Revista VOi 169

entrevista
Quem foi o seu pior adversário?
Vítor Belfort, porque perdi rápido e nunca mais conseguimos
nos encontrar.
Se pudesse escolher um oponente para lutar hoje,
quem seria?
Seria o próprio Vítor Belfort, porque nossa luta aconteceu
há 20 anos e nunca mais tive a oportunidade de
ter uma revanche. Essa seria uma luta muito boa e que
adoraria que acontecesse hoje.
Tem alguém que considere melhor que você?
Acho que o Rafael Cordeiro foi um grande atleta. Sempre
me inspirei muito nele.
Quais as suas maiores decepções?
Sou um cara de poucas decepções. Acredito que quando
acontece algo ruim é porque você precisa passar
por aquilo, é para aprender. Ninguém cresce muito na
vitória, as pessoas crescem mesmo é na derrota.
Fez muitos amigos ao longo da carreira?
Todos os meus amigos praticamente são do universo
da luta. Rafael Cordeiro, Verdum, meus técnicos, pessoas
que estão muito presentes, alguns americanos, etc.
Nossa comunidade é bem unida.
E existem inimigos?
Existem pessoas que perdem a humildade. A maioria
dos atletas vêm do pouco, aí começam a ganhar dinheiro
e ficam metidos, aí a gente excluí e já era. Por
isso tem que tratar bem o fã, ter carinho pelas pessoas
que te acompanham, não dá para quebrar o coração
de ninguém.
Poderia nos explicar um pouco sobre a possibilidade
de ter uma doença neurodegenerativa?
Sou uma das primeiras gerações de atletas que viveu a
vida inteira nesse esporte. Saiu um estudo recentemente
sobre os impactos na cabeça, que mostraram sintomas
que todo lutador têm, como alteração de humor,
dificuldade para dormir, mas isso não necessariamente
alguém tem por causa do esporte. Antes de lutar, sempre
fazemos exames e, graças a Deus, os meus sempre
mostraram que estou saudável.
O nome do seu filho é Thor. Isso é por causa da mitologia
nórdica?
É por causa da mitologia e da metáfora do trovão. Sem
dizer que Thor é filho de Odim, um grande sábio. Então
dei esse nome a ele para transmitir essa energia.
Indicaria seu filho a seguir a mesma carreira que a
sua?
Ele já está seguindo, tem até uma luta agora em dezembro.
Será uma luta amadora para trocar de faixa.
Esse evento vai ser transmitido no meu instagram para
quem quiser acompanhar. O meu filho irá competir
com um oponente da idade dele (16 anos) e do mesmo
peso (66kg).
Em quais atividades está atuando hoje em dia?
Fui embaixador de um evento do governo do Estado de
lutas entre municípios. O projeto é super bacana porque
envolve todas as modalidades. Divulgo esse evento
porque se não tivesse entrado em uma academia,
jamais saberia que era o Wanderlei Silva. É preciso
fazer que o jovem tenha oportunidade de treinar, independente
da condição financeira. A luta é para todos!
Se pudesse dar um conselho a quem está começando a
carreira na luta, qual seria?
O segredo é a persistência. Treinar todo dia, mas respeitar
seu corpo. O ser humano é como vegetais e frutas,
cada um tem o seu tempo de maturação. Não fique
se comparando com o outro, não se diminua. Tente ver
mais seus pontos fortes do que os fracos, você escolhe
onde colocar a lupa! E isso é para qualquer coisa da
vida, não só para quem quer lutar.
E sobre aposentadoria, o que pensa?
Fiz tudo o que queria no esporte e sou muito satisfeito
com a carreira que construí. Mas às vezes vêm umas
propostas muito tentadoras, tanto financeiramente,
quanto como desafio pessoal, então não me declaro
parado. Tenho muitos novos eventos para participar e
estou me sentindo bem, saudável, fica difícil se aposentar
assim, além de que me dá mais retorno lutar do
que aprender algo novo.
Ninguém cresce
muito na vitória,
as pessoas crescem
mesmo é na derrota
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NOVEMBRO 2019
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