Revista Gávea 03
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O concurso de fachadas de 1904 no Rio de Janeiro 29
Considerando que dos 24 arquitetos premiados 12 contribuíram com
projetos para a construção dos prédios da Avenida Central, o concurso estava em consonância
com a mentalidade vigente (24).
O júri, no processo de seleção, foi movido pela vontade de uma prestação
social. Ele era comprometido com toda esta busca de transformação de nossa imagem frente
ao mundo civilizado. Buscou a atualização de modelos cujas matrizes européias deslumbravam
o burguês, o comerciante rico que, afinal de contas, construiría nas grandes
avenidas.
Os resultados do concurso e sua própria realização responderam prontamente
aos anseios da sociedade, voltada para a urbanização e sedenta de modelos de prestígio.
Só fachadas, sim. Até nisto o concurso foi reflexo de nossa condição real de país
periférico com problemas sérios para resolver, buscando na ilusão da aparência o status de
país civilizado.
Saiu fortalecida essa imagem civilizada da classe dominante, na medida em
que ela própria articulou um “ Concurso de Fachadas’ ’ considerado por um cronista da
época “ fachada de concurso” , legitimando o seu gosto e seu desejo de identificação com a
culta sociedade européia.
Notas
1. Olavo Bilac, Revista Kosmos número 4, abril 1904.
2. Bilac, “Crônica”, Revista Kosmos número 3, março 1904.
3^ Bilac, op. cit.
4. Bilac, op. cit.
5. “Crônica”, Revista Renascença, ano 1, número 2, abril 1904.
6. “Concurso de Fachadas para a Avenida Central” , Renascença, abril 1904.
7. Ibidem.
8. “Fachada de Concurso” , Revista Commentario, série II, número 1, maio 1904.
9. Com relação aos resultados, são diferentes as informações dadas pelas revistas Renascença (abril
1904) e Kosmos (abril 1904), que não inclui o Sr. Driendl e dá o número 14 e não 41 a um dos
projetos do Sr. Hehl.