26DESPORTOUm/dezasseis avosSomos medíocres, excepto nos treinadores(Jorge Jesus, Paulo Fonseca, Luís Castro ouPedro Martins ontem) capazes da maior estupidez(leia-se alguns comentários publicadospor aí) porque nos custa assumir que só a cordas camisolas vem do passado.ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO (*)Se houvesse um dispositivo quemedisse hoje a produtividadenacional ficaríamos a saber queo vírus futebol está a fazer dassuas. No fundo, salvou-se o Braga,só levou um em casa.Confesso-vos que a meio da tarde deontem pensei que aquilo poderia acontecere se a tragédia redonda fosse umfacto, escreveria um texto pela lucidezque nos falta. Aqui estou.Sou do Benfica, mas o jogo morreu paramim ao fim dos descontos. Levámostrês, como o Porto. O Sporting, que diziaa imprensa especializada (?) ter a tarefamais simples, levou quatro. Esqueceram-seque era na Turquia…Dos jogos que vi, deu para entender queos outros correm, não discutem com osárbitros e marcam na primeira oportunidade.É confrangedor ouvir a lengalenga dosnossos treinadores depois de uma derrota;palmas para o senhor Luís Castro;saudades das calinadas do Jorge Jesus,que segue e soma. Mas este texto temum alvo. Enfrenta aquele estado de guerracivil latente que a clubite nacional produztodas as semanas.Ainda me lembro do campeonato que oBenfica ganhou num domingo, duranteo consulado socretino, e do aumento doIVA na segunda-feira, que passou incólume,como gostam de soletrar os da bola.Andamos distraídos; querem-nos entretidos.Fui jornalista (e comecei por baixo) desportivo,entre 1976/80 no Record. A músicaimpediu a carreira, e ainda bem.Temos três diários desportivos e trêsou quatro programas diários de tabernasobre bola na TV. Analisamos ‘casos’,multiplicamos ‘casos’, vemos ‘casos’ emcada esquina do tapete verde (esta tambémé da bola) porque há audiências.Um único facto nacional nos une: temosmilhões de treinadores de sofá e genteem armas pronta a chacinar os adversários,tomados como inimigos.O nosso futebol é pobre, muito pobre, eontem vimo-lo uma vez mais – era bomnão esquecer que até a selecção (feitade estrangeirados) foi campeã europeiaa somar empates, continuando a sofrerpara se apurar para uma nova prova.Somos medíocres, excepto nos treinadores(Jorge Jesus, Paulo Fonseca, LuísCastro ou Pedro Martins ontem) capazesda maior estupidez (leia-se alguns comentáriospublicados por aí) porque noscusta assumir que só a cor das camisolasvem do passado.Quando chegar o fim da época veremosa comunicação social publicar asmanchetes do campeonato das transferências,uma retórica engraçada paraesconder a penúria dos nossos clubes.Vendemos muito e compramos mal.É para isto que queremos uma guerra?O meu pai ensinou-me: glória aos vencedorese honra aos vencidos. Nuncame ensinou a desculpar as minhas falhasapontando terceiros.(Se quiserem comentar, peço-vos quenão entrem nas gastas razões da clubiteindividual)(*) vocalista do mais antigo grupode Rock português, o UHFMarço 2020 | Lusitano de Zurique | www.cldz.eu
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