RCIA - ED. 111 - OUTUBRO 2014
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<strong>ED</strong>ITORIAL<br />
OnOff: Falta de fiscalização só<br />
pode dar no que deu. Confusão.<br />
Tem certas situações em que nos sentimos impotentes<br />
de fazer qualquer tipo de julgamento. E o caso da OnOff é<br />
um deles. Aquilo que aconteceu com repercussão nacional,<br />
poderia na verdade ter encontrados limites, porém, como<br />
conter a apologia feita ao sexo, se até o nome da festa estava<br />
direcionado a esta tendência em meio à bebida rolando<br />
livre. Mas isso tudo quer nos parecer de menos. Da mesma<br />
forma não nos cabe julgar qualquer mulher, por mais santa<br />
que seja. O livre arbítrio já é um caminho a ser percorrido,<br />
pois são mulheres maiores e vacinadas, qualquer uma delas<br />
faz o quer, dá o que quer. As consequências chegam<br />
depois, pelo menos é a lógica.<br />
Em se tratando de um estabelecimento comercial que<br />
ao longo do tempo demonstrou prezar os bons costumes,<br />
também podemos dizer que só o tempo responderá se valeu<br />
a pena afundar um pé na história de Sodoma e Gomorra,<br />
onde prevalecia a imoralidade. Tudo que se avaliou<br />
num primeiro momento para a OnOff foi negativo, pois<br />
se um pé está de um lado (do que aconteceu), o outro pé<br />
ainda escorrega na tradição, família e propriedade, aquela<br />
sociedade que propunha em sua base, o amor à ordem<br />
cristã e aversão à desordem.<br />
Por tudo que vimos e ouvimos até agora em relação<br />
ao caso, há uma situação que foge totalmente do foco: a<br />
lacração do estabelecimento por estar supostamente com<br />
o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros vencido e por<br />
ter realizado um evento em desacordo com as atividades<br />
previstas no alvará de funcionamento. Está claro: se é restaurante<br />
tem que funcionar como restaurante; se não tem<br />
alvará não pode funcionar.<br />
A situação quer nos parecer definida de forma bastante<br />
clara: se a OnOff não tivesse organizado o evento, continuaria<br />
trabalhando na clandestinidade e, se o evento não<br />
tivesse sido espalhado pelas redes sociais com fotos e comentários,<br />
ninguém teria tomado medida<br />
de lacração, que aliás só foi adotada<br />
porque houve uma transgressão<br />
às normas legais.<br />
O que nos entristece, é que ações<br />
punitivas neste país só ocorrem após a<br />
manifestação da opinião pública. De<br />
um lado e também do outro, enquanto<br />
puder empurrar com a barriga lá vamos<br />
nós; um finge que paga e outro finge<br />
que fiscaliza. Tal como o ocorrido em<br />
Santa Maria, vem a pergunta: de quem<br />
é a culpa? Dos proprietários, do Corpo<br />
de Bombeiros ou da Prefeitura Municipal?<br />
Qualquer vendedor de extintor de<br />
Publicidade da festa<br />
nas redes sociais<br />
incêndio sabe quando vence um alvará, quer dizer então que<br />
são mais organizados pois vão ao estabelecimento verificar a<br />
renovação da carga dos aparelhos.<br />
A OnOff, queiram ou não, tem sua parcela de culpa, mas<br />
é preciso ter bom senso para dimensioná-la através dos riscos<br />
a que expôs a sociedade. Da mesma forma que agiu contra a<br />
casa noturna, a Prefeitura Municipal deveria ir contra aqueles<br />
que têm organizado festinhas de embalo em chácaras dentro<br />
do perímetro urbano, onde entram duzentos ou mais veículos<br />
que ficam estacionados em cima de capim seco e com um único<br />
portão para entrada e saída. Se um maluco decidir jogar um<br />
cigarro aceso que seja, neste capim, é claro que o fogo promoverá<br />
o efeito de um Etna em erupção. Explosão pra todo lado.<br />
São festas regadas na maioria das vezes por bebidas à vontade,<br />
drogas e menores de idade. Se a polícia - chamada pela<br />
vizinhança aparece - a desculpa é sempre a mesma: “estamos<br />
fazendo uma festinha de aniversário para o meu irmão”.<br />
É dificil impedir a realização destes eventos onde o Poder<br />
Público é lesado pelo não pagamento de taxas e impostos? Diria<br />
que não, pois todo tipo de festa com esse perfil está nos sites<br />
especializados em divulgar ou organizar eventos, ou nas redes<br />
sociais. Mas, falta iniciativa e o comprometimento dos setores<br />
competentes em pesquisar e fiscalizar tais situações.<br />
Não basta neste momento tripudiar sobre a casa noturna;<br />
vamos dividir essa mazela com aqueles que recebem dinheiro<br />
público para cumprir seu dever. E nesta cidade não é só a OnOff<br />
que apresenta irregularidades no seu funcionamento. São muitos.<br />
Os que estão trabalhando dentro da legalidade não devem<br />
temer. Não existe mais meia verdade ou lei pela metade. Cinquenta<br />
anos atrás, Geraldo Vandré já dizia - quem sabe faz a<br />
hora, não espera acontecer. E em casos assim, enquanto existir<br />
apadrinhamento, tudo estará caminhando na escuridão...<br />
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