de que o<br />
«público não se mistura com o privado», foi um enorme desafio.<br />
Depois, inovação tecnológica foi coisa que não faltou ao conceito de Loja de<br />
Cidadão. Ensaiou-se um sistema de senhas integrado – hoje algo natural, mas que<br />
começou exatamente naquela altura –, quiosques self-service para informações,<br />
acesso à Internet (uma enorme novidade!) e impressão de formulários (ainda<br />
faltavam serviços online…); distribuição de pagers aos Cidadãos que deixavam os<br />
filhos no espaço de animação criado especialmente para os mais pequenos.<br />
Para além desta inovação visível, tínhamos a outra, invisível, desenvolvida com<br />
base numa arquitetura de «interoperabilidade» hoje arcaica, mas eficaz — circuitos<br />
X25, FTP, frame relay nas comunicações internet — a partir dos quais todos os<br />
organismos públicos e privados tinham acesso seguro às suas aplicações nativas. A<br />
isto juntou-se o primeiro call center para informações e até marcação de serviços de<br />
atendimento na Loja.<br />
Somando a esta inovação tecnológica, tínhamos uma Administração Pública<br />
presente, competente, irradiando confiança com as suas novas indumentárias,<br />
«lembrando as hospedeiras», dizia uma funcionária. Computadores de secretária a<br />
reluzir, impressoras laser e máquinas ATM distribuídas pela Loja, juntavam-se neste<br />
novo conceito de atendimento, moderno, tecnológico mas próximo, preocupado e<br />
atento às necessidades dos Cidadãos.<br />
E poderia continuar a relembrar tantas outras histórias e experiências feitas,<br />
como o primeiro formulário de queixa online desenvolvido em parceria com a<br />
Direção-Geral do Consumidor ou a primeira tentativa – esta não correu muito bem<br />
– de atendimento à distância por videoconferência com um operador de energia. É<br />
também com estas experiências menos positivas que se aprende.<br />
Mas não ficámos por aqui. Enquanto se consolidava o conceito com a abertura de<br />
novas Lojas (em 2000, no Porto, seguindo-se depois Aveiro), já se tentavam novos<br />
modelos mais integrados de atendimento. É assim que, em 2001, se avança com o<br />
1<br />
In Programa do XIII Governo Constitucional, pág. 38.
34<br />
Opinião Anabela Pedroso<br />
Somando a esta inovação tecnológica,<br />
tínhamos uma Administração Pública presente,<br />
competente, irradiando confiança<br />
primeiro Posto de Atendimento ao Cidadão (PAC), desenvolvido numa parceria com os CTT e<br />
financiado pelo então Instituto de Comunicações de Portugal (ICP), hoje ANACOM.<br />
O PAC, verdadeiro modelo de balcão único, incluía alguns dos mais importantes serviços de<br />
proximidade, bilhete de identidade, carta de condução, incluindo a marcação de consultas para<br />
hospitais e centros de saúde da zona onde ficassem instalados. Começámos com seis espaços,<br />
instalados nas estações de correios, com uma arquitetura atraente e que inspirou os posteriores<br />
balcões únicos instalados nas Lojas de segunda geração – multisserviços ou «perdi-a-carteira»<br />
– sendo, afinal, a pré-história dos Espaços Cidadão atuais.<br />
Rapidamente os PAC ganharam fôlego e foram, posso dizer, adotados pelas Câmaras<br />
Municipais, dando origem, mais uma vez, a uma mudança de paradigma: serviços da<br />
Administração Pública Central disponibilizados em espaços municipais, com funcionários<br />
das próprias autarquias, iniciando-se, assim, uma relação de confiança, aprofundada até<br />
aos dias de hoje, com Lojas e Espaços Cidadão espalhados pelo país, apoiados e geridos pelos<br />
municípios.<br />
O caminho percorrido<br />
O caminho percorrido e os resultados obtidos, na modernização da AP, desde 1995, são<br />
enormes e com impacto visível nas vidas de todos nós, Cidadãos.<br />
Em Portugal, ao contrário da generalidade dos países europeus, foi com o atendimento<br />
presencial que se iniciou o processo da Transformação Digital. Para empresas, tinha sido dado<br />
o primeiro passo com a criação do Centro de Formalidades de Empresas (CFE) já em 1997,<br />
seguindo-se a Loja de Cidadão, em 1999.<br />
Em todo o caso, nunca se descurou o trabalho em prol do que se veio a designar por<br />
«Governo Eletrónico». Nos últimos quase 25 anos desde que a palavra foi cunhada por Al Gore,<br />
Portugal seguiu um caminho firme, estando hoje nos primeiros lugares na disponibilização de<br />
serviços online na Europa.<br />
Desde o longínquo Infocid (1991), que já tinha como ambição «Criar um sistema<br />
interdepartamental da informação aos utentes dos serviços públicos», passando por outro<br />
momento fundacional como foi a concretização do Programa de Ação para o Governo<br />
Eletrónico (2003), que lançou projetos como os Portais do Cidadão e Empresa e a Plataforma<br />
de Interoperabilidade da AP, até ao programa que marcou decisivamente o caminho do<br />
eGovernment em Portugal: o Simplex (2006).<br />
Hoje, Portugal está entre os 30 países que integram o grupo Very-High do E-Government<br />
Developmente Index (EGDI), das Nações Unidas 2 e não é de estranhar que na edição de 2018<br />
(subidos mais 9 lugares do que em 2016) se refiram três iniciativas, Lojas de Cidadão, Espaços<br />
Cidadão e Programa Simplex.<br />
2<br />
A edição de 2018 do United Nations E-Government Survey.
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 35<br />
Mudança de paradigma<br />
Com as Lojas de Cidadão iniciou-se um novo momento na relação do Estado com os Cidadãos.<br />
Depois delas, muitos outros serviços da AP mudaram os seus atendimentos e outros privados<br />
seguiram o exemplo.<br />
Mas mais do que uma componente física, é importante realçar a ajuda que este projeto deu<br />
para uma maior e mais estreita colaboração entre serviços da AP preocupados em melhor<br />
servirem o Cidadão e, não menos importante, para a importante fase de automatização,<br />
simplificação e disponibilização de serviços online que se seguiu.<br />
O futuro que continua hoje<br />
Hoje, 20 anos depois, há que voltar a fazer as mesmas perguntas que fizemos em 1990:<br />
– Quais as expetativas dos Cidadãos? O que podemos fazer melhor? Onde queremos estar<br />
dentro de 10 anos?<br />
Hoje, com o avanço tecnológico, com a experiência obtida e lições aprendidas, temos de<br />
continuar a ambicionar o que pode parecer, para alguns, impossível.<br />
Talvez, hoje, eu própria, protagonista (maravilhada e orgulhosa) desde a primeira hora,<br />
do que foi todo o processo de modernização na AP em Portugal, incluindo a génese das Lojas<br />
de Cidadão, nas suas várias gerações, talvez, repito, me atreva a desafiar-nos, a todos, para o<br />
patamar seguinte, para aquele onde o Cidadão quase não necessite de se deslocar a nenhuma<br />
loja ou outro local de atendimento, onde o governo (eletrónico) passe da oferta de serviços<br />
offline ou online para o trabalhar mais e melhor de dentro para dentro, evitando ou recusando<br />
passos e tempo perdido aos Cidadãos.<br />
Do eGovernment ao Seamless Government, diria eu, é este o caminho que temos de<br />
percorrer. Onde a Administração antecipa as questões e proativamente apresenta soluções para<br />
os problemas. Onde a função Servidor Público tem um regresso em prol da modernidade e de<br />
um melhor serviço aos Cidadãos.<br />
Desafio? Sem dúvida! Mas o que seria a nossa vida sem isso? ≤<br />
Hoje, com o avanço tecnológico, com a<br />
experiência obtida e lições aprendidas, temos<br />
de continuar a ambicionar o que pode parecer,<br />
para alguns, impossível.<br />
Anabela Pedroso<br />
Secretária de Estado da Justiça, foi Adjunta do Secretário de Estado da Administração Pública<br />
(20<strong>09</strong>-2010); Presidente da Agência para a Modernização Administrativa (2007-20<strong>09</strong>);<br />
Coordenadora na Equipa de Missão e depois Vogal do Conselho Diretivo da UMIC - Agência<br />
para a Sociedade do Conhecimento (2003-2006); e elemento da equipa de missão e mais tarde<br />
Vogal do Conselho Diretivo do IGLC - Instituto para Gestão das Lojas de Cidadão (1998-2001).
36<br />
Boas Práticas<br />
Idanha-a-Nova:<br />
onde se semeia tradição para<br />
colher inovação<br />
Localizado na região da Beira Baixa, o município de Idanha-a-Nova<br />
conta com pouco mais de 9.000 habitantes. Deixa-se rodear a noroeste<br />
pelas cerejas do Fundão e nos momentos de celebração não pode faltar<br />
o adufe. Em 2015, foi considerada «Cidade da Música», como parte<br />
do programa Rede de Cidades Criativas, pela UNESCO. Guarda um<br />
património riquíssimo que faz questão de libertar através das suas<br />
paisagens e da sua posição geográfica.<br />
Integra o projeto «5 Municípios. 5 Culturas. 5 Sentidos», juntamente<br />
com os municípios de Águeda, Lousã, São Pedro do Sul e Óbidos. Está<br />
na primeira linha na disponibilização de serviços online, e a estratégia<br />
de repovoamento adotada nos últimos meses mereceu destaque no País<br />
vizinho.<br />
Armindo Jacinto, Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova,<br />
contou-nos mais sobre a singularidade deste município.
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 37<br />
Nesta edição da <strong>Diagrama</strong> falamos sobre «20 anos de Serviço Público». Qual o<br />
retrato que faz do município de Idanha-a-Nova nestes últimos 20 anos, ao nível da<br />
crescente disponibilização de serviços públicos?<br />
Nos últimos 20 anos, alguns serviços públicos aumentaram em qualidade e<br />
abrangência no concelho de Idanha-a-Nova, como por exemplo os Espaços<br />
Cidadão, que estão implementados nas quatro Uniões de Freguesia, bem como a<br />
modernização administrativa, que nos permite dispor, hoje, de um sofisticado<br />
serviço de atendimento ao munícipe. Todas estas estruturas visam dar resposta<br />
às necessidades dos cidadãos, levando até eles os serviços públicos do Estado,<br />
numa política de proximidade. Por outro lado, temos a lamentar a redução do<br />
investimento do Estado Central nos territórios da ruralidade, designadamente o<br />
encerramento de serviços de saúde, estabelecimentos de ensino e mesmo extinção<br />
de freguesias.<br />
De acordo com a última divulgação do Índice de Transparência Municipal, o<br />
município de Idanha-a-Nova consegue marcar presença no top 5 da região das<br />
Beiras com 5.399 pontos. A que se deve este desempenho?<br />
O bom desempenho do Município de Idanha-a-Nova no Índice de Transparência<br />
Municipal reflete o esforço que tem sido realizado para que esta autarquia seja<br />
cada vez mais transparente, clara e íntegra na disponibilização de informação<br />
aos munícipes, visitantes e investidores. Consideramos que é importante a<br />
disponibilização de informação com interesse público por parte dos municípios<br />
portugueses nos seus diversos canais de comunicação.<br />
Se atendermos à lista de serviços online disponibilizados ao munícipe, notamos<br />
que o portal já incorpora um link direto para o processo de autenticação via Chave<br />
Móvel Digital. Qual o papel deste produto no caminho a seguir pelo município?<br />
A adesão a soluções digitais visa, acima de tudo, facilitar a utilização dos serviços<br />
públicos e outros por parte de cidadãos e empresas. Enquadra-se na nossa<br />
estratégia de modernização de todos os processos administrativos, sem descorar o<br />
atendimento presencial para aqueles que o procuram.<br />
O município de Idanha-a-Nova recebeu a distinção de «Rede de Cidades Criativas<br />
da UNESCO» no final de 2015. Desde então, que iniciativas têm vindo a ser<br />
dinamizadas pelo município para promover a inovação e a criatividade?<br />
A distinção de Idanha-a-Nova pela UNESCO, como Cidade Criativa na Área<br />
da Música, veio reconhecer o investimento que temos feito no sector cultural<br />
e, sobretudo, a ambição de, através das indústrias criativas, promovermos o<br />
desenvolvimento social, económico e cultural sustentado do concelho. Essa
38<br />
Boas Práticas Município de Idanha-a-Nova<br />
Todas estas estruturas visam dar resposta às<br />
necessidades dos cidadãos, levando até eles os<br />
serviços públicos do Estado, numa política de<br />
proximidade.<br />
classificação da UNESCO permite consolidar<br />
um programa cultural ao longo de todo o ano,<br />
desde concertos, a festivais ou residências<br />
artísticas, mas também valorizar o trabalho<br />
realizado pelos muitos grupos musicais<br />
existentes no concelho.<br />
Idanha-a-Nova integra o projeto «5<br />
Municípios. 5 Culturas. 5 Sentidos»,<br />
juntamente com outros municípios que<br />
promovem a transparência e a participação<br />
pública. Que importância tem este programa<br />
numa lógica de atrair visitantes?<br />
Este projeto permite-nos trabalhar<br />
em parceria com outros municípios,<br />
aproveitando as potencialidades e talentos<br />
de cada território, captando fluxos de<br />
turismo cultural, numa lógica de promoção e<br />
programação em rede.<br />
O último registo do Índice de Presença na<br />
Internet das Câmaras Municipais (IPIC)<br />
de 2016, promovido pelo Observatório<br />
da Sociedade da Informação e pela<br />
Universidade do Minho, traduz a melhoria e<br />
a disponibilização de conteúdos e serviços<br />
através de canais móveis. Como caracteriza<br />
o atual registo do município, tendo por<br />
base uma lógica de interoperabilidade dos<br />
serviços?<br />
O nosso desempenho na disponibilização<br />
de conteúdos e serviços através de canais<br />
móveis está adequado às necessidades que<br />
registamos, contudo, continuaremos a<br />
reforçar a nossa capacidade de comunicação<br />
a este nível.<br />
Os serviços online disponibilizados através<br />
do site oficial do município abarcam seis<br />
áreas distintas. O que poderemos esperar,<br />
neste contexto, na área da Modernização<br />
Administrativa?<br />
No contexto de modernização administrativa<br />
e da desmaterialização e melhoria contínua<br />
dos processos da Administração Pública,<br />
pretendemos potenciar a disponibilização<br />
de serviços online que respondam às
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 39<br />
necessidades dos cidadãos e empresas com facilidade e rapidez. Iremos continuar a desenvolver<br />
esforços neste sentido com o intuito de simplificar a disponibilização de serviços ao público.<br />
«Em Idanha há lugar para ti». Poder-se-á dizer que este é um slogan que vai ao encontro da<br />
Nova Idanha representada pelo projeto Recomeçar. Este é um conceito ambicioso que tem<br />
como finalidade a melhoria das condições de vida e a atração de talento para o município, que<br />
arrancou em 2015, mas que se prolongará até 2025. De que forma o município vai materializar<br />
esta ambição?<br />
A Estratégia Recomeçar visa criar oportunidades para nós que aqui vivemos, mas também para<br />
os que querem para cá vir e os que querem regressar. Para esse efeito, o Municipio de Idanha-<br />
-a-Nova criou quatro programas (Idanha Green Valley, Idanha Vive, Idanha Experimenta e<br />
Idanha Made In) e uma equipa de acolhimento e acompanhamento para aqueles que recorrem<br />
ao Recomeçar.<br />
O município de Idanha-a-Nova oferece-nos uma história musical muito rica. Prova disso<br />
é a distinção atribuída pela UNESCO. Não podíamos deixar de terminar esta entrevista<br />
sem falarmos, claro está, no Adufe. De que forma é que a tradição poderá contribuir para o<br />
desenvolvimento da inovação no município de Idanha-a-Nova?<br />
Idanha-a-Nova é um município que semeia tradição para colher inovação. Esta estratégia está<br />
patente na nossa intervenção, em áreas que vão desde a agricultura, às industrias criativas e<br />
à valorização do nosso património natural e histórico cultural. O Adufe, em particular, é um<br />
símbolo identitário de Idanha, por isso é a nossa marca. ≤<br />
é importante a disponibilização de informação<br />
com interesse público por parte dos municípios<br />
portugueses nos seus diversos canais de<br />
comunicação.
40<br />
Por dentro da AP<br />
Instituto da Segurança Social<br />
Instituto da Segurança Social, I. P. (ISS) é um instituto público de regime<br />
especial, integrado na administração indireta do Estado, dotado de<br />
autonomia administrativa e financeira. Prossegue as atribuições do<br />
Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), sob<br />
superintendência e tutela do respetivo Ministro.<br />
OCriado em janeiro de 2001, o Instituto tem como objetivos, em matéria de Segurança Social:<br />
• instituir um novo modelo de organização administrativa;<br />
• aumentar a capacidade de gestão estratégica;<br />
• implementar a coordenação nacional.<br />
Como missão, o ISS visa garantir a proteção e a inclusão social das pessoas, reconhecendo<br />
os seus direitos, assegurando o cumprimento das obrigações contributivas e promovendo a<br />
solidariedade social.<br />
Como organismo central, tem jurisdição sobre todo o território nacional. A sua Sede situa-se<br />
em Lisboa e para o desenvolvimento da sua atividade conta com o Centro Nacional de Pensões,<br />
dezoito Centros Distritais e uma rede de Serviços de Atendimento.
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 41<br />
Nova Sede do ISS: a concentração dos serviços<br />
Desde o início de 2019 que o ISS tem uma Nova<br />
Sede, instalada num único edifício situado<br />
no coração de Lisboa, em plena Avenida 5 de<br />
Outubro. Aqui estão concentrados os Serviços<br />
Centrais, os Serviços do Centro Distrital de<br />
Segurança Social de Lisboa e o Centro Nacional<br />
de Pensões, anteriormente dispersos por 12<br />
edifícios na cidade.<br />
Os espaços de atendimento destes serviços<br />
concentraram-se no Piso 0 do edifício,<br />
beneficiando da sua excecional localização<br />
e garantindo, desta forma, uma maior<br />
centralidade na prestação de serviços públicos<br />
da Segurança Social, em Lisboa:<br />
• Serviço Sede do Centro Distrital de Lisboa<br />
(anteriormente situado no Areeiro);<br />
• Serviço de Atendimento do Centro Nacional de Pensões (anteriormente situado em Entrecampos);<br />
• Serviço de Verificação de Incapacidades (anteriormente situado na Av. Estados Unidos da<br />
América);<br />
• Serviço de Atendimento do Departamento de Proteção Contra os Riscos Profissionais<br />
(anteriormente situado na Av. Estados Unidos da América).<br />
A centralização permitirá gerar uma poupança anual significativa ao nível das despesas de<br />
funcionamento e da otimização de utilização do património imobiliário, minimizando os custos globais<br />
com a sua gestão. A concentração dos serviços cria, também, um novo paradigma na sua organização,<br />
com impacto ao nível da cultura da organização, reforçando um sentimento de unidade corporativa e<br />
um adequado funcionamento e articulação, eliminando os riscos que advêm de uma dispersão física.
42<br />
Por dentro da AP Instituto da Segurança Social<br />
Nova Sede do ISS: mais e melhores espaços de trabalho<br />
A mudança teve ainda, como especial aposta, a melhoria das condições de bem-estar dos<br />
trabalhadores, nomeadamente através da disponibilização de mais e melhores espaços de<br />
trabalho e também de lazer, nas suas pausas: instalação de refeitório, bar e copas.<br />
Do ponto de vista físico das instalações, o novo edifício da Segurança Social tem<br />
características arquitetónicas que procuram responder às exigências de uma Administração<br />
Pública moderna e eficiente. Com uma dimensão extraordinária, acolhe diariamente cerca de<br />
1600 trabalhadores e aproximadamente 1000 cidadãos-clientes.<br />
Para além dos serviços distribuídos ao longo de 15 andares, num total de 45.000 m2 de área<br />
bruta, o edifício tem ainda instalado o Espaço Museológico da Segurança Social, um Auditório<br />
com capacidade para 300 pessoas e vários espaços formativos.<br />
«No início da presente legislatura, foi colocada no topo da agenda a determinação de<br />
encontrarmos uma resposta de futuro capaz de responder ao desafio, desde então assumido,<br />
de assegurar bons e eficientes ambientes de trabalho» 1 . O objetivo foi atingido! Agora há que<br />
manter e potenciar as sinergias da proximidade entre Serviços, Trabalhadores e Cidadãos!<br />
Segurança Social. Agora e Sempre! ≤<br />
1<br />
Excerto do discurso da Secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, por ocasião da inauguração do edifício,<br />
ocorrida no dia 8 de maio de 2019.
Serviços Online<br />
Sabia que...<br />
Pode alterar a morada no Cartão de Cidadão online ou pelo<br />
telefone, sem necessidade de se deslocar?<br />
Para fazer a alteração em ePortugal.gov.pt, necessita apenas<br />
do seu Cartão de Cidadão, do respetivo PIN e de um leitor de<br />
cartões, ou do código PIN da sua Chave Móvel Digital e do<br />
telemóvel que lhe está associado.<br />
Caso prefira fazê-lo telefonicamente, basta ligar para o<br />
300 003 990, ter a Chave Móvel Digital ativa e a aplicação<br />
Autenticação.gov instalada num dispositivo Android ou iOS.<br />
Aproveite melhor o<br />
tempo<br />
para fazer<br />
o que mais gosta.
44<br />
Loja de Cidadão<br />
20 anos de Lojas de Cidadão<br />
o dia 27 de abril de 1999, abria portas a primeira Loja de Cidadão<br />
do nosso País. Um conceito ímpar e inovador de atendimento, que<br />
chegava para revolucionar o que era feito até então, passando a ser<br />
possível tratar de vários assuntos burocráticos de uma só vez. A partir<br />
daquela manhã de primavera, renovar o Bilhete de Identidade, alterar Na morada na Carta de Condução ou entregar a declaração de IRS nas Finanças eram<br />
serviços disponibilizados num único espaço e que poderiam ser feitos apenas com uma<br />
deslocação. A poupança de tempo e a comodidade eram inquestionáveis, assim como o<br />
espanto dos cidadãos que se dirigiam à Loja, ainda sem saberem muito bem o que iriam<br />
encontrar.<br />
Gerida pelo extinto Instituto de Gestão das Lojas de Cidadão (IGLC), que em 2007<br />
deu lugar à Agência para a Modernização Administrativa, I.P., surgia assim a Loja de<br />
Cidadão das Laranjeiras, em Lisboa. No mesmo ano, a 1 de setembro, este conceito de<br />
atendimento expandia-se ao norte do País, com a abertura da Loja de Cidadão do Porto.<br />
Em 1999 eram duas, no ano seguinte juntaram-se-lhes as Lojas de Aveiro, Viseu e<br />
Setúbal, e hoje são 56 as Lojas de Cidadão em Portugal. O conceito de atendimento<br />
público evoluiu e modernizou-se, o Bilhete de Identidade foi substituído pelo Cartão de<br />
Cidadão há mais de 10 anos, já não é necessário alterar a morada na Carta de Condução e<br />
a entrega do IRS é feita online, podendo mesmo ser totalmente automática. No entanto,<br />
e apesar da evolução inquestionável dos serviços públicos digitais, as Lojas de Cidadão<br />
realizaram mais de 9,5 milhões de atendimentos em 2018, demonstrando a relevância<br />
que estes espaços continuam a ter enquanto resposta às necessidades dos cidadãos.
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 45<br />
A primeira Loja de Cidadão do País continua a ser a<br />
maior até aos dias de hoje e quem a gere trabalha por<br />
lá desde os primeiros dias do ano 2000. Pedimos-lhe<br />
um testemunho, para que nos contasse na primeira<br />
pessoa como era a Loja no início e como tem sido a<br />
sua evolução até 2019.<br />
Quando iniciei a minha atividade profissional na<br />
Loja de Cidadão das Laranjeiras, em janeiro de 2000,<br />
fiquei impressionada com a elevada concentração de<br />
empresas e serviços públicos no mesmo espaço físico,<br />
os quais cobriam praticamente todas as necessidades<br />
quotidianas dos cidadãos. A Loja destacava-se dos<br />
serviços públicos habituais, porque oferecia um<br />
espaço físico muito bem organizado, com um sistema<br />
de filas de espera informatizado, esteticamente<br />
agradável, com serviços complementares, como um<br />
espaço infantil, e receções nas duas entradas da Loja,<br />
onde se encontravam funcionários vocacionados para<br />
acolherem e orientarem o cidadão. Os balcões de<br />
atendimento amplos e sem barreiras físicas permitiam<br />
um atendimento personalizado por funcionários<br />
identificados e com vestuário de trabalho com a<br />
imagem da Loja de Cidadão.<br />
O design do espaço, a sinalética, a imagem e<br />
comunicação escrita, a indumentária de trabalho,<br />
e a qualidade de atendimento conferiu à Loja uma<br />
imagem de prestígio e de serviço público de elevada<br />
qualidade, que se tem consolidado numa marca<br />
reconhecida a nível nacional e internacional.<br />
Os cidadãos, ao contactarem com os serviços<br />
da Loja, ficavam visivelmente impressionados<br />
e agradados, com a quantidade de assuntos que<br />
conseguiam tratar no mesmo dia e no mesmo espaço,<br />
com o tempo que poupavam, com as condições<br />
de comodidade que o espaço oferecia, com o<br />
atendimento personalizado e a eficiência dos serviços.<br />
O reconhecimento público foi de tal forma positivo,<br />
que a fidelização dos cidadãos à Loja foi praticamente<br />
imediata e a procura continuou a aumentar desde<br />
o ano de abertura, o que, por vezes, faz com que<br />
seja um pouco difícil a alguns dos serviços manter<br />
a capacidade de atendimento para corresponder ao<br />
volume diário de procura.<br />
O prestígio, o desafio e as características inovadoras<br />
da Loja de Cidadão introduziram uma mudança<br />
profunda nos métodos e procedimentos de trabalho,<br />
com recurso à utilização das novas tecnologias e à<br />
formação técnica e comportamental específica dos<br />
funcionários.<br />
A Loja de Cidadão envolve e une, desde o início, os<br />
responsáveis e os funcionários dos diferentes serviços<br />
na sua missão: servir o cidadão com a maior eficácia e<br />
eficiência. Assim, tem promovido um espírito de equipa<br />
«Loja de Cidadão» que se traduziu numa mudança<br />
de mentalidade e do paradigma do serviço público. A<br />
convivência diária entre os funcionários dos diferentes<br />
serviços, que ajudou às boas relações interpessoais e a<br />
fortalecer o espírito de equipa, alargou o conhecimento<br />
de cada funcionário sobre os outros serviços e permitiu<br />
conhecer melhor a complementaridade entre os<br />
serviços, facilitando o surgimento, gradual e genuíno,<br />
de uma cultura de trabalho colaborativa, orientada para<br />
o cidadão e para os resultados.<br />
As mudanças que ocorrem nos serviços privados<br />
e públicos no domínio do cidadão, principalmente
46<br />
Loja de Cidadão 20 anos<br />
as medidas de Simplificação e Modernização Administrativa,<br />
repercutem-se diretamente no atendimento presencial e<br />
consequentemente impelem à evolução da Loja de Cidadão ao<br />
introduzirem serviços novos — uns assentes na lógica de evento<br />
de vida, como o Balcão Perdi a Carteira, outros assentes na lógica<br />
multisserviços num ponto único de atendimento, como o Posto de<br />
Atendimento Múltiplo, que evoluiu para Balcão Multisserviços e<br />
posteriormente para Espaço Cidadão, com mais serviços de mais<br />
entidades e, atualmente, com o enfoque no atendimento digital<br />
assistido. Paralelamente, os serviços evoluíram tecnologicamente,<br />
existindo agora o Documento Único Automóvel, o Cartão de<br />
Cidadão, o Passaporte Eletrónico ou a Chave Móvel Digital.<br />
Trabalhar numa Loja de Cidadão é ver acontecer a mudança,<br />
entendê-la como um processo natural de evolução desafiante,<br />
e participar nela com capacidade de adaptação e criatividade,<br />
aprendendo continuamente, de forma a que a gestão e<br />
organização da Loja, ao nível do funcionamento geral, os serviços<br />
representados e os funcionários tenham a maior e melhor<br />
capacitação profissional possível, para continuarem a promover a<br />
qualidade dos serviços prestados e a preferência dos cidadãos pela<br />
Loja de Cidadão. ≤<br />
a fidelização dos<br />
cidadãos à Loja<br />
foi praticamente<br />
imediata<br />
Paula Murta<br />
Unidade de Gestão da Loja de Cidadão das Laranjeiras
NOVA APP<br />
LRE<br />
LIVRO DE RECL<strong>AMA</strong>ÇÕES<br />
O que pretende fazer?<br />
Sugerir<br />
Reclamar<br />
Elogiar<br />
Entrar<br />
ECONOMIA
48<br />
S<strong>AMA</strong>2020<br />
S<strong>AMA</strong>2020<br />
20 anos de Financiamento<br />
Desde a adesão à Comunidade Europeia, a modernização de Portugal, com os<br />
apoios estruturais comunitários, traduziu-se em progressos económicos e sociais<br />
assinaláveis para cidadãos e empresas.<br />
No Serviço Público assistiu-se, ao longo dos anos, a profundas transformações<br />
na Administração Pública Portuguesa, através da introdução de uma nova cultura<br />
e de formas e metodologias de trabalho centradas numa gestão por objetivos,<br />
apoiadas em novos processos de modernização, coordenação, monitorização e<br />
avaliação de programas, medidas e projetos, que contribuíram consideravelmente<br />
para a melhoria da vida dos cidadãos e do tecido empresarial do país.<br />
De acordo com os objetivos do S<strong>AMA</strong>2020 (redução dos custos de contexto,<br />
através da capacitação dos serviços e da formação dos seus trabalhadores) e<br />
no quadro de intervenção específico da <strong>AMA</strong>, esta Agência é, por um lado,<br />
beneficiário único e, por outro, Organismo Intermédio do S<strong>AMA</strong>2020.<br />
Enquanto beneficiário único dos vários Quadros Comunitários de Apoio (QCA<br />
III, QREN e PORTUGAL 2020, no âmbito do POSI/POSC, Programas Operacionais<br />
Regionais e COMPETE2020), a <strong>AMA</strong> tem registado uma evolução significativa nas<br />
áreas do Atendimento Multicanal, da Governação Eletrónica, da Simplificação e<br />
da Modernização Administrativa, bem como na Formação de Recursos Humanos,<br />
recorrendo a financiamento comunitário, no âmbito do FEDER e do FSE.<br />
Atendimento<br />
Na área do atendimento, as Lojas de Cidadão constituíram uma grande inovação<br />
na Administração Pública disponibilizando, num mesmo espaço, a prestação de<br />
serviços públicos e de utilidade pública, com base na melhoria da qualidade de<br />
vida do cidadão e da competitividade das empresas.<br />
Adicionalmente, os Postos de Atendimento ao Cidadão (PAC), o Telecid<br />
(canal telefónico), a Rede Integrada de Apoio ao Cidadão que estendeu aos<br />
Açores o projeto «Loja de Cidadão», enquadrando-o na realidade geográfica<br />
do arquipélago, assim como a Loja de Cidadão da Madeira, tiveram um impacto<br />
extremamente positivo na aproximação do Estado ao cidadão e às empresas<br />
que, com o tempo e as constantes evoluções tecnológicas, evoluíram para novos<br />
conceitos de atendimento.<br />
Assim, as Lojas de Cidadão de 1.ª Geração deram lugar às Lojas de 2.ª e 3.ª<br />
Geração, os PAC evoluíram para os Balções Multisserviços e, mais recentemente,<br />
para os Espaços Cidadão; o Telecid deu lugar a um Contact Center, com novas<br />
valências ao nível do atendimento via web e telefone, e criaram-se ainda os<br />
Espaços Empresa e o Balcão do Empreendedor.<br />
Governo Eletrónico<br />
A Sociedade da Informação deu lugar à Sociedade do Conhecimento e esta<br />
à Modernização e Capacitação da Administração Pública, onde o Governo
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 49<br />
Eletrónico e as TIC tiveram, a par do atendimento, um desenvolvimento extremamente<br />
importante:<br />
• iAP — Plataforma de Interoperabilidade entre os sistemas de informação da AP;<br />
• Plataforma Multicanal — desmaterialização de serviços e integração de sistemas;<br />
• Cartão de Cidadão, com as suas valências associadas à identificação, autenticação e<br />
assinatura eletrónica;<br />
• Portal do Cidadão e Portal da Empresa;<br />
• Mapa de Cidadão e a sua nova versão em vertente website;<br />
• Orçamento Participativo Portugal.<br />
Simplex<br />
Outro importante instrumento foi o Programa Simplex, criado em 2006, que evoluíu para o<br />
Simplex+ e atualmente para o iSimplex, que tem contribuído para a modernização do Estado,<br />
através da eliminação e simplificação de processos, com a criação de centenas de medidas,<br />
poupando tempo aos cidadãos e às empresas e eliminando custos de contexto na Administração<br />
Pública.<br />
Serviços Digitais<br />
A aposta seguinte centrou-se nos serviços públicos digitais:<br />
• Espaços Cidadão (atendimento digital assistido descentralizado);<br />
• Chave Móvel Digital;<br />
• ePortugal (novo Portal de Serviços Públicos);<br />
• TicAPP - Centro de Competências Digitais, que pretende preparar a Administração<br />
Pública para os desafios digitais.<br />
Inovação e Experimentação<br />
Pretendeu-se ir mais longe e criou-se um Laboratório de Inovação e Experimentação para a<br />
Administração Pública, conhecido por LabX, que testa projetos inovadores. O Espaço Óbito,<br />
o Balcão Único de Emprego, o Balcão Único do Prédio ou o Diário da República Eletrónico são<br />
alguns exemplos de projetos já testados e em funcionamento.<br />
Formação<br />
Paralelamente, qualificaram-se os Recursos Humanos da <strong>AMA</strong> e de entidades externas, através<br />
de ações de formação profissonal, internas e externas.<br />
Tem sido um percurso longo, mas muito gratificante, no sentido em que se contribuiu, ao<br />
longo destes 20 anos, para uma Administração Pública mais ágil, eficaz, eficiente e moderna,<br />
sendo nosso dever continuar a trabalhar, aproveitando os recursos financeiros comunitários<br />
disponíveis, de forma a fortalecer, melhorar, dinamizar e qualificar o serviço público em<br />
Portugal. ≤<br />
Manuela Fraústo<br />
Departamento de Administração Geral da <strong>AMA</strong><br />
S<strong>AMA</strong> – Sistema de Apoio à Modernização e Capacitação<br />
da Administração Pública
50<br />
iSimplex<br />
eixos<br />
Digital por omissão<br />
Partilha e reutilização de recursos<br />
Interagir uma só vez<br />
Economia comportamental<br />
Tecnologias emergentes<br />
119 medidas
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 51<br />
Se é fora da caixa… é<br />
O iSimplex chegou em 2019 e é composto por 119 medidas de Modernização Administrativa,<br />
que se distinguem pela natureza inovadora, em múltiplas áreas governativas, promovendo o<br />
princípio «uma só vez» na relação com o Estado.<br />
Apostar no «digital por omissão», de olhos postos na «partilha e reutilização de recursos»,<br />
mantendo a premissa de «interagir uma só vez» com o Estado são três dos cinco eixos já<br />
conhecidos das edições anteriores.<br />
A marca distintiva desta edição surge através dos eixos «economia comportamental»<br />
e «tecnologias emergentes», como forma de impulsionar a vertente tecnológica,<br />
designadamente com a inteligência artificial, blockchain e dados abertos.<br />
Inovação que muda<br />
a sua vida<br />
Esta edição vai além-fronteiras e prevê a implementação de<br />
um Simplex Ibérico como forma de harmonizar e simplificar<br />
procedimentos diretamente relacionados com Portugal e<br />
Espanha, materializando-se através da celebração de acordos<br />
ou protocolos.<br />
O iSimplex manteve o envolvimento e a participação<br />
de funcionários públicos de diversos setores do Estado e<br />
empresários de todo o país. O objetivo passa por contribuir<br />
para o aumento da eficiência na Administração Pública,<br />
contribuindo para uma economia mais competitiva e uma<br />
sociedade mais inclusiva. ≤
52<br />
Estatísticas<br />
DUAS DÉCADAS DE SERVIÇO PÚBLICO EXPRESSAM-SE<br />
(TAMBÉM) ASSIM<br />
Nos últimos 20 anos, o conceito de serviço público ganhou outra dinâmica. Uma<br />
dinâmica que intensificou a proximidade, a eficiência e a qualidade dos serviços<br />
públicos na relação com os cidadãos. Uma das «bandeiras» que dá expressão à<br />
«prestação de utilidade pública, destinada a satisfazer interesses coletivos» é,<br />
efetivamente, a Loja de Cidadão. Os dados que deixamos abaixo são o resultado<br />
de uma aposta contínua em mais e melhores serviços públicos.<br />
NÚMERO DE ATENDIMENTOS NAS LOJAS DE CIDADÃO DESDE O ARRANQUE DO PROJETO<br />
12,000,000<br />
10,000,000<br />
8,000,000<br />
6,000,000<br />
4,000,000<br />
2,000,000<br />
0<br />
1999<br />
2000<br />
2001<br />
2002<br />
2003<br />
2004<br />
2005<br />
2006<br />
2007<br />
2008<br />
20<strong>09</strong><br />
2010<br />
2011<br />
2012<br />
2013<br />
2014<br />
2015<br />
2016<br />
2017<br />
2018<br />
ATENDIMENTOS NAS LOJAS DE CIDADÃO DO PRIMEIRO E ÚLTIMO ANO COM INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA<br />
9.521.448<br />
900.177<br />
1999<br />
2018
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 53<br />
De 1999 a 2008, os números evoluíram de forma significativa, acompanhando a disponibilização de<br />
Lojas aos cidadãos. Esta relação assumiu os valores mais elevados nos anos de 2007 e 2008, que<br />
registaram 10.329.875 e 10.402.975 de atendimentos, respetivamente.<br />
O primeiro semestre de 2019 fechou com 4.740.417 atendimentos, sendo que, ao dia 30 de junho de<br />
2019, o total acumulado de atendimentos era de 170.158.498.<br />
Em 2019, até à data de fecho desta edição da <strong>Diagrama</strong>, soma-se a abertura de mais três Lojas de<br />
Cidadão em Leiria, Pombal e Saldanha. Existem, neste momento, 56 Lojas de Cidadão, estando as<br />
regiões do Centro (23) e do Norte (17) do País com algum destaque.<br />
TOTAL ACUMULADO DE LOJAS DE CIDADÃO POR ANO<br />
17<br />
27<br />
31<br />
35 35<br />
36 36<br />
44<br />
51<br />
53<br />
2 4 6 6 7 7 7 7 8 8<br />
1999<br />
2000<br />
2001<br />
2002<br />
2003<br />
2004<br />
2005<br />
2006<br />
2007<br />
2008<br />
20<strong>09</strong><br />
2010<br />
2011<br />
2012<br />
2013<br />
2014<br />
2015<br />
2016<br />
2017<br />
2018<br />
NÚMERO DE LOJAS DE CIDADÃO POR NUTS II<br />
Norte<br />
17<br />
Centro<br />
23<br />
Área Metropolitana<br />
de Lisboa<br />
11<br />
Alentejo<br />
3<br />
Algarve<br />
2<br />
Fonte: Agência para a Modernização Administrativa
54<br />
Notícias<br />
Abertura de duas novas Lojas de Cidadão<br />
marcam o verão de 2019<br />
Na penúltima semana de julho, Pombal passou a contar com uma Loja de Cidadão e a 2 de<br />
setembro foi a vez de Lisboa, que tem agora três Lojas (Laranjeiras, Marvila e Saldanha).<br />
Em Pombal, a Loja de Cidadão situa-se no centro histórico da cidade, ocupando dois pisos,<br />
onde trabalham aproximadamente 25 colaboradores, nas três entidades em funcionamento:<br />
Espaço Cidadão, Instituto da Segurança Social e Instituto de Emprego e Formação Profissional.<br />
Já a Loja do Saldanha, em Lisboa, encontra-se a funcionar no primeiro piso do Mercado 31<br />
de Janeiro, entre as estações de metro de Picoas e do Saldanha. Com esta abertura, há muito<br />
esperada pelos habitantes da capital, o atendimento presencial sai reforçado, através dos<br />
balcões do Espaço Cidadão, Gebalis, Carris, EMEL, Finanças, Instituto da Mobilidade e dos<br />
Transportes, Instituto da Segurança Social, Espaço Iniciativa Lisboa – CML e Instituto dos<br />
Registos e Notariado.<br />
Sobe assim para 56 o número de Lojas de Cidadão espalhadas pelo País, traduzindo os<br />
esforços de aproximação entre os diferentes serviços públicos e os cidadãos, numa lógica de<br />
atendimento mais próximo e eficiente.
<strong>Diagrama</strong> • setembro 2019 55<br />
O dia 15 de setembro assinalou o 40.º Aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS).<br />
No âmbito das comemorações desta data, foi criado um site, apresentado a 27 de junho, na<br />
sede do Ministério da Saúde, em Lisboa, onde é possível conhecer toda a história do SNS, bem<br />
como as diferentes iniciativas dinamizadas para assinalar a efeméride.<br />
Saiba tudo em 40anos.sns.gov.pt.<br />
Guia Digital para pessoas<br />
portadoras de deficiência ou<br />
incapacidade<br />
Garantir acessibilidade e usabilidade para todos é o objetivo<br />
do «Guia Prático: Os Direitos das Pessoas com Deficiência em<br />
Portugal», que reúne todas as informações sobre apoios sociais, medidas de apoio ao emprego<br />
ou benefícios sociais, através do site do Instituto Nacional para a Reabilitação.<br />
O Guia encontra-se organizado em três partes: a primeira contém informação sobre direitos<br />
fundamentais e instrumentos para o seu desenvolvimento; a segunda apresenta, de forma<br />
cronológica, direitos e orientações para a ação em diversas etapas de vida, desde o nascimento,<br />
à educação, passando pelo emprego e a formação profissional; e a terceira destaca, de forma<br />
transversal, a proteção, os benefícios sociais e fiscais, os transportes, a cultura, a assistência<br />
pessoal, entre outros aspetos.<br />
Com a materialização de mais uma medida do programa Simplex+, na categoria de<br />
«Informação + Acessível», é dado cumprimento à diretiva europeia «Acessibilidade dos Sítios<br />
Web» e das «Aplicações Móveis de Organismos do Setor Público».
CONDIÇÕES:<br />
≥25 anos de idade; Cartão anterior pedido até ao final<br />
de setembro de 2017; Cartão não caducado há mais de 30<br />
dias; Chave Móvel Digital ou códigos do Cartão de Cidadão.<br />
Leia este QR CODE<br />
e aceda a ePortugal
Números <strong>Diagrama</strong> • setembro 2019<br />
55<br />
ePortugal<br />
+1000<br />
serviços<br />
disponibilizados<br />
Chave Móvel Digital<br />
+900mil<br />
ativações<br />
Empresa na Hora<br />
+214<br />
espaços de atendimento<br />
Senhas de atendimento<br />
digitais<br />
+5mil<br />
senhas mensais<br />
Lojas de Cidadão<br />
GovTech ‘19<br />
+170 milhões<br />
atendimentos<br />
+2 mil<br />
carteiras virtuais<br />
criadas<br />
Linha Justiça<br />
My SNS Carteira<br />
+20mil<br />
chamadas em 2019<br />
+400mil<br />
downloads
Agenda<br />
4 OUTUBRO<br />
OPEN SOURCE LISBON 2019<br />
Lisboa, CCB<br />
11 OUTUBRO<br />
PORTO TECH HUB 2019<br />
Alfândega do Porto<br />
22 e 23 OUTUBRO<br />
PORTUGAL DIGITAL SUMMIT’19<br />
Lisboa, Pavilhão Carlos Lopes<br />
4 a 7 NOVEMBRO<br />
WEB SUMMIT<br />
FIL – Centro de Exposições<br />
e Congressos de Lisboa<br />
DIAGR<strong>AMA</strong> • <strong>AMA</strong> — Agência para a Modernização<br />
Administrativa, I.P. • n.º <strong>09</strong> SETEMBRO 2019<br />
ama.gov.pt • ama@ama.pt • facebook.com/ama.<br />
gov.pt • twitter.com/ama_gov_pt