Revista Gávea 03
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Lucio Costa sobre Aleijadinho 45
Fiquei tão desanimado que larguei a papelada. Mas, no fundo, apesar desse
incidente “ lamentável” , voltando agora a pensar nisto, a frio, depois de mais de 20 anos,
acho que ainda é verdade. Quer dizer, o Aleijadinho — São Francisco de Ouro Preto —
teria ocorrido sem nada de Borromini. Foi tudo uma evolução natural de um partido singelo
que foi criado desde os primórdios do Renascimento, evoluiu no Maneirismo até o
Barroco e acabou no Rococó, nas mãos de um artista genial que teve uma formação privilegiada.
O pai era um arquiteto-carpinteiro, depois mestre-de-obras em geral. O tio também
era arquiteto-carpinteiro, que fez aquela coisa linda, o teto da Igreja do Pilar. Era
gente muito qualificada. E tinha o João Gomes Batista, que foi professor do Aleijadinho e
introduziu nele o tal gosto francês — “desenho irregular de gosto francês” — expressão
que Bretas transcreve lá do tal Vereador que assim descreve os novos entalhes. Ele está se
referindo ao Luiz X V , ao Rococó, ao Rocaille. Batista era um desenhista emérito. Era
Capela de Nossa Senhora do Ó
Sabará, Minas Gerais
Foto: R. Mor gado/ Pró- Memória
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Capela de Nossa Senhora da Glória
Rio de Janeiro
Foto: M. Gautherot/Pró-Memória