RCIA - ED. 111 - OUTUBRO 2014
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GRANDES CLUBES DA NOSSA TERRA<br />
1956 - Pernambuco, Gregório, Cadorin, Rubens, Laerte e Buru; Jair, Carlito, Cornélio, Lilo e Baia<br />
Quando o time jogava, Tamoio<br />
parecia ser uma usina fantasma<br />
Eles eram de braços fortes, pernas<br />
alongadas, uns jovens senhores<br />
a deslizar seus sonhos por ruas e<br />
avenidas dos verdes canaviais.<br />
Cortavam ao vento o que seria um<br />
balançar à frente do adversário nas<br />
tardes de domingo. Uns respiravam<br />
o silêncio que vinha com o cheiro<br />
da cana tombando; outros de mãos<br />
abertas na espera da bola<br />
disparada no avanço do inimigo.<br />
Diziam ser jogadores de futebol<br />
cuja feição na imensidão dos<br />
campos, os tornava mais donos de<br />
sí, assustando os que pela frente<br />
vinham. Cada um criava seu jeito<br />
de ser na hora da apresentação:<br />
arqueiro, beque de espera, médio<br />
volante, influenciados pela rima que<br />
o rádio esportivo criara nos tempos<br />
40 nas vozes de Edson Leite, Pedro<br />
Luiz, Juarez Soares e Mário Moraes.<br />
Trabalho e futebol eram a<br />
condução para o amor em fuga<br />
nas quermesses e missas da<br />
santificada usina, capaz de tornar<br />
tantos João e Maria, em marido e<br />
mulher. E tamanha era a festa em<br />
casos assim, que os Morganti se<br />
transportavam a um mundo<br />
distante, para que a alegria não se<br />
prendesse a quatro paredes da<br />
pequena casa da colônia.<br />
51<br />
O quadro não era senão a<br />
realidade ponteada pela fumaça<br />
das chaminés, a cana levada no<br />
dorso do trem, a bola correndo nos<br />
fins de semana, a mulher<br />
aguardando o filho que vem.<br />
A vida era uma poesia a cada gol<br />
do Tamoio, simbolizado pelo índio<br />
imponente que cansamos de ver<br />
e que hoje, nos leva a lembrar da<br />
usina que se tornava uma fantasia<br />
quando o time saia para jogar.<br />
SEGUE »<br />
Texto de Abertura: Ivan Roberto Peroni<br />
Fotos: Museu do Futebol, Tetê Viviane,<br />
Sérgio R. Pelegrini e arquivo pessoal